De Repente Pai

1/12/2014 03:43:00 PM |

Você que sonha em se tornar o pai/mãe do ano, você que já é pai/mãe de todos os anos, você que não quer nem pensar em ser pai/mãe do ano, "De Repente Pai" vai fazer você limpar aquele suor masculino que resolve escorrer pela beirada dos olhos que as mulheres chamam de lágrimas, pode apostar que pelo menos em alguma cena Vince Vaughn vai conseguir isso de você no filme. E olha que com as severas críticas que o ator tem levado nas costas de não conseguir fazer mais seu público rir, pelo menos ele encontrou outra forma, um filme doce e bacana que emociona pelas possibilidades mesmo que absurdas de acontecer isso, e embora muitos achem que não é um filme bacana, o longa impressiona pela qualidade de alguns bons diálogos e pela comoção que consegue fazer com eles.

O longa nos apresenta o gentil fracassado David Wozniak, cujas doações anônimas para uma clínica de fertilização 20 anos antes resultaram em 533 filhos. Agora, David deve embarcar em uma jornada que o leva a descobrir não apenas seu verdadeiro eu, mas também o pai que ele pode se tornar.

Alguns filmes ultimamente têm saído do gênero comédia romântica para virar dramas cômicos, e isso tem proporcionado roteiros mais inteligentes e ao mesmo tempo mais gostosos de ver, ficando leve, divertido e ao mesmo tempo comovendo o público que paga para assistir. Com essa prerrogativa o diretor e roteirista Ken Scott se inspirou numa peça aclamada e fez um filme canadense "Meus 533 Filhos" em 2011 que nem lembro de ter sido lançado aqui no Brasil, e agora com praticamente 2 anos apenas ele refilma nos Estados Unidos com atores mais conhecidos e com um estúdio grande por trás, afinal todo americano não gosta de legendas, e filmes que eles gostem, vão lá e refazem. E o que temos nessa versão é um filme que faz meia sala do cinema se emocionar com a comovente história de uma pessoa cheia de problemas financeiros que acaba mudando de vida ao saber que tem mais filhos que qualquer ser humano. Alguns vão achar o filme bem bobinho, mas a ideologia é tão agradável e consistente que você embarca na onda do protagonista e passa a torcer para as coisas darem certo. Não acredito que todos os filmes devam ser leves, mas são esses que acabam com nosso stress diário e faz relaxar de todos os problemas na frente de uma telona gigante.

Atuações em filmes cômicos americanos geralmente costumam não ser elogiadas, pois acabam fazendo piadas bobas com caras mais esquisitas ainda, mas confesso que nesse filme conseguiram manter uma linha mais com cara de filme francês e com isso agradar bem. Vince Vaughn estava devendo um longa onde pudesse ser lembrado pelo que já fez quando iniciou sua carreira, e conseguiu, mesmo repetindo tudo que já fez nos últimos anos, alinhar uma coerência para estar fazendo sua cara de piedade e seu jeitão de ser, e com isso agradou bastante em praticamente todas as cenas. Chris Pratt está irreconhecível, pois engordou 27kg para fazer o filme, só não entendi o porquê, será que é obrigatório ao ser pai de quatro filhos engordar? Mas isso não importa, o que vale a pena é que faz um advogado muito bacana e sua interação com as crianças é sensacional. Sébastien René não diz uma só palavra no filme e refazendo seu papel do original canadense soube emocionar somente com sua face perfeita. Adam Chandler-Berat também trabalhou seus diálogos de forma impactante e conseguiu fazer caras bem interessantes pros seus momentos chaves. Britt Robertson fez bem o papel da adolescente rebelde e pra isso utilizou umas expressões bem interessantes. Cobie Smulders tem uma participação pequena na trama, já que sua importância acabou ficando um pouco abaixo dos filhos, mas soube tirar bastante proveito nas cenas que é colocada dando lições e tudo mais. Dos demais 142 filhos que aparecem, antes que perguntem apenas é dito no filme ok, não fui maluco de ficar contando quantas pessoas tinha em quadro, alguns até se destacaram mais, outros apenas apareceram em quadro, então apenas para destacar mais algum colocaria Jack Reynor pelo diálogo do sorriso.

Colocar o protagonista ficar indo nos lugares conhecer seus filhos, a equipe de arte deve ter trabalhado horrores junto com a produção para arrumar diversas locações, afinal construir tudo em estúdio seria uma loucura impossível, e como não existem efeitos especiais, então melhor ir arrumando locações, e foram bem satisfatórios para representar todos lugares que passam, como o hotel, a cafeteria, o açougue, os apartamentos, a praça, e por aí vai. E com isso deixaram nas mãos apenas da equipe de fotografia para trabalhar bem a luz nos lugares, e esses souberam utilizar na medida sombras e contra-planos para deixar tudo no jeito perfeito, valendo destacar a cena do pôr-do-sol que ficou brilhante.

Enfim, gostei muito do que vi, achei uma produção muito bem feita, sei que estarei indo completamente no caminho inverso dos meus amigos críticos que deram notas baixas para o longa, mas se pra um Coelho que nem por decreto de lei quer ser pai e se emocionou com o que viu, imagino pra quem realmente é ou sonha com o que foi mostrado. Claro que o filme tem alguns errinhos sim, mas tecnicamente a produção do longa é perfeita, e isso é o que importa pro Coelho, então recomendo com certeza essa comédia bem levinha para todos que gostam de se emocionar e divertir numa sala gigante de cinema. Fico por aqui agora, mas hoje ainda publicarei as pré-estreias que fui durante o dia de ontem, e a noite volto com mais uma crítica de hoje então abraços e até mais tarde pessoal.


2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo contigo, que filme bacana!
Você tocou em um ponto interessante: os críticos de cinema.
Eu aprendi que quando o seu Rubens Ewald Filho recomenda um filme eu devo passar longe dele, pq tem 90% de chance de ser ruim ou um verdadeiro sonífero, e quando ele critica tem uma chance de 60% de ser bom. Por outro lado, passei a visitar o seu site com frequência pq notei que concordo muito mais com o que você escreve do que discordo.
Então, a conclusão é que cada um deve escolher críticos de cinema que melhor se adaptem ao gosto de cada um para tomar como referência, mas sempre percebendo se o crítico não tem má vontade ou boa vontade com determinado gênero que as vezes você é quem pode ou não gostar.
Nesse caso, muitos podem ter falado mal de "De Repente Pai", mas eu concordo contigo, o filme é divertido e tem uma história legal e um pouco diferente da maioria. É um filme que eu também recomendo.
Eduardo.

Fernando Coelho disse...

Falou bem demais Eduardo!!! Esse lance de curtir algum estilo é um fato total, e cada crítico tem sua paixão, eu sou um aficionado por suspenses/terror com muito sangue, mas curto também romances melosos, então tudo que tiver nesse meio do caminho verei e falarei como produtor que sou, opinando do meu gosto, e claro como você disse, cada um deve ir pelo gosto, as vezes pegaremos alguma bomba pra discordar, mas é a vida! Abraços!

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