Atômica em Imax (Atomic Blonde)

9/02/2017 02:45:00 AM |

Sabe aquele filme que você não dá nada, pois não foi feito nenhum marketing barulhento, não passou o trailer 122x durante todos os filmes que conferiu, e por bem pouco você não foi conferir ele sem saber nada do que se tratava? Sim, esse filme tem nome, e se chama "Atômica" ou "Loira Atômica" se traduzirmos ao pé da letra o nome original, e pasmem, certamente entra para o grupo de melhores filmes do ano, com ação desenfreada do começo ao fim, com uma pegada de espionagem de primeiro nível (que por vezes deixa o público confuso de quem é quem na parada!), mas que principalmente faz jus ao nome, afinal Charlize Theron que dispensou em diversas cenas o uso de dublês (e com isso quebrou 2 dentes!!) colocou sua cabeleira loira pra jogo, e socou muitos marmanjos em cena, atirou sem dó arremessando sangue pra cima da câmera e com uso "dramático" de ótimos planos-sequências com uma trilha sonora fenomenal acaba resultando em algo que quase perdemos o fôlego de tão bom que é. Ou seja, se em breve teremos "Kingsman 2", esse aqui pode ser considerado seu primo distante no final dos anos 80, que certamente vai agradar muito quem gosta do estilo espionagem com muita pancadaria (o melhor foi a cara de choque e susto da moça ao meu lado com cada enfincada de algo que a protagonista usava nos demais personagens!). Portanto vá conferir e se divirta, mesmo que acabe soando confuso algumas vezes.

O longa nos mostra que Durante a Guerra Fria, a agente secreta do MI-6 Lorraine Broughton investiga o assassinato de um espião da agência. Logo, ela encontra provas de que o agente morto negociava a revelação de nomes de seus colegas que trabalham disfarçados. Agora, Lorraine precisa lutar contra o tempo para reaver essa lista e impedir a morte de mais espiões.

Não sei vocês, mas cada dia torço mais por dublês virando diretores de longas de ação, pois se vibramos com as cenas de ação que o ex-dublê (e agora famoso diretor, afinal vem aí com "Deadpool 2") David Leich fez em "De Volta ao Jogo", aqui vemos que lá ele não havia mostrado nem 50% do seu potencial, pois trabalha cada nuance com uma dinâmica tão incrível que vamos vibrando com tudo o que é mostrado em cena, e mesmo que por vezes o roteiro deslize em algumas bagunças na história (talvez até para não entregar logo de cara quem é quem!) indo para frente e para trás na linha temporal, o resultada acaba fluindo bem, e mostrando que o diretor desejava e muito trabalhar cada momento como único, pois vemos cenas aonde a câmera parece dançar no meio das lutas e tiros, caminhando para que o público adentre a história, converse com os personagens e resolva completamente a briga, ou seja, algo que não tem como não se conectar, fazendo com que desejássemos ver muito mais de seu trabalho, e como já coloquei, em breve veremos com um grande blockbuster o que ele é capaz de fazer com muito dinheiro. Como o filme é baseado em uma HQ, a ideia toda do roteiro foi desenvolvida com quebras também, e embora não tenha ficado tão visualmente folheável, o resultado até acaba se vertendo bastante para o estilo proposto.

Confesso que não consigo ver outra atriz fazendo o papel de Lorraine, pois Charlize Theron deu seu máximo para a personagem, colocando alma e o próprio corpo para lutar muito e mostrar para as atrizes que se dizem magras demais para sair socando tudo para todos os lados, que basta querer, e ela sem usar quase dublê fez muito, interpretou muito, trabalhou entonações, olhares e tudo mais, e ainda foi sensual com seus 42 bem vividos anos, ou seja, arrasou do começo ao fim e deve ser lembrada para muitos bons filmes ainda (quem sabe até uma continuação desse!!). Outro grande ator que ajudou no resultado do longa é James McAvoy com seu Percival, pois ousou trabalhar suas multifacetadas expressões (que vimos em "Fragmentado"), dosando diversos estilos de impacto, o que foi bem agradável de ver, porém em alguns momentos soou falso demais, e poderia ter minimizado isso, mas nada que tenha atrapalhado seus momentos, muito pelo contrário, até amenizando o estranhamento de algum ser completamente maluco na Berlim dividida. Sofia Boutella inicialmente parecia ser uma mera aparição com sua Delphine, mas acabou entregando uma personagem cheia de nuances, e ainda deu uns bons amassos em Charlize, porém sua personagem até poderia ter sido mais trabalhada nas cenas finais. Dentre os demais, todos ficaram bem encaixados, e principalmente seguraram bem a tensão para que ninguém descobrisse os infiltrados e quem era parceiro realmente do outro, valendo destacar poucas expressões fortes de John Goodman, Toby Jones e James Faulkner, e as boas dinâmicas de Eddie Marsan com seu Spyglass (principalmente na cena do prédio seguida pela do carro) e Bill Skarsgård com seu Merkel.

Se já tivemos uma excelente direção, interpretações perfeitamente bem encaixadas, arrumar locações incríveis era uma tarefa quase obrigatória da produção e da direção de arte, e conseguiram arrumar!! Conseguimos não apenas ver o clima de Berlim Ocidental e Berlim Oriental, mas sentir toda a alma rebelde impregnada nos locais aonde filmaram, criando ambientações bem proporcionadas para não revelar nada falso demais, e ainda arrumaram muitos (pense em muitos, que não vai chegar nem perto) objetos cênicos para representar a época, como roupas, telefones, objetos de espionagem, bebidas e tudo mais que pudesse se imaginar, criando algo incrível de ver na tela. Alie isso tudo à uma direção de fotografia insana (afinal fazer grandiosas cenas em sequência parecendo que a câmera tinha vida própria em 360° para o público ver tudo o que acontecia ao redor de cada momento) com tons vivos e bem coloridos nas cenas de boate, ou até mesmo nas pichações para demonstrar os lugares e épocas que o momento estava acontecendo, contrastando com tons bem escuros para dar um ar dramático, mas sempre com uma luz de contra para atenuar o momento, ou seja, algo impecável de se ver.

E finalize toda essa perfeição com a cereja do bolo, escolhendo uma das melhores trilhas sonoras de filmes dos últimos anos, com só ótimas canções que embalaram os anos 80, além de arranjos sonoros quase incorporando os sons de jogos da época, ou seja, criando um ritmo perfeito para que o longa voasse baixo na telona. E para poder ficar ouvindo muito depois de conferir o longa, deixo o link aqui, afinal certamente muitos que viveram nessa época vão curtir toda a sonoridade, e mesmo quem não viveu vai acabar dançando.

Enfim, um longa que impressiona nos detalhes e que consegue conduzir uma história bem completa (que até poderia ser maior e com mais dinâmicas) para ninguém botar defeitos grandiosos (afinal sempre tem algo que poderia ser melhor em filmes desse estilo, pois esperamos mais força em determinados momentos, mais suspense em outros, mais investigação em outros pontos, e até mais interpretação dos secundários!), e assim acabar agradando muito à todos que forem conferir, sendo fã ou não do estilo. Portanto, vá aos cinemas (recomendo ver em Imax, mesmo não tendo sido filmado com a tecnologia, pelas boas cenas de ação) e se divirta muito com a boa quantidade de sangue que voa para todo lado nas ótimas cenas de luta, pois com certeza será um filme que você vai se lembrar durante muito tempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas nesse final de semana ainda irei conferir muitos outros longas, então volto em breve com mais textos, e por enquanto deixo apenas meus abraços com vocês.

2 comentários:

Heitor disse...

Como sempre, uma crítica completa e detalhista. Ansioso pela crítica do filme "Como nossos Pais" que anda sendo tão elogiado e cotado para nos representar no Oscar. Um abraço e lhe congratulo pelo excelente trabalho, apesar de achar q vc anda muito rigoroso com as notas, hahaha.

Fernando Coelho disse...

Olá Heitor... muito obrigado!! Irei conferir amanhã (domingo)... estou ouvindo bem dele mesmo... isso me dá medo!! Também acho que ando rigoroso demais (esse ano só dei uma nota 10), mas quem sabe adoço até o fim do ano... rss... abraços!

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