O Garoto da Bicicleta

4/15/2012 03:02:00 AM |

Um filme com uma carga dramática variável para diferentes pessoas, essa é a forma que consigo enxergar "O Garoto da Bicicleta", pois pode fazer chorar da mesma forma que pode irritar com a atuação reclamante de Thomas Doret. Isso que acho bacana sentir em festivais, pois fiquei no meio de pessoas que tiveram ambos os sentimentos e eu me cai mais pelo lado da reclamação pelo ator ser tão chato, no modo bom de interpretar bem o personagem, que incomoda. E dando um pequeno spoiler o diretor opta por algo que não via há tempos no cinema o famoso provérbio "Olho por Olho, Dente por Dente" de uma forma tão aceitável que muitos podem ficar irritados com isso no filme.

O filme apresenta Cyril, que tem quase 12 anos e apenas um plano: encontrar seu pai, que o deixou temporariamente num orfanato. Por acaso, ele conhece Samantha, que administra um salão de cabeleireiro e concorda em deixá-lo ficar com ela nos fins de semana. Mas Cyril não reconhece o amor que Samantha sente por ele, um amor que ele precisa desesperadamente para acalmar sua raiva.

Os diretores Luc e Jean-Pierre Dardenne conseguem eximir num filme toda a raiva de um garoto abandonado pelo pai, e com isso se meter em diversos problemas. Porém, os diretores conseguem brincar com todo o sentimento do garoto em diversos planos de tal forma que ao mesmo tempo que o garoto se passa por coitado, ele consegue aclamar um ódio nos espectadores por tudo que faz em cena. E fazer isso, com uma criança num filme é extremamente complicado e arriscado, pois o ator tem de ser muito bom para carregar o peso.

E Thomas Doret consegue fazer esse jogo, mais um bom nome para se guardar para o futuro das produções, pois ele mostra o que é interpretar de tal forma que chega a dar vontade de socá-lo e ao mesmo tempo cuidar dele, é complicado falar tanto de sentimentos que só um ator consegue passar na tela, mas assistam e confiram se não é tudo isso mesmo. Cécile de France, é hors-concurs em todos os filmes que entra e consegue mesmo que com poucas cenas mostrar todo o seu charme de interpretação, a cena dela no telefone emociona.

Eu não sei porque, mas todo filme que vejo que tem alguém andando de bicicleta, já acho que vai acontecer algum acidente de trânsito ou coisa do tipo, e a câmera escolhida pelo diretor de sempre acompanhar o ator em suas andanças de bicicleta com a câmera em movimento lateral consegue passar mais ainda essa sensação, isso não é um spoiler que fique claro, pois justamente dessa vez não ocorre. Mas a equipe de arte juntamente com a equipe de fotografia consegue trabalhar bem para mostrar mesmo que não muitas locações, mas todo um âmbito de rua que é por onde o garoto passa com sua bicicleta.

Uma coisa que me incomodou por demais no longa, é o excesso de trilhas melodramáticas para tentar comover, isso é completamente desnecessário e poderia ter sido evitado, mas é a minha opinião e não foi a dos diretores que preferiram assim, achei piegas demais.

Enfim, é um longa bacana, mas que tem o mesmo problema de todos os dramas franceses, abertura ampla demais dos fatos, não que isso seja ruim, mas fechar um filme na minha opinião mostra que o diretor tem opinião. Recomendo somente com essas ressalvas que fiz no texto, mas é um longa bonito e pode emocionar algumas pessoas. Encerro por aqui, mas nesse Domingo, como festival é só na quinta novamente, já começo com as estréias dessa semana cinematográfica. Abraços pessoal e até breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...