Muita Calma Nessa Hora 2

1/15/2014 11:57:00 PM |

O cinema cômico nacional tem um único problema, ser da Globo Filmes, pois todos que colam esse selo na capa, já garantem 90% da chance de altíssimas bilheterias e de ser ruim de piadas no melhor estilo do programa cômico deles chamado "Zorra Total". Claro que tivemos uma evolução considerável de "Muita Calma Nessa Hora 2" se comparado ao original de 2010 e o meio do caminho que o diretor teve com "E aí, comeu?", mas ainda mantiveram o mesmo estilo humorístico de piadas de esquetes que soltas até funcionam, mas no contexto do filme acabam parecendo perdidas. Felizmente dessa vez não fui o único a silenciar de risadas, e rir apenas em alguns momentos, já que a sala que estava razoavelmente cheia para uma sessão de pré-estreia em horário ruim, também ficou quase que o filme todo em silêncio, rindo nos mesmos pontos que eu, então posso julgar que o filme só teve graça realmente ali.

O filme nos mostra que três anos depois da viagem para Búzios, as amigas Mari, Tita, Aninha e Estrella se reencontram no Rio de Janeiro. Mari está coordenando a produção de um grande festival de música, o Som do Rio, e convida as amigas para o evento. Estrella volta da Argentina depois da morte da avó, mas sua única herança é uma samambaia. Aninha pede ajuda a uma vidente, mas presságios inusitados a deixam ainda mais indecisa. Tita, depois de passar três anos na Europa, está decidida a arrumar um emprego como fotógrafa. Juntas, vão perceber que estão prontas para novos desafios.

Um dos pontos que foi melhorado substancialmente é o roteiro, já que no primeiro filme tudo era jogado às traças, e salve-se quem puder, agora temos uma história pautada, embora ainda muito fraquinha, mas com começo/meio/fim e com isso sabemos onde a trama quer chegar. Claro que pra isso ocorrer, foram colocados personagens chaves além das protagonistas e acertaram a mão pelo menos nessas escolhas. Porém o problema continua o mesmo do anterior, as protagonistas não são comediantes e muito menos engraçadas, servem apenas de pano de frente para que as situações ocorram e por serem rostinhos bonitos (algumas com corpo também) na frente da tela. Após 3 filmes, Felipe Joffily começa a demonstrar segurança pelo menos do estilo que quer seguir, e caso saia mais um filme, afinal dará muito retorno para os produtores e consequentemente irão querer mais 1, acredito que a chance de acertar a mão definitivamente e sair do estilo de humor jogado é altíssima. Agora nesse aqui, não posso em momento algum falar que não ri, muito pelo contrário, algumas cenas me fizeram rir muito, mas ainda assim está muito longe das boas comédias nacionais que tivemos e falar então de outras europeias então nem se fala.

Assim como o primeiro filme temos uma enxurrada de "humoristas" da TV, cinema e internet nacional no filme, mas poucos conseguem chamar bem a atenção pra si. Como disse acima, as protagonistas servem apenas para linkar as piadas com os demais, tendo Andréia Horta como a mais fraca do grupo que foi utilizada razoavelmente apenas na cena de asa-delta, Gianne Albertoni para a todos homens que forem na sessão ter algo para olhar e alguém para parecer organizadora de um evento, Débora Lamm para ser a maluca com frases de músicas, e salvando Fernanda Souza que sabe fazer um pouco de comédia e até nos fez rir em algumas cenas com suas trapalhadas. Marcelo Adnet manteve seu bordão de rico paulistano que se acha, mas coube a ele vários dos momentos mais cômicos, embora esteja querendo virar o Jim Carrey nacional. A dupla Maria Clara Gueiros e Nelson Freitas tem uma boa conexão, mas já foram melhores em outros personagens, mas nos fizeram rir também principalmente nas cenas com Marco Luque, que agradou bastante em diversos momentos com seu portunhol tradicional. Alexandre Nero com seu modo desesperado de produtor casou muito bem e utilizando do nome do produtor do filme original imagino como deve ter sido cômico nos bastidores. O sucesso da internet Rafael Infante ficou romantizado demais, e poderia ter um pouco mais de tiradas como faz em seus vídeos, mas mesmo assim agradou bem. E o destaque positivo sem dúvida alguma foi por incrível que pareça Helio de La Peña com seus mil papéis, um melhor que o outro que até o mais sério deles nos faz rir. E também podemos destacar positivamente o autor do filme Bruno Mazzeo que com seu cantor caipira brega conseguiu emplacar um hit infeliz na nossa cabeça que não sai nem por reza e não irei judiar de meus leitores colocando aqui. E o destaque negativo mais uma vez fica para as tosquices de Lucio Mauro Filho.

Embora o novo filme tenha muito mais patrocinadores que o primeiro, pelo menos não cometeram a mesma gafe de ficar citando e mostrando como parte do filme o merchan deles, e com isso temos algo mais cinematográfico realmente. As locações ficaram totalmente dentro do que a ideia do longa gira, e souberam embora aparente simples tudo bem encaixado, somente o show ficou um pouco falso demais com uma plateia nada convincente de estar realmente ali e poderiam ter melhorado nesse quesito. Os elementos cênicos não são tantos, então tentam trabalhar bem com o que tem, sem precisar chamar atenção para nada em cena. A fotografia utilizou bem dos contras para trabalhar em alguns momentos e nas maioria das cenas que são abertas, usaram pouco do recurso de sombra, mas não ficou evidente demais.

A trilha sonora trabalhou muitas composições próprias, inclusive com a música grudenta do papel de Mazzeo, que fuja logo que começa os créditos senão a chance é que não saia da sua cabeça tão cedo, e as músicas cantadas por Infante. Além delas tivemos Jota Quest, Marcelo D2 e Chiclete com Banana que fazem parte do megashow organizado para o filme, entre outras canções que tocam pedaços, ou seja, uma super produção com direito a CD de trilha sonora.

Enfim, é um filme ainda muito fraco no quesito história, pois pelo menos no quesito risada até dá para se divertir um pouco, mas não temos como negar que é uma produção imensa e que quem sabe o diretor lapidando algumas pontas pode transformar um próximo filme da sequência em algo que realmente valha a pena sair de sua casa e ver ele num cinema, afinal já conseguiu melhorar algo que julgava ser filme de nunca ter continuação. Como é de praxe da comédia nacional irá lotar cinemas, mesmo não sendo grande coisa, então se você quiser ver vá por seu próprio risco, afinal gosto é algo que não dá para ser colocado na cabeça de ninguém, então alguns com certeza irão amar. Encerro aqui a programação corrida que foi essa semana, mas na sexta já temos alguns filmes para conferir, então abraços e até lá pessoal.


2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo contigo, Coelho.
Que filminho insosso.
Não se garante nem com a história (que é fraquíssima) e nem com as piadas (igualmente fracas) = dinheiro jogado fora.
É mais um da série "Não vale o Ingresso" desse início de 2014.
Eduardo.

Fernando Coelho disse...

Olá novamente Eduardo, pelo jeito você começou o ano torrando bem com filmes ruins hein... rsss... mas é a vida, nem sempre vamos conseguir pegar o melhor sabor de sorvete pra suprir nosso vício não é mesmo! Abraços!

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