Guerra Civil em Imax (Civil War)

4/19/2024 12:52:00 AM |

Sempre que vejo nos jornais os correspondentes de guerra falando sobre a situação, fazendo fotos, correndo atrás de soldados dando tiros para todos os, fico pensando como alguém tão maluco consegue estar ali, sendo frio o suficiente para ver uma pessoa atirando na outra, correndo o risco de tomar uma bala na cabeça, fora os traumas de ficar ouvindo baterias de metralhadoras, explosões e tudo mais, porém é o serviço do cidadão, e na maioria das vezes, muitos desses fotógrafos e/ou jornalistas estão a espera do melhor "tiro" com sua câmera e/ou microfone para vender muitas vezes, ganhar prêmios e claro ficar renomado mundo afora, mas convenhamos que é uma loucura de nível maior. Agora junte essa insanidade de conseguir um "tiro" no meio de um mundo caótico como estamos vivendo, aonde já beiramos facilmente conflitos civis em nosso país e outros que já estão até bem mais próximos disso, e você ser um grupo de jornalistas disposto a entrevistar ou tirar a última foto de um governante próximo a ser deposto pelos demais de seu próprio país? Se você conseguiu, ou não, imaginar essa situação, a dica é ir conferir o longa "Guerra Civil" nos cinemas, preferencialmente em uma das salas gigantes da cidade, pois o filme tem uma ambientação sonora que irá colocar você como o quinto membro da equipe, e a sanidade dos personagens poderá ser sentida do seu lado. Claro que não é um filme de uma história real, porém o diretor/roteirista conseguiu captar através de sua pesquisa com muitos jornalistas de guerras a ideia conflituosa que é viver ao lado do perigo, e junto disso mostrar coisas que já até ouvimos muito, como por exemplo "Que tipo de americano você é?" sendo perguntado por outro tecnicamente morador do seu próprio país. Ou seja, é um filme fortíssimo que não é perfeito, mas que entrega tanta precisão na tela que muitos irão se chocar e envolver em um nível bem alto.

Ambientado em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, vemos uma equipe pioneira de jornalistas de guerra, onde estão Lee e seu colega de trabalho Joel, viajando pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma guerra de sobrevivência quando eles também se tornam o alvo.

Costumo dizer que o diretor e roteirista Alex Garland (“Ex-Machina”, “Aniquilação”, “Men – Faces do Medo”) é daqueles malucos que fazem ficções com segundas, terceiras e quartas intenções, que conseguem olhar para algo que possivelmente vai acontecer futuramente, mas que gostam de fantasiar o realismo para que ele fique vendável como uma ficção deve ser, afinal de boas histórias reais já temos documentários, biografias e tudo mais, então quando se vai embarcar em algo que não aconteceu, a pegada tem de ser tão bem colocada que não se falseie tanto para ficar fora da casinha, mas que também surpreenda com algo que pareça tão realista ao ponto de imaginarmos isso acontecendo realmente. Ou seja, ele pegou todo esse mundo conflitivo que temos de pessoas polarizadas, com brigas políticas e muito mais, aonde vemos separatistas, pessoas malucas e claro pessoas que acham que nada está acontecendo, botou num vértice maior, e contou a história pelo olhar dos jornalistas, que caíram tão bem dentro de tudo, tendo desde frieza até surtos com as coisas que ocorrem, que não poderia ter uma homenagem mais positiva do que essa pelo diretor para esses doidos que tão vendo o cara tomando tiro e está ali atrás para pegar o melhor ângulo do conflito.

Quanto das atuações, Kirsten Dunst costuma entregar em seus filmes alguns personagens bem fora do comum, e por vezes não consegue fazer com que os espectadores se conectem a ela, porém sua Lee é a famosa jornalista que vemos fotos e reportagens tão perfeitas, com cliques únicos que facilmente poderíamos enumerar vários conhecidos no mundo atual, mas a frieza envolvida em trejeitos fortes e diretos que conseguiu colocar para a personagem foram algo que não tem como não se conectar, trazendo ela para o nosso lado e sentindo cada expressão sua na tela, ou seja, perfeita. Nosso querido brasileiro Wagner Moura entregou para seu Joel uma personalidade leve, descontraída, porém bem precisa de estilo, aonde vemos ele tão perfeito em cena que não temos como não falar que é uma pessoa do meio jornalístico ali, que sabe aonde quer chegar (no caso a entrevista com o presidente), e que tendo muita parceria com os demais consegue segurar a trama para si, fora alguns atos que foram bem difíceis de fazer como já disse em algumas entrevistas. Outra que deu tudo de si e caiu como uma luva na personagem foi Cailee Spaeny com sua Jessie, inicialmente meio que perdida com o que desejava fazer, mas nos atos finais da trama se jogou por completo e surpreendeu ao se encontrar perfeitamente, chamando a atenção e comovendo na medida certa. Ainda tivemos Stephen McKinley Henderson fazendo alguns atos bem chamativos com seu Sammy bem encaixado nos atos da trama, mas sem dúvida quem entrega uma das cenas mais tensas da trama foi Jesse Plemons como um miliciano que fez metade do elenco se borrar de medo em todas as entrevistas dadas pelos protagonistas.

Visualmente já falei que vale demais conferir nas maiores telas que sua cidade tiver, pois a trama foi filmada em Imax, então a perspectiva de imersão mesmo sem ser um longa 3D é gigantesca, colocando você bem no meio da guerra, vemos muitos soldados, tanques, carros, aviões, helicópteros, cidades devastadas, tiros de todos os calibres e estilos, muita destruição, corpos espalhados pelo chão, pendurados como prêmios, em valas aos montes, e até cidades no meio do caminho parecendo que nem estão sabendo da gigantesca guerra pelo país, isso claro num road-movie num carro de imprensa tradicional, com os protagonistas munidos de câmeras imponentes e acampando no carro, em acampamentos e tudo mais. Ou seja, um trabalho gigantesco da equipe de arte, que conseguiu recriar algo que não gostaria de ver realmente acontecendo de forma alguma.

Enfim, é um tremendo filmaço, que na tela ficou incrível de ver, sendo daquelas obras que mesmo não sendo perfeitas, pois dava para ser ainda mais pesado, e mesmo vendo tudo acontecendo, faltou emocionar o público também, e não apenas os personagens, porém ficará na nossa memória e certamente quando tiver um tempo será bacana revisitar, claro que apenas num filme, afinal jamais gostaria de ver algo desse estilo de perto. E detalhe, veja nos cinemas, pois é o estilo de filme que em sua casa provavelmente você irá pausar em alguns momentos e perderá a essência pesada da trama, além claro de toda a explosão técnica perfeita de ficar no meio da guerra com o som explosivo das salas, então fica a dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Zona de Exclusão (Green Border)

4/17/2024 01:24:00 AM |

Costumo dizer que de tanto ver filmes sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, praticamente já acostumei em ver as fugas de pessoas de seus países e todo o sofrimento que é quando não se tem para onde ir, precisando de ajudas e sofrendo com algumas da muitas imposições que alguns países fazem para com os refugiados, e posso dizer que é muito triste ver isso acontecendo novamente desde 2014 com a grande crise dos refugiados em alguns países africanos e do Oriente Médio, e agora novamente nos últimos anos com a Ucrânia, de tal forma que ver alguns documentários já é forte por trabalhar de uma forma real, mas e com uma ficção bem realista trabalhada para colocar um algo a mais na tela? Se você quer a resposta para essa pergunta, mais do que recomendo o longa "Zona de Exclusão", que entra em cartaz na próxima quinta 18/04 nos cinemas do país, e já adianto que é um filme forte, duro e bem triste, pois na realidade sabemos que isso vem ocorrendo já faz tempo, e ninguém nunca pensa no ser humano que está ali desesperado para sobreviver e salvar sua família, mas sim em várias outras coisas e o peso acaba sendo bem diferente quando você consegue se imaginar ali. Ou seja, é um filme bem pesquisado, aonde a diretora foi para o meio dos ativistas pesquisar realmente tudo para escrever seu longa, e o resultado impacta, não sendo algo fácil de digerir, mas que funciona demais na tela.

A sinopse nos conta que depois de se mudar para Podlasie, na Polônia, a psicóloga Julia se torna testemunha involuntária e participante de acontecimentos dramáticos na fronteira com Belarus. Consciente dos riscos e das consequências jurídicas, ela se junta a um grupo de ativistas que ajudam refugiados acampados nas florestas. Ao mesmo tempo, uma família síria que foge da guerra civil e o seu professor afegão, sem saberem que são instrumentos de uma fraude política, tentam chegar às fronteiras da União Europeia. Na Polônia, o destino irá uni-los a Julia e ao jovem guarda de fronteira Jan.

Diria que o trabalho da diretora e roteirista Agnieszka Holland foi mais uma primorosa pesquisa de guerras para composição de suas ideias, pois já fez filmes sobre todo tipo de ditaduras, de guerras, de refugiados e aqui ela quis ir por um lado mais tenso em cima da situação humanitária, conseguindo mostrar tanto um viés de quem está trabalhando, quanto de quem se vê no meio do conflito, e também do lado dos que estão tentando ajudar e dos que querem ajudar, ou seja, abriu uma gama até que grande na sua apresentação inicial capitular, até que chega na figura final de Julia, que aí sim a história se desenvolve um pouco mais. Ou seja, facilmente eu criticaria sua escolha de dividir o filme em capítulos, mas dentro da ideia da narrativa, isso acabou funcionando para não precisar fazer apresentações soltas, e que também o público captasse a ideia melhor, ou seja, foi um grande acerto. Claro que o filme vai ser indigesto para muitas pessoas, pois é triste ver toda a situação, mas algo que infelizmente me incomodou foi fazer o longa em preto e branco, pois colorido a trama teria muito mais impacto visual, e o resultado iria para outros rumos, mas não chega a ser ruim, apenas não teve muita funcionalidade a escolha.

Sobre as atuações, diria que todos fizeram atos bem expressivos, cada um de uma maneira para que fossem extremamente convincentes em seus atos, de modo do lado da família todos entregaram momentos fortes, conseguiram chamar atenção para seus momentos conectados, de tal forma que vou dar o destaque para Dalia Naous com sua Amina, mais pela força nos trejeitos de uma mãe ao ver que seu filho sumiu no meio do caos, e isso só piora depois, com sua finalização sendo bem impactante nos seus trejeitos. Ainda dentro do primeiro grupo, é Behi Djanati Atai entregou bem sua generosa Leila como uma senhora imponente que vê uma oportunidade e segue nela, mas que tem tantos percalços em seu caminho que precisou se expressar bastante na tela. Do lado dos guardas, Tomasz Wlosok foi bem preciso com seu Jan, estando com o conflito aonde tem seu trabalho explosivo, mas também vivendo com sua mulher grávida acaba tendo um pouco de humanidade em alguns atos, sendo bem forte algumas de suas cenas. Do lado dos ativistas, o destaque é Monika Frajczyk com sua Marta, agindo com rapidez, e sabendo transpassar as emoções com dinâmicas bem encaixadas e chamativas, até ir além em alguns momentos bem marcantes. E claro para não me alongar muito ainda tivemos a psicóloga Julia vivida por Maja Ostaszewska que mudou toda sua vida para virar ativista e ajudar os demais, tendo atos marcantes e cheios de expressividade. Fora ainda muitos outros bons atos, mais soltos e criativos, valendo um leve destaque para a interação da família com os jovens no penúltimo ato, gerando até uma conexão jovial bem bonita na tela.

Visualmente o longa entrega a maioria dos atos no meio da floresta entre a Polônia e Belarus, mostrando o jogo de empurra-empurra entre as polícias dos dois países com os refugiados sem ter para aonde ir, tentando asilo, mas sofrendo o descaso, apanhando, gastando dinheiro para não conseguir nada, vemos as mobilizações dos ativistas para tentar ajudar eles nesse meio, vemos a casa isolada de Julia que acaba virando uma base dos ativistas, e claro alguns atos em hospitais e delegacias, tudo bem representado para vermos todas as nuances e elementos na tela, mas que poderia ser ainda mais impactante colorido, pois embora quisessem dar o lance da falta de vida que acontece no meio da floresta, o resultado com sangue e todas as cores impactariam muito mais na tela.

Enfim, é um filme que beirou a perfeição, que vai impactar muitos e outros nem conseguirão ver tudo, mas que vale demais assistir, refletir e pensar em tudo o que anda ocorrendo no mundo, pois já foram os países do Oriente Médio, agora está sendo com a Ucrânia, e sabe-se lá aonde irá ocorrer muitos outros conflitos com suas zonas de exclusões mundo afora, então fica a dica para conferir na próxima quinta, e eu fico por aqui hoje agradecendo demais o pessoal da A2 Filmes por enviar a cabine de imprensa para que eu conferisse. Então abraços e até amanhã com mais dicas meus amigos!


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Netflix - Pica-Pau: As Férias no Acampamento (Woody Woodpecker: Goes to Camp)

4/16/2024 12:39:00 AM |

Ainda estou pensando quem em sã consciência acha que filmes de acampamento infantil bobinhos com provas e sabotagens ainda funciona na tela, de tal forma que não bastasse isso ainda colocassem rixas familiares tão ingênuas que você fica olhando e pensando em qual classificação etária pensaram quando estavam escrevendo, mas aí você pensa: "Vamos colocar o Pica-Pau, um pássaro atrapalhado que todo mundo gosta de ver, vai funcionar!". E a resposta que dou é que raspou a trave de dormir na metade do longa, pois não engrena. Claro que "Pica-Pau: As Férias no Acampamento" estreou em primeiro lugar na Netflix e deve se manter por lá até na próxima sexta que chega um blockbuster na plataforma, afinal a maioria já viu os desenhos na infância e sabem que mesmo sendo toscos acabam divertindo, mas aqui o resultado conseguiu ficar pior que o longa de 2017, e olha que lá eles se esforçaram para errar ao máximo. Um dos pontos positivos ao menos foi o de colocar mais personagens animados e conhecidos na produção (Leôncio e Zeca Urubu), mas ainda assim a trama é exageradamente boba pelos personagens humanos, e isso acaba sendo irritante de ver na tela.

A sinopse nos conta que Pica-Pau foi expulso da floresta em que morava e agora precisa achar um novo lar. Na sua busca, ele encontra um acampamento Woo Hoo, que é perfeito para fazer sua nova morada, mas há um inspetor à solta querendo fechá-lo. Pica-Pau agora terá de enfrentar esse inspetor para salvar seu novo lar, e lugar de diversão para várias crianças e jovens, com ajuda de amigos.

Nem precisava pesquisar muito para ver que o diretor Jonathan A. Rosenbaum fez muito mais séries do que filmes em sua carreira, e principalmente séries infantis e juvenis, ou seja, tem em sua proposta sempre encaixar suas tramas nesse nicho, porém a Netflix acreditou demais na trama e deu para ele algo até com uma ambição maior que o filme de 2017, só que acabou não acontecendo, pois ele entregou um longa simples demais, com uma ideia batida que já não agrada mais ninguém, e com uma pegada que acaba não convencendo na totalidade. Claro que alguns vão se divertir por gostar do personagem e de longas que são mais simples em si, porém dava para ter ido mais além, pois conseguiram fazer o principal, que era dos personagens digitais terem textura e formatos convincentes para a proposta e que soassem engraçados como nos desenhos, e digo até mais, se o filme focassem mais neles, do que na criançada, e nem colocassem os adultos em cena, o resultado seria muito melhor, pois todos fizeram caras e bocas tão bobas para seus personagens que chega a dar pena dos atores, sendo algo bem do estilo: "o que estamos fazendo por um cachê!".

E já que comecei a falar das atuações, iniciei o filme vendo dublado para ver se eram as mesmas vozes antigas, mas como não estava algo tão tradicional depois mudei, e claro que vi que o dublador original no país do personagem, Luís Manuel, já morreu tem dois anos, mas Claudio Galvan não fez feio, e entregou um Pica-Pau bem colocado e sacado, sendo atentado, maluco, mas cheio de ideias e loucuras que acaba sendo divertido de ver na tela. Outro personagem que acabou caindo muito bem na tela foi o Zeca Urubu, que realmente parecia quase uma pessoa em cena mesmo, tendo formas interessantes, e loucuras com boas cenas e uma voz bem marcante de Reginaldo Primo. E ainda tivemos alguns atos mais espaçados do gigante Leôncio, claro bem dublado por Guilherme Briggs, sendo mais um juiz dos jogos, fazendo atos atrapalhados e caindo bem nos momentos de suas cenas. Quanto aos personagens humanos vou me abster de ficar falando muito, pois já falei que foram cenas bem tristes de ver os pobres fazendo, porém a garotinha Chloe de los Santos ao menos entregou uma boa liderança para o grupo.

Visualmente diria que o acampamento foi bem trabalhado, tendo poucos ambientes usados com mais afinco, aonde visitamos com mais frequência a cozinha do outro grupo, uma sala de recreação, um quarto coletivo, e as demais cenas todas feitas na floresta e no campo, tendo claro as provas tradicionais de acampamentos, e claro todos os equipamentos que o vilão acaba recebendo sempre novas armas e traquitanas para tentar sabotar os protagonistas, ou seja, nada muito demais, mas que encaixados com os personagens digitais acabaram funcionando bem na perspectiva, e até tendo alguns atos que talvez funcionaria bem em 3D, mas não temos como saber, já que foi direto para a plataforma de streaming.

Enfim, é um filme que dei play esperando algo a mais, afinal como já disse sempre gostei do personagem na infância, mas já é o segundo filme mal feito do personagem e infelizmente esse conseguiu ser ainda pior que o primeiro no sentido da história, pois como disse nesse ao menos tivemos mais personagens digitais do desenho para tentar salvar o filme. Ou seja, não tenho como recomendar, e confesso que me desapontou demais, então fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Acho que fui bonzinho demais com minha nota, pois dava para descer ainda mais, mas como gostei dos personagens digitais vou manter assim pelo menos.


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Star+ - Grandes Hits (The Greatest Hits)

4/14/2024 10:49:00 PM |

Chega a ser engraçado na mesma semana que temos um longa estreando nos cinemas sobre viagem temporal com uma canção icônica, no Star+ é lançado também algo quase que na mesma temática, porém com várias canções diferentes do romance de um casal, ou seja, as ideias foram permeadas quase que na mesma época na mente dos roteiristas ou sabe-se lá o que pode ter acontecido nesse mundão cheio de coincidências. Mas sem dizer qual dos dois leva a melhor, diria que a sacada temporal é algo que particularmente gosto bastante, e assistiria tranquilamente uma tonelada de filmes do estilo sem reclamar, e se no longa nacional tivemos algo mais para tentar entender o que a pessoa fez de errado, sem alterar o espaço-tempo, a brincadeira no longa "Grandes Hits" já é algo mais próprio da mudança de uma tragédia, e claro tentar manter o amor vivo, ou conseguir ao menos sair do looping de ficar sempre tendo que andar de fone de ouvido para não escutar mais nenhuma outra canção que lhe fizesse voltar no passado. Diria que a ideia é bem boa, porém fica bem claro aonde vamos chegar lá pro meio do longa, afinal usam do clichê clássico do estilo, e só isso que acaba sendo penalizável na trama, mas do restante acaba sendo um romancinho gostoso de curtir e entrar no clima.

O longa nos conta que uma jovem faz uma descoberta incrível e misteriosa: algumas músicas têm o poder de levá-la de volta ao tempo, literalmente, proporcionando viagens de décadas. Entre essas viagens no tempo, algumas trazem à Harriet momentos com seu ex-namorado, Max o qual ela ainda nutre bons sentimentos. Contudo, Harriet está em um envolvimento amoroso no presente e agora se vê dividida entre um mesmo sentimento, mas por pessoas diferentes em tempo distintos.

Diria que o estilo de direção e roteiro de Ned Benson é meio que fácil de entender, pois ele coloca sua base em algo tradicional de filmes de viagem temporal, mas aqui brincando com as canções que a protagonista ouviu pela primeira vez em algum momento com o namorado acabam lhe levando para aquele determinado momento, e isso é gostoso de ver e ouvir, pois como bem sabemos casais acabam fazendo histórias com determinadas músicas e reviver os momentos é algo que nossa mente sempre permeia quando escutamos algo, então ele acabou brincando com essa ideia, e claro com o mote temporal de que se mudar algo ali, tudo pode soar diferente dali pra frente, ou seja, quem pegar a ideia de que a protagonista não consegue quebrar a batida irá facilmente descobrir o desfecho do longa, pois já vimos muitas outras obras do estilo, e o diretor embora brinque bem com as situações não demonstrou querer ser muito inovador. E a pergunta que fica é: Isso é ruim? Não, pois esse estilo já é bem batido, então apenas nos divertimos com boas canções, e claro com a torcida pela personagem principal.

E falando das atuações, a protagonista Lucy Boynton até entregou alguns bons trejeitos para as cenas de sua Harriet, fazendo bem todo o ar de luto, mesmo com vários anos do acontecido, trabalhou bem seu desespero ao escutar músicas em ambientes não preparados e até deu algumas nuances romantizadas de forma bem encaixada, mas não pareceu se entregar o tanto que precisava para dar carisma nem química com os dois rapazes, parecendo um pouco artificial demais, mas nada que atrapalhasse no conceito completo da trama. Justin H. Min entregou um apaixonado David que transparece a cada cena sua, que por mais enlutado que esteja pelos pais, ao ficar do lado da protagonista nem consegue se contem em sorrisos, e isso é legal de ver, mas dava para trabalhar de ambas as formas nos diferentes ambientes. Quanto aos demais, Austin Crute entregou um amigo da protagonista bem colocado, mas sem grandes chamarizes, David Corenswet teve várias cenas com seu Max sendo um belo par romântico do passado, mas sem ter mais do que duas frases por cena, e Retta entregou uma boa conselheira de luto nas reuniões, mas sem fluir também muito no drama da protagonista.

Visualmente temos a casa da protagonista recheada de discos, anotações por todos os cantos com o que acontece com cada música, para onde lhe leva, e seu fone companheiro do dia a dia para tampar qualquer chance de ouvir canções fora de seu ambiente seguro, tivemos a loja de antiguidades do protagonista bem recheada de detalhes, mas que acabou sendo usada apenas pra duas cenas importantes, e muitas cenas num grupo de apoio ao luto, além de alguns passeios em cafeterias, discotecas, boates e dentro de um carrão conversível, e claro o grande protagonista a vitrola tocando diversos discos possíveis com seus giros, carinhas e tudo mais.

Como a base do filme é feita em cima das canções, é claro que a trilha sonora é incrível, cheia de grandes canções escolhidas a dedo para os diversos momentos da trama, com uma entrega bem marcante junto de grandes cantores, valendo ouvir tanto no filme quanto fora da sessão, e felizmente temos o link para compartilhar com todos.

Enfim, está longe de ser um filme perfeito do estilo, principalmente por logo de cara sabermos o rumo que a trama vai tomar para ter um fechamento no estilo tradicional do gênero, mas que ao menos fecha bonitinho e acaba sendo gostoso de ver, fora as ótimas canções escolhidas que deram um tom bem mais interessante para a proposta, então acaba valendo a conferida como um bom passatempo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Névoa Prateada (Silver Haze)

4/14/2024 02:13:00 AM |

Quando vejo um filme aonde o personagem principal possui algum tipo de trauma, seja por acidente, por algum conflito familiar, ou até mesmo pela própria vida, já fico preparado para altos momentos de introspecção aonde você nem fica esperando a pessoa se soltar, pois o ator/atriz já vai preparado para ser fechado ao máximo e deixar que a história ande sem precisar dele, então é de praxe não termos filmes que você acabe se surpreendendo com algo ou se impactando com o resultado, e isso não é ruim, pois é do próprio filme, e funciona. E confesso que quando recebi a cabine de "Névoa Prateada" fiquei pensando aonde a trama poderia chegar, pois nos é contado que a jovem é obcecada por vingança pelo que aconteceu com ela, e depois vai viver com uma paciente que tentou se matar, e você pensa, isso pode dar certo? E a resposta está aonde muitos não olham quando veem um problemão, não no viver com alguém problemático, mas sim no mudar de ares, pois as vezes você polui o seu próprio ambiente com tanto rancor que acaba preso ali, e muitas vezes isso acaba ocorrendo com alguns filmes introspectivos, do diretor prender tanto o protagonista ali fechado, sofrendo e tudo mais, e o filme fica denso e cansativo ao máximo sem conseguir se soltar. E aqui foi justamente essa mudança de ares, que vemos a protagonista ir mudando um pouco seu jeito e uma das últimas cenas na praia diz tudo, sem quase não ter diálogos, e o resultado ali, abre para o lado mais bonito e certeiro do fechamento da trama.

O longa nos conta que Franky é uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade, até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.

Costumo dizer que curto conhecer alguns diretores que nunca vi nada, e depois ver nas filmografias deles que fizeram alguns longas interessantes que saio caçando para dar play neles, e a diretora Sacha Polak ficou bem conhecida pela série que entregou na Prime Video que inclusive é com a atriz desse longa aqui, e o que achei mais bacana na forma de direção dela é o que já disse no começo, dela de não botar seu protagonista ainda mais para baixo quando já se possui um vértice introspectivo, afinal curtir uma depressão é algo que ninguém gosta realmente (tem uns malucos, mas a maioria não curte), e aqui ela usou bem a densidade dramática de uma tragédia para tentar dar vida para uma garota que vive em um ambiente aonde todos estão tóxicos pela tragédia ocorrida, e se não saísse dali o caos iria continuar reinando, e do outro lado vemos uma família que também está com uma tragédia iminente, aonde uma garota tentou se matar, um jovem aparenta ter problemas neurológicos e a mãe está com um câncer, aonde mais um problemático poderia ruir, mas não a vida passa a ser feliz, dar risadas, marcar encontros, e o desenvolvimento acaba ficando até bonito de ver. Ou seja, a diretora mostrou pulso e soube agradar nas nuances, mesmo tendo vários atos de gatilhos possíveis, mas que não se explodem.

Quanto das atuações, Vicky Knight entregou para sua Franky uma personalidade bem densa, mas aberta a novas experiências, de tal forma que não a vemos tanto em seu trabalho como enfermeira, nem tanto em sua explosão cênica de vida, mas sim seus momentos de raiva, sua obsessão em culpar alguém pelo acidente, mas também vemos ela disposta a ir além, o que num primeiro momento também parece ser a vontade de sua parceira cênica, mas como a personagem carrega algo tóxico, acabou permeando um pouco para a outra, que se viu obrigada a sair dali, ou seja, a atriz conseguiu brincar com facetas práticas e se entregou por completo, conseguindo ir bastante além na tela, e detalhe seu corpo é realmente queimado por um acidente que ocorreu quando tinha 8 anos por um incendiário que matou dois de seus primos, enquanto ela ficou com queimaduras graves. Esmee Creed-Miles fez de sua Florence uma personagem ao mesmo tempo solta, mas que vai mudando muito com o relacionamento, de tal forma que não a vemos tão pronta para tudo, e isso a jovem conseguiu passar bem com os olhares e desenvolturas, sendo íntegra de estilo e bem madura com as nuances propostas. Ainda tivemos atos bem marcados com Angela Bruce com sua Alice densa, porém alegre e bem pronta para o que o filme precisava dela, Charlote Knight fazendo uma Leah múltipla de ideais bem diferente de tudo, e até mesmo o jovem Archie Brigden mais retraído com seu Jack conseguiu se entregar nos seus atos.

Visualmente diria que a equipe de arte foi bem sagaz em mostrar duas Londres que não vemos tanto nos filmes, não focando em lugares tradicionais, nem em ambientes próprios para turistas e/ou mais usados para filmagens, vemos bairros periféricos mais simples, e também o litoral do país menos chamativo, aonde vemos nuances que nem são tão chamativas, e nem temos tantos objetos cênicos bem encaixados, sendo apenas marcante mesmo o ato da tentativa de incêndio vingativo, que ali foi algo tenso e forte de acontecer.

Enfim, é um filme que muitos não vão se conectar com a ideia toda, mas que quem se abrir para tudo o que o longa passa conseguirá enxergar algo bem belo na mudança de personalidade da protagonista, e até mesmo refletir sobre o mudar de ambiente para conseguir se mudar interiormente, e nesse sentido diria que o longa foi genial. Sendo assim, recomendo para todos que gostem do estilo conferirem ele nos cinemas à partir do dia 18/04, e fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Bitelli Films pela cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.


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Um Gato de Sorte (10 Lives)

4/13/2024 07:53:00 PM |

Costumo dizer que hoje tem animações para todo tipo de público, e a grande sacada é sempre o diretor saber exatamente o público-alvo que deseja atingir, afinal diferente de uma trama aonde todos vão assistir, na maioria das vezes as animações recaem bem mais para as crianças, então a ideia é tentar não cair tanto para o lado mais infantil e bobinho senão corre o risco de somente os menorzinhos demais curtirem e os pais que forem levar e os um pouco mais velhos desistirem e começarem a atacar os celulares antes do final. E diria que souberam trabalhar bem a animação "Um Gato de Sorte" para cativar os pequenos com as bobeiras do gatinho protagonista, emocionar os mais velhos com toda a síntese de reencarnações em diferentes tipos de animais, e ainda conscientizar todos sobre a preservação das abelhas, os perigos das máquinas sem controle no futuro e até dar uma pegada em sabotadores de ideias, que aqui caíram mais para o lado bobo do que como algo que poderia machucar a idealização toda da trama. Ou seja, é um resultado simples, porém que atinge bastante a todos que forem conferir, e felizmente a sala estava com um bom número de crianças e pais que aparentaram curtir ficando em suas poltronas sem luzes acendendo para atrapalhar a sessão, e assim mesmo sem tantas sacadas que fizessem rir, o resultado acaba sendo divertido de ver.

No longa conhecemos Beckett, um gato mimado que não reconhece a sorte que ao ser resgatado e acolhido por Rose, uma estudante apaixonada e de bom coração. Contra sua vontade, ele vê sua rotina sofrer mudanças quando cai por acidente em um bueiro e perde sua nona vida, fazendo com que o destino entre em cena para colocá-lo em uma jornada transformadora.

É engraçado que já conhecia Christopher Jenkins pelos roteiros de animações bem malucas, mas aqui ao assumir também a direção, acabou mostrando que tem pegada, que sabe aonde quer chegar com seus personagens, e mais do que isso, conseguiu brincar com um tema que não é tão simples e que facilmente valeria explorar mais, que é o desaparecimento das abelhas, e foi direto mostrar para a criançada que o ferrão mata a abelha quando fica preso, mostrou que a polinização é importante, e claro mostrou tecnologias malucas que com certeza algum chinês já deve estar desenvolvendo para substituir as abelhas reais. Mas claro que não ficou preso nisso, mostrando bem o gato divertido, que inicialmente pega um certo ranço do namorado da protagonista, e acaba gastando suas vidas para tentar sabotar ele, vemos cenas bem divertidas, e alguns elos bem encaixados dando o sentido para os dois lados, ou seja, o diretor soube brincar bastante na tela, agradando uma gama grande de público-alvo e assim agradando com o resultado sem precisar forçar tanto a barra.

Quanto dos personagens, diria que o gato Beckett teve muita personalidade, as vozes não ficaram forçadas, e claro teve atos bem sagazes durante suas várias vidas, não ficando nem tão fofinho, nem um gato do mal, sendo agradável e divertido. A cientista Rose é também bem graciosa, atrapalhada e tem seu certo carisma em suas cenas, além de entregar algo bem bacana nos atos finais. O namorado Larry é completamente maluco e entrega atos bem divertidos junto do gato. O professor Craven inicialmente não parecia uma má pessoa, mas depois vai ficando bem intenso e usando os seus capangas atrapalhados até dá uma boa nuance de vilania. Mas sem dúvida quem tem um gracejo bem colocado, e atos emocionais é a dona do centro de animais na Terra, que também é dona do ambiente no céu aonde os gatos vão, de tal forma que sua Grace é bem sacada, divertida e agrada bastante com as conversas com o protagonista.

Visualmente a trama não é daquelas cheias de texturas, usando o básico da computação para que os personagens tivessem uma boa dinâmica, sendo os humanos magrelos demais, mas com uma pegada simples e divertida, enquanto o gatinho é bem rechonchudo em todas as suas versões de animais, conseguindo chamar muita atenção e desenvolvido com uma pegada rápida, colorida, meio que campal já que nem quase temos atos em cidades, e que funciona dentro da proposta.

Um detalhe interessante é que o filme conta com uma trilha sonora totalmente original desenvolvida por Zayn Malik que também dubla os dois capangas na versão original, mas no dublado aqui ficou bacana de ouvir as canções bem colocadas traçando os desafios de vida da garota e do gatinho.

Enfim, é a famosa animação leve e gostosinha que funciona na tela, que diverte desde os menorzinhos até os mais velhos, e que não abusa em nenhum ato para algo mais reflexivo ou pesado, sendo interessante de ver e recomendar. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas devo ver mais algo hoje, então abraços e até logo mais.


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Ghostbusters: Apocalipse de Gelo em Imax (Ghostbusters: Frozen Empire)

4/13/2024 02:55:00 AM |

Um dos grandes problemas atuais da maioria dos filmes têm sido em relação aos efeitos computacionais serem tão jogados que parecem terem sido feitos há mil anos quando nem tínhamos computadores decentes para ver um video, porém esse definitivamente não é o problema de "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo", muito pelo contrário, tendo alguns elementos gráficos até bem bonitos de ver, principalmente nos atos de congelamento da cidade, lembrando até um pouco "O Dia Depois de Amanhã", então qual o motivo das críticas estarem sendo tão ruins? A resposta é bem fácil, o roteiro é fraquíssimo, com uma história que não convence, e o embate final é digno de perder até para o último filme do "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania", ou seja, um vilão imponentíssimo que é derrotado numa facilidade impressionante. Ou seja, é um filme passatempo que talvez até crie uma certa nostalgia por ter  os personagens antigos na telona, dá para curtir os efeitos na tela, mas vocês não vão acreditar, fui começar a escrever e já tinha até esquecido o que tinha na cena do meio dos créditos, ou seja, o longa é totalmente esquecível, sendo daqueles que infelizmente não impactam com nada dentro da história.

No longa vemos que a família Spengler retorna para onde tudo começou: a famosa estação de bombeiros em Nova York. Eles pretendem se unir com os caça-fantasmas originais que desenvolveram um laboratório ultra secreto de pesquisa para levar a caça aos fantasmas a outro nível, mas quando a descoberta de um artefato antigo libera uma grande força do mal, os Ghostbusters das duas gerações precisam juntar as forças para proteger suas casas e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

Quem me acompanha sabe uma das minhas frases que mais digo, que é em time que ganhou o campeonato não se mudam as peças, e se o roteiro do primeiro filme dessa nova fase funcionou não foi tanto pelo trabalho de Gil Kenan, mas sim de Jason Reitman em usar as boas coisas que vivenciou com seu pai quando era mais jovem, então substituir a direção foi algo que infelizmente não funcionou, e Kenan acabou querendo colocar coisas demais em um único filme fazendo com que a trama fosse um amontoado de coisas esquecíveis como um todo, o que é uma pena, afinal a nostalgia de ver grandes nomes do passado na telona, ver um efeito de gelo tão bem trabalhado (embora desde o primeiro trailer eu tenha achado ridículo uma só estaca de gelo não acertar alguém no meio fazendo voar sangue pela tela), que no final nem vemos o grande Deus do frio conseguir ir muito além. Ou seja, pareceu que ele precisava entregar algo, o prazo estava acabando e saiu tacando tudo o que imaginava querer ver, e no final nem ele soube o que fez na tela.

Quanto das atuações, elogiei muito o trabalho dos jovens no filme de 2021, porém aqui eles ficaram meio que subjetivos demais, de tal forma que Finn Wolfhard não conseguiu chamar uma cena para seu Trevor que fosse marcante, e a pequenina Mckenna Grace ficou o tempo quase que inteiro por vezes de castigo, por vezes fazendo coisas erradas, e em outros apaixonada por uma fantasma, ao ponto de fazer mais coisas erradas com sua Phoebe, ou seja, a astúcia que tiveram lá aqui foi quase nem aproveitada. E se fiz no começo uma comparação usando o longa do Homem-Formiga, aqui Paul Rudd fez um papel meio que de padrasto deslocado com seu Gary, mas ao menos não precisou ficar forçando trejeitos bobos, já Carrie Coon fez a mãezona, mas também ficando meio que perdida em cena. Ainda tivemos Kumail Nanjiani tentando ser engraçado com seu Nadeem, o pobre Logan Kim esquecido com seu Podcast tão sagaz do primeiro filme, e James Acaster tentando ser inteligente com seu Lars, mas foi um nome antigo que ao menos segurou o carisma do filme, com Dan Aykroyd bem encaixado com seu Ray, mas nada que fosse muito além.

Como já falei os efeitos ficaram bem interessantes na tela, e usaram bem uma ideia de um estudo maior dos fantasmas ao invés de apenas serem colocados em um lugar fechado, o que acaba sendo algo bem colocado na trama, porém não utilizaram tanto quanto poderiam o ambiente ali, fora a quantidade gigantesca de falhas no roteiro que acabaram acontecendo com as ideias, e vou citar só uma para não encher de spoilers o texto, na cena em que resolvem cortar o elemento de latão do ambiente, serram e tudo mais, mas na cena seguinte está inteirinho pronto para que outro personagem desça por ele, fora muitos outros absurdos, e isso eu chamo de falta de pagamento para um bom continuísta, pois é o mínimo que alguém deveria parar para pensar, mas vai ter quem não se incomode com isso, então ao menos visualmente a trama se faz valer.

Enfim, é daqueles filmes que tinham tudo nas mãos para fazer o público se envolver e curtir, voltando com algo que deu tão certo no passado, mas se perderam por completo entregando algo que até vale como um passatempo, mas que amanhã já nem lembraremos direito de muita coisa que aconteceu, aliás o longa tem uma ceninha no meio dos créditos bacana para algo a se desenvolver futuramente, mas quase que eu já tinha até esquecido dela, então quem for conferir espere uns minutinhos. E é isso pessoal, não posso falar que recomendo ele, então apenas não o atiro como uma bomba imensa, sendo um traque que não fez barulho suficiente para chamar atenção, então fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Estou sendo bem bonzinho com a nota, por a produção como um todo tendo bons efeitos e cenas interessantes ter me agradado, mas dava para diminuir bem a nota.


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Evidências do Amor

4/12/2024 09:29:00 PM |

Já fazem alguns minutos que saí da sessão de "Evidências do Amor" e ainda estou sem entender como alguém teve essa brilhante ideia de roteiro, pois a trama entrega em um único filme a junção de duas das canções mais icônicas do país ("Evidências" e "Cheia de Manias"), coloca um filme confuso, porém aclamado mundialmente pela ideia ("A Origem"), e abusa de viagens temporais, sendo daquelas tramas simples e bobinhas, porém que encaixa com tanta perfeição dentro da entrega dos personagens que até esquecemos as coisas ruins que podem ter, sendo daqueles filmes que não temos como reclamar de nada, pois até mesmo o trio protagonista consegue entregar boas sacadas e interpretações, ou seja, o pacote completo que funciona e que no fundo apaga todos os longas ruins que o diretor já fez, sendo que agora só lembrarei desse perfeito trabalho, e que facilmente muitos amigos vão me julgar por colocar na lista dos melhores filmes nacionais que já vi.

A história acompanha um casal, Marco Antônio e Laura que se apaixonam após cantarem a música juntos em um karaokê. Em meio a muitos altos e baixos, o casal acaba terminando, mas um ano após o término Marco Antônio percebe que, todas as vezes que escuta Evidências, ele volta às situações do passado, especificamente as discussões que teve com a ex. Determinado a se livrar dessas lembranças indesejadas, ele inicia uma jornada para superar Laura, seguir em frente com sua vida e se livrar desta maldição misteriosamente. 

Como já falei no parágrafo inicial, o diretor e roteirista Pedro Antonio Paes já entregou muitas bombas, mas também já entregou alguns filmes que me fizeram rir realmente, sendo daqueles que oscila muito no que faz, porém aqui eu diria que ele saiu completamente do básico e foi para um patamar que tinha tudo para dar muito errado, mas acabou ficando numa perfeição sem tamanhos, tendo uma história que acaba sendo simples e que já vimos muitas outras vezes usando a sacada da viagem temporal para tentar consertar algo, mas que aqui funcionou quase como uma sessão de psicanálise, já que o protagonista vai vendo aonde errou e acertou no passado, porém o diretor soube fazer desse estilo batido algo novo com suas sacadas cômicas, com um envolvimento dinâmico bem encaixado, e foi além na percepção de que a música Evidências tem o mote para criar tudo. Ou seja, ele usou de algo que não tinha como dar certo, pegou dois protagonistas opostos totalmente, e os fez ter uma química que acabamos envolvidos, e pronto, filmaço para marcar seu nome no cinema nacional, e quem sabe gerar continuações, já que no final tem uma safadinha durante os créditos.

Quanto das atuações, tem outro filme do Fábio Porchat que adoro chamado "Entre Abelhas", e aqui ele voltou a se entregar nesse estilo um pouco mais dramático para seu Marco Antônio, porém colocando mais comicidade e exageros que tanto sabe fazer bem, e isso acabou funcionando demais para a loucura que o longa precisava, de tal forma que ele mesmo forçando em alguns atos, gritando em outros, e sendo maluco como sempre o vemos na tela, acabou numa junção perfeita e que agrada demais, sendo complexo e engraçado, o que acaba sendo um show na tela. Fazia muito tempo que Sandy Leah não atuava, já que se dedicou muito mais à música do que a carreira de atriz que teve anos atrás, porém sua Laura tem um pouco da personalidade que costuma passar no seu dia a dia, e assim convence, tem bons trejeitos e se entrega para o que o filme precisava. Agora confesso que já falei mal muitas vezes do jeitão exagerado de Evelyn Castro, mas aqui com sua Julia, a atriz se completou com seu estilo de humorista e foi tão além que não consegui nem colocar ela como coadjuvante na trama, mas sim uma protagonista secundária tão perfeita em suas sacadas que explode em todos os seus atos junto do protagonista, ou seja, deu show demais e quem sabe a continuação aconteça com ela. Quanto aos demais diria que não atrapalharam, mas sumiram pela luz do trio, e como já falei outras vezes, cinema é isso, e juntou muitos aparecendo vira novela e série.

Visualmente embora o apartamento e o emprego do protagonista seja bem tecnológico, moderno e com ambientes mais requintados, o longa nos leva mais para momentos dos anos 90, com sambas, com festas de réveillon mais fechados, passeios em trilhas, ranchos e tudo bem romantizado com potes de recados, vitrolas, mas usando bem a tecnologia do celular para dar play nas diversas versões da canção tema, ou seja, vemos lugares bem encontrados que funcionam bem na trama, e a equipe de arte soube valorizar cada elemento cênico para que o filme fluísse bem.

Nem vou falar da trilha sonora cheia de clássicos, afinal a base e "Evidências" em dezenas de versões, e "Cheia de Manias" do Raça Negra, sendo tocada e cantada pelo protagonista, mas as demais canções caíram bem e deram um bom tom para a trama.

Enfim, é um filme que beira a perfeição, tendo um ou outro ato que incomode, e talvez o ar romântico pudesse emocionar um pouco mais do que apenas divertir e ser gostoso de ver, de tal forma que se tivesse notas quebradas, daria um 9,5 para ele, mas como faltou o detalhe emocional vou ficar com 9, mas inegavelmente o resultado me surpreendeu demais, e recomendarem muito para todos como uma tremenda comédia do melhor nível que já tivemos no país. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um longa hoje, então volto mais tarde com outro texto, então abraços e até breve.


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O Sabor da Vida (La Passion de Dodin Bouffant) (The Taste of Things)

4/12/2024 12:40:00 AM |

Como bem sabemos a gastronomia francesa é cheia de requinte, e costumeiramente eles gostam de fazer filmes com comidas, e confesso que pra um gordo como eu assistir filme de comidas é quase uma tortura, mas felizmente cinema não tem cheiro, no máximo você sente as pipoqueiras da bombonière quando tá acabando de estourar, mas como sento longe da entrada, dá para não ficar tão maluco, porém já adianto, não vá conferir "O Sabor da Vida" com fome, pois dos 135 minutos do filme, eu diria que pelo menos uns 100 é cozinhando, e com um grupo de amigos degustando as coisas mais deliciosas e requintadas, de tal forma que diria que é um filme lindo para ver, mas que mesmo tendo dois ganhadores de diversos prêmios de atuação, na parte dramatizada do longa sem ser as de comida, acabaram errando um pouco no tempero, não chegando a ser algo ruim de ver, mas sem dar spoilers, o chef quando acontece algo perde literalmente o amor na cozinha, e deixa tudo meio que insosso na tela. Ou seja, souberam brincar com as palavras gastronômicas, e com o visual em si da trama, num trabalho de direção de arte impecável, mas diria que faltou adoçar um pouco mais tudo para que o longa fluísse melhor.

O longa retrata o relacionamento entre Eugenie, uma talentosa cozinheira, e o famoso gourmet Dodin, para quem ela trabalhou nos últimos 20 anos. Com o tempo, a prática da gastronomia e a admiração mútua se transformaram em um relacionamento. A parceria entre eles resulta em pratos incríveis, cada um mais delicioso do que o outro, desafiando até os chefs mais renomados do mundo. No entanto, Eugenie preza por sua liberdade e nunca quis se casar com Dodin. Então, ele decide fazer algo que nunca fez antes: cozinhar para ela.

Diria que o diretor e roteirista Anh Hung Tran adaptou até que muito bem o livro de Marcel Rouff, principalmente por conseguir mostrar a verdadeira paixão nos alimentos, em fazer a comida e mais do que isso, de saber e ter o dom de trabalhar cada detalhe de um preparo, de tal forma que as cenas iniciais é quase um balé na cozinha, com os protagonistas fazendo um banquete desde a colheita dos alimentos da horta até a chegada na mesa, passando por muitos preparos e degustações, aonde a câmera vai acompanhando a movimentação, vai trabalhando cada elo de forma detalhada que não tem como não se apaixonar, e nesse sentido o longa é incrível, porém no conceito dialogado e de história em si, diria que faltou apresentar melhor os amigos que vivem comendo os pratos do chef, faltou criar um vínculo mais forte entre todos os personagens, e até mesmo emocionar mais na composição toda, pois em alguns momentos parecem ser atos tão soltos que temos de pegar cada personagem como se fosse um ingrediente e ir adicionando para montar tudo em nossa cabeça, e dessa forma não engrena tanto quanto poderia. E dessa forma dava para talvez até dar uma cortada em alguns momentos para que o filme ficasse no máximo em uns 100 minutos, que cansaria menos e problematizaria menos, pois é bacana ver como uma quebra muda um cozinheiro de mão cheia, mas não deu a liga que precisava para ficar saboroso e perfeito como as comidas feitas na tela.

Quanto das atuações, Juliette Binoche é magistral em qualquer papel que lhe entreguem, sabendo mudar completamente postura, trejeitos e tudo mais para que um personagem seu não seja igual a qualquer outro que já tenha feito, e aqui sua Eugenie é a rainha da cozinha, trabalhando sem parar, provando com gosto cada um dos alimentos, passando sinceridade na emoção com a jovem aprendiz, ajudando o chef em tudo o que precisa, e transmitindo tudo com olhares brilhantes que conseguem nos prender na tela, ou seja, deu show em todos os seus atos. Não ficando atrás Benoît Magimel trouxe para seu Dodin um estilo mais fechado, com nuances até meio que empossadas, mas tendo um humor bem encaixado na trama ele consegue cativar em muitos dos atos, só ficando meio que depressivo e chato demais nos atos finais, mas com um motivo justo, e que fez sentido para a proposta do longa. Ainda tivemos atos bem interessantes com os vários amigos que comem na casa, tendo Patrick D'Assumçao um pouco mais de destaque com seu Grimaud, mas como já disse não foi bem explicado o que eles eram para estar sempre comendo ali na casa do chef, o que ficou um pouco estranho, mas alguém tinha de comer toda aquela comida, porém quem teve realmente um grande destaque foi a garotinha Bonnie Chagneau-Ravoire que trabalhou tanto as expressões de sua Pauline aprendendo a cozinhar com os cozinheiros, e principalmente passando emoção em cada comida que experimentava que acabou indo bem além do que uma mera personagem secundária e indo bem como coadjuvante na trama, passando por cima até de Galatéa Bellugi com sua Violette.

Visualmente o longa se passa no final dos anos 1800 e a equipe caprichou nos figurinos de época, mas isso não foi nem 10% do longa, pois o tanto de comida que é feito na tela, e sim, foram feitos (claro que por cozinheiros profissionais e não pelos atores) todas as comidas em cena, ou seja, a felicidade da equipe do longa deve ter sido gigantesca, pois com certeza sobrava algo para degustar nos intervalos entre um corta e um ação. E como disse no começo é um verdadeiro banquete sendo construído em cena, com dezenas de procedimentos, e muitos tipos de alimentos, panelas e tudo mais bem representado na tela.

Enfim, é um filme que chama atenção, que tem seu charme, e que vai ganhar o público pelas muitas cenas de preparo dos alimentos, além de como já disse no começo usa bem os modos alimentícios para criar as situações de falta de açúcar, de calor humano, entre muitos outros, mas que dava para ter trabalhado um pouco melhor a história e as apresentações para que ficasse mais completo, então diria que alguns vão se cansar mais do que gostar do que verão na tela, mas quem for disposto a ver comidas, vai que é sucesso. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - De Volta ao Início (Rewind)

4/11/2024 01:26:00 AM |

Confesso que não sou muito fã de romances nos cinemas, pois é tudo muito bonitinho, tudo floreado demais, tudo açucarado demais, e açúcar eu prefiro comer do que ver, então acabo muitas vezes pulando algumas sugestões que as plataformas dos streamings me dá (lembrando que se sai no cinema, eu vejo tudo, afinal essa é o nome da página, então vou por uma boa causa!), porém hoje a sinopse do longa filipino da Netflix, "De Volta ao Início", colocou algo que gosto muito de ver que é viagem temporal, então resolvi arriscar. E fui enganado com sucesso, pois não é bem uma viagem temporal, mas sim um estilo de mágica temporal religiosa que o protagonista trocando uma ideia com um ídolo (falaram Jesus só uma vez, mas como o cidadão está mais para um iluminador preferiram não entrar na briga com as igrejas) ganha a chance de mudar uma fatalidade trocando a pessoa que irá morrer, e claro que o Jesus eletricista topa a ideia, volta a fita, e pronto, o cara amargo e revoltado vira o homem mais amável do planeta inteiro. Claro que resumi bem tudo o que acontece, e pasmem o pessoal lá das Filipinas não ameniza o final não viu, então não espere algo que você achava que iria ocorrer, pois ainda vai ser floreado, mas não tanto, afinal o açúcar todo acabou quando o protagonista volta, e depois com o que acaba acontecendo apenas aparecendo nas legendas. Ou seja, não é algo que você vai derramar litros de lágrimas, nem se apaixonar pelo que verá na tela, mas é bacana e dá para servir como um passatempo.

A sinopse é bem simples e nos conta que Mary sempre amou John durante toda a vida. Depois de anos de casamento, as prioridades de John mudam, prejudicando o relacionamento deles e levando a um trágico acidente que tira a vida de Mary, porém uma proposta extraordinária permitirá que John volte no tempo.

Não sou um conhecedor do cinema filipino, e por isso não conhecia o tipo de filme que a diretora Mae Czarina Cruz já tinha feito, então vou opinar apenas pelo que vi no longa de hoje, e uma coisa que já virou minha marca de reclamação é que atualmente muitos diretores têm um apreço gigante pelo trabalho feito e ficam com dó de cortar algumas partes, e a diretora usa e abusa ainda de cenas emocionais alongadas, ou seja, aqueles planos parados mostrando olhares e desenvolvimentos que nem sempre são necessários, de tal forma que o longa tem 112 minutos, mas que facilmente dava para entregar algo perfeito com 92 minutos, que trabalharia o mesmo longa e emocionaria muito mais, pois essas seguradas de plano acabam mais cansando do que agradando, e esse é um ponto. Outra coisa que mostrou estilo e gostei muito foi do ídolo ser um ente iluminado e que trabalha com luzes (eletricidade/iluminação), pois ficou com uma aura bem interessante de ver em cima do ator, e mesmo não sendo o que eu desejava ver (já falei no começo que esperava algo de viagem temporal, com quebras e tudo mais que estamos acostumados) acabou ficando agradável e bem sacado por ser um personagem com um ar meio puxado para o sarcasmo. Então de um modo geral, diria que é um trabalho que agrada, mas que dava para melhorar muito com pouquíssimos ajustes.

Quanto das atuações, diria que Dingdong Dantes entregou para seu John uma personalidade extremamente egocêntrica, pesada e com algumas nuances até forçadas demais, porém sua reviravolta acaba jogando algo tão bem encaixado na tela que passamos até a gostar dele, ou seja, o ator não fez algo que surpreendesse e chocasse no longa, mas consegue ter carisma para segurar como protagonista. Já Marian Rivera teve alguns bons atos emocionais com sua Mary, porém ficou muito em segundo plano na trama, de tal forma que o ator protagonista quase não deixa que ela se desenvolva em seus atos, o que é uma pena, pois pareceu ter estilo. O mais engraçado é que aparecendo praticamente apenas três ou quatro vezes, Pepe Herrera entrega para seu Jess/ídolo muita desenvoltura e envolvimento, sendo bem sacado de trejeitos e marcando bem seus atos, o que acaba agradando bastante. Ainda tivemos muitos outros personagens secundários, uns aparecendo mais, outros menos, valendo destacar apenas o garotinho Jordan Lim com seu Austin, mas nada que fosse muito chamativo também.

No conceito visual tivemos uma grandiosa mansão do protagonista, bem decorada e com boas sacadas do trabalho de confeiteira da protagonista, o quarto do garoto carregando um quadro de Jesus que ganhou da avó, tivemos um pouco de desenvolvimento, mas sem ir a fundo na lojinha do pai do protagonista que quase nem entrou no longa, e um escritório de uma empresa com salas tradicionais e uma festa de aniversário meio estranha com algumas danças meio que jogadas para fazer gracejo apenas, além de um acidente levemente exagerado, e como disse o fator luz no ídolo acabou ficando bem bacana, mesmo carregando as lâmpadas nas costas. E sem dúvida lindas cenas de dança entre os protagonistas tanto no miolo quanto no fechamento dando nuances bem marcadas para a trama.

Enfim, passa bem longe de ser algo que impacte e surpreenda quem for conferir, mas que tem seu charme, tem uma canção tema que impregna na cabeça, e acaba sendo gostosinho de ver, porém como esperava outra coisa na tela, acredito que fiquei um pouco decepcionado com o resultado completo, sendo apenas um passatempo ok para se ver, então para quem for conferir já sabendo esses detalhes que dei sem spoilers, acredito que será algo mais bacana, então fica a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Agente X: Última Missão (The Bricklayer)

4/07/2024 07:54:00 PM |

Um gênero que anda muito batido e já nem vemos mais tantas novidades na tela é o de espionagem, pois os protagonistas sempre entregam mesmo trejeitos e sacadas, de tal forma que acaba sendo mais algo que valha como um passatempo apenas do que algo surpreendente do estilo. E hoje ao conferir na Amazon Prime Video, "Agente X: A Última Missão" ou "O Pedreiro" traduzindo ao pé da letra o nome original, que faz um pouco mais de sentido com a profissão secundária do agente e com a explicação que ele dá quando lhe perguntam o motivo de ser pedreiro, vi exatamente a base com alguém querendo culpar os EUA e seus agentes pelas matanças, juntamente com boas cenas de ação com socos, tiros e quebradeiras, mas sem nada que fizesse o queixo cair, ou algum mistério de aparições com agentes duplos, de tal forma que não é algo ruim de ver, mas não vai além para grandes rumos, ou talvez algum chamariz que impacte realmente. O mais engraçado é que com o nome nacional que colocaram, fiquei até com um certo receio de dar play, pois achei que fosse alguma continuação de alguma série ou franquia que ainda não tinha visto, mas não é apenas uma adaptação literária que entrega bons momentos tradicionais e nada mais.

A sinopse nos conta que a CIA está sendo chantageada: alguém assassinando jornalistas estrangeiros e fazendo com que a Agência pareça responsável. Quando o mundo começa a unir forças contra os EUA, a CIA decide trazer de volta seu agente aposentado mais brilhante e rebelde, forçando-o a treinar seu passado para tentar desmascarar uma conspiração internacional.

Sabemos que o estilo do diretor Renny Harlin é de filmes mais acelerados e que geralmente se perdem no miolo, mas confesso que esperava que com um estilo mais sério do que os outros que já trabalhou ele colocasse algo mais centrado para que o final revelasse algo surpreendente, o que acabou não acontecendo, e isso é notável na tela, pois acredito que o roteiro feito em cima do livro de Noah Boyd tinha mais pegadas, mais interação e até mais propostas para que o filme tivesse uma desenvoltura chamativa, o que acabou não aparecendo tanto na tela. Ou seja, é daqueles filmes que você apenas curte as explosões, curte a pancadaria, os tiros, e até fica em dúvida se talvez alguém ali seria um agente duplo pelas sínteses da trama, mas no final o básico era o que tinha de acontecer e nada foi para a linha de frente.

Quanto das atuações, confesso que achei por dois segundos que o diretor era o protagonista (depois pesquisem as fotos e vejam o quanto ele parece o Aaron), mas sem dúvida a personalidade canastrona com ares clássicos de Aaron Eckhart combinaram bem com a proposta de seu Steve Vail, de tal forma que se derem uma polida nele, até caberia bem no jeitão de um novo 007, ou seja, para o gênero ele se mostrou bem disposto e não ficou atrás das linhas, se jogando por completo, porém faltou base no roteiro para ir mais além. Nina Dobrev até fez uma parceira com estilo com sua Kate Bannon, mas foi mais um rostinho bonito para os atos com o protagonista, do que uma espiã realmente como deveria ser. Já Clifton Collins Jr. tem todo o jeitão clássico para um vilão de filme de espionagem, mas não deixaram ele atuar tanto ficando mais em segundo plano, que acaba não sendo tão chamativo para marcar presença na tela, o que é uma pena. Ainda tivemos alguns bons atos de Tim Blake Nelson bem tradicional como o diretor da CIA O'Malley, Ifenesh Hadera como Tye Delson, uma ex-namorada do protagonista que também trabalha para a agência, mas quem acabou se destacando um pouco mais dentre os secundários foi Oliver Trevena com seu Patricio bem preparado de armamentos, e claro com um bom cuidado para com seu cãozinho.

Visualmente a trama entregou o tradicional de longas do estilo, se passando a maior parte do tempo numa Grécia cheia de protestos, mas que facilmente poderia ser representado em qualquer país, já que a maioria das cenas ocorrem em locais fechados na totalidade ou quase com ângulos mais próximos dos protagonistas, tendo muitas explosões, armas de todos os estilos, perseguições, socos e destruições de casas com lutas, e inclusive um baile rolando com os personagens se pegando na porrada e os figurantes continuando dançando como se nada tivesse acontecendo, ou seja, a equipe de arte acabou entregando algo básico sem ir muito além.

Enfim, o estilo do longa é o tradicional que o pessoal gosta de ver em um domingo a tarde, tendo boas cenas de ação, e uma desenvoltura sem grandes surpresas, então para quem não tiver o que conferir até serve como um passatempo, mas não espere muito dele, pois não vai acontecer. E assim sendo fica minha indicação de ver apenas pelo básico, mas acredito que tem coisas melhores para dar play. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Jorge da Capadócia

4/07/2024 02:57:00 AM |

Quando vi o pôster de "Jorge da Capadócia" em um cinema acabei ficando curioso pela produção, afinal andamos numa onda de muitos longas religiosos, e um dos santos que mais vejo seguidores, estátuas e tudo mais é São Jorge, mas nunca soube muito dele sem ser o lance do dragão que já ouvimos em muitas canções e lendas, então demoraram até que demais para trazer algo sobre ele para os cinemas, até aí tudo bem, mas quando recebi o convite para a cabine de imprensa não tinha notado o principal, que era um filme nacional, quase que em sua totalidade brasileiro!!! Ou seja, minhas preces andam sendo ouvidas e finalmente andamos tendo longas de vários nichos, para que possamos parar de falar "estou indo conferir um longa nacional" e sim, "vamos conferir um suspense" ou "vamos ver uma trama religiosa hoje?", e vocês não tem ideia da felicidade que sinto quando vou conferir uma obra de época com tanto estilo, bem produzida e com uma entrega tão presente que funcione para conhecermos mais um personagem bíblico tão imponente, e feita por mãos brasileiras. Claro que a trama tem uma pegada por vezes meio que novelesca, com algumas facetas que daria para polir melhor, mas tudo é tão grandioso e bem feito, que nem parece que foi concebido com uma equipe de produção bem enxuta, ou seja, vá aos cinemas à partir do dia 18/04 para conferir a história de um soldado romano que brigou com um imperador para que pudesse seguir com sua fé cristã ao rejeitar tirar a fé de outros moradores da Capadócia.

A sinopse nos conta que em 303 D.C., após ter vencido mais uma grande batalha, Jorge é condecorado como novo capitão do exército, quando o Imperador Diocleciano inicia sua última grande perseguição aos cristãos no império romano. Diante das cruéis ordenações impostas ao povo e a pressão para que se rendam aos deuses cultuados no império, Jorge, um homem acima de tudo, agora se vê diante de seu maior desafio ser fiel à sua fé e as suas convicções ou sucumbir às ordens do imperador Diocleciano.

Não conhecia o diretor Alexandre Machafer, afinal seu longa anterior, "O Filho do Homem", acabou não chegando em todas as cidades, ainda mais no interior, mas agora nas mãos de uma grande distribuidora com certeza esse novo longa irá rodar o país todo, e acredito em um grande sucesso, afinal como disse no começo, São Jorge é um dos santos que mais tem devotos no país, e incrivelmente é o primeiro longa sobre o santo no mundo todo, ou melhor sobre o homem que foi Jorge antes de efetivamente virar santo com tudo o que sofreu, e por mais que seja algo que me incomode demais, o diretor também é o protagonista da trama, e foi muito corajoso para fazer todas as cenas mais fortes da trama sem um dublê, virando de cabeça para baixo, sendo enterrado, e muito mais, o que acaba não desapontando e ficando muito bom de ver. Fora esse detalhe, outra boa sacada do diretor foi não fazer um longa tradicionalmente mais lento de diálogos, como costuma ser tramas religiosas e longas novelescos comuns em nosso país, mostrando conhecimento de obras mundo afora, que acabam se desenvolvendo melhor, e agrada mais quem realmente quer ver cinema, ou seja, ele consegue nos envolver bem com a trama atuando e dirigindo, e mais do que isso entrega algo novo dentro do conceito de tramas religiosas no país.

E já que comecei a falar da atuação do diretor Alexandre Machafer, diria que conseguiu ser imponente de personalidade e com trejeitos diretos, mas com emoção no olhar, para que seu Jorge fosse marcante e conseguisse ser amplo na ideia toda, de tal forma que não fica no básico, mas se entregando até mesmo em cenas complexas como as que disse acima nas tentativas de matar que o imperador usou contra ele, ou seja, mostrou a que veio sem deixar que o ritmo caísse por precisar se dirigir. Já Roberto Bomtempo já fez muita TV e até outros filmes e novelas religiosas, e aqui seu Imperador Diocleciano é direto e sem nuances para atos calmos, de forma que poderia até ser um pouco mais explosivo em alguns atos, mas ao menos foi marcante como deve ser alguém no papel. Diria que Ricardo Soares fez um Octávio calmo demais para um conselheiro imperial, pois faltou demonstrar mais personalidade e voz, ficando muito em segundo plano em alguns atos, mas não atrapalhou e assim fez o que precisava em suas cenas. Outro que conseguiu se destacar bastante foi Augusto Garcia com seu Paulo, sendo bem direto e conectado com o protagonista, trabalhando olhares mais sérios e chamando a câmera para si em muitos atos. Quanto das mulheres vale claro destacar Miriam Freeland como Alexandra, esposa do imperador, e Cyria Coentro como Kira, mãe de Jorge, principalmente pelos atos de fé de ambas.

Agora sem dúvida alguma os aplausos ficam para a equipe de arte que conseguiu criar um épico filmando muitas cenas na Fortaleza de Santa Cruz em Niterói-RJ, e claro muitas externas na Capadócia, de tal forma que a composição cênica trabalhou algumas batalhas mais fechadas, muitas cenas dentro do palácio do imperador, contando com muitos figurinos, espadas, lanças, além de casas no meio das pedras, o que acabou dando um charme e um visual bem diferenciado, isso sem falar no dragão bem interessante que a computação gráfica acabou criando como uma boa metáfora para as lutas do protagonista, ou seja, um trabalho minucioso com luzes de tochas e detalhes precisos.

Enfim, o longa está longe de ser uma grandiosa obra de arte, tendo sim alguns defeitos clássicos de tramas que entram em vieses mais novelescos, tendo alguns desenvolvimentos secundários que poderiam ser eliminados, mas não é nada que tenha custado algo para a trama, pois ela ainda assim funciona muito bem, só faltando talvez um pouco mais de comoção para ficar perfeito, valendo bastante a recomendação para todos verem nos cinemas à partir do dia 18/04. Então fica a dica, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Palavra e da Paris Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até lá. 


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A Primeira Profecia (The First Omen)

4/06/2024 08:05:00 PM |

Se eu falar pra vocês que eu lembro perfeitamente do longa "A Profecia" de 1976 vou estar mentindo em nível máximo, pois lembro apenas de ter visto partes depois que saiu a refilmagem em 2006, que não é nada brilhante, mas que dá lá seus sustos e causa uma tensão leve, mas o clássico de 76 gerou mais 3 continuações e uma série, ou seja, fez um certo sucesso, e era só questão de tempo até que no mundo atual, aonde tudo está sendo refilmado e reaproveitado, resolvessem voltar um pouco mais para trás e contassem o prelúdio de como foi gerado a criança do mal que vimos nos outros longas. Dito isso, posso falar que "A Primeira Profecia" entrega uma trama interessante de uma jovem freira tentando descobrir o que há de errado com uma garotinha órfã que vive junto das freiras, e também um pouco do mistério que ronda por lá, de tal forma que só bem próximo ao final lembramos dos personagens (Padre Brennan) e ele falando o nome do garotinho que vimos nos outros filmes, além de quem está com a criança, porém diria que faltou criar um pouco mais de tensão e causar medo/temor com a entrega dos personagens, sendo algo mais conflitivo pela mente da garota do que por tudo o que está rolando realmente ao fundo do convento, que valeria um pouco mais. Claro que temos algumas cenas bem angustiantes, violentas e até nojentas, mas faltou a pegada que realmente chamasse o longa pra cima do público.

A trama acompanha a jovem americana Margaret, que é enviada a Roma para viver a serviço da igreja. No local, ela se afeiçoa por Carlita, uma jovem quieta e sozinha, que também mora no convento. Ao questionar o passado e a situação da garota para as outras irmãs da igreja, ela é alertada para se manter afastada. No entanto, antes de seguir o conselho, ela se depara com uma escuridão que a faz questionar sua fé. Com a ajuda de um padre exonerado, ela acaba descobrindo uma conspiração tenebrosa, que por anos foi ocultada pela igreja local, que tentava esconder o inevitável: a volta do mal encarnado, o chamado anticristo.

Algumas vezes falei que o melhor gênero para se iniciar na direção é o terror, pois dá para trabalhar muita coisa no escuro, dá para absorver erros com premissas de que aquilo deveria ocorrer realmente, e por aí vai, então depois de muitas séries e curtas, a diretora e roteirista Arkasha Stevens recebeu permissão para fazer algo novo em cima do que David Seltzer fez em 1976 e 2006 (pois os demais apenas usaram seus personagens e criaram novas histórias continuando e reinventando), mostrando como teria sido a vida da mãe do anticristo antes de "entregá-lo" ao mundo, e ela conseguiu permear situações que você fica esperando algo acontecer, algumas cenas fortes interessantes (tanto as dos partos quanto as das mortes foram bem trabalhadas), porém abusou muito da famosa pausa cênica com a tela quase ou totalmente escura, aonde umas duas vezes achei até que o filme tivesse sido pausado, e isso não é algo interessante de acontecer, ou seja, temos uma trama bem feita como um prequel de algo que confesso que nem lembrava direito, mas que quando chega nos finalmente a ficha dá uma conectada e acaba funcionando, mostrando que a diretora não quis ficar tão presa no original, e isso acaba sendo até que um bom acerto.

Quanto das atuações, diria que a jovem Nell Tiger Free não entregou tanto quanto poderia para sua Margaret, segurando um pouco demais os trejeitos fortes e explosivos num primeiro momento, de forma que chega a parecer até desanimada com sua entrega, mas quando chegamos nos atos finais ela se soltou mais e trabalhou um pouco mais de envolvimento com tudo, o que acaba funcionando para a proposta da personagem, porém dava para ser mais expressiva para marcar mais na tela. Outra que teve atos bem marcantes, mas que dava para ir muito mais além, é a brasileiríssima Sonia Braga bem imponente como Irmã Silva, de tal forma que combinou bem como uma freira meio fechada, com uma pegada meio estranha, mas que chama atenção na tela. Ainda tivemos Ralph Ineson com seu estilão meio caótico com seu Padre Brennan e Bill Nighy chamativo com seu Cardeal Lawrence, de tal forma que conseguiram ser secundários na trama porém convincentes no que estavam fazendo, enquanto as jovens Nicole Sorace com sua Carlota e Maria Caballero com sua Luz apenas trabalham seus atos com trejeitos e sentenças sem muita explosão de olhares e tensões como poderiam, valendo destacar apenas as cenas fortes de Ishtar Currie-Wilson com sua Irmã Anjelica misteriosa e intensa.

Visualmente a trama poderia ter apostado mais na densidade dramática do ambiente, pois conventos e igrejas tem essa pegada mística, e até ter ido mais nas profundezas aonde a protagonista vai buscar os documentos, focando um pouco mais nas cenas externas e também nas cirurgias de parto, tendo alguns elementos com sangue, líquidos de bolsa e fogo para dar efeitos mais tensos na tela, porém sem ir muito além, fora como já disse antes abusaram bastante de atos escuros o que mostra uma insegurança da direção de mostrar mais o que tem por ali.

Enfim, não chega a ser um filme ruim, mas facilmente dava para ser algo muito melhor, mais tenso e que talvez viraria até um clássico mais para frente, mas acabou não acontecendo, sendo um terror com algumas cenas nojentas, mas leve demais em causar algo no público. Então fica a recomendação para quem gosta do estilo, gosta da franquia, e quem sabe até possa despertar o gosto em alguns para ver os mais antigos depois de conferir esse. E é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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