Trem-Bala (Bullet Train)

8/05/2022 12:51:00 AM |

Muitos vão falar que o longa "Trem-Bala" é uma verdadeira bagunça violenta, e ele é isso realmente, mas tudo é tão genial e bem encaixado no final, que cada assassino presente dentro do trem tem seus motivos para estar ali, foi contratado também por um motivo bem específico explicado no final, e principalmente toda a violência não é gratuita, afinal eles são assassinos e estão ali para cumprir sua missão, então é um deleite visual da melhor qualidade para quem gosta do estilo, tem muitas sacadas e desenvolturas, e mais do que isso, ele não é jogado na tela, pois vemos as diversas missões anteriores de cada um, mostrando praticamente sua genealogia bem explicada para que tudo funcione. Ou seja, o diretor fez as devidas apresentações com literalmente o trem andando, colocou os nomes na tela, fez picadinho, tiros, mordidas de animais, venenos, espadadas, bombas, ligações com o desenho bizarro de trem "Thomas e Seus Amigos" usando para explicar as personalidades humanas, codinomes e tudo mais que se possa pensar em apenas um filme, e o pior é que funcionou, sendo algo que pouquíssimas vezes veremos uma bagunça tão bem feita na telona, e que se não fizerem outras missões para o Joaninha em pelo menos outros filmes iremos ficar bem bravos, pois é genial ver tudo acontecendo, e a cena do meio dos créditos é apenas um bom complemento explicativo da última cena, mas que vale esperar 3 minutinhos e ver! O que posso adiantar é que ri demais do começo ao fim, e mesmo sendo um pouco alongado para explicar tudo, funciona demais.

A sinopse nos conta que Joaninha é um assassino azarado determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitas missões saírem dos trilhos. O destino, no entanto, pode ter outros planos, pois a última missão de Joaninha o coloca em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo - todos com objetivos conectados, mas conflitantes - no trem mais rápido do mundo. O fim da linha é apenas o começo nesta emocionante viagem sem parar pelo Japão moderno.

Poderia dizer facilmente que o diretor David Leitch se divertiu demais fazendo o longa baseado no livro de Kôtarô Isaka, pois a trama é exatamente o estilo de filme que ele gosta de fazer, tendo muita ação, muita coreografia de lutas envolvida, muitas dinâmicas para encaixar, e principalmente por ter quebras temporais bem interessantes para se explicar a origem dos assassinos, ou suas missões principais antes de estar ali, e tudo é muito funcional, ao ponto que é quase um filme 100% explicativo, e assim o resultado não fica preso, não cria gargalos, mas sim se desenvolve mais, fazendo com que o público se conecte e envolva com os personagens, ou seja, é daquelas tramas que vai parecer que você passou muito mais tempo dentro da sessão do que realmente passou, pois os 126 minutos parecem ter quase umas 4 horas no mínimo, e isso pode até cansar alguns, mas dá muito funcionamento para o longa, e o resultado acaba sendo incrível, principalmente nos atos finais. Ou seja, o diretor fez algo que gosta e já mostrou em "Deadpool 2" e "Atômica", e até mesmo em seu primeiro filme como diretor que lançou John Wick para o topo em "De Volta Ao Jogo", colocando claro muitos dublês para trabalhar que é sua grandiosa especialidade, e assim o resultado impacta e que contando com muitos efeitos cênicos resulta em algo surpreendente pelas conexões da história, que é hilária num contexto completo da brincadeira de sorte/azar, destino e tudo mais desse estilo. 

Sobre as atuações, Brad Pitt anunciou que esse pode ser seu último filme como ator para iniciar sua aposentadoria curtindo a vida apenas como produtor, mas diria que queremos muito mais dele, principalmente nesse papel de Joaninha que lhe caiu como uma luva, deixando ele livre para mais piadas, para sacadas bem trabalhadas, e claro para movimentos de ação bem encaixados que tanto gosta de fazer, de tal forma que vemos o personagem e conectamos nele, não vendo outro ali, e isso é algo que chamamos de dar a personalidade para o papel, e o acerto é nítido e certamente valeria pelo menos mais uma missão para o papel. Não dá para falar separado de Aaron Taylor-Johnson e Bryan Tyree Henry no filme, pois seus Tangerina e Limão não são gêmeos como alguns falam, mas se conectam demais como irmãos que são, um complementa o outro em suas cenas, e mesmo nos atos soltos deles, cada um entrega tanta desenvoltura, com Aaron sendo mais centrado e neurótico, e Bryan mais infantil, porém violento, e suas sacadas com o desenho do trenzinho é algo brilhante demais de ser jogado fora, ou seja, deram show em todas as cenas. Joey King num primeiro momento faz parecer seu Príncipe (sim, o nome dela está no masculino e no final dá para entender a jogada) apenas mais um no trem, mas a atriz se entrega com ironias, faz intenções fortes e bem sacadas, e vai num crescente bem marcante de expressões e estilos, ao ponto que chama bem a atenção em um filme de ação depois de tantos romances na carreira, ou seja, a jovem acabou agradando bastante no que fez. Ainda tivemos Andrew Koji e Hiroyuki Sanada fazendo seus Kimura e "O Velho" com boas doses expressivas e reflexivas, criando atos mais marcantes e bem encaixados que acabam chamando bem a atenção na história, valendo claro suas lutas finais, então no meio quase que nem aparecem, e isso foi bom, pois valeu toda a intensidade colocada, e o melhor, Hiroyuki pode fazer sua versão jovem também, afinal apenas está bem maquiado para fazer o senhorzinho. Além desses tivemos ainda dois assassinos que fizeram participações bem rápidas dentro do trem, já que dando um spoiler morrem bem rapidamente, mas que felizmente tiveram suas origens bem contadas, e funcionaram com muitas caras e bocas no caso Zazie Beetz com sua Vespa venenosíssima e o cantor Bad Bunny fazendo um Lobo bem vingativo e imponente. E para finalizar, ainda tivemos as participações de Logan Lerman como "O Filho" apenas parado na maioria das cenas do longa, Channing Tatum como um passageiro que ajuda o protagonista no trem, e até Ryan Reynolds como Carvalho nas cenas finais do longa, ou seja, um elenco de peso realmente, mesmo que apenas para aparições rápidas, e já estava esquecendo da já aposentada (ou não) Sandra Bulock com sua Maria emprestando mais a voz para falar com o protagonista ao telefone com boas sacadas, e aparecendo claro no final para um resgate do protagonista.

Visualmente o longa tem muita intensidade, e dá para sabermos bem que o filme não foi gravado dentro de um trem, mas montaram tão bem os vagões executivos e de primeira classe, com vários elementos bem encaixados para serem usados no meio das lutas e ações, que tudo tem seu estilo, tudo é funcional, e acaba virando uma arma na mão do protagonista, além disso tivemos muitos elementos cênicos para cada um desde fantasias, bombas, armas, espadas, bem detalhados tanto nas cenas internas quanto nas externas que tiveram ainda passagens por outros países, festas, e ações. Ou seja, a equipe de arte brincou bastante com as alegorias, e claro tacou a bomba completa para a equipe de maquiagem e de efeitos para as cenas com alta quantidade de sangue, afinal dá até para enxugar a sala após a sessão com o tanto de sangue que escorre, e isso é um luxo imenso em filmes desse estilo.

O longa conta com muitas boas canções para dar muita intensidade nas cenas de ação, e cada uma encaixada na medida certa fez com que o filme deslanchasse e envolvesse demais, valendo claro ouvir durante a exibição da trama, e depois dela, então deixo aqui o link para isso.

Enfim, é um tremendo filmaço, mas que não darei nota máxima pelo simples motivo de parecer alongado, embora já tenha falado que isso é um bom feitio para mostrar um pouco mais das missões anteriores dos assassinos, mas que vai pegar um pouco para quem não curtir o estilo, e assim sendo daria um 9,5 se tivesse notas quebradas, mas vou rebaixar para 9 então, porém não tira o mérito de um ótimo filme de ação, que quem for fã do gênero vai vibrar e rir na maioria das cenas, e assim sendo recomendo demais para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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