Netflix - O Telefone do Sr. Harrigan (Mr. Harrigan's Phone)

10/05/2022 11:23:00 PM |

Costumo dizer que essa é a época que os amantes de filmes de terror ficam mais felizes e também mais revoltados, afinal aparecem tantos longas do gênero que nem sabemos por qual começar, e claro que surgem muitas porcarias, então precisa peneirar bem para encontrar os valem dar o play ou ir conferir nos cinemas. Então já dei uma boa dica de cinema que vi na segunda, e agora vai uma boa dica que surgiu na Netflix, "O Telefone do Sr. Harrigan", que não é daqueles assustadores, não é algo traumático, nem que fará você se arrepiar inteiro com a trama, mas sim um longa digamos juvenil do estilo, que baseado em um conto de Stephen King brinca com a conexão tecnológica de um telefone e o senhor morto que o possuía antes com o jovem que lia para ele várias vezes na semana. Ou seja, é simples de tudo, mas tem intensidade, tem o carisma dos atores, tem personalidade e entrega o horror de uma forma bem singela, de que as vezes desejar a morte/mal de alguém pode ser realizado, basta saber a quem pedir, e sendo assim o filme se desenrola bem, tem um clima bem trabalhado e agrada sem ser surpreendente, o que faz com que o público se conecte a ele.

O longa apresenta a história de um menino que vive em uma cidade pequena e faz uma amizade improvável com um bilionário mais velho e recluso, após realizar alguns trabalhos pontuais para ele. Os dois constroem um vínculo por meio de livros e um celular, mas quando o homem morre, o menino descobre que nem tudo some completamente. Ao deixar seu telefone no bolso do morto antes do enterro, o jovem solitário deixa uma mensagem para seu amigo saudoso. O que o deixa chocado, é receber uma mensagem de volta. Nessa trama, o garoto se vê capaz de se comunicar com o senhor mesmo do túmulo, através do celular que foi enterrado com ele.

O diretor e roteirista John Lee Hancock sabe brincar demais com adaptações literárias, e já provou isso com tramas de todos os estilos possíveis, e aqui ele ousou bem em uma trama com a assinatura de Stephen King, ou seja, o mestre do terror, no livro de contos "Com Sangue" e que sem precisar soar criativo demais, nem explicar tanto, conseguiu que seu filme fosse tenso de atitudes aterrorizantes, mas singelo no envolvimento completo, de forma que você não vai tomar sustos gratuitos nem ficar sem dormir após a conferida, mas sim pensando um pouco nas conexões que um celular pode transmitir, nos simbolismos ocultos em alguns atos, e claro também na força de expressão, afinal um desejo pode ir além. E assim sendo o filme tem intensidade e boas dinâmicas, causando leves pensamentos no público, fazendo com que pensássemos se realmente o fantasma está matando as pessoas, se é algo estilo uma dark web, ou apenas coincidências, mas que felizmente não nos é entregue essa resposta, deixando que o público faça isso mentalmente, e funciona demais.

Sobre as atuações, Jaeden Martell tem crescido bastante tanto em estatura quanto nas suas interpretações, ao ponto que aqui o filme sendo quase todo narrado e atuado por seu Craig pareceu um pouco exagerado, mas suas dinâmicas não foram estragadas de forma alguma, seus trejeitos foram bem colocados em todos os momentos desde os mais simples até os mais tensos, e conseguiu brilhar bastante com toda a essência que passou na tela, ao ponto que seu carisma faz o público torcer pelo garoto e entender muito bem seus pensamentos, e com isso o acerto foi bem nítido. Claro que o jovem também contou muito com toda expressividade de Donald Sutherland para criar um ótimo vínculo entre o garoto desde pequeno (muito bem interpretado também por Colin O'Brien) até sua juventude, e o ator sênior brincou muito com o ar esnobe por vezes, mas conectado com quem lhe ajuda, de forma que seu Harrigan é fechado, porém bem amplo e com ótimas nuances de se conectar. Ainda tivemos boas participações de Joe Tippett como o pai do garoto, Kirby Howell-Baptiste como a professora favorita do jovem, e Cyrus Arnold como um jovem briguento e rival do protagonista na escola, mas sem dúvida vale ver a conexão bacana dos demais empregados da mansão, com destaque para Peggy J. Scott com sua Edna, que vai deixar o jovem com uma boa pulga atrás da orelha.

Visualmente o longa foi bem simbólico com uma mansão grandiosa isolada com vários ambientes, mas tendo o destaque claro para a biblioteca aonde o jovem passa o tempo lendo para o ancião, a premiação do garoto sempre com as raspadinhas diabólicas, sua casa simples, e claro a escola com os jovens extremamente grudados nos celulares (o filme não se passa nos anos atuais, sendo lá no comecinho dos primeiros Iphones, e já mostra o quão viciada a galera era, então nem se fale como é hoje), temos claro a igreja aonde ocorrem os cultos e velórios, e claro todo o detalhamento das mensagens, além da faculdade que o jovem vai cursar e a clínica de reabilitação bem chique, ou seja, são poucos, mas bem detalhados e sempre tendo muito a conexão como detalhe, e isso funciona bem para toda a dinâmica da trama.

Enfim, não é um longa brilhante, mas tem estilo, e sendo simples com boas nuances de terror/horror funciona para agradar desde o iniciante no gênero até quem curte algo mais elaborado e apenas quer relaxar, valendo com certeza o play para começar bem o mês do terror nas plataformas de streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal essa semana veio recheada para o interior, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...