Netflix - Maudie: Sua Vida e Sua Arte (Maudie)

7/16/2020 12:43:00 AM |


Sabe aqueles filmes que você assiste e passa num piscar de olhos que nem parece que você viu? Que a essência é tão gostosa que transporta você para o cenário e você acaba quase íntimo dos personagens principais? Que a emoção é passada e transparece por cada pincelada da artista em desenhos simples e bobinhos, mas que são tão carismáticos que agrada demais? Se você respondeu sim para todas as perguntas, provavelmente você vai amar o longa que é de 2016, mas que entrou hoje no catálogo da Netflix, "Maudie: Sua Vida e Sua Arte", pois da mesma forma que os desenhos da artista, e ela mesmo era uma senhorinha (ou melhor uma mulher) bem simples, o diretor acabou fazendo seu longa com a mesma toada da protagonista, que vemos tudo acontecer de uma maneira bem leve, acompanhamos seus sentimentos, vemos seu olhar e sua imaginação para os quadros, e principalmente, mesmo sofrendo de uma doença triste e dolorida, não a vemos triste na tela, não a vemos sofrer, e assim o longa soa leve e bonito sem precisar apelar para o lado melancólico. Ou seja, é praticamente uma pintura na tela, que sentimos sozinhos, e não que nos forçaram a sentir, e assim sendo a perfeição de tudo agrada demais, e é mais do que uma recomendação artística e biográfica, é olhar a vida e se envolver com cada ato.

A trama nos conta que Maud Lewis tem problemas de artrite reumatoide, que causa inflamações e deformações nas articulações do seu corpo. Apesar disso, possui incríveis habilidades artísticas. Passada para trás pelo irmão e incomodada com a vigilância exagerada da tia, ela busca independência trabalhando para um rabugento e pobre vendedor de peixes enquanto pinta seus quadros que irão lhe transformar numa popular artista.

O estilo da diretora Aisling Walsh foi bem seguro aqui, de modo que mesmo tendo uma pegada simples, ela conseguiu transformar a história de Sherry White com uma leveza tão delicada, transferindo com sutilezas cada momento para a tela da mesma forma que as pinceladas da protagonista, não pesando nada que atrapalhasse, de forma que o filme flui rápido, tem as dinâmicas certas, encontrou sabiamente cada elemento, e principalmente, teve a escolha perfeita do elenco, pois a atriz se entregou de corpo e alma para a produção, fazendo uma personificação tão incrível que nem chegamos a reconhecer a atriz. E esse acerto certamente foi algo que a diretora quis, pois a trama tem vida, tem sentimento e tudo se encaixa, ao ponto de não vemos um momento sem algo que nos prenda no que estamos vendo, e o melhor, o filme não fica amarrado, sendo gostoso de ver, e passa voando, com tudo sendo certeiro e sem falhas.

Já que comecei a falar da protagonista, é fato que Sally Hawkins não foi indicada por esse filme aos principais prêmios do cinema mundial, mas venceu praticamente todos os prêmios canadenses, e merecia muito mais, pois ela nos entrega uma Maud perfeita, cheia de trejeitos, praticamente o filme todo curvada, com maquiagem forte e tudo mais, além claro de uma interpretação que merece aplausos de tão bela, ou seja, perfeição é um adjetivo pequeno para o que ela faz em cena. Não muito atrás Ethan Hawke entregou um Everett imponente, rabugento, cheio de força, mas também certeiro nos momentos emotivos, ou seja, não erra em nada, além de ter a química perfeita junto com a protagonista. Além do casal principal, vale destacar Kari Matchett com sua Sandra serena e bem trabalhada, que consegue passar como viu o talento de Maud para explodir sua fama, e mesmo sendo personagens que acabamos não gostando, Zachary Bennett e Gabrielle Rose acabam fazendo boas interpretações com seus Charles e Ida.

Visualmente o longa também funcionou como uma pintura, tende desde casas bem simples, com elementos marcantes no ambiente como as canecas de sopa, os quadros, as pinturas por todos os cantos, e claro mostrando a filmagem que depois é passada no final mostrando os reais personagens, e tudo fazendo muito sentido, ou seja, a equipe de arte soube reproduzir na medida certa tudo, criando uma tela completa bem pintada, incluindo as nuances das diversas estações do ano, com um brilho bonito de ver, que junto de figurinos e tudo mais resultou em algo muito correto.

Enfim, diria que é um filme praticamente sem erros, pois o único porém que acabo colocando é o de não passarem a dor da doença para o público, afinal o filme ficou bonito assim sem polemizar uma artrite, mostrando ela como uma senhorinha feliz pintando seus quadros, mas sabemos muito bem as dores são intensas, e seus últimos dias devem ter sido doloridos ao máximo, mas optaram pela leveza da trama, e assim emocionou da mesma forma, então vale demais a conferida para conhecer um pouco mais sobre essa belíssima artista, que foi maravilhosamente bem interpretada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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