Vocês Ainda Não Viram Nada!

1/12/2014 10:56:00 PM |

A mistura das artes infelizmente nunca irão combinar, pelo menos essa é minha opinião, e com isso em mente esperava que "Vocês Ainda Não Viram Nada!" misturasse de outra forma e não ficasse tão preso à peça original do dramaturgo, pois acabou ficando chato e incoerente colocar uma peça interpretada por 3 gerações dentro de uma casa, misturando com cenários. Ou seja, se você deseja ver uma peça interpretada por diferentes pessoas ao mesmo tempo dentro de uma casa que se transmuta em cenários, vá ver, senão dispense.

O filme nos mostra que a morte do dramaturgo Antoine d'Anthac faz com que os atores que atuaram em diferentes versões de sua peça teatral "Eurídice" sejam chamados para a leitura do testamento. O grupo contém grandes nomes do teatro francês, como Michel Piccoli, Mathieu Amalric, Sabine Azéma, Lambert Wilson e Anne Consigny. Após chegarem na suntuosa casa de Antoine, eles são informados que o autor deixou um depoimento gravado em vídeo. Nele, o autor pede que todos avaliem uma nova versão de "Eurídice", encenada por uma companhia de teatro.

O grande problema do longa é transformar ele numa grande peça, então quem não for realmente fã de teatro vai achar estranho os atores com falas tão decoradas interpretando quase que ao mesmo tempo com o vídeo que assistem no telão, e intercalando entre si, as várias gerações da mesma peça fica até bonito em alguns momentos iniciais, mas logo em seguida o outro casal repete a mesma fala do outro já começa a ficar tenso e irritante, até o final mais bobo impossível. Bom, também não poderíamos esperar um filme normal de Alain Resnais, mas dessa vez ele abusou do público ao colocar exatamente tudo que não poderia numa tela de cinema, escolhendo planos tortos que não enquadram legal os personagens, textos repetidos e tudo mais que você imaginar.

Pelo menos as atuações são bem encaixadas e mostram que os atores teatrais da França, sim todos fazem seus próprios papéis, mesmo estando velhinhos ainda mandam muito bem na interpretação e lembram de cor e salteado seus textos, mesmo que precisem de uma forcinha do vídeo. Nunca vi nenhuma peça francesa, então não sei dizer se eles eram tão bons como aparentam ser na tela, e a maioria dos filmes que os atores aqui fizeram não lembro de ter visto. Então o grande destaque do filme fica pras cenas com Sabine Azéma e Pierre Arditi, que incorporam bem seus personagens quase saindo da poltrona e eliminando eles como atores. E Lambert Wilson que é o mais conhecido dos que aparecem poderia ter chamado mais atenção se não fosse par da outra Euridice mais fraca, então acabou ficando bem em segundo plano.

O visual da trama é bem estranho, pois estão todos numa mansão sentados em poltronas frente a um telão, de repente começam a atuar, correm para um canto e lá o cenário vira estação de trem, quarto de hotel, cafeteria, e tudo mais que a peça pedir, ou seja é um trabalho de arte bem feito, mas literalmente ficou como se fosse uma peça onde a equipe ao invés de criar cenografia de panos e madeira, colocasse um telão digital de fundo e fosse alterando tudo, ficando extremamente falso, mas verdadeiro por estar acontecendo. Se você ficou confuso com isso, pode ter certeza que eu também fiquei, ou seja, não tente entender teatro dentro de um filme é estranho mesmo. A fotografia foi um dos poucos pontos acertados do filme, pois souberam dar iluminação de foco em personagem, como costumeiramente vemos no teatro, mas aqui coube a incorporação pois sabemos quem está em plano e quem vai acabar servindo pra nada no momento, então o olho se desloca para aquela área do cenário, e além disso fizeram alguns contraluzes bem interessantes para realçar as pessoas.

Enfim, quando vi o pôster e a sinopse há muito tempo quando foi lançado comercialmente, esperava algo diferente, mas nem tanto quanto vi hoje ao chegar no Belas Artes. Gostaria de recomendar para que todos fossem no Cine Belas Artes, pois passa filmes bacanas, mas dessa vez para esse filme serei obrigado a falar que fujam, aproveitem pra ir ver o da outra sessão que aparenta ser bem melhor. E se você não é de Ribeirão Preto e realmente ama teatro, talvez valha a pena assistir em casa já que não recomendo gastar dinheiro indo ao cinema ver esse filme. É isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã estarei no Belas Artes para conferir mais um filme em cartaz por lá, e nessa semana ainda faltam mais uma estreia e uma pré para conferir, então abraços e aguardem mais vários posts por aqui.


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