Ajuste de Contas

1/14/2014 11:50:00 PM |

Confesso que não tinha me empolgado com o trailer de "Ajuste de Contas", mas fiquei no mínimo curioso para ver como iriam trabalhar com os dois mitos dos filmes de boxe de antigamente. Porém acho que o diretor e o roteirista se prenderam tanto nessa ideia de colocar os mitos, tentar pegar referências dos filmes deles, e ainda por cima colocar algumas pitadas de comédia, que se perdeu todo fazendo um filme meia boca com duas ou três sacadas bem feitas e desapontando qualquer pessoa que vá ao cinema ver ele esperando algo. Não que você não dê algumas risadas, mas longe de qualquer comédia que vem sendo lançada ultimamente.

Em Ajuste de Contas, Sylvester Stallone e Robert De Niro interpretam Henry “Razor” Sharp e Billy “The Kid” McDonnen, dois pugilistas de Pittsburg que chamam a atenção dos holofotes pela feroz rivalidade entre si. Cada um venceu uma disputa entre eles durante o seu apogeu, mas em 1983, às vesperas da terceira e decisiva luta, Razor anuncia repentinamente sua aposentadoria, recusando-se a explicar o motivo, mas efetivamente desferindo um soco de nocaute nas duas carreiras. Trinta anos depois, o promotor de boxe Dante Slate Jr., enxergando a possibilidade de lucro alto, faz uma oferta que eles não podem recusar: voltar aos ringues e ajustar as contas de uma vez por todas.

Um gênero que anda muito na moda são as dramédias, filmes que não são dramas difíceis e também não nos fazem gargalhar nos cinemas. Esse gênero não é tão trabalhoso para os diretores e por isso muitos estão optando por ele, porém só precisam acertar um grande detalhe, o timing exato entre os personagens e os protagonistas que os interpretam para que caia bem a história e assim todos se convençam do que estão vendo. O problema aqui é que Stallone provavelmente não se acha um ex-lutador e De Niro não foi colocado como ponto cômico da trama, então o desacordo está fadado à derrota de ambos nas mãos de um diretor que tentou se safar com uma pitada dramática monstruosa no meio, mas não convenceu nem emocionou ninguém. Todos estamos acostumados com o que Peter Segal faz, então já vamos esperando um filme de poucas risadas, mas o que diferencia esse dos seus anteriores é que nos outros ele tinha o Sandler pra tentar salvar sua pátria, e aqui nenhum dos dois faz o estilo de comédia dele.

Não posso dizer que o problema foi só da atuação não convincente dos protagonistas, mas eles ajudaram um pouco. Pelo menos gostaria de saber quem foi o dublê de corpo de De Niro, já que duvido que tenha feito todos aqueles exercícios. E falando em De Niro, o ator tem um estilo próprio de interpretação, e suas comédias fazem rir pelos momentos, que aqui faltaram e muito para conectar com a trama e mostrar o quão bom ator ele é. Stallone é outro que estamos acostumados a ver mesmo que desanimado com uma luta, buscando fazer aquilo, e aqui tentaram colocar ele como comediante, e mesmo fazendo todas as palhaçadas em "Mercenários" jamais ele será isso, então tudo que faz no filme fica extremamente falso. O único no filme que sabia bem o que estava fazendo e puxa boas sacadas é Kevin Hart que dá o tino cômico da trama com seus palavreados cheio de gírias e fazendo bem o tradicional empresário oportunista, claro que da maneira mais torta possível para dar graça ao filme. Um grande mérito do filme foi a escolha de Alan Arkin para o personagem do treinador, pois ele soube dar ligação com os filmes de luta, fazendo uma excelente preparação do protagonista como também teve tino cômico para todas as cenas que precisou, ou seja foi perfeito. A evaporada do mapa Kim Basinger mostrou que a idade pesa para todos, inclusive para as belas moças, mas está uma senhora que temos de respeitar pela beleza, e no filme faz bem esse papel, da mulher que o lutador ainda deseja, então encaixou bem, vale lembrar que sua filha Ireland fruto do casamento com Alec Baldwin faz estreia frente as câmeras nas aparições iniciais dela jovem. Jon Bernthal tenta sair bem em algumas cenas, faz a linha doce, mas não salva muito o filme pro lado emotivo. Agora o jovem Camden Gray superou com ótimas ligações de falas e pode talvez até virar um bom ator mais pra frente pelo timing que tem. O grande destaque claro do filme são os não atores que aparecem literalmente para serem sacaneados, como Sonen, Holyfield e Tyson.

Os cenários foram bem escolhidos, mas nenhum teve um destaque relevante, tanto que a academia é um ponto que chamaria a atenção, mas fica em segundo plano. O ferro-velho cai bem, mas também acaba sendo irrelevante. Ou seja, temos inúmeros cenários, mas nenhum ficou marcado para ser lembrado, talvez se na hora do videogame tivessem aproveitado mais seria uma solução viável. Tivemos também diversos objetos cênicos que até serviram em alguns momentos, mas todos soaram apenas simples para as cenas, ficando estranho e alguns até desnecessários. Como foram cenas em diferentes ambientes, a equipe de fotografia sofreu um pouco para conseguir dar a iluminação correta para cada cena, mas souberam trabalhar muito eficientemente nas cenas de luta onde cada detalhe poderia piorar mais ainda o filme já que eram as cenas que os espectadores mais aguardavam.

Enfim, não posso falar que é o pior filme que já vi do gênero, mas passou bem próximo de ficar abaixo da média. Recomendo mais aguardar ele sair para locação do que ver nos cinemas, mas quem for, assista um pedacinho dos créditos já que possui 2 cenas extras que são mais engraçadas que o filme inteiro. Fico por aqui hoje, falta ainda conferir a última pré-estreia da semana, então em breve mais um post aparecerá por aqui. Abraços e até breve pessoal.



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