Papai é Pop

8/13/2022 02:26:00 AM |

Muitos fantasiam a paternidade, outros lidam de forma tranquila com essa loucura, muitos dão certo, outros fogem e abandonam, mas uma coisa que sabemos bem é que ninguém nasce preparado para o momento em que você precisa de cuidar de alguém que chora, grita e tudo mais e você não sabe lidar com aquilo, mas se tem uma coisa que Lázaro Ramos e Paolla Oliveira sabem fazer é atuar, e aqui em "Papai é Pop", que foi um dos maiores fenômenos literários nacionais, a entrega de ambos e uma direção impecável com um estilo bem próprio acabou funcionando tão bem, que acabamos envolvidos por tudo, e mesmo que você não seja pai, ou não deseje ser, irá gostar de toda a sensibilidade e estilo entregue pela trama. Ou seja, são bem raros os filmes nacionais, principalmente que possuem ares dramáticos ou cômicos, que não recaem para o lado novelesco, e esse pode ser o maior trunfo da trama, de seguir uma linha bem gostosa e agradável para muitos se enxergarem e até irem além na paternidade, e assim vemos algo leve, descontraído, com momentos tensos e até fortes, que funcionam dentro da proposta, e que sem forçar para lado algum acerta e certamente pode até gerar continuações ou seriados, pois estilo tem pra isso, basta o autor desejar.

O longa nos mostra que depois do nascimento de sua filha, Tom se vê em situações inusitadas, divertidas e intensas por não estar pronto para cuidar do bebê. Fazer filhos é fácil, ser pai é outra história. A nova rotina, os gastos e as cólicas da filha chegam num combo que abala também a relação com a esposa Elisa. Com a vida de ponta-cabeça e a filhota para educar, Tom inicia uma jornada com alguns perrengues, mas muito amor. Elisa e a mãe de Tom, Gladys não facilitam as coisas pra ele, mas Tom está disposto a tentar se transformar.

É engraçado que já tinha dito no filme anterior de Caíto Ortiz, "O Roubo da Taça", que ele era um diretor diferenciado, que gostava de planos de filmagens bem diferentes, e aqui novamente ele soube usar os artifícios da internet para mostrar como o livro, o canal da internet e até mesmo a vida do verdadeiro papai pop Marcos Piangers revolucionou o mundo da paternidade, e mais do que isso, uma grande sacada foi dar um tom mais impactante em alguns atos para que a vida dos personagens fossem ainda mais dura do que a do jovem pai, brincando com um ar amplo, com sacadas abertas duras, e também mostrando ambos os lados emotivos bons e ruins dessa nova vida para muitos. Ou seja, o diretor praticamente abriu o livro e deu para os personagens uma vida a mais, deu liberdade para Lázaro Ramos colocar também um pouco de suas experiências, e acabou criando algo emotivo e muito gostoso de ver, que vai acabar certamente indo muito mais além do que apenas um filme nos cinemas, então foi muito bem feito e é aguardar os demais louros.

Sobre as atuações, já falei e repito, Lázaro Ramos é um tremendo ator, daqueles que sabem pegar uma história e transformar em algo próprio dele, de tal maneira que é até difícil imaginar Tom com outro ator no papel, pois ele se doou, trabalhou trejeitos, foi emotivo, carinhoso, confuso, atrevido, entre vários outros papeis, mostrando o quanto um pai se desenvolve ao cair de paraquedas nessa função, e o resultado de seu personagem é único e muito bem feito, ou seja, deu show. Da mesma forma, estamos acostumados a ver Paolla Oliveira produzida, cheia de charme e envolvimento, mas aqui veio toda trabalhada nas olheiras, com ares de cansaço de nível máximo, dores e tudo mais que uma mãe sofre no pós-parto, além claro dos conflitos com o pai da criança, ou seja, fez uma Elisa perfeita, cheia de nuances, e que acerta também demais em todas as cenas. Outra que acertou demais nos conselhos e nos atos bem encaixados foi Elisa Lucinda com sua Gladys, criando momentos bem íntegros e marcantes para a vida do filho, não passando a mão e acertando muito com isso, valendo a representação por completo. Quanto aos demais, os amigos dos protagonistas fizeram bons encaixes com Leandro Ramos e Dadá Coelho tendo participações maiores nas conexões do filme, mas vale o destaque claro do verdadeiro papai pop aparecendo na pelada do protagonista, com Marcos Piangers sendo um jogador que fala que nem quer ter filhos, e a sacada foi bem trabalhada.

Visualmente a trama mostra a tradicional bagunça que vira uma casa com crianças, os momentos iniciais com muitas fraldas sujas, pomadas, lenços, as primeiras doenças, a mudança de vida dos pais de saídas, futebol e tudo mais para mais tempo dentro da casa, além disso mostrou bem a casa da avó (mãe do pai) aonde teve todo o desenvolvimento familiar com uma mulher forte que criou o filho sozinha, e assim vemos os passeios em pracinhas, e tudo mais, ou seja, a equipe foi simples, porém bem simbólica nas situações, e o resultado funcionou, mesmo usando de imagens de internet e todo o diferencial que o estilo pede.

Enfim, é um filme que imaginava que iria por outros rumos, mas que foi bem sacado, emociona bem, principalmente no ato do porteiro do prédio, e que acaba sendo bem funcional por completo, então deixo ele como dica tanto para os jovens pais de primeira viagem, aqueles que ainda desejam ser pais, e claro para todos que gostam de uma boa trama nacional bem feita, pois costumo bater muito quando erram, mas valorizo demais quando acertam, e esse é um dos casos bem acertados. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas ainda tenho muitos filmes nesse final de semana, então abraços e até logo mais.


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