A Grande Vitória

5/12/2014 11:41:00 PM |

Para aqueles que falam que o Coelho só fala mal de filme brasileiro, eis que finalmente apareceu uma produção interessante e comovente em circuito comercial chamada "A Grande Vitória" que com por trabalhar tão bem um esporte cheio de lições motivacionais, conseguiu emocionar e transmitir uma segurança bem típica de longas renomados lá fora para um filme nacional, bem interpretado pelos protagonistas e agradável por não ser nada cheio de ideologias como a maioria dos diretores nacionais estreantes costumam fazer. Ou seja, um filme bonito, emocionante e que talvez até ajude você a pensar logo em colocar aquele seu filho briguento num esporte de contato para que ele aprenda boas lições.

O filme nos mostra que Max Trombini teve uma infância humilde e conturbada. Abandonado pelo pai ainda hoje, ele foi criado pela mãe e pelo avô, que morreu quando tinha 11 anos. Revoltado, passou a se envolver em diversas confusões em sua cidade natal, Ubatuba, e depois em Bastos, onde passou a morar. Foi através do aprendizado das artes marciais, em especial o judô, que ele conseguiu se estabelecer emocionalmente e construir uma carreira que fez com que se tornasse um dos principais técnicos do esporte no Brasil.

Antes de mais nada, o pessoal precisa saber vender seu peixe, pois pelo pôster qualquer um mais desavisado irá ao cinema esperando ver algum filme baseado nos livros do Nicholas Sparks, e de romance no filme se tiver 3 cenas que totalizaram uns 8 minutos do total é muito. Então apague essa ideia preconceituosa igual um certo Coelho que já foi com 10 pedras para sair tacando e acabou quase lavando elas em algumas cenas mais emotivas, não que o filme vá fazer você precisar de um lençol para assistir, mas curto e acredito bastante nessa ideologia que o esporte pode dar boas lições nas pessoas, e aqui o filme prezou muito em cima dessa ideia. O diretor Stefano Capuzzi, estreia no cinema de uma forma bem segura, parecendo ser até mais experiente que muitos outros cineastas nacionais que batem cabeça ao fazer filmes restritos à pensadores misteriosos ou à grande massa que quer ver uma novela nos cinemas, e com isso seu acerto foi bem satisfatório na construção do roteiro baseado no livro de Max Trombini que acabou ficando trabalhado acertadamente dentro de ensinamentos que o Judô preza e que acabam valendo não somente para o esporte, mas sim para toda uma vida, e assim sendo agrada bastante com o que é mostrado. Outro fator acertado na estreia do jovem diretor é a escolha de câmeras dinâmicas, optando bem pouco por câmeras estáticas o filme tem ritmo e imagens bem fora do tradicional visto em nossas produções nacionais.

Não posso falar que o longa é uma das mil maravilhas também, já que como tivemos diversas estreias também no elenco que nunca havia feito cinema, o quesito interpretativo em alguns momentos soou um pouco falso. Felipe Falanga nos momentos que necessitou falar poderia ter trabalhado um pouco mais no discurso, pois o garoto até se sai bem quando fala, mas ao agir demais para mostrar um garoto cheio de energia acaba exagerando parecendo mais brigas compradas do que algo que realmente tenha acontecido numa escola. Ao ficar adulto, o jovem Max passa a ser Caio Castro, que até hoje não tinha feito nenhum longa-metragem e até sai bem nos movimentos que treinou bastante, usa de seu diálogo tradicional visto em novelas, mas certos momentos assim como o jovem garoto é afoito nas expressões não convencendo tanto o público do que faz, mas longe de ser algo ruim, sua atuação acabou sendo bem trabalhada e assim como faz bem em novelas, se tivesse mais tempo para trabalhar o personagem acredito que sairia até bem melhor. Suzana Pires tem habilidade para retratar uma mulher humilde e ser daquelas mães que não nega um puxão de orelha, e seus momentos mais comoventes foram tão bem trabalhados que emociona com certeza quem estiver assistindo e teve algum momento humilde na vida, muito bem feito seus atos. Outro que não esperava nada e até tinha assustado ao ver o nome no elenco é Moacyr Franco, que fez um avô muito interessante e que passa muito bem seu papel, pena que sua duração é curta, pois se desse pro longa todo, tudo que deu em poucos minutos de tela, teríamos algo bem bacana mesmo, o cara enfim achou um estilo que pode seguir. Tato Gabus Mendes, ou sem o Mendes como anda preferindo ser chamado, é o responsável por colocar todos os textos pontuados com efeito moral, ou seja, se sua voz fosse parecida com a do Cid Moreira, poderia gravar aulas motivacionais de palestras em CD que venderia horrores, e brincadeiras à parte, isso ficou bacana na sua interpretação, colocando o Sensei como um personagem marcante na vida de Max e que vale bem a pena prestar atenção nos ensinamentos. O próprio Max Trombini faz uma participação inicial como professor de Educação Física e claro mostra um pouco de seus combates na tela, só que sua fala para pedir a mãe que mande o garoto pro Judô ficou muito fraca, demonstrando de cara que era ele ali, mas valeu a participação. Você já deve estar perguntando, mas e a tal Sabrina Sato, não participou do filme? Sim ela faz a esposa de Max e serve de conexão para um momento importante na decisão do rapaz em seguir sua vida, porém sua estreia como atriz dramática é bem limitada com pouquíssimos diálogos, sendo colocada na trama apenas para representar um momento, então nem dá para avaliar ela ainda como uma atriz com expressões dramáticas com uma cena comovente apenas. Domingos Montagner foi algo meio enfeite demais apenas para representar o pai que foge da responsabilidade, então sua atuação foi algo meio rápido demais para valer a pena comentar. Felipe Folgosi e Carlos Massa, vulgo Ratinho, aparecem na produção mais para algo voltado para o merchandising, pois o primeiro mostra o nome da academia onde o jovem vai trabalhar, enquanto o segundo algum mercadinho que foi importante como patrocinador na vida do lutador. Bem falei demais dos atores, então já está bom demais.

O visual do filme foi bem trabalhado para criar tanto a casa humilde, como uma escola bem tradicionalista da época, uma academia simples mas que fez surgir talentos, um centro de treinamento maluco onde formar campeões é mais do que uma obrigação e claro a academia onde o protagonista encontra seu amor. Tudo isso foi bem dinâmico e mostrou uma habilidade interessante da equipe de arte em não se preocupar com nada grandioso, mas que caísse bem na trama, e dessa forma o filme anda sozinho, não precisando nem de grandes atuações, nem de elementos que marquem cada momento. Nem a cena da chuva que serve sempre de tradicional momento de virada em qualquer trama, foi forçada demais e representou algo grandioso, mas agradou acertando na medida. A fotografia do filme contou com cenas bem bonitas visualmente trabalhando algumas ambientações externas que chamaram atenção por algumas imagens do sol em seu esplendor para chamar atenção, e além disso como disse no início o diretor usou muitas imagens em ângulos diferenciados, o que fez a equipe trabalhar com iluminações bem casadas com o momento para não soar falso.

A parte sonora é um show a parte do maestro João Carlos Martins, que se quiser agora virar nosso John Williams nacional pode começar a trabalhar mais na área, pois o longa inteiro possui diversas canções compostas para cada momento específico, ficando algo profissional e bonito demais de ser ouvido. E além disso, quem tiver paciência de aguardar todos os créditos subirem, poderá conferir um clipe de Luan Santana cantando a música tema do longa com imagens do filme.

Enfim, falei muito do filme e claro que recomendo ele para todos, pois mesmo não sendo perfeito, foi feito de forma bem criativa e emociona com cenas agradáveis e com um texto interessante e comovente. Vale para todas as idades e com certeza quem for disposto a ver um longa com boas mensagens vai gostar muito. Bem é isso pessoal fico por aqui hoje, mas amanhã confiro o último dessa semana, então abraços e até breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...