Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou

5/30/2014 01:20:00 AM |

Se existe um gênero de filmes que o Brasil adora produzir e sempre lota as salas é a comédia, e a moda atual é transformar peças de sucesso em filmes, o que felizmente tem dado certo, pois após milhares de pessoas rirem de algo no teatro, basta colocar uma boa cenografia e adequar o tino da(o) protagonista que é certeza de o filme ficar redondo. Com "Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou", a receita é exatamente essa, e funcionou deixando o filme não como uma comédia exagerada cheia de caras e bocas, nem como algo lotado de escatologias para divertir e muito menos como um romancezinho divertido, mas sim como uma boa comédia com boas sacadas que agrada ao mostrar que embora ainda tenha algumas mulheres que sonham com um casamento e tudo mais, hoje está cada vez mais difícil encontrar algum que se encaixe nos seus ideais, então o jeito é ir tentando. A única recomendação negativa que faço, é que as moças mais revoltadas com a vida, do tipo feministas exageradas fujam do filme, pois algumas podem não gostar do lado mais romantizado dele.

A trama acompanha Fernanda, uma mulher independente que dedicou sua vida à carreira e agora, aos 39 anos, acha que sua situação afetiva é emergencial. Ela passa a apostar tudo em cada relação, se envolve com diferentes tipos de homens, e tenta, acima de tudo, encontrar seu par perfeito.

Eu sabia que o filme era baseado na peça, mas não me passou em momento algum que o roteiro principal de ambos era da protagonista Mônica Martelli, e olha que posso dizer que a moça escreve bem, pois dificilmente uma comédia nacional fez o público rir sem necessitar de certos apelos, e aqui por ser liso desses trejeitos, o que temos é algo mais sutil, que diverte pela situação em si causada com os diálogos e não por algo que vá ofender qualquer pessoa no cinema. Então o que fizeram no longa foi pegar seu texto original e dar uma ajustada com a ajuda de mais outros nomes para que a direção de Marcus Baldini ficasse bem pontuada num ritmo interessante e que todas as situações fossem bem produzidas, para que os pensamentos da protagonista não fossem apenas um estilo de narração, mas que tivessem vida e fossem bem divertidos num contexto geral, além de trabalhar na maioria das cenas com uma câmera dinâmica trabalhando os planos de forma diferenciada do tradicional.

Pôr o personagem ser seu e já estar fazendo a peça há muito tempo, não temos como falar que Mônica Martelli não é perfeita, pois não tem como melhorar o que faz, e acabou acertando bastante na transposição do teatro para a telona, não exagerando tanto nas caras e bocas que é uma característica teatral. Paulo Gustavo trabalha bem a comicidade que o personagem pede, mas poderia ter exagerado um pouco menos que agradaria até mais. Daniele Valente consegue fazer bem o papel de amiga quase invisível, pois no momento que a protagonista precisa aparecer é quase um objeto cênico colocado apenas ali, e quando precisa voltar a conversar continua como se não tivesse saído dali, e isso é um acerto para coadjuvantes em filmes cômicos nacionais, pois costumam querer aparecer mais que os protagonistas. Humberto Martins é um grande nome dentro das novelas, mas no cinema o sistema é outro e isso é algo que muitos atores acabam falhando feio, principalmente por aparentar estar sempre olhando para o lugar errado, não que isso estrague o filme, mas mesmo o ator fazendo algumas das cenas mais dinâmicas com a protagonista, ele não parece estar fazendo o filme. O ator alemão Peter Ketnath mostrou um bom domínio do nosso idioma, tentando não ficar exageradamente gringo, e trabalhando bem suas cenas para ser o hippie moderno, que não duvido nada estar virando moda em breve. Marcos Palmeiras se encaixa bem para as cenas finais e na sua participação no meio da trama, mas ficou adocicado demais para uma realidade, de forma a acreditarmos até na primeira ideia que a protagonista tem dele. Os demais personagens podem ser considerados mais como participações do que atuações em si, e até mesmo a cena de Eduardo Moscovis é tão "rápida" que não impacta no resultado do filme.

Agora sem dúvida alguma o ponto máximo do longa está na direção de arte de Vera Hamburger que conseguiu trabalhar a história em cenários perfeitos para cada momento, passando desde o apartamento lotado de elementos cênicos da protagonista até o naturismo simples, mas charmoso da casa na Bahia, e nesse meio de caminho tendo uma casa de altíssimo nível do patrocinador da peça, e casamentos extremamente bem trabalhados num visual chique e pomposo, claro que até a simplicidade nesse quesito acaba sendo bonita de ser vista, então alguns momentos a diretora trabalhou bem com pouco e fez bem também. A fotografia usou de uma iluminação básica para não ter sombras e também clarear os ambientes nos momentos mais escuros, sempre procurando valorizar algum objeto de cena, como ponto de iluminação principal para dar mais charme à trama.

As trilhas sonoras foram bem escolhidas por Plinio Profeta, que desenvolveu a trama quase toda baseada em um tom gostoso de acompanhar, colocando versões de diversas músicas e fechando com chave de ouro numa das músicas mais tradicionais de Lulu Santos que faz uma participação tanto sonora quanto artística, mas volta para fazer um dueto com Tulipa Ruiz com "Apenas Mais Uma de Amor".

Enfim, é um filme bem gostoso e divertido de assistir, que confesso pelo trailer não havia me comprado de forma que fui pronto para falar mal dele ao voltar da sessão, e acabei rindo até mais que muita gente na sessão aonde assisti. Recomendo o longa para todos que gostem de uma comédia mais light, que não seja apelativa e claro como disse no início se você ainda tem intenções romantizadas, pois se acha balela a tentativa de um romance pode fugir do filme que é capaz de não gostar de nada. Fico por aqui agora, mas ainda temos mais três filmes que vieram para cá nessa semana para conferir, então abraços e até breve pessoal.



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