Amazon Prime Video - Viveiro (Vivarium)

8/03/2022 12:50:00 AM |

Quando lá em meandros de 2019 que nem se pensava em pandemia vi o pôster de "Viveiro" no Cinemark e fiquei curioso pela ideia, cheguei em casa, dei play no trailer e fiquei com muitas dúvidas de aonde tudo iria chegar, veio a pandemia, não foi lançado nos cinemas, e outro dia vi ele no Telecine Play, coloquei na lista, mas não dei play, eis que o Telecine Play também morreu, virando Globoplay, mas hoje eis que a Amazon Prime me sugeriu ele, então resolvi dar finalmente a chance para o longa, e descobri o motivo de ter pulado ele na playlist e ido para muitos outros filmes, pois é bizarra toda a ideia, sendo um filme que embora seja bem monótono acaba nos prendendo a atenção, pois ficamos esperando que algo realmente aconteça, que vá para algum rumo, mas não, a base está toda ali, tem um mote digamos envolvendo o lance de maternidade ou então inferno/morte, mas muitos vão se irritar com menos da metade do filme, então sequer vão esperar os 97 minutos totais, então deixo a dica como não muito recomendável, mas que pode ser que alguns filosofem mais e cheguem num consenso melhor sobre ele.

O longa nos conta que enquanto procuram pela casa ideal para que possam morar juntos, um casal se vê preso em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Quando eles percebem que o local não é nada do que imaginavam, pode ser tarde demais.

Diria que o diretor e roteirista Lorcan Finnegan quis brincar com inúmeras possibilidades para que nossas mentes entrem em conflitos, então se você vasculhar a internet atrás de algum significado sobre a trama irá encontrar tantas abstrações, tantas loucuras e ideias que vão chegar sempre no mesmo lugar ou a nenhum lugar como é o "bairro" aonde os protagonistas estão vivendo, e isso é algo até que legal de entrar no clima, pois muitos filmes são bem óbvios e as pessoas acabam odiando, enquanto outros são tão filosóficos que acabam cansando demais, mas aqui conseguiu ser um bom misto que não incomoda, mas também não entrega, segurando bem a bola até o fim, e ainda assim não entregando nada. Ou seja, é um filme bem abstrato, mas que não chega a cansar, que muitos vão filosofar, muitos vão achar que sabem tudo sobre a trama, mas diria que ninguém vai acertar nada, aliás nem o diretor falou mais nada sobre o longa, então fica a brincadeira e a reflexão.

Sobre as atuações, como sempre Jesse Eisenberg e Imogen Poots sabem criar personagens e amarrar o público, de tal maneira que seus Gemma e Tom tem personalidades fortes, tem essências reflexivas e explosivas no caso do rapaz, e ficamos muito próximos deles com tudo o que acabam fazendo, de tal forma que em determinado momento você fica na dúvida do que faria com o garoto (eu confesso que a picareta já teria descido no primeiro grito exagerado ali), e ambos vão se entregando para um resultado que era esperado, mas que não gostaria tanto, pois acreditava em algo a mais, mas foram muito bem em tudo. Agora quanto do garoto Senan Jennings só dá para sentir raiva, pois é daqueles que irritam com imitações dos adultos, com gritos, com exageros, com tudo, mas é perfeito para o papel, então se quiserem colocar ele em mais papeis do estilo, ele vai detonar, já sua versão adulta interpretada por Éanna Hardwicke dá mais medo do ar psicótico dele do que esperar algo a mais, mas foi bem também em cena, e o fechamento é quase que robótico, ou seja, certeiro no que se esperava.

Visualmente a equipe provavelmente brincou muito com maquetes, pois fazer aquela quantidade de casas seria algo completamente fora de eixo, mas ficou muito interessante tudo igualzinho, uma casa minuciosa de detalhes, a comida vindo em caixas com as mesmas coisas sempre, todo o processo da rotina, o jovem cavando um buraco sem fim, tudo bem marcante e perfeito, com cores não fortes, mas também não muito calmas, resultando num processo completo e bem feito.

Enfim, é um filme complexo, completamente fora da caixa, para aqueles que gostam de pensar muito sobre tudo e criar mil e uma teorias, mas que para o gosto pessoal desse Coelho que vos escreve irrita mais do que agrada, e assim sendo recomendo ele com uma ressalva imensa, que se você gosta de filmes mais diretos é melhor passar bem longe. E é só meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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