Hitchcock

3/16/2013 02:01:00 AM |

Fazer cinebiografia de qualquer pessoa já é um peso enorme para qualquer diretor, daí a fazer a de um mito que foi "Hitchcock" com toda certeza haveria ataques da crítica por todos os lados e nem sempre agradaria a todos. O que convém observar nesse filme é todo o terror psicológico que o diretor impunha à seus atores e principalmente às atrizes, e aqui ficou extremamente bem retratado isso. O longa no geral possui problemas seríssimos quanto à maquiagem, quanto à apresentação de personagens e quanto ao ritmo, mas tirando esses dois pontos, quem for fã da obra do grande mestre do terror se sentirá bem próximo do que foi esse homem ao fazer o clássico "Psicose" e quem não for da área saberá um pouco como é o processo louco por trás de grandes filmes.

A história da cinebiografia nos mostra os bastidores de "Psicose", de Alfred Hitchcock e o relacionamento entre o diretor e sua esposa Alma Reville durantes as filmagens em 1959. Das dificuldades financeiras para realizar o filme às lutas do diretor com as edições de Hollywood, "Hitchcock" retrata o desejo do diretor de provar para seus críticos, sua mulher e para si mesmo de que ele ainda tinha um limite. E podia atingi-lo.

O retrato em si do personagem muitos que trabalharam com ele disseram que foi bem mostrado, o que não posso afirmar já que nasci depois dele ter morrido e tirando que assisti todos os seus filmes nunca me aprofundei em sua história para saber essas "fofocas" do meio. O que o diretor Sacha Gervasi na minha opinião pecou bastante foi querer fazer introdução e fechamento no estilo Woody Allen de ser e ele não chega nem perto dos pés de Woody, com isso acabou, embora dentro do contexto do que se propunha, fazendo de Hopkins um boneco articulado estranho e irreconhecível, claro que tirando a cena dentro do cinema que parece um maestro e o clássico deferimento das facadas, que na minha opinião são as duas melhores cenas do longa incluindo entre junto delas o momento da escolha da trilha.

As atuações no geral, tirando essa estranheza com o personagem principal, estão bem interessantes de se ver. Anthony Hopkins conhecido por sempre estar bem à frente dos personagens que faz, aqui acaba ficando meio duro demais, parecendo ser como disse acima um bonecão gordo e com uma maquiagem péssima, porém quanto aos trejeitos que colocou no personagem ficou bem bacana e acredito que característico pois em momento algum falaríamos de ser uma atuação de Hopkins e sim um personagem ali. Helen Mirren é outra que está irreconhecível, porém não negativamente, faz uma atuação perfeita e acaba dando muita gana para o personagem principal, o que é extremamente bacana, tanto que conseguiu algumas indicações em premiações não vencendo nenhuma, mas mostrou a que veio. Scarlett Johansson está muito bem colocada e teve alguns momentos que quase pensei realmente que Janet Leight ainda estivesse interpretando rejuvenescida, pois ficou muito parecida. Jessica Biel ficou um pouco apagada demais, mas seu momento de punhalada final no diretor mostrou que ainda sabe dar uma boa interpretação para um personagem. Danny Huston fez um personagem um pouco forçado, que mais parecia ator de novela das 8 do que presente num longa com renome. Os demais atores estão todos bem feitos, mas como acabam não entrando diretamente na trama principal vou preferir não ficar falando sobre cada um, destes apenas um destaque leve para Toni Collette que está completamente diferente de tudo que já fez.

O visual está muito bem encaixado com o que a trama quis passar, só que se olharmos fotografias da época, nós veremos algumas divergências principalmente nos estúdios da Paramount que ficaram mais próximos do que são hoje do que como eram antigamente. Não digo que isso vá atrapalhar quem for ver o filme, mas quem conhece um pouco da área talvez fique chateado. Tirando esse detalhe temos muitos elementos presentes nas gravações antigas que estão perfeitos, a cena do projetor com o carro é de quem ama cinema se emocionar. A fotografia está boa, mas escolheria um filtro de cor mais velho para o longa, pois ele se passa nos anos 60, dando uma envelhecida fica mais intrigante de assistir, acabou que ficou claro demais parecendo algo que está acontecendo nos dias de hoje se não fossem os carros antigos andando pela tela em alguns momentos. Agora ainda falando no quesito visual, estou a me perguntar constantemente como o filme foi indicado a melhor cabelo e maquiagem, pois está muito ruim praticamente tudo, claro que reconhecemos os personagens das fotos, mas é notavelmente estranho você olhar e não se incomodar com o que vê, não parece algo real as caras dos personagens, principalmente o protagonista.

Enfim, é válido assistir principalmente para ver a loucura que é por trás de um set de filmagem, ver que geralmente o diretor surta entrando no meio do filme e tudo mais. No geral me diverti bastante e gostei do que vi, porém Hitchcock merecia uma homenagem mais bem feita por toda sua carreira sem ganhar um Oscar. Recomendo ele com essas ressalvas apenas de não ligar tanto para a maquiagem estranha. Fico por aqui nessa noite, mas ainda teremos muitos filmes por aqui nos próximos dias, aguardem, e quem quiser hoje às 13:00hs no UCI de várias cidades terá uma bela Ópera Francesca da Rimini a qual irei conferir pois aparentemente parece perfeita. Abraços e até breve pessoal.


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