É interessante como estamos pouco acostumados com produções russas, pois geralmente estranhamos muito o que nos é mostrado, e se observarmos a fundo, veremos que conhecemos muito de tudo, pois copiam muito o que sai nos EUA, imprimindo sua loucura tradicional a base de muita vodka, ou seja, filmes completamente insanos que até podem empolgar com um visual completamente maluco, mas que geralmente não entregam grandes histórias, e principalmente falham em excessos. Sendo assim, pra uma semana que começou com um filme russo na TV ("Voo de Emergência" - não escrevi sobre ele, mas embora maluco acabou segurando a tensão e agradando até o fim) ver algo que está super na moda, que é super-heróis no modo russo foi algo que até imaginaria que não teria como dar certo, e posso dizer que embora a proposta de "Os Guardiões" até seja boa, com cortes ridículos e efeitos bizarros, o resultado final acaba soando tão ruim que não conseguimos desejar que venha a continuação como o final acabou sugerindo, ou seja, mesmo que você seja um super amante de longas de heróis, fuja dessa roubada completa.
A sinopse do filme nos conta que em plena Guerra Fria, uma organização secreta chamada "Patriota" recrutou um grupo de super-heróis russos, modificando o DNA de quatro indivíduos, com o objetivo de defender o país de ameaças sobrenaturais. Arsus, Khan, Ler e Xenia representam os diferentes povos que compõem a União Soviética, e mantêm suas identidades bem guardadas para, também, não expor aqueles que têm a missão de proteger.
Nunca consegui imaginar o que passa na cabeça dos russos, pois se assistirmos diversos vídeos deles pela internet, veremos muitas coisas bizarras, mas sempre de proporções gigantescas, então não seria diferente se aparecesse uma produção espetacular com a proposta de um longa de super-heróis, e aqui o que o diretor e roteirista Sarik Andreasyan acabou fazendo foi trabalhar um orçamento imenso, com muitas explosões, e ambientes abertos de tamanhos inimagináveis em produções singelas, fazendo com que os personagens pudessem ter até algo a mais para ser explorado. Porém estamos falando de algo russo, e não é isso o que é entregue, pois acabam fazendo associações tão bizarras que não conseguimos entender aonde desejam chegar. Ou seja, a produção em si se caísse na mão de um diretor sensato acabaria corrigindo praticamente todos os defeitos e resultaria em algo impressionante, mas aqui não vemos algo que desejamos rever ou sequer pensar no que poderiam ter mostrado, de modo que tudo flui, mas aí entra uma pessoa e destrói qualquer possibilidade de ser entendido com a edição mais maluca possível, de modo que estamos vendo algo, é cortado, acontece milhões de coisas, e voltamos para algo que parece que perdemos mais algo, pois já resolveram aquele problema, ou seja, temos a sensação de que dormimos e acordamos em uma parte mais adiantada da história, e na sequência isso ocorre novamente, mas mais adiante, voltamos com algo que ainda não aconteceu, bagunçando ainda mais a história, quando alguém vem e fala tudo novamente num looping insano, fazendo com que além de maluca a história se torne uma bagunça completa e mal dirigida.
Sobre os personagens, chega a ser interessante ver todas as habilidades de cada personagem, mas são tão rapidamente inseridos, que numa comparação chula, imagine que ninguém conhecesse nenhum dos personagens de "Capitão América - Guerra Civil" ou até mesmo "Vingadores - Guerra Infinita", e do nada já aparecesse o maior vilão possível e tivéssemos de aprender a gostar dos mocinhos logo de cara, e é isso o que ocorre aqui, pois certamente cada um sozinho possui boas e interessantes histórias para se desenvolver, mas foram jogados em cena logo de cara para que o público vivencie isso. Dito isso, nem vou falar muito de cada ator em si, pois como bem sabemos, filmes em línguas diferentes do inglês dificilmente aparecem legendados por aqui, então não vou falar que as entonações e expressões de cada um foi correta de ver, pois mesmo sendo dublados por uma equipe bem competente de dublagem, ouvimos coisas que certamente não foram faladas. E sendo assim vamos falar apenas dos personagens, começando por Arsus que Anton Pampushnyy fez muito bem, como um belo exemplar de galã, que num filme americanizado deixaria todas as mulheres malucas, mas tem a piada comum que vemos no Hulk de que ao se transformar tem toda sua roupa destruída, e ao se destransformar já está com as mesmas roupas intactas como num passe de mágica, a diferença que na versão americana o personagem apenas ganha força e fica verde, aqui o físico vira um urso completo em diversos momentos, e em algumas partes apenas pela metade do corpo, ou seja, maluquice demais. Já Khan interpretado por Sanjar Madi, com suas espadas curvas, inicialmente mostra algo bem interessante, fatiando tudo o que vem em sua direção, porém a verba acabou na sua cena de apresentação e depois sua lâmina apenas derruba os inimigos, ou seja, algo bem estranho de se ver. Sebastien Sisak nos mostra que seu Lernik tem habilidades iniciais com pedras, mas depois assume um chicote muito sinistro que também rasga os exemplos, mas raramente acerta alguém, ou seja, falhas técnicas absurdas. Alina Lanina nos mostra que sua jovem (talvez seja bem velha, já que não envelhece, mas não falam sua idade real) Xenia tem a habilidade de ficar invisível, e com a roupa criada pelos inventores pode invisibilizar tudo ou até outras pessoas que toca, mas aparenta estar mais com medo de lutar do que qualquer coisa. A capitã da equipe, Major Elena, parece que saiu do cabeleireiro a cada cena, toda maquiada e com um perfil que não pode nem sujar sua roupa, mas Valeriya Shkirando acaba agradando pelo teor sexy que poucas vezes vemos em personagens de exército. O vilão do longa ainda deve estar se transformando em algo, pois com uma roupa completamente tecnológica que solta raios (um dos efeitos mais bizarros que já vi em todos os filmes de minha vida!) para todos os lados, e com uma musculatura monstruosa (fico pensando que tipo de modificação genética é essa para transformar um cientista velhinho em um rato de academia!!) fez com que Stanislav Shirin ficasse bem estranho com seu Kuratov. Ou seja, difícil falar bem de algo das interpretações, pois tudo é estranho demais.
Dentro do conceito visual da trama, podemos dizer que tudo foi muito grandioso, com cenários imensos, armas imensas, concepção artística de proporções épicas, mas que ao abusar de muitos efeitos, acabou ficando tudo falso demais. Claro que estamos falando de algo que dificilmente existiria realmente, mas ao menos um pouco de verossimilhança agradaria, por exemplo na cena que helicópteros e caminhões levam uma antena imensa, as cordas parecem estar até frouxas balançando, e certamente com o peso daquilo sequer algo estaria voando normalmente, além de outros erros bizarros, mas de certo modo, o filme ficou bonito de ver pelo visual cênico, e em mãos melhores, a franquia certamente teria futuro. A fotografia escura deu um certo tom dramático para a trama, mas não chega muito longe, e com isso o visual funciona mais nos momentos de ação do que nas emoções que tentam passar. E voltando a frisar nos efeitos, nem em sonho mereceríamos ver o tanto de coisa estranha na tela, mas confesso que gostaria de ver o longa em 3D para ver quais loucuras fariam.
Enfim, um filme bagunçado demais que não conseguiu sair das ideias, falhou na montagem, e finalizou com efeitos de estudantes do primeiro ano de um curso técnico bem fraco, ou seja, não funcionou em nada e vai fazer com que quem assista fique mais nervoso com a bagunça da trama do que com a vilania de destruição mundial que a história conta. Portanto quem ainda tiver coragem de conferir, vá sabendo que existe uma pequena cena no meio dos créditos (afinal estamos falando de um filme de super-heróis e isso é uma tradição do estilo!) e se prepare para reclamar realmente de tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal nessa semana teremos textos todos os dias com a grande quantidade de estreias. Então abraços e até breve.
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