Bem-vindos a Bordo (Rien à Foutre) (Zero Fucks Given)

11/22/2022 10:29:00 PM |

O mais engraçado de viver alguns dias como uma comissária de bordo ou chefe de cabine como a protagonista vivencia em "Bem-vindos a Bordo" é que a mulher ou o rapaz não pode demonstrar nada de seu íntimo, da sua vida pessoal, tendo praticamente de ao vestir o uniforme botar uma máscara e esquecer completamente tudo o que lhe aconteceu, estando ali disposta para atender e resolver os devidos conflitos/problemas que possam aparecer, e o mais bacana do filme que chegou a ter até o nome "Carpe Diem" inicialmente é que ele nos mostra que como cada dia na vida da jovem no ar ou na terra é diferente, ela precisa se dosar e fazer acontecer, não se importando com parentes, com como aconteceu algum acidente no passado, ou qualquer outra coisa em sua vida, apenas estando pronta para sorrir (mesmo que forçadamente) por 30 segundos ou mais para quem precisar. Ou seja, é um filme que quem desejar a profissão pode pensar até duas vezes antes, mas que acaba sendo emotivo e muito bem trabalhado pela protagonista, tendo dinâmicas interessantes bem colocadas, e que mesmo parecendo um pouco cansativo por ficar apenas nisso, consegue agradar bastante no resultado final, só diria que daria para cortar pelo menos uns 15 a 20 minutos de cenas que não agregam tanto na trama, mas não atrapalha.

O longa acompanha Cassandre, uma comissária de bordo de uma companhia aérea doméstica que leva a rotina do trabalho do modo mais sereno possível e precisa camuflar seus sentimentos para executar suas demandas. Ao ser dispensada pela empresa, a jovem se vê obrigada a descartar antigos hábitos e lidar com o que a vida lhe preparou em seu retorno para casa, inclusive sua caótica vida pessoal.

Diria que os diretores e roteiristas Emmanuel Marre e Julie Lecoustre possivelmente já trabalharam em companhias aéreas ou pesquisaram tanto que facilmente hoje seriam contratados para a profissão, pois é notável tudo o que ocorre no filme, cada elemento está bem presente nos atos da trama, e principalmente souberam dar todas as nuances para a vida da personagem, ao ponto que vemos as desenvolturas da moça entre festas, entre romances rápidos de uma noite, seu trabalho completamente conectado à sua vida, e mesmo quando em casa a vemos dormindo, saindo e vivendo seus dias como únicos, sem apego à praticamente nada, o que é um grande reflexo que muitos costumam encarar por ser mais fácil. Ou seja, é um filme que se olharmos a fundo é bem simples, mas que tem uma vivência bem encaixada, envolve bem quem está conferindo e tem todo funcionamento bem resolvido, que não abre margens para erros, mas que também não tem como falhar, e assim acaba agradando bastante.

Sobre as atuações basicamente só tenho de falar que mais uma vez Adèle Exarchopoulos se preparou incrivelmente para o que precisava mostrar em cena, pois mesmo os diretores sabendo conduzir brilhantemente cada momento, ela deu para sua Cassandre toda a essência de uma jovem que sabe viver bem sua vida, ajustar seu tempo e dar as dinâmicas necessárias para que cada dia funcione, e ali realmente vemos uma comissária de bordo perfeitamente como a vemos sentados na poltrona do avião, e mais do que isso, vemos elas vivendo do outro lado e vendo os passageiros, então ela foi perfeita em todas as cenas e chama muita atenção em tudo. Quanto aos demais, temos vários personagens secundários que praticamente nem se entregam tanto na trama, então acaba valendo mais os atos finais junto do pai e da irmã da protagonista, em atos mais introspectivos que foram bem desenvolvidos por Alexandre Perrier e Mara Taquin, mas nada que chamasse muita atenção, e assim o filme ficou praticamente só de Adèle.

Visualmente o longa trabalha muitas cenas dentro de aviões, com muitas vendas de produtos (algo que não vemos muito por aqui, mas que achei interessante e até duro demais com as metas que as moças tem de cumprir), vemos treinamentos que elas têm de fazer para ter suas promoções, mesmo que continuem fazendo as mesmas coisas, mas sendo "chefes" das demais do voo, vemos várias festas em cidades diferentes, paisagens diferentes, e claro a sua casa com coisas ainda abandonadas desde que a mãe faleceu, toda a sintonia de sair com amigos que querem se apegar enquanto a protagonista apenas quer viver, e para fechar foi bacana olharmos uma Dubai diferente no meio da pandemia, com pessoas bem isoladas para assistir o show de águas todas cada uma no seu quadradinho, que torcemos para não voltar a precisar ser assim.

Enfim, é um filme com uma proposta bem direcionada, já que alguns podem nem se conectar tanto e achar algo meio que chato, mas que chama atenção tanto pela simplicidade quanto pela boa pesquisa da equipe, pois praticamente nos sentimos na pele das moças do voo por toda a exibição do longa, vemos suas vivências, desafios e cobranças, vemos e notamos seus sentimentos que precisam ser maquiados e escondidos para conseguir o emprego, e assim o resultado é bem bacana de ver, então recomendo o longa para todos verem a partir do dia 01 de dezembro nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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