Depois de Maio

10/23/2013 11:44:00 PM |

As pessoas que me conhecem sabe que não sou nem contra nem a favor das mil manifestações que existem pelo mundo afora, mas prefiro ver que existam pessoas que saibam o porquê estão fazendo e o que realmente querem, o que não acontece muitas vezes, pois a pessoa começa defendendo uma causa e de repente está em outra que não tem nada a ver com a primeira que iniciou. Pensando dessa forma, assistir a "Depois de Maio" é ver exatamente isso, caso o diretor praticamente saísse para o meio de uma dessas revoluções e encontrasse um jovem que deseja seguir carreira dentro do cinema, ou pintando, ou desenhando, e resolve aderir a causa estudantil por melhorias, depois acaba indo pro lado dos trabalhadores, e depois já nem sabe mais o que quer da vida, se é continuar pintando, defendendo causas ou entrar num relacionamento. Se você leu isso que escrevi e ficou confuso, essa é a premissa do filme a confusão mental de um jovem em meio a várias revoluções que ocorreram nos anos 70 na Europa. Porém o problema do filme é, assim como o protagonista, não escolher para que rumo vai seguir, atirando pedras pra todos os lados e quem sabe conseguindo atingir algum espectador que siga a mesma ideologia, enquanto quem não se assimilar com ele, acabará desistindo, também como o protagonista, da vontade de ver o filme.

O longa nos situa na região de Paris, no início da década de 1970, onde Gilles é um jovem estudante imerso na atmosfera criativa e política da época. Como os seus colegas, ele está dividido entre o investimento radical na luta política e a realização de desejos pessoais. Entre descobertas amorosas e artísticas, sua busca o leva à Itália e ao Reino Unido, onde ele deverá tomar decisões essenciais ao resto de sua vida.

O roteiro de Olivier Assayas é bem construído em cima das indecisões do protagonista, e isso de certa forma é interessante, mas o problema é que o diretor também acabou ficando indeciso em que linha seguir, deixando para resolver quando não tinha mais tempo de película, largando um longa de 122 minutos praticamente abandonado de seus reais ideais, e pior do que isso, como não possui um ritmo marcado, acaba parecendo ter quase a duração do outro longa do diretor, "Carlos", que possui apenas cinco horas!!! Pode ser uma opinião bem pessoal, mas caso tivessem optado por seguir a linha do final, mesmo que mantendo ideais políticos, ainda assim seria um filme de manifesto, alternativo e acabaria sendo bem mais agradável, pois saberíamos aonde iria levar e como seria levado, agradando muito mais. Mas essa é uma opinião mais pessoal, o que pode ser que qualquer outra pessoa prefira de forma diferente.

Outro fator que pesou muito, e agora que li sobre o filme consegui enxergar de onde é o problema, foi a escolha de somente não atores enquanto caminhava pelas ruas para todos os papéis principais do filme, e isso é de um perigo imenso, pois embora as interpretações ficassem dentro de um patamar aceitável, afinal a opção do diretor foi trabalhar as indecisões do protagonista, os trejeitos sempre ficaram vagos na tela, pois isso funciona bem com figurantes, ou até mesmo depoimentos livres, enquanto que num longa de mais de 2 horas onde a todo momento os protagonistas dialogam, fica parecendo uma conversa de boteco que ninguém sabe o que vai comer quando não está com fome. O protagonista Clement Métayer não chega a ser péssimo, mas substituiria bem o Fiuk na Malhação tanto pelo visual quanto pela forma de atuar. Dito isso é melhor nem falar dos demais, afinal falar de não atores atuando é algo bem fácil de criticar apenas.

Agora se temos de elogiar algo do filme é a escolha das locações e elementos cênicos, tanto para representar os anos 70 bem quanto para retratar tudo que se passa pela vida conturbada do jovem. Só vale uma ressalva quanto do figurino do protagonista que está sempre usando camisetas pintadas a mão com poucos detalhes diferentes entre uma e outra parecendo que está usando a mesma roupa durante a duração de meses que se passa o filme todo. E essa boa escolha das locações auxiliou demais na fotografia que usando tons bem vivos, acabou iluminando de forma consciente para retratar os sentimentos exatos do momento em que está ocorrendo.

As escolhas musicais são agradáveis e gostosas de acompanhar, mas ao invés de darem ritmo para que o filme fluísse, elas amarram a trama na mesma velocidade que as várias mobiletes andam na tela, e assim acabam cansando e dando sono.

Enfim, é um filme que não recomendo a não ser que você goste de filmes indecisos e seja a favor de tudo, mesmo não sabendo do que se trata. Como disse se tivesse optado por outra vertente seria um excelente filme com um bom mote e até mesmo com não atores talvez ficasse bem legal de acompanhar, mas da forma que foi feito acabou sendo um pacotão de presente bonito esteticamente, mas com nada dentro para ser lembrado. Encerro a semana cinematográfica aqui, mas logo mais já tem novos posts da próxima semana por aqui, então abraços e até breve pessoal.


1 comentários:

Núcleo do Cinema disse...

Olá Fernando, tudo bem?

Gostaríamos de propor uma parceria entre nosso site e seu blog, é possível que você nos envie um e-mail para que façamos o contato? Por favor, encaminhe uma mensagem para nosso e-mail: contato@nucleodocinema.com.br

Agradecemos desde já.

Abraço,

Equipe Núcleo do Cinema.

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