Amazon Prime Video - Chefes de Estado (Heads of State)

7/03/2025 12:45:00 AM |

Acho que os próximos presidentes dos EUA precisarão efetivamente ser lutadores e terem práticas de defesa militar, afinal já é o segundo longa com a mesma temática em pouco tempo colocando eles para defenderem os demais membros de outros países, mas isso na vida real acho bem difícil de acontecer. Porém o mais bacana foi não querer uma trama tão realista, e colocar piadas dentro do contexto de duas potências, de modo que o lançamento da Amazon Prime Video, "Chefes de Estado", consegue brincar com facetas, com trocadilhos e claro com muita ação quando de um lado temos um presidente ex-astro de filmes de ação e do outro um primeiro ministro que trocou a farda pela política, sendo dinâmico e que consegue prender atenção na tela. Claro que passa longe de ser uma obra de arte, mas facilmente veríamos ele passando numa sessão tranquila de domingo a tarde em casa, e assim sendo fica a dica para um bom passatempo divertido, que aparentemente haverá continuações.

Na comédia de ação vemos que o primeiro-ministro do Reino Unido, Sam Clarke, e o presidente dos EUA, Will Derringer, têm uma rivalidade pública que coloca em risco o “relacionamento especial” de seus países. Mas quando eles se tornam alvos de um adversário estrangeiro poderoso e implacável, que se mostra à altura das forças de segurança dos dois líderes, eles são forçados, a contragosto, a contar com as duas únicas pessoas em quem podem confiar: um no outro. Aliados à agente do MI6 Noel Bisset, eles precisam fugir e encontrar uma maneira de trabalhar juntos por tempo suficiente para impedir uma conspiração global que ameaça todo o mundo.

É engraçado ver um diretor russo fazendo piadas com seu próprio país já que faz mais filmes americanos, mas Ilya Naishuller, que fez muita fama com o longa "Anônimo" (que sempre falam que irão fazer uma continuação, mas nunca sai do papel), soube trabalhar bem toda essa essência com dinâmicas de ação, e até alguns motes bem introduzidos para que o filme não ficasse tão preso, fora que lhe foi entregue um orçamento bem generoso para que tivessem planos bem amplos, cenas de explosões aos montes, e toda a correria tradicional do estilo, aonde o resultado até pode não ser uma história daquelas que ficamos impactados, mas mesmo tendo alguns elos um pouco apelativos, o resultado agrada e diverte dentro do contexto esperado.

Quanto das atuações, John Cena praticamente fez com que seu Will Derringer fosse ele mesmo virando presidente, de modo que o ator brincou com as facetas de que atores de ação não fazem quase nada e sim seus dublês, trabalhou a sacada de músculos de foto, e usando bem as dinâmicas de atuação mesmo para que seu papel fosse chamativo acabou sendo engraçado ver suas brigas e rixas com seu parceiro de cena. Foi até interessante ver um ator que não tem um porte cômico inserido na produção, pois Idris Elba faz muitas tramas de ação, tem personalidade, e seu Sam Clarke pedia bem essa imposição, ao ponto que vai se soltando durante toda a trama, e mais próximo ao fim já está pronto para se jogar, o que acaba sendo divertido de ver. Não sou o maior fã do estilo expressivo de Priyanka Chopra Jonas, porém aqui sua Noel Bisset briga bastante, tem muitas cenas de luta imponentes, e acaba se jogando fundo no mundo dos trocadilhos do roteiro, ao ponto que convence com o que precisava fazer na tela. Até é compreensível a motivação do vilão Gradov vivido por Paddy Considine, porém ficou exagerado num nível tão gigantesco, que suas expressões pareciam de um Rambo sem falas apenas atirando e colocando seus comparsas para brigar e caçar os chefes de estado, mas dava para ter trabalhado uns diálogos melhores para ele. Quanto aos demais, vale um leve destaque para as sacadas que Jack Quaid para seu agente Marty Comer, ao ponto que soou meio louco demais no mesmo estilo do outro personagem que fez nesse ano, mas aqui ao menos não precisou ser tão ingênuo.

Visualmente a trama é uma produção grandiosa que a equipe de arte pode brincar demais na tela, tendo cenas explosivas em tudo quanto é lugar, desde cenas numa festa italiana com um ataque bem orquestrado de armas de grande porte, depois no parlamento inglês com entrevistas chamativas, indo para o avião presidencial com detalhes das salas de inteligência sendo explodido, mesmo lutando bravamente com muitas de suas armas, algumas cenas na floresta com brigas de colonos malucos da Bielorrússia, muitas dinâmicas marcantes num apartamento secreto cheio de recursos, trens, e até salas escondidas em prédios com tecnologias de transparência, além de uma perseguição imponente nas ruas de Londres, ou seja, tudo cheio de elementos cênicos bem colocados para representar tudo na tela, e que funcionaram dentro do propósito explosivo da trama.

Outro ponto bem chamativo da produção ficou a cargo de uma trilha sonora com muitos clássicos e bandas de todos os estilos, conseguindo imprimir um ritmo bem interessante na tela, de modo que tudo parece saltar dentro da ideia completa, ou seja, o compositor Steven Price fez boas trilhas orquestradas para acompanhar tudo, mas a cada nova dinâmica entrava uma nova música imponente na tela.

Enfim, é um filme divertido e bem trabalhado, que passa bem longe de ser algo que vamos falar muito e lembrar daqui um tempo, mas que deve gerar ao menos uma continuação, e o resultado ao menos funciona sem ficar bobo demais, valendo como um bom passatempo. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Looke - O Destino de Maja (Myrskyluodon Maija) (Stormskerry Maja)

7/01/2025 12:37:00 AM |

Diferente da duração longuíssima do longa finlandês, "O Destino de Maja", que pode ser conferido dentro da plataforma do Looke, vou ser bem sucinto com o que tenho de falar sobre ele, pois é daqueles dramas românticos bem detalhados da vida inteira de uma mulher que vai morar numa ilha com o homem que lhe foi designada, mas que acaba se apaixonando por ele e tendo uma tonelada de filhos, precisando cuidar de tudo enquanto ele está no mar, ou então durante o tempo que passa escondido quando o mundo está em guerra e a Inglaterra assume a ilha deles. Tudo bem básico, porém muito bem emocional, cheio de dinâmicas do tempo, mostrando situações fortes e outras bem gostosas, que no contexto geral funciona como uma grande novela exibida em 163 minutos. Ou seja, é daqueles que quem gosta de algo sem grandes floreios acaba entrando no clima rapidamente e se envolve com tudo, mas quem preferir algo mais complexo é capaz de desistir com menos de uma hora.

O longa nos conta que Maja é uma jovem de 17 anos que se casa com o pescador Janne contra sua vontade. Sua vida em Stormskerry é repleta de desafios e contratempos: como esposa de um pescador, ela precisa lidar com as longas ausências do marido no mar e cuidar sozinha da família. No entanto, Maja se tornou uma mulher independente e determinada, que não tem medo de agir no arquipélago árido. Maja e Janne têm uma forte conexão e um amor que se aprofundou com o tempo. Janne apoia as aspirações da esposa e entende que a força de uma família vem do esforço conjunto.

Não é comum surgirem longas finlandeses por aqui, então não posso afirmar que o estilo novelesco seja algo que predomine por lá, e até nem posso colocar com tanta imposição que o trabalho da diretora Tiina Lymi tenha ficado dessa forma, pois não temos tanto desenvolvimento de personagens paralelos ao redor do que ela entrega com o romance de Anni Blomqvist, ou seja, apenas posso afirmar que ela quis desenvolver toda a trama de vida da personagem em um único filme, e isso não é nenhum demérito, de forma que o resultado final convence bem dentro da formatação, e chega a ser quase como realmente ler um livro por completo em poucas horas. Ou seja, é o que chamamos de entrega por demanda, pois dava fácil para que a diretora criasse uma minissérie de uns 3-4 capítulos e agradar um público fã do estilo, mas sua escolha como um longa é funcional e agrada, então diria que foi um grande acerto na tela.

Quanto das atuações, Amanda Jansson simplesmente se jogou por completo com sua Maja, sendo forte, expressiva e com interações tão emblemáticas, que mesmo os soldados ingleses não entendendo quase nada do que falava, acabaram fazendo tudo que ela desejava, sendo marcante e intensa do começo ao fim. Linus Troedsson trabalhou seu Janne com uma personalidade leve e tão gostosa para com sua mulher, que chega a ser apaixonante o que ele faz em cena, de modo que num primeiro momento até pensamos que seria algo mais forte e dura, mas ele muda com ela, e o resultado mostrou um ator leve e muito bem disposto para tudo. Quanto aos demais, vale o destaque para Desmont Eastwood com seu Tenente John Wilson pela imposição bem tomada e pela comunicação mesmo que quebrada com a protagonista criando uma vivência e agradando bem nas dinâmicas.

Visualmente todo o longa é belíssimo pelas locações em si, tendo tons de verde, azul e marrom meio acinzentado tão precisos que agradam demais, tendo toda a conexão com os elementos marinhos (claro que exageraram na transparência da água, mas ficou muito bonito de ver os peixes, corais e algas em movimento com a personagem), toda a construção da casa e dos barcos, os animais com seus símbolos junto da mitologia dos seres que a jovem acredita, além de invernos bem brancos e ricos de imagens, e claro os atos de guerra com muitos soldados, grandes barcos e todo o processo de cura das feridas. Ou seja, a equipe de arte encontrou boas locações para desenvolver tudo na tela, e o resultado é algo que parece realmente tirado das páginas de um livro.

Enfim, é um filme que se olharmos a fundo é bem simples, e que pela duração alguns não irão curtir tanto, pulando partes ou assistindo meio que de forma seriada, mas que vale o play pela essência em si, sendo gostoso de ver e que funciona como um bom romance diferenciado dentro de um cinema pouco conhecido por aqui que é o finlandês. Então fica a dica, e fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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M3GAN 2.0

6/28/2025 02:23:00 AM |

Sempre falo para irmos sem nenhuma expectativa ou esperando a pior bomba possível para um filme, pois a chance de gostar o que verá é bem alta, e nessa semana começaram a respingar as críticas de "M3GAN 2.0" com a maioria dos críticos detonando a continuação da boneca assassina que conquistou o público em 2023, e posso dizer que me diverti bastante e também me indignei bastante com algumas situações que os roteiristas entregaram para os personagens, pois agora evoluída a personagem tem uma pegada mais intensa de lutas, e a trama até tenta discutir a legalização e a segurança em cima das Inteligências Artificiais, e sendo assim o resultado fica mediano para bom, não sendo algo que daqui alguns anos eu lembre o motivo de ter gostado sem vir aqui ler, mas ao menos tirando as situações bizarras que alguns tiveram de fazer em cena, até acaba sendo bacana o passatempo.

O longa acompanha a terrível, demoníaca e dançante boneca assassina e sua criadora Gemma que, agora, tornou-se uma autora de sucesso e luta a favor da supervisão e controle governamental da Inteligência Artificial. Quem não aprova em nada essa nova atitude de Gemma é sua sobrinha de 14 anos Cady que decide se rebelar contra as regras superprotetoras da tia. Enquanto isso, um poderoso empresário rouba a tecnologia do protótipo da boneca Megan com o objetivo perverso de construir uma potencial arma militar letal chamada Amelia, uma espiã altamente treinada e sem limites. Rapidamente, porém, Amelia ganha uma autoconsciência poderosa e decididamente começa a se rebelar contra as ordens e vontades humanas, tornando-se um perigo cada vez maior de aniquilação.

Já adianto que se você for esperando encontrar algum nexo no roteiro do longa, certamente irá sair da sessão reclamando de tudo o que verá, então usando a base do primeiro filme, o que foi muito bom foi manterem o diretor Gerard Johnstone, afinal ele soube exatamente aonde atacar na continuação, pegando a onda de inteligências artificiais e jogando tudo para um futuro até futurista demais, aonde a essência em si até brinca com o público, mas lá pela metade do filme ficamos com a dúvida se ele queria fazer isso como paródia cômica ou se imaginava algum tipo de realismo com a entrega, ou seja, acabaram exagerando demais com tudo, e sendo engraçado funciona, mas como terror ou até mesmo algo mais denso, o resultado desaponta bastante.

Quanto das atuações, foram muito espertos na caracterização de Amie Donald, afinal a garota cresceu, então aumentaram a altura da robozinha M3GAN, com movimentos ainda mais precisos e chamativos, aonde claro a voz de Jenna Davis deu todo o tom chamativo na tela, conseguindo trabalhar as boas sacadas do roteiro, ao ponto que o conjunto todo funciona dentro da proposta, que não é nem de terror, nem de ação, nem cômica por completo, tendo um pouco de tudo para divertir com o que faz. Esperava Ivana Sakhno mais imponente com sua Amelia, de forma que ela começa bem violenta, tendo na sequência uma entrega sexy bem colocada, mas depois a personagem meio que fica jogada demais na tela, deixando tudo para o lado sem ir muito além, mas isso foi do papel, mostrando que a atriz tinha mais potencial para ir além. Allison Williams trabalhou sua Gemma com mais intensidade nesse longa, ousando com lutas e trabalhando bem suas expressões, não sendo muito chamativa, mas tendo uma participação bem colocada. Agora quem ficou sem grandes chamarizes na tela foi Violet McGraw com sua Cady, pois no primeiro a garotinha tinha muito mais interação, e aqui ficou "protegida" demais, o que soou um pouco estranho de ver. E quantos aos demais dá quase para esquecer de tão grande os papeis bobos foram colocados, com Brian Jordan Alvarez fazendo um Cole mais participativo, porém sem ir além de algo caricato, Aristotle Athari fazendo um Cristhiam quase mais robótico que as próprias robôs do filme, e Timm Sharp fazendo um policial tão idiota, que se eu fosse da equipe da refilmagem de "Loucademia de Polícia" já chamava ele pra algum papel.

Visualmente o longa ficou bem tecnológico, cheio de tons rosa metálico, com muitas dinâmicas numa fábrica antiga, num evento de robôs e na mansão de um líder de tecnologia, e falando em mansão, a casa das protagonistas agora é um luxo a parte, que toda hora se perguntam como foram parar ali, ou seja, a equipe até exagerou um pouco nesse quesito, fora os seguranças da fábrica parecendo vindos de algum filme futurista, ou seja, quiseram ir muito além, e ficou um pouco estranho de ver, mas agrada de certa forma.

Enfim, é uma continuação que manteve o potencial da trama original, porém exagerando no conceito tecnologia e botando comicidade demais ao invés de violência que era algo que prometiam, e assim sendo o resultado ficou um pouco bobo demais para agradar por completo. Diria que recomendo ele com muitas ressalvas como um passatempo apenas, mas não espere muito que vá entregar algo interessante na tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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F1 - O Filme (F1 The Movie)

6/27/2025 01:32:00 AM |

Sabia que veria algo grandioso hoje com a estreia de "F1 - O Filme", pois com uma pré-venda tão antecipada e muitos lugares sendo ocupados rapidamente tinha tudo para ser algo muito esperado de ver na telona, também imaginava isso pela gigantesca campanha que a Apple fez dele, e só fui imaginando o valor do orçamento, pois sei bem que o custo de manter uma equipe de F1 é gigantesco, e eles tiveram paddock próprio em todos os GPs, tiveram carros de corrida originais (embora sejam de F2 por baixo para não ficar tão caro as destruições), e contando com um ator caríssimo junto de tudo, era inegável que daria algo errado. E meus amigos, eu não imaginava o tamanho da grandeza, pois o filme é fora da caixinha em termos de produção, com uma história básica, mas boa também, mas pra quem ama corridas, e quem gosta de ver algo realmente arrepiante pode ir conferir que vai amar cada minuto de tela, e que mesmo sendo uma trama longa (155 minutos), não é alongado, tendo tempo suficiente para todos os momentos funcionarem sem apressar, nem cansar.

No longa vemos que depois de abandonar as pistas, o lendário piloto Sonny Hayes é convencido a voltar a correr para apoiar Joshua Pearce, o jovem novato da escuderia fictícia ApexGP. Disposto a todos os riscos, Sonny monta uma estratégia para fazer a equipe se tornar vitoriosa, para isso ele precisará do apoio da comissão técnica e de pessoas influentes do esporte, mostrando que a corrida vai muito além das curvas dos autódromos.

O estilo do diretor e roteirista Joseph Kosinski é daqueles que se lhe entregarem um cheque em branco, ele vai gastar até o papel ficar transparente, pois tem pego uma produção maior que a outra em sequência, seja para cinema, streaming ou agora para os dois casos, e felizmente tem acertado em cheio no que o público deseja ver no cinema, pois sabemos que filmes artísticos com histórias cheias de filosofia são incríveis, mas a bilheteria de um cinema só dá renda realmente se atinge o público com algo bem envolvente e cheio de dinâmicas, o que já vimos acontecer muitas vezes, e aqui ele não desaponta, pois a trama foi tão bem elaborada dentro de um conceito simples, que acabamos nos conectando com os personagens e claro com as corridas, mesmo não sendo grandes fãs de Fórmula 1, então imagina para as pessoas que realmente amam acordar cedo ou de madrugada para conferir algumas corridas, essas certamente irão se apaixonar pela estética, pelo desenvolvimento e por tudo que o diretor fez questão de não errar.

Quanto das atuações, estava com um certo receio de ver Brad Pitt como protagonista em um esporte dominado por jovens, mas o papel do dono da equipe acaba em segundos com essa teoria usando o Google para falar o nome de outros pilotos mais velhos de antigamente, e assim vemos um Sonny Hayes destemido, literalmente cheio de entrega e que funciona não apenas como um bom mentor dentro do conceito de equipe, mas também como alguém cheio de personalidade e que sabe o que gosta de fazer, e assim o resultado do ator como o personagem ficou com trejeitos clássicos de Brad, mas com uma pegada que fazia tempo que não víamos fazer. O engraçado é que não lembro de nenhum personagem que o ator Damson Idris tenha feito nos outros filmes que participou, mas aqui a personalidade jovem de seu Joshua Pearce é daqueles que ao mesmo tempo que você acaba torcendo pra ele, também fica com raiva e xinga, sendo preciso de erros clássicos de novatos, além de uma arrogância perfeita que o papel pedia. Javier Barden brincou bastante com seu Ruben, sabendo exatamente como explorar seus olhares tradicionais com a personalidade de alguém falido, porém com um sonho, e assim acabamos curtindo muito o que faz em cena. Kerry Condon também brincou bastante com a entrega de sua Kate, mostrando-se uma engenheira de primeira linha, com papo direto e que formou um belo par na tela com o protagonista, ao ponto que você torce para acontecer, sabendo que vai acontecer, mas com um belo jogo de nuances e olhares, fora sua inteligência bem colocada no papel. Ainda tivemos outros bons momentos com Tobias Menzies com seu Peter Banning cheio das artimanhas e traquejos dentro do conselho da equipe, Sarah Niles fazendo a mãe do jovem piloto com muita intensidade e Kim Bodnia como um chefe de equipe imponente, porém torcedor também, aceitando as loucuras do protagonista, e por pouco um papel pequeno de Callie Cooke como uma jovem mecânica (ou trocadora de pneus, não sei se é esse o nome) não roubou as cenas para si, o que seria exagerado de um papel secundário.

Visualmente se você já assistiu alguma corrida de Fórmula 1 saberá o que verá na tela, afinal como disse no começo com a produção de Lewis Hamilton, acabaram montando dentro de todos os Grandes Prêmios um paddock completo para a equipe, pegaram carros de F2 (por ser mais fácil de pilotar para os atores, e também mais baratos para as cenas que quebram tudo) e modelaram para parecer de F1, e usaram todas as corridas para vermos em detalhes tudo, tendo desde os hinos dos países com os pilotos, premiações, interações nos boxes e tudo mais, ou seja, é a corrida vista em ângulos que nunca vimos na TV normal, afinal as câmeras Imax preencheram tudo quanto é lugar na tela, e o resultado impressiona. Ainda tivemos a fábrica da equipe com seu centro de treinamento bem tecnológico, e algumas dinâmicas em festas e boates, de modo que o resultado final ficou literalmente impecável.

Outro ponto muito positivo da trama ficou pela mixagem do som, aonde o ronco dos motores, o barulho das pedrinhas voando na beira da pista, as batidas, mudanças de marcha, as conversas da equipe pelo rádio e tudo mais ficaram tão perfeitas que em certos momentos você chega a ser até o carro na tela, ou seja, um trabalho minucioso que valerá certamente prêmios no final do ano. Além disso tivemos uma trilha sonora composta por Hans Zimmer no seu melhor estilo possível, fazendo com que nos envolvêssemos por completo em cada ato da trama, e claro escolheram ótimas canções que foram escolhidas a dedo para alguns bons momentos da trama, que claro deixo aqui o link para conferirem!

Enfim, acho que falei até demais, mas realmente valeu cada momento dentro da sessão que passou literalmente voando, aonde mesmo bem cansado que estava hoje, acabei me sentindo impactado pelo resultado final, me emocionando em alguns momentos e envolvido como um bom longa deve fazer com o público, e sendo assim recomendo ele com toda certeza seja fã de automobilismo ou apenas fã de um bom filme de entretenimento. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje já sabendo que o diretor tem planos de uma continuação, então veremos o que vem em breve, deixo meus abraços com vocês e até breve com mais dicas.


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Reserva Imovision - Em Rumo a Uma Terra Desconhecida (To a Land Unknown)

6/26/2025 01:32:00 AM |

Falei outro dia que veríamos muitos filmes trabalhando a situação dos refugiados no mundo, e desde que vi que tinha lançado no streaming o longa "Em Rumo a Uma Terra Desconhecida" já tinha colocado na minha lista, porém por estar dentro do Reserva Imovision na Amazon Prime Video, demorei um pouco mais para conferir, mas como parecia bem interessante, hoje resolvi pegar os 7 dias grátis pra testar a plataforma e dar play nele, e olha que foi uma bela escolha, pois é daquelas tramas marcantes que você vê e consegue imaginar tanto o viver dependendo de furtos, longe da família e tudo mais, como também vê que é a famosa lei da selva, aonde um tenta levar vantagem para cima do outro, ao ponto que não tem como não se conectar com os personagens e suas essências. Claro que a base aqui é bem ficcional, mas funciona tão bem na tela, que facilmente dá para imaginar como sendo algo real ali dentro daquele pequeno mundo dos jovens tentando conseguir dinheiro para seu passaporte, brigando principalmente contra os vícios. Não diria que seja um longa chamativo pela ideia em si, mas tem uma boa dose dramática e funciona com o que entrega.

Em um cenário de sobrevivência e desesperança nas ruas de Atenas, o longa acompanha Chatila e Reda, dois primos palestinos refugiados em Atenas, sonham com uma vida melhor. Determinados a reunir dinheiro suficiente para adquirir passaportes falsos e se mudarem para a Alemanha, eles recorrem a todos os meios possíveis. Contudo, essa busca os força a ultrapassar seus próprios limites, deixando para trás uma parte de si mesmos.

O longa que é uma produção de diversos países foi dirigido por Mahdi Fleifel que soube ousar com um estilo seco, porém envolvente dentro da situação toda que coloca na tela, pois muitos filmes que tem colocado refugiados em foco têm trabalhado somente como coitadinhos, pobrezinhos e tudo mais, enquanto aqui, mesmo os jovens sendo pobres, entram facilmente para o mundo marginal, e ao criarem seus planos de ganhos para obter o que desejavam acabam indo até as últimas consequências, que deu um tom direto, e mostrou que ele não tem inseguranças com a câmera, pois mesmo sendo seu segundo trabalho com longas, trabalhou o estilo dinâmico de curtas com precisão, e o principal: sem precisar ficar enrolando com a ideia na tela.

Quanto das atuações, posso afirmar que os jovens Mahmoud Bakri com seu Chatila e Aram Sabbah com seu Reda foram bem precisos e cheios de personalidade para que seus trejeitos fossem muito bem colocados na tela pelo diretor, de modo que Aram teve atos mais fortes com as drogas e com o serviço extra que faz, botando uma entonação expressiva de alguém que usufrui das emoções no nível máximo, e assim consegue chamar muita atenção, enquanto Mahmoud já deu uma densidade mais séria para seu papel, fazendo dinâmicas mais explosivas e assim sendo o centro das ideias. Quanto aos demais personagens, cada um teve a dinâmica colocada na tela mais para dar conexão aos protagonistas, ao ponto que não chegam a ter destaques, apenas sendo influenciados ou influenciando os rapazes nos devidos momentos.

Visualmente é uma trama bem simples, mostrando uma casa/alojamento aonde vários refugiados sobrevivem, com suas comidas, quartos e uma grande área de convivência aberta aonde jogam e conversam, uma praça aonde fazem seus golpes e furtos, o apartamento da mulher grega bem bagunçado sendo usado tanto na cena com a jovem se relacionando com o rapaz, quanto nos atos finais de crime, a casa do falsificador já mais rica, e uma pequena mata aonde o jovem se relaciona em troca de dinheiro, ou seja, tudo bem básico com muitas conversas no celular com pessoas em outros países, mas sem grandes chamarizes.

Enfim, é um filme intenso e bem chamativo do tema, que não trabalhou nenhuma situação baseada na realidade, mas que flui bem na tela e consegue envolver do começo ao fim com bons personagens e situações, e como a Imovision manda para poucos cinemas, muitos acabam nem vendo essas boas obras, valendo a assinatura do pacote. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Até a Última Gota (Straw)

6/25/2025 01:09:00 AM |

Sei que uma grande maioria já assistiu o longa da Netflix, "Até a Última Gota", afinal já fazem quase 20 dias que ele foi lançado, e ainda perdura como um dos mais assistidos da plataforma, mas não sei o motivo que estava com os dois pés atrás de conferir o longa com tanta gente falando tão bem (alguns até que sei que possuem gostos bem estranhos), mas eis que hoje depois de 5 bons amigos que confio na opinião me indicarem, resolvi dar a chance, e realmente é um tremendo filmaço, que tenho algumas ressalvas que irei comentar, a primeira já de cara pelo diretor colocar dois finais possíveis no fechamento, e ficarmos na dúvida qual realmente ocorreu, e a segunda menos impactante é que sabemos que metade das negociações não aconteceria daquela forma de maneira alguma, pois sabemos o nível de brucutus que a polícia americana tem em seus departamentos. Dito isso, foi até engraçado que logo no comecinho do filme cheguei até a pensar na possibilidade do ponto de inversão (ou plot twist como muitos chamam), mas como o diretor foi brincando bem com todo o restante até acabei esquecendo dele, e quando ocorreu meu queixo caiu, pois realmente era o que tinha pensado, e foi muito forte pela entrega em si, e claro sabemos bem a vida da maioria das mães solo negras principalmente, então o diretor foi cirúrgico no desenvolvimento de tudo, e se duvidar é filme para aparecer fácil em premiações, então vamos aguardar! E claro, quem não viu ainda, pode dar o play que agora, eu garanto!

A sinopse nos conta que uma mãe solteira enfrenta uma série de eventos infelizes, que a levam por um caminho imprevisto, onde ela se envolve em uma situação que nunca imaginou, encontrando-se no centro das suspeitas em um mundo indiferente.

O mais bacana do estilo do diretor e roteirista Tyler Perry é que ele é daqueles que sabe conduzir bem uma trama sem fazer com que tudo exploda fácil, e aqui como disse no começo, eu mesmo já tinha matado a charada, mas ele me fez esquecer dela completamente durante tudo o que vai acontecendo, com as insanidades e tudo mais, que quando volta na pegada já achei brilhante, ou seja, soube amarrar tudo com um laço, entregando tantas dinâmicas que a base principal vira irrelevante num primeiro momento, e depois funciona demais. Claro que esse é seu jeito de trabalhar, e a proposta aqui foi muito ousada, afinal poderia dar milhões de erros, poderia ficar completamente inverossímil, mas agrada com toda a pegada possível, e assim facilmente virou um sucesso na plataforma, aonde muitos se emocionam ao se conectar com a jornada da protagonista, outros se irritam com tudo o que vai acontecendo, mas uma coisa acaba sendo inegável, o diretor não deixa que você saia da sessão sem um sentimento, e digo mais, mesmo quem tem mania de ver filme picotado na plataforma não conseguirá desgrudar o olho da tela, e isso é fazer cinema da forma mais acertada possível.

Quanto das atuações, diria que Taraji P. Henson assinou mais o filme que o diretor, pois facilmente o longa não era um filme de ator, como costumamos chamar longas aonde nem lembramos do diretor, e sim das dinâmicas e entregas na tela, e o filme tinha a pegada fácil para algo mais propriamente dito de desenvolvimentos de direção, mas a Janiyah dela tem vida própria, ao ponto que você vê facilmente na tela seus improvisos, seu desespero e todos os trejeitos perfeitamente escolhidos para fazer com que o público fixe o olhar na tela, se conecte com ela, e ao final tenha vontade de abraçar e levar ela para fora do banco assim como a gerente fez, ou seja, foi mais do que perfeita. Outra que foi tão precisa, embora um pouco "forçada" demais, foi Teyana Taylor com sua Detetive Raymond, de modo que trabalhou bem a intensidade da personagem, e claro do roteiro que lhe foi dado, sabendo se impor bastante, porém como disse, exagerou um pouco nos trejeitos, de modo que parecia mais uma modelo do que uma policial, e isso pesou um pouco na entrega, e se fosse na vida real, qualquer um dos demais policiais não apostaria uma vírgula nela. Ainda vale claro dar um belo destaque para Sherri Shepherd como a gerente do banco que mesmo apavorada com tudo o que estava acontecendo, ainda teve humanidade e transpareceu todas suas emoções e desenvolturas na tela, ao ponto que chama a atenção para si sem roubar a da protagonista, ou seja, foi bem no que fez.

Visualmente a trama teve uma pegada bem marcante, com cenas de crimes fortes desde a batida do carro pelo policial e sua intensidade no meio da chuva, o despejo com todas as coisas jogadas para fora, a cena no corredor da escola, o mercado abarrotado de clientes (não sei se algum tipo de promoção), o assalto no mercado, e claro todo o restante da trama dentro de um banco simples, tradicional, com suas mesas de atendimento, caixas e tudo mais que vemos em muitos filmes e na vida real também, com diversos carros de polícia, FBI e tudo mais do lado de fora, além da arma e da bomba de brinquedo, ou seja, tudo bem funcional para marcar e agradar, além da multidão que aparece com suas faixas de protesto para a dinâmica do longa, e depois toda a revelação marcante mostrando tudo tintim por tintim.

Enfim, é daqueles filmes que certamente ficam marcados por acertar tão bem o público, que não fica jogado em momento algum, e principalmente que consegue envolver dentro de uma história cheia de facetas que poderiam dar muito errado, mas que felizmente não deu, e sendo assim vale muito a pena recomendar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Looke - Santosh: Vozes da Hierarquia (Santosh)

6/24/2025 09:36:00 AM |

Costumo dizer que ver filmes de histórias reais de outros países é bom para darmos valor ao que temos, e mesmo que vejamos sistemas ruins de saúde, de polícia e até de política conseguimos comparar que não é só aqui que o que vale é o dinheiro e que por vezes tudo é abafado por grandões que acabam fazendo os pequenos sofrerem em seu nome, ou seja, pode ser que muitas vezes você verá algo semelhante ao que conhece de ruim em seu próprio país, mas certamente pensará o quanto aqui já mudou para não ser tão impactante da mesma forma. Comecei o texto de "Santosh: Vozes da Hierarquia" dessa forma, pois o drama indiano é baseado em uma história real e a diretora pesquisou bastante das formas de tortura, do desdém que a polícia feminina sofre no país, e até mesmo como alguns crimes de castas maiores acabam abafados usando pessoas de castas menores apenas para dar uma sensação de "justiça" no povo, ou seja, algo feio de se ver, mas que muitas vezes acontece bem perto da sua casa, e ninguém pensa em mudar isso, ou até pensa, mas será que conseguirá? Então o longa tem pegadas fortes e bem trabalhadas na tela, que tem o mesmo defeito de muitos longas indianos que é a duração extensa, que facilmente aqui daria para cortar uns 20 minutos pelo menos que representaria da mesma forma, porém a essência consegue prender na tela, e mostra o motivo que o longa fez tanto sucesso nos festivais e premiações por onde passou, inclusive quase chegando entre os indicados ao Oscar 2025.

O longa nos mostra que um esquema do governo faz com que Santosh, uma recém-viúva, herde o trabalho de seu marido como policial nas terras rurais do norte da Índia. Quando uma menina de casta inferior é assassinada, Santosh é puxada para a investigação e começa a explorar seu novo poder, enquanto se envolve em uma teia de misoginia e preconceito.

O mais interessante da estreia em ficções da diretora e roteirista Sandhya Suri é que ela antes como documentarista fez outros longas e curtas em cima da temática do abuso policial, do feminicídio na Índia e até mesmo um estudo de castas, ou seja, trabalhou com temas polêmicos no país antes de juntar tudo em uma obra só que deu uma boa pegada cênica, e claro acabou chamando muita atenção por onde quer que passasse, tanto que em Cannes foi bem visto, no Bafta acabou concorrendo entre grandes nomes, e só não entrou no Oscar por ter sido um ano bem marcante entre os concorrentes estrangeiros. E dessa forma ela mostrou que tem estilo e ousadia, pois certamente muitos no país vão olhar meio que torto para ela, ainda mais que o cinema indiano depende muito de junções de produtoras e investimentos do governo, mas sempre é bom fazer uma boa denúncia dentro do cinema ficcional, que se tudo der errado, fala que foi tudo uma grande invenção, e nesse sentido o acerto da diretora foi perfeito.

Quanto das atuações, a jovem Shahana Goswami foi até expressiva demais para sua Santosh, pois alguns atos como uma policial aprendendo o serviço tinha alguns olhares exagerados demais, com nuances que chegaram a incomodar, mas fazendo alguns traquejos curiosos conseguiu mostrar que quem quer vai atrás, só que muitas vezes não serve para nada, e assim sendo sua entrega funciona bem na proposta, mas dava para ser menos impulsiva de trejeitos. E um bom exemplo de ser mais suave de trejeitos é o que Sunita Rajwar fez com sua Sharma, pois mesmo sendo uma policial experiente e violenta de atitudes, não saiu de sua paz expressiva em momento algum, e isso é saber dosar a espiritualidade na medida para que tudo fosse bem colocado na tela. Quanto aos demais personagens, a maioria dá apenas conexões para as protagonistas, tendo alguns atos bem fortes com o garoto sendo torturado, e outros bem incômodos com os homens da casta superior e alguns policiais que fingiam nem existir a polícia feminina, mas que fizeram bem o que precisavam na tela.

Visualmente a trama foi bem interessante por mostrar os aposentos da polícia ao redor da própria delegacia, vivendo seus dias ali, vemos como uma mulher viúva acaba sofrendo as consequências e opções no país, e claro é mostrado também as vilas mais simples, daqueles que vivem de colheitas com seus donos de castas superiores vivendo do bem bom enquanto os demais ali sofrem, tudo muito sujo e abandonado, entre outros detalhes que já vimos em outros filmes indianos sem serem dos luxuosos ricos. 

Enfim, é um filme bem denso, que mesmo sendo um pouco alongado entrega na tela toda a proposta com dinâmicas fortes e chamativas, ao ponto que vale ver tanto por ser algo real que aconteceu e acontece quase que sempre no país, como também para a reflexão do que ocorre mundo afora de forma bem semelhante. Só diria que talvez tenha faltado um pouco mais de emoção para nos envolvermos mais com tudo, mas nem sempre isso ocorre! E é isso meus amigos, fica a dica para a conferida dentro do Looke, que tem uma gama bem grande de filmes (alguns bem estranhos) por um bom preço, ou locando ele nas demais plataformas (Prime Video, Youtube e AppleTV). Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Expiação (Święty) (Saint)

6/22/2025 02:24:00 AM |

Hoje tive que estudar um pouco para começar a escrever do longa polonês da Amazon Prime Video, "Expiação", pois primeiro que não conhecia o termo em si, e descobri que é algo meio como um tipo de purificação de crimes ou castigos, algo semelhante a uma penitência, depois fui tentar entender o que era a tal SB que tanto falavam e descobri que era a alta polícia polonesa que mantinha o regime no país até o final dos anos 80, e com essas pesquisas até posso dizer que entendi um pouco mais o longa, mas só de precisar dessas pesquisas já me desanima indicar qualquer filme, pois sempre falei que uma trama tem de depender sozinha do que é mostrado na tela, e não ficar forçando coisas além, e dito isso, o longa tem uma pegada até que bem densa de uma investigação de roubo de uma escultura dentro da catedral da cidade, aonde vemos o envolvimento da mulher do investigador, do chefe da polícia local e também de um antigo amigo dele que agora pertence a tal SB, ou seja, tudo bem amplo que daria para causar mais, porém não ocorreu, e assim sendo o filme ficou meio que morno demais, confuso demais, e sendo daqueles que você fica se perguntando aonde desejavam realmente chegar.

Baseado em uma história real, o longa nos situa na Polônia em 1984, aonde investigação sobre uma relíquia católica toma um rumo inesperado quando o detetive descobre uma rede que sugere um crime com implicações políticas de grande alcance.

Diria que o diretor e roteirista Sebastian Buttny até trabalhou bem seu material na tela, principalmente para quem conhece tudo o que foi o mundo dos anos 80 na Polônia, porém para quem desconhece as siglas e as ocorrências da época certamente ficará igual eu fiquei esperando algo maior acontecer, ou alguma situação explosiva chamar mais atenção, mas não, tudo é linear demais, as situações não se conectam como deveriam, e ao final temos algo tão solto que ficou parecendo que o diretor desistiu do que iria mostrar e foi embora para casa. Ou seja, tem tantas falhas no longa que é difícil defender o diretor, apenas posso dizer que de certa forma atiça a curiosidade, pois ficamos esperando o tempo todo uma resolução satisfatória para o mistério, mas não era essa a ideia do longa.

Quanto das atuações Mateusz Kosciukiewicz com seu Andrzej Baran até trabalhou uma síntese policial marcante, deu dinâmica e intensidade para seus momentos, e até tentou ir mais além com sua entrega, porém o foco do filme parace largar o protagonista sozinho em diversos momentos, o que não deveria ocorrer, e assim ele acaba se perdendo nos atos mais fortes. Michal Wlodarczyk até tentou fazer com que seu Grzesiek Leszczynski fosse imponente, mas surge meio que do nada e logo está bem conectado ao protagonista, ficando estranho essa interação fácil sem ser uma parceria comum dentro das diversas polícias. Ainda estou tentando entender qual era a relação completa de Lena Góra com sua Jola Baran, se era realmente a esposa do protagonista, ou apenas uma agente infiltrada, de modo que seus atos emotivos ficaram estranhos demais para empolgar, e os outros momentos mais fechados não entregaram sua proposta, ou seja, um desperdício da atriz no papel. Dobromir Dymecki trabalhou seu Marian Porebski meio como um amigo distante, mas também alguém de dupla personalidade na tela, ao ponto que pareceu bem colocado, sem botar muita banca, o que acabou estranho de ver. Ainda tivemos outros papeis estranhos, valendo leves destaques para Leszek Lichota com seu Padre Stefan sem querer ajudar como deveria e Andrzej Musial como o Capitão Karski que parecia apenas querer o carro do protagonista, além de dois "culpados" colocados em cena, parecendo mais perdidos que tudo.

Visualmente o longa até tem uma densidade interessante, mostrando uma catedral em reformas, alguns ambientes de reuniões da polícia, a casa do protagonista e algumas delegacias meio que diferentes, tendo os fiéis da igreja rezando na frente para acharem logo o santo roubado, e uma reconstituição meio que chamativa e forçada demais, ou seja, tudo com um tom frio regado a muita vodca e café.

Enfim, é um filme que aparentava ser bem mais interessante, mas que foi básico demais, não fluindo tanto quanto poderia, e acabando sem um fechamento decente, e assim sendo não posso recomendar ele, a não ser que você seja um expert na cultura polonesa dos anos 80. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Nossos Tempos (Nuestros Tiempos) (Our Times)

6/21/2025 01:46:00 PM |

Sempre que vejo alguma pessoa mais velha falando: "na nossa época que era bom!", fico pensando quais parâmetros a pessoa levou para pensar nesse sentido, e se daqui uns bons anos se ainda estiver no mundo também irei falar essa frase em determinada situação! E usando desse artifício, sem precisar pesar a mão, fizeram o longa mexicano "Nossos Tempos", que entrou em cartaz na Netflix umas semanas atrás, e fiquei muito pensativo em dar o play, primeiro por parecer algo bobo demais, depois que sabemos que quando mexicanos misturam comicidade e drama acabam surgindo novelas, mas felizmente aqui souberam utilizar com um bom primor a ideia contrária da maioria dos filmes de viagem temporal, afinal ao invés de irem para o passado arrumar algo, vemos um casal de cientistas que sai dos anos 60 e vem parar em um 2025 completamente oposto de ideologias e dimensões, principalmente no mundo da ciência, que era quase que totalitário masculino, e hoje tem grandes cientistas premiadas, antes tudo era voltado para o casamento e hoje as relações são passageiras e apenas voltadas para o prazer pessoal. E claro que isso vai acabar criando atritos entre os personagens, e a sacada de fechamento foi muito boa realmente, ao ponto que na minha humilde opinião nem precisaria da cena exata de fechamento, mas que acabou bem romantizada para funcionar na tela. Ou seja, é um filme que dá para explorar tanto o pensamento crítico do mundo atual contra o mundo do passado, e como será no futuro, que mesmo tendo um ar cômico dentro da base principal, a trama flui fácil e agrada bastante.

O longa nos situa em 1966, no México, aonde vemos uma física e jovem cientista chamada Nora que decide colocar à prova uma teoria científica que diz que, a cada trinta anos, um buraco de minhoca se forma e abre a possibilidade de viajar no tempo. Ela constrói uma máquina com a ajuda de seu marido Héctor, um jovem físico também, que parece ser capaz de transportar os dois pelo tempo e espaço. Quando eles conseguem viajar por acidente para o ano de 2025, Nora se adapta perfeitamente a esta nova era, enquanto Héctor enfrenta dificuldades. Um dilema, então, surge: retornar para a época em que nasceram ou permanecer no futuro. Nora se divide entre o amor por Héctor e um mundo bem diferente e mais promissor para as mulheres. Será que a relação dos dois vai sobreviver aos novos tempos?

É interessante observar que o diretor Chava Cartas já virou um dos mais queridinhos da Netflix, tendo pelo menos um filme seu por ano na plataforma, e o mais engraçado é que todos estão na minha lista e não dei play em nenhum, sendo esse o primeiro que venho a conhecer seu estilo, e se os demais forem na mesma pegada, com certeza acabarei dando o play neles, pois trabalhou com um orçamento limitado, porém cheio de ambientes diferenciados, não usando tanto de computação para que sua máquina do tempo tivesse um certo ar rústico bem trabalhado mesmo dos anos 60, e usou bem o texto do roteiro para que os diálogos seguissem bastante um padrão cômico sem ficar bobo e escrachado. Ou seja, ele desenvolveu a base de modo que tudo fosse criativo e conectasse tanto o mundo atual incorreto, quanto o do passado correto, e vice-versa, o que deu um ar dinâmico e bem agradável de acompanhar.

Quanto das atuações, diria que Lucero entregou para sua Nora muita personalidade e controle dos seus atos tanto no passado quanto no presente, brincando com as facetas do mundo moderno e ao se ver mais empoderada no mundo atual se soltou completamente, entrando tanto no clima que nem parece estar deslocada, e assim soube dominar seus trejeitos e brincar com o que o longa pedia. Já Benny Ibarra fez com que seu Héctor mesmo no presente ficasse preso no passado, tanto visualmente pelas vestimentas, quanto pela entrega em si, e seus trejeitos desanimando conforme tudo ia acontecendo foram bem encaixados pelo ator para fazer os diferenciais das duas épocas, ou seja, encontraram um bom ator para fazer isso, pois poderia soar falso esse estilo mais preso. Tivemos outros momentos interessantes com outros atores e personagens, mas como a base e o foco fica bem mais nos protagonistas, nem vale tanto destacar os demais que aparecem na tela, tendo Ofelia Medina com sua Julia e Renata Vaca com sua Alondra, um pouco mais de atos expressivos de conexão com os protagonistas, mas nada que fosse impressionante de ter relevância.

Visualmente a equipe de arte foi muito esperta, pois nas cenas do passado não mostrou tanto as ruas e os ambientes em si, tendo uma sala de aula, o laboratório dos cientistas e a casa deles, validando tudo com os figurinos e pequenos detalhes em si no ambiente e do famoso cartão de ponto antigo na sala da reitoria, além claro da rusticidade da máquina do tempo com muitos botões e aparatos bem detalhados para não jogar a computação em jogo, aí quando chegamos no presente temos os grandes prédios, uma faculdade já cheia de panfletagens, celulares, bebidas e roupas mais despojadas, contrastando bastante na tela, e chamando muita atenção no resultado final.

Enfim, é um filme que demorei até que um certo tempo pensando se daria play ou não, mas que acabou sendo interessante na proposta para refletir um pouco e divertido de conferir, então acaba sendo algo que vale indicar para os demais amigos que estiverem com receio de assistir na Netflix. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Elio em 3D (Elio)

6/19/2025 11:45:00 PM |

É até estranho se pensar em ver um filme sobre solidão ou se sentir sozinho com um Universo gigantesco que temos, ainda mais no formato de animação com um garotinho que acabou de perder os pais e vai viver com a tia, uma major da aeronáutica, mas vindo da Disney/Pixar era algo que certamente poderíamos imaginar ao menos uma trama grandiosa, cheia de nuances e tudo mais que fizesse o público desabar com a história, afinal que pessoa nunca quis viajar para o mundo dos alienígenas, falar com seres de outros planetas (é claro os pacíficos!), e até ser confundido como o líder da Terra? Porém, mesmo bem bonitinho, o longa acabou ficando morno demais, sendo daqueles que você assiste e parece não ter um sentimento para definir, ou seja, ficou parecendo que a Pixar segurou demais a equipe de direção e ao final não entregou algo que emocionasse como deveria. Claro que passa bem longe de ser algo ruim, pois é bonito, tem entrega e tudo mais, os personagens são interessantes, mas com toda sinceridade daqui alguns dias nem lembrarei de ter visto ele.

O longa nos conta que Elio é um menino de 11 anos extremamente sonhador, artístico e criativo. Sua dificuldade em se encaixar o torna um garoto solitário, mas muito imaginativo. Sua fascinação pelo espaço e sua obsessão por aliens e vida fora da Terra acabam o levando por engano para Comuniverso, um reino onde opera uma organização interplanetária que abriga representantes de múltiplas e diferentes galáxias. A aventura dos sonhos de Elio começa e rapidamente ele é confundido pelas criaturas como o embaixador e líder da Terra. A partir daí, o menino precisa superar confusões e crises intergalácticas, formar laços com vidas alienígenas e descobrir quem ele realmente é e qual é o seu verdadeiro destino.

Sei que animação é algo complexo de se filmar e geralmente são feitos por duplas de diretores e roteiristas, mas aqui com três diretores de ideologias bem diferentes, um fez "Viva", o outro "Red" e um terceiro estreante na função, acabaram entregando algo exageradamente amplo de ideias e ideais, ao ponto que o resultado até é bonito de ver, mas que o público acaba saindo da sessão sem um sentimento pela trama. Ou seja, diria que faltou um consenso maior para a equipe de direção escolher o rumo mais acertado da trama, para que ao final aquele gostinho de emoção tradicional dos filmes da Pixar funcionasse, mas ainda assim volto a frisar que ficou bonito e tecnicamente impecável, porém acostumamos com um padrão alto demais da companhia, e o básico é algo inaceitável por lá.

Quanto dos personagens, nesse sentido podemos dizer que o garotinho Elio é muito simpático, tem uma pegada meio que fechada demais, porém consegue sobrepor isso com seu carisma e dinâmicas, ao ponto que até chegamos a nos afeiçoar a ele, e isso é o mais importante em uma produção que leva seu nome, ou seja, souberam brincar bem com toda a atitude sonhadora do jovem e sua entrega na tela. Agora quem não desejar ser amigo de Glordon já perdeu o amor a vida, pois o alienígena é muito carismático, tem dinâmicas divertidas e se entrega completamente para uma amizade com o protagonista, de modo que não é apenas aquele bicho bonitinho jogado na tela para fazer gracejos, mas tendo aquele algo a mais funciona bastante. Ainda tivemos outros bons personagens como os vários aliens do Comuniverso, e a tia do garoto, mas todos ficando mais em segundo plano.

Agora visualmente o longa é um luxo, belíssimo, com um céu cheio de profundidade, um realismo monstruoso em cima dos diversos objetos e detritos que estão ao redor da Terra, mostrando o motivo de muitas viagens não acontecerem, fora toda a tecnologia alienígena com bebidas, tradutores diretos, entre muitos outros aparatos, muitas cores diferentes na tela, além de todo o lado violento de um ser com sua armadura, que por dentro é fofinho e bonitinho, ou seja, a equipe soube valorizar até o rádio amador e tudo mais com os objetos cênicos. E quanto do 3D, temos muita imersão, dando uma profundidade cênica belíssima, que quem gosta de coisas saindo da tela irá reclamar um pouco, mas do contrário o envolvimento flui demais.

Enfim, é um longa bem feito, com uma proposta muito interessante, que talvez tenha faltado atitude para ousar mais na tela, e não ser apenas algo bonitinho de se ver, e depois esquecer, então fica a dica para quem for conferir com a criançada não ir esperando tanta coisa, pois não vai acontecer. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.

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Extermínio: A Evolução (28 Years Later)

6/19/2025 02:41:00 AM |

Quem me segue nas redes sociais viu que peguei para rever (ou ver no caso do segundo filme) os longas "Extermínio" e "Extermínio 2" nas últimas semanas, porém foi um tempo digamos apenas desperdiçado (embora sejam ótimos filmes), já que poderia ter visto algo novo, mas tudo bem, afinal como não gosto de ler nada antes de conferir um filme, imaginava que o novo "Extermínio: A Evolução" fosse usar algo deles, que fosse pelo menos do primeiro que é do mesmo diretor e do mesmo roteirista, mas não usaram absolutamente nada, de modo que quem for conferir basta saber que um vírus dizimou a população da Grã-Bretanha, e alguns poucos sobreviventes 28 anos depois da epidemia se encontram isolados em ilhas e/ou comunidades com suas próprias regras, afinal no continente os zumbis que não morreram de fome seguem comendo o que tiver na sua frente com um instinto assassino, e ponto final. A partir daí temos um longa que saiu do terror e caiu mais para o suspense, com um jovem que após um conflito resolve sair em busca de um médico para curar sua mãe doente, e vemos sua jornada com tudo que ocorre. O mais engraçado é que a trama teve tudo para me deixar irritado: coisas sem explicação (como os zumbis viraram clãs?), ritmo meio que devagar para quem viu os outros longas frenéticos, e principalmente sem um fechamento efetivo (sim, o longa tem um começo/meio/fim, mas fecha com algo novo no meio de uma nova jornada do garoto), mas acabei envolvido com o estilo que me foi entregue, ao ponto que gostei bastante do que vi, e assim espero que a continuação venha logo, afinal quero saber o que vai rolar!

A sinopse nos conta que já se passaram quase três décadas desde que o vírus da raiva escapou de um laboratório de armas biológicas e, neste momento, mesmo permanecendo em uma quarentena implacável, alguns encontraram maneiras de existir em meio aos infectados. Um desses grupos de sobreviventes vive em uma pequena ilha conectada ao continente por uma única passagem fortemente defendida. Quando um dos grupos deixa a ilha em uma missão no coração escuro do continente, ele descobre segredos, maravilhas e horrores que provocaram mutações não apenas nos infectados, mas também em outros sobreviventes.

Claro que estava com uma expectativa bem alta para o filme, afinal voltando o diretor Danny Boyle e o roteirista Alex Garland, que fizeram o original lá em 2002 quando praticamente ninguém falava em epidemia, pandemia, quarentena e tudo mais que aprendemos a colocar nos nossos vocabulários e nem eles eram tão famosos, porém acredito que justamente por sabermos bem mais sobre o assunto que ele quis ir por um outro vértice, que é o famoso fato da jornada do herói, de tentar levar alguém que irá experimentar o caos, tendo nascido já fora do mundo normal, e ao buscar a cura de uma doença que sua mãe tem que ninguém sabe (ou quer) lhe explicar o que é, acabou dando um tom bem mais "inteligente" para a proposta. Claro que dava para ter trabalhado um pouco mais algumas dinâmicas e enxugado outras, mas o diretor com seu estilo mais fechado soube trabalhar bem o roteiro e brincar com as facetas que tinha para usar, agora é ver como a continuação se sairá com Nia DaCosta, afinal o diretor deixou a parte dois do roteiro de Garland para que a jovem diretora dê o tom, e detalhe que já está em pós-produção, ou seja, já foi filmado e estreia no ano que vem!

Quanto das atuações, posso falar que o jovem Alfie Williams estreou um papel de protagonismo com todas as letras possíveis, pois o filme é de seu Spike do começo ao fim, fazendo trejeitos bem marcantes e chamativos, conseguindo amarrar seus elos sem forçar, e principalmente dominando a presença cênica, algo que muitos atores experientes não conseguem fazer durante uma trama inteira, ou seja, dá para apostar nele quando ficar mais velho, claro se não desandar. Jodie Comer trabalhou sua Isla com muita personalidade, e seus atos confusos são tão impecáveis que bate até um certo desespero, e quando lúcida seu semblante muda por completo, ou seja, se jogou bem e soube segurar as dinâmicas na tela junto do garoto. Aaron Taylor-Johnson é daqueles atores que pedem o filme para si, e seu Jamie é explosivo e chamativo até demais nos primeiros momentos da trama, de forma que quase rouba a cena para si, mas ao menos fez bem a passagem e trabalhou com algo centrado no que fez, o que não acabou estragando o longa. Agora quem também valeria terem explorado mais é Ralph Fiennes com seu Dr. Kelson, pois o ator domina o que tiver que fazer, da cor que o colocarem ou com um quilo de maquiagem, e aqui ele soube ser sutil e impactante com a densidade que o papel e o momento pedia, mas que não vai muito além por ser importante apenas ali. Tivemos alguns outros personagens, mas a trama de nenhum se desenvolveu, então nem vou destacar mais ninguém, afinal quem não morreu rápido, apareceu pouco, e assim não vale as teclas do teclado.

Diferente dos outros dois filmes da série que são extremamente escuros (assisti eles em 4K e olha que a TV penou para detalhar alguns atos), aqui tivemos no contexto visual muito verde, cenas com sol e boas dinâmicas dentro dos tons mais amplos, ao ponto que tudo cenograficamente funciona e é possível ver em detalhes, desde a vila na ilha com suas casinhas tradicionais, uma festa ampla de recepção para a volta da primeira caça do garoto, uma casa abandonada praticamente caindo aos pedaços na floresta aonde o jovem e o pai se escondem, depois uma igreja bem destruída aonde o rapaz e a mãe dormem, um trem abandonado, um posto de combustíveis com uma cena bem explosiva, e claro toda a floresta, os zumbis bem magros nus correndo iguais uns malucos com tudo balançando, outros zumbis gigantescos e gordos, e claro muito sangue para tentar impactar.

Sonoramente a música do trailer, e que é usada no filme, para quem não conhece é um poema chamado "Boots" de Rudyard Kipling, que descreve a marcha da infantaria britânica pelos assentamentos da África, aonde muitos morreram marchando sem parar com uma tortura psicológica monstruosa que até hoje é usada em muitos treinamentos militares, e além dela o longa conta com várias outras canções e trilhas que deram a devida dinâmica na tela.

Enfim, posso dizer que gostei bastante do que vi, mas que talvez com poucos ajustes mais explicativos, e quem sabe cortar alguns elos desnecessários o resultado surpreenderia e impactaria bem mais, mas ainda assim é um ótimo filme para ser conferido agora, ou no ano que vem para já ir ver a continuação direta. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Stella: Vítima e Culpada (Stella. Ein leben.) (Stella. A Life)

6/17/2025 01:16:00 AM |

Uma coisa interessante sobre o pós-Segunda Guerra Mundial é que muitos alemães não conseguiram se imaginar culpados, alguns ignoraram tudo o que tinha acontecido, outros sentiam vergonha, e passados lá mais de 80 anos, aonde já praticamente toda a população da época foi renovada, alguns nem saberão direito o que aconteceu em seu país, ou seja, um triste fato complexo que se não bem trabalhado pode virar um mito de algo que não deveria ser apagado, para que não seja cometido o mesmo erro. E um jeito bacana de não se apagar as memórias é com o cinema, e felizmente muitos diretores tem trabalhado boas histórias envolvendo o período dos anos 40 na Alemanha, e com "Stella: Vítima e Culpada" nos é pautado a vida de uma jovem judia alemã, que com o medo máximo e toda a pressão sofrida em cima dela para que fosse jogada para Auschwitz, acabou caindo nas graças de um general da SS e delatou diversos conhecidos judeus para morrerem no seu lugar. E ao final vemos os julgamentos pelos quais passou pós-guerra, ou seja, algo bem tenso que ficou marcado nela e na sua memória com o final que teve. Ou seja, é daqueles filmes que você fica pensando aonde desejavam chegar, que até poderia parecer algo ingênuo da parte dela, ou egocêntrico demais, mas se analisarmos bem, provavelmente faríamos o mesmo, afinal queremos é salvar a nossa pele, e claro nossos mais próximos.

O longa nos conta que Stella é uma jovem judia alemã que cresceu em Berlim durante o regime nazista. Apesar da repressão no país, ela sonha em ser cantora de jazz. A vida da garota se transforma em uma tragédia quando, em fevereiro de 1943, ela é forçada a se esconder com os pais. Porém, após ser capturada e torturada pela Gestapo, Stella aceita uma condição para evitar que ela e a família sejam mandados para o campo de concentração de Auschwitz: trair e delatar outros judeus.

Diria que o diretor e roteirista Kilian Riedhof foi bem sincero no posicionamento que teve para criar seu filme, baseando tanto na história de Stella quanto nas decisões dos julgamentos que ocorreram pós-guerra, pois vemos toda a dinâmica mostrando bem o que a jovem sofreu em diversos momentos, e também o que aproveitou em outros momentos, ao ponto que dá para balancear bem toda a essência na tela e encontrar tanto a dinâmica forte dos atos, quanto também o olhar do diretor para cima da personagem em si. Ou seja, ele trabalhou o contexto forte dando sua opinião na tela, mas soube criar as dinâmicas de modo que tudo ficasse bem elaborado para termos a opinião da personagem, e claro a nossa opinião, e isso é excelente de ver na tela, pois não segura a dinâmica nem força ao gosto de situações não preparadas, e em filmes que sabemos que o tema é polêmico, essa abertura dá para as nuances aquele algo a mais que sempre esperamos ver acontecer.

Quanto das atuações, diria que a jovem Paula Beer se jogou por completo no papel de sua Stella, de modo que teve todo o lado gracioso de uma jovem cantora, soube ser sexy para ter todos, inclusive pessoas do outro lado, aos seus gracejos, e sabiamente trabalhou a tensão no olhar nos atos mais intensos, ou seja, dominou bem tudo o que o filme pedia para seu papel. Jannis Niewöhner trabalhou seu Rolf com uma presença sem igual, sendo esperto nas nuances, desenvolto nas cenas mais pegadas, e principalmente não ficando fácil como alguém amplo para ser pego pelos nazistas, sabendo jogar bem o jogo e mostrando que é um jovem em ascensão total. Talvez até desse para dar mais alguns destaques entre os personagens secundários, mas cada um foi melhor como conexão para os dois protagonistas, e assim posso dizer que a dinâmica entre todos foram bem duras e marcantes, não ficando algo solto na tela, o que é muito bom de ser visto.

Visualmente a trama mostrou inicialmente os ensaios e os shows do jovem grupo de jazz, com muitos instrumentos e disposição sensual de todos para o ritmo, mesmo no meio de um caos rolando na cidade, vemos todas as dinâmicas de pessoas se escondendo, enquanto outras sendo presas, a cidade caindo com os bombardeios, e claro os atos de interrogatório bem fortes, os trens partindo cheios de judeus, as prisões da cidade, e toda a interação da Gestapo pegando as pessoas desprevenidas através de delatores, ou seja, tudo muito forte e marcante com as devidas cenas preparadas realmente para impactar. E ao final tivemos os julgamentos da moça, e também uma versão sua velha em 1984.

Enfim, é um longa muito forte e cheio de atos marcantes, que conseguiu ser bem representativo tanto da época quanto de como muitos alemães enxergaram as dinâmicas da guerra dentro do seu país, sendo eles judeus ou não, e isso é a grande reflexão que propus no começo do texto, pois vale parar um pouco após o final do longa para pensar além com tudo o que anda acontecendo no mundo. E é isso meus amigos, fica então a dica para conferir o longa nos cinemas a partir da próxima quinta, 19/06, e eu fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Mares Filmes pela oportunidade de conferir o longa na cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.


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Telecine - Oeste Outra Vez

6/16/2025 12:58:00 AM |

Desde que ganhou como Melhor Filme em Gramado no ano passado fiquei com vontade de conferir "Oeste Outra Vez", porém passou a premiação, passou a época de estreia nos cinemas e nada de surgir no interior, até que agora chegou no streaming da Telecine, e pude conferir essa obra que trabalha um conceito clássico de filme de bangue bangue, porém numa pegada mais regionalizada do nosso país, no caso o cerrado de Goiás, e o conflito clássico de mulher. O longa tem um estilo bem marcante e sólido dentro da vertente seca e direta, aonde os personagens são rústicos e conseguem passar praticamente nenhuma sensibilidade em seus atos, o que funciona bem, porém dava para terem desenvolvido mais o ambiente e as nuances, pois é tudo muito seco e truculento, não dando margem para ambientações, e assim sendo o resultado até agrada numa primeira olhada, mas ao pensar se amanhã lembraria de algo que ele tenha me feito sentir, aí já não é garantia, pois faltou aquele algo a mais que procuramos em um filme do estilo.

Ambientado no sertão de Goiás, o longa acompanha a história de Totó e Durval (Babu Santana), cuja trajetória se entrelaça de forma trágica: ambos, abandonados pela mesma mulher, despertam uma rivalidade intensa e destrutiva. Inspirado nos elementos clássicos do faroeste, o filme explora a angústia e a amargura daqueles que se veem perdidos sem o apoio de quem amam. Confrontados com a própria vulnerabilidade, os dois encaram um conflito brutal, que reflete disputas pessoais, o choque de tradições e a inevitável passagem do tempo. No sertão, o palco se transforma em um espaço onde honra, orgulho e desespero se misturam, revelando a essência de homens forjados pelo isolamento. Aos poucos, as cicatrizes de um passado repleto de desilusões e perdas irreparáveis são expostas, enquanto cada confronto intensifica a tensão das batalhas internas.

Diria que o estilo do diretor e roteirista Erico Rassi foi bem colocado na tela, ao ponto que sabendo sair do tradicional, acabou entregando uma trama densa e bem cheia de nuances em cima da pauta do homem abandonado que não aceita que sua mulher vá para outro, e essa formatação bem colocada mostra ainda mais o famoso não se responsabilizar, de forma que cada um dos envolvidos vai e contrata outro para resolver seus perrengues, ao invés dele próprio botar fim nisso. Ou seja, a arquitetura do texto do diretor é bem marcante e facilmente poderia ter ido ainda mais longe na tela, mas essa simplicidade cênica também acabou chamando a atenção pelos festivais que passou, conquistando prêmios e mostrando que dá para ser diferente e ousado com o cinema nacional mais vasto, basta querer.

Quanto das atuações, Ângelo Antônio soube segurar com seu Totó um ar denso do famoso apaixonado, aquele que ainda sente o carinho da esposa e não aceita outra pessoa no seu lugar, vivendo a base da bebida e arrumando confusão máxima com pessoas bem maiores que ele, e o ator aproveitou de traquejos tristes para que seu personagem tivesse um certo ar frágil que agrada dentro do contexto completo. Do outro lado tivemos o gigante Babu Santana com seu Durval, que apareceu pouco, mas se mostrou imponente na tela, não deixando barato que alguém viesse atrapalhar o seu sossego, e com as devidas nuances expressivas do ator, trabalhou seu personagem com personalidade e sem deixar a bola cair, mesmo já tendo caído na primeira briga. Ainda tivemos todo o estilo dos capangas ou pistoleiros vividos por Adanilo e Daniel Porpino de um lado, e do outro Rodger Rogério, cada um com sua personalidade e chamariz, mas todos embasados na mesma dinâmica completa da trama, e ainda a participação de Antônio Pitanga com seu Ermitão dividindo as experiências na tela.

Visualmente a trama mostrou bem o interior do Goiás, com casas simples, fazendas, muitos bares, ao ponto de quase parecerem realmente as cidades dos filmes de faroeste, tendo o ápice uma corrida de uma caminhonete contra um cavalo, fora todo o clima rural no meio das matas e o casebre aonde vão se esconder, tendo detalhes no comer todos dentro da mesma panela revezando as colheradas, o beber da pinga e depois chupar a fruta, entre outros muitos detalhes, além das armas para os tiros para todos os lados, acertando bem pouco quem deveria acertar. Agora um ponto belíssimo ficou para os vários tons do céu que a direção de fotografia conseguiu captar, misturando tons de verde das matas, tons marrons da aridez, da poeira e dos casebres, além de um céu com tons de azul, vermelho e amarelo, ou seja, uma paleta vasta e chamativa que incorporou tudo no sentido formatado pelo diretor.

Enfim, é um filme que tem seus méritos e mostra bem o que queriam na tela, sabendo ousar com diálogos truncados e sem grandes rodeios, mas que talvez se melhores desenvolvidos na tela levariam o longa para um patamar ainda maior. Ou seja, é daqueles filmes que em festivais funcionam incrivelmente bem, mas em sessões comerciais acabam não chamando tanta atenção, e por isso não deve ter chegado em tantas salas dos cinemas no país, o que não é um desmerecimento algum, valendo que agora pode ser conferido no streaming. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas voltando amanhã com mais textos por aqui, então abraços e até breve.


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Amazon Prime Video - Mensagem Em Uma Garrafa (Mensaje En Una Botella) (Message in a Bottle)

6/15/2025 07:00:00 PM |

Sabemos que a Argentina faz grandiosos dramas e suspenses, porém seu estilo cômico é bem puxado para o novelesco, e muitas vezes até chegam a enrolar demais para fazer suas tramas do estilo funcionar, mas como gosto bastante de tramas envolvendo viagens temporais e as mudanças que isso pode trazer na vida de alguém, eis que resolvi hoje dar play no longa da Amazon Prime Video, "Mensagem Em Uma Garrafa", que além de brincar com essa resolução, ainda colocou em pauta bons vinhos e suas formas de apreciação. Ou seja, é uma trama que se olharmos de relance não damos nada para ela, pois é bem simples de traquejos expressivos, e não chama tanta atenção pelos personagens e atores em si, mas é bem cheia de sacadas na tela que conseguem fazer um simples passatempo funcionar e agradar, mesmo com uma bagunça de idas e vindas gigante que quem se distrair um pouco da essência completa é capaz de não entender nada no final.

O longa nos conta que Denise é uma sommelier que descobre um método de enviar mensagens para o passado e usa-o para corrigir um erro. Ótima ideia... na teoria. Na prática, o presente foge do controle e cada tentativa de conserto piora tudo. Agora, presa num ciclo de caos, a sua vida parece mais um coquetel mal misturado do que um bom vinho. Será que ela vai escapar desta confusão antes de perder tudo?

Diria que o diretor e roteirista Gabriel Nesci soube usar bem toda a síntese da história para trabalhar tanto o conflitivo mundo dos somelliers de vinho argentino, suas interações com produtores, colecionadores, cozinheiros e tudo mais, além de brincar com a história familiar de uma jovem que não vivenciou os últimos dias do pai, que fazia seu próprio vinho com o nome dela usando uvas diferentes e que ninguém sabia comentar quais eram, ou seja, ele trabalhou bem essa essência marcante de notas, aromas e conhecimentos, com uma sacada cômica leve e bem alocada na tela, aonde não forçou a base em momento algum, e ainda assim desenvolveu boas dinâmicas. Claro que dava para trabalhar um elo um pouco menos novelesco, sem precisar de tantos personagens para que ficasse menos bagunçado, e também poderia ser menos anos desenvolvidos na tela, mas como a trama se enredou de uma forma diferenciada a cada momento, o resultado acaba sendo funcional, não sendo um incômodo a duração do longa.

Quanto das atuações Luisana Lopilato que já fez grandes papeis em series e filmes chegou com uma Denise bem disposta a mudanças e trejeitos diferenciados de acordo com as mudanças que o filme vai se compondo, brincando bastante com olhares e dinâmicas sempre mostrando o conflitivo mundo da sua cabeça, de suas escolhas e o resultado disso nos anos seguintes, ou seja, a atriz incorporou bem o papel e divertiu sem precisar forçar. Benjamín Amadeo soube segurar as dinâmicas de seu Tomás quase como um seguidor apaixonado pela protagonista, criando seus atos com firmeza, mas também solto para que não ficasse jogado na tela, e assim agradou com o que fez. Benjamín Vicuña já forçou um pouco mais para as ideologias maias, como um chef sem muito estilo, mas que brinca com a entrega na tela, sendo por vezes até um pouco exagerado, mas sem apelar ao menos. Ainda tivemos outros bons personagens e alguns forçados demais, valendo claro o destaque para Luis Machín com seu Alfredo que teve muitas mudanças visuais durante o longa e também Eduardo Blanco emocionando como o pai da protagonista em atos bem melancólicos, mas funcionais para o fechamento.

Visualmente a trama não é daquelas que quiseram ousar muito, mas foram bem marcantes nas cenas do campeonato de sommeliers, as adegas e bares riquíssimos com muitos rótulos de vinhos de todo o mundo, e alguns quartos e casas aonde ocorreram algumas dinâmicas, mas tudo bem envolto em cima dos vinhos mesmo espalhados por todos os cantos, e claro as mudanças de cabelo da protagonista.

Enfim, é um filme que com alguns deslizes no miolo que puxaram bem a trama para o lado novelesco confuso que quase fizeram tudo desandar, mas que souberam reverter bem depois para que o resultado final fosse agradável e até mais do que apenas um simples passatempo. Então fica a dica para a conferida, talvez acompanhada por um bom vinhozinho argentino, e eu fico por aqui agora, afinal hoje é domingo e pede mais um play no streaming, então abraços e até daqui a pouco com mais dicas.


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