Netflix - Na Própria Pele: O Caso Stefano Cucchi (Sulla Mia Pele) (On My Skin)

7/13/2020 11:12:00 PM |


Sabe aqueles filmes que você termina de assistir sem saber se está bravo com algo que aconteceu, revoltado pelas atitudes de todos por ser uma história real, ou decepcionado por não terem feito algo mais fictício para funcionar como um filme mesmo? Pois bem, esse é o sentimento que estou quase uma hora depois de terminar de conferir na Netflix, "Na Própria Pele: O Caso Stefano Cucchi", pois sendo algo que aconteceu realmente temos vários fatores para se irritar, primeiro com a polícia que pelo jeito é igual no mundo todo, não ligando para leis e batendo por vontade de bater, depois pelo jovem que era um traficante sim pela quantidade de droga que tinha, mas que claro tentou se esquivar da acusação principal, e com isso ocultou até que apanhou até a quase morte com medo de morrer mesmo estando morrendo, e por último, mas talvez a minha principal revolta é que se quisessem deixar a trama real, fizessem um documentário defendendo o jovem e procurando justiça em cima dos acusados, ou então que fizessem algo mais ficcional e dinâmico, já que ninguém sabe o que realmente aconteceu, pois o filme ficou muito murcho de atitudes, e por incrível que pareça foi muito premiado mundo afora. Ou seja, é um filme denso que causa angústia, revolta, e muitos outros sentimentos ruins, mas mais pela realidade em si do que pela forma que o filme foi feito, e acredito que tenha sido isso que convenceu os julgadores para premiar tanto ele, afinal falta de tudo para ser um filmão realmente como seria um bom drama policial, mas são gostos, e esperava bem mais dele, mesmo sem saber muito do que se tratava.

A trama nos conta que Stefano Cucchi foi o protagonista de um dos mais controversos casos judiciais da história da Itália. Stefano foi detido pela polícia em 2009, suspeito de atividades criminosas e acusado de posse ilegal de drogas. Dias depois, ele foi encontrado morto em sua cela preventiva, em estado de desnutrição e com diversos hematomas. As investigações do caso reverberam até hoje e evidenciam um lado sombrio do sistema judicial italiano.

Diria que o diretor e roteirista Alessio Cremonini até fez um bom filme imaginando muito do que ocorreu com o jovem ouvindo depoimentos de médicos, de companheiros de cela, voluntários, enfermeiros, policiais e tudo mais, pois basicamente o jovem só esteve com a família na vistoria do apartamento dos pais, e a partir daí só foi encontrado morto depois de alguns dias sem que a família sequer tivesse o visto antes, ou seja, temos sim a base ficcional que reclamei, porém o teor da trama é documental demais, parecendo a todo momento faltar alguma aceleração, algum julgamento, alguma reclamação, pois a pessoa está sentindo dores e não reage, não fala, não acusa ninguém? Claro que todo mundo tem medo da repreensão policial de alguns elementos que sujam o nome da instituição que tecnicamente aplica as leis, mas no filme vemos médicos, enfermeiros, advogados, e tudo mais perguntando para ele o que aconteceu, você está doente, e o jovem apenas nega tudo. Ou seja, claro que o diretor não teria como saber muita coisa, mas crie, invente, faça a trama acontecer, e assim sendo, ao menos na opinião desse Coelho que vos digita, e não dos diversos julgadores que premiaram o filme, o longa falha em não ter opinião criativa, que claro fica bonito para os familiares que ainda buscam justiça, mas que para o público vai transmitir um sentimento de faltar com algo ficcional realmente.

Dito isso, posso dizer que o protagonista Alessandro Borghi foi realmente muito bem no papel de Stefano, mesmo dando uma raiva imensa dele não denunciar logo os abusos policiais, mas o jovem fez trejeitos de dor, sofreu muito, se contorceu, se moveu arrastado e tudo mais que quem já teve qualquer dorzinha sabe como é, imagina estar com 2 vértebras quebradas, sem conseguir urinar, sem poder tomar seus remédios e tudo mais, ou seja, foi muito bem no que fez, e mereceu as premiações. Quanto aos demais, os policiais e médicos foram básicos, sem muitas atitudes, e o diretor também não quis ir muito além com eles, então são apenas atores passageiros, e quanto aos familiares, até vemos a dor deles, a preocupação em alguns atos, e os atores foram também sem muitas atitudes, tendo ótimas expressões em alguns atos, mas talvez um pouco mais de revolta e desespero caísse melhor, ao ponto que vale destacar Jasmine Trinca com sua Ilaria brava, indignada, porém aflita, Massimiliano Tortora com seu Giovani sério demais, e claro Milvia Marigliano como a mãe desesperada por atitudes.

Visualmente o longa mostrou ambientes simples, mas não foram muito a fundo das cadeias, delegacias e tudo mais abandonado, mostrando tudo bonitinho demais, com celas apenas com o protagonista, no máximo mais dois no dia do julgamento, médicos atendendo a todo momento o jovem no quarto de saúde, e tudo mais, o que não sei na Itália, mas aqui seria muito diferente. Porém um grande feito da equipe de arte e de fotografia foi trabalhar os tons, puxando sempre para um lado mais escuro, mesmo nos atos de exames, tudo ao redor já indicava que o jovem morreria, ou seja, mantiveram sua dor na mesma tensão passada para o público, e isso pode ser sentido.

Enfim, é um filme bacana, que não começaria ele da forma que começa, pois já ficamos sabendo que ele vai morrer, mesmo sem ler a sinopse ou qualquer outra coisa, e isso chocaria mais, mas é um gosto pessoal, e sendo assim vi mais problemas no filme que virtudes, mesmo sendo algo interessante de ver. Ou seja, recomendo o filme como um documentário sobre o exagero policial, sobre descaso e tudo mais, mas talvez como uma ficção policial você se irrite igual aconteceu comigo, então fica a dica de como ver ele melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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