Obsessão

1/25/2014 01:46:00 PM |

Várias pessoas podem adotar o nome abrasileirado do filme "Obsessão" à tudo que ocorre com Zac Efron durante o filme, mas colocaria mais pilha ao dar o nome pela obsessão de Lee Daniels à trabalhar todas as polêmicas possíveis num único longa denso e que poderia ter o final que desejasse, dando possibilidades à vertentes inimagináveis dentro de uma única trama. Acredito que esse excesso de polêmicas acabou travando o filme um pouco e fez com que as exibidoras meio que boicotasse o longa, já que demorou quase 1 ano para sair no Brasil e mais meio para chegar no interior, pois mesmo sendo aplaudido de pé em alguns festivais, acabou com uma bilheteria bem baixa nos EUA. Porém tirando esse detalhe é um excelente filme que prende o espectador do começo ao fim, valendo a pena ser conferido.

O longa nos mostra que em 1969, Hillary Van Wetter foi condenado pelo homicídio de um xerife sem escrúpulos e espera sua execução. Enquanto aguarda sua sentença final, ele recebe cartas da atraente Charlotte Bless, que convencida de sua inocência, entra em contato com o The Miami Times na esperança de que o jornal mandasse repórteres experientes que pudessem ajuda-lo. O admirado repórter do jornal, Ward James, chega a cidade com seu colega, o ambicioso Yardley Acheman, que vão juntos investigar sobre o julgamento. Durante a investigação, o ingênuo e obsessivo Ward pede ajuda de seu irmão mais novo, o jovem Jack James, um garoto que acabou de largar a faculdade e mudou-se de volta para sua casa de infância em Lately, na Flórida. Como Jack sempre entregou o jornal local The Moat County Times, administrado por seu pai, W.W. Jansen, seu irmão o contrata como motorista e junto com seu colega, acreditam que se conseguirem expor Wetter como vítima de uma justiça caipira e racista, vão se tornar aclamados no mundo jornalístico.

O roteiro e a direção são bem trabalhados, mas poderiam ter feito uma montagem mais determinada, pois o excesso de reviravoltas junto de fades estranhos e a cada momento tudo podendo mudar de vértices transformou o longa de excelente para bom apenas, pois acaba cansando um pouco. Claro que nada tira o mérito do diretor de em seu terceiro filme continuar abordando temas polêmicos com uma pegada que poucos diretores teriam coragem, e como já vimos o seu quarto filme, antes desse inclusive, sabemos que continuou sem amenizar uma vírgula. Tudo bem que polêmicas são ao mesmo tempo um tiro no pé no escuro, então nesse caso acredito que o diretor mais acertou do que errou, mas que nem todos irão sair agradados com o que verão, isso é um fato.

Agora um ponto de inegável qualidade é o elenco montado para a trama, todos sem exceção dão o seu máximo para que tudo saia da melhor forma. Zac Efron nem parece mais aquela coisa estranha de HSM e vem melhorando constantemente a cada novo filme, e aqui demonstrou, mesmo que fazendo um garoto, uma maturidade impressionante frente às câmeras para expressar toda sua interpretação com pausas dramáticas e tudo mais, ou seja, está na beira de ter seu ápice, claro que tirando as cenas mais non-sense possíveis na praia. Matthew McConaughey é perfeito e sabe transformar até um personagem que poderia ser simples em algo mais elaborado, claro que a descoberta de um dos seus maiores momentos é chocante, mas o diretor não aliviou sua barra e exigiu seu máximo que foi dado com certeza para impactar mesmo. Nicole Kidman fazendo uma "mulher" de presídios é a coisa mais trash e interessante que puderam imaginar para a atriz, fazendo com que ela se divirta fazendo trejeitos na sua voz e colocando tudo o que pode em evidência, sua cena na primeira visita é de uma loucura ímpar. John Cusack domina suas feições com um primor incrível, e sua frieza nos momentos necessários é de assustar até presidiários mais fortes do cinema, suas cenas finais são as melhores pela entonação dialogal que faz. David Oyelowo é irônico e bem encaixado na trama, mas mesmo com seu final explicativo para as indagações do jovem Zac poderiam ter trabalhado mais seu personagem. O único que não vale tanto a pena destacar é Scott Glenn que faz um papel de tão pouca aparição que quase esquecemos que ele também é importante para a trama. E fora do elenco de impacto, mas que praticamente narra a história, Macy Gray manda muito bem quando está enquadrada e soube demonstrar afeto e sensibilidade corretamente para com o personagem principal da trama.

O visual sujo da trama, deixa o final anos 60 dum jeito que mancha bem a história americana, mas a equipe cênica soube aproveitar muito bem isso para criar uma arte na medida e colocar a cidade pantaneira como algo feio e onde os caipiras fazem o que querem. Com isso, tudo acaba virando elemento cênico, até mesmo os próprios atores servindo para as loucuras do roteiro, e isso acaba funcionando muito bem, tirando ainda a cena na praia que não me conformo da loucura ocorrida dentro e fora da água. A fotografia usou e abusou do filtro sépia e ao mesmo tempo que funciona para dar um clima sujo no longa, acabamos cansando do exagero e como viram que isso cansaria, apelaram para fades negros excessivos, o que acaba dando longas pausas para a narrativa.

A trilha sonora não desliga um só momento do filme, deixando ele com um astral muito gostoso variando bem com a pegada soul black que marcou bem a época em que ele se passa. Não posso dizer que foi usada em prol de dar ritmo para o filme já que o longa aparenta ter até mais duração do que realmente tem, mas agrada como fonte correta de uso de estilo.

Enfim, é um filme bem bacana que infelizmente por ser excessivamente forte de preconceitos e polêmicas, acabou sendo menosprezado nos cinemas. Pra quem for de Ribeirão Preto recomendo ir assisti-lo no Cine Belas Artes, e quem não for não se preocupe que deve estar para sair para locação, então assim que der veja em casa que vale a pena ver o quão forte algumas palavras jornalísticas erradas podem mudar tudo na vida das pessoas. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana temos mais uma estreia para conferir, então abraços e até breve pessoal.


2 comentários:

Unknown disse...

Assistirei.....pois gosto muito do Zac Efron, e não por suas atuações 'teen' e sim por ele estar se tornando um ator forte nos últimos filmes.

Fernando Coelho disse...

Olá Gi, veja sim, vá lá prestigiar o João e seu cinema!! Além de ser um filme bacana, os sofazões só perdem pra VIP do Collela! Rsss

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