Amsterdam em Imax 2D

10/07/2022 01:01:00 AM |

Sempre digo que alguns diretores se prendem tanto ao estilo de filmes feitos para festivais, mais precisamente para o Oscar, que acabam nem curtindo tanto seus filmes, e um diretor que tem essa faceta já bem colocada é David O. Russell, que já entregou bons filmes que foram aclamados pelos críticos e pelas premiações, mas que também já teve muitas reclamações por exagerar tanto nesse sentido, e aqui basicamente ele convidou todos os principais atores que são seus parceiros e colocou em um filme só, pois a cada piscada de olhos surgiu alguém conhecido na telona. Ou seja, é impossível falar que "Amsterdam" é um filme simples, pois tem muitas desenvolturas, tem personagens conectados aos montes, e principalmente tem uma base histórica entremeada que chama muita atenção nos atos finais, ao ponto que colocaram até o discurso original e o do filme nos créditos para comparações, mas também acaba soando exagerado demais de personalidade, o que incomoda em um filme com tantos personagens e atores bons, ao ponto que o trio protagonista quase que não decola com tantas conexões, mas que acaba agradando bem no resultado final, pois conseguiram chamar a atenção e envolver por completo depois de enrolar um pouco com tudo.

O longa é ambientado na década de 1930 e conta a história de uma grande amizade e um assassinato que pode ameaçar a vida dos protagonistas e abalar toda uma sociedade. A trama policial segue três amigos íntimos: dois soldados e uma enfermeira, que fizeram um pacto no passado, de sempre se protegerem enquanto trio, não importa o que aconteça. Mas, eles se perdem no centro do caso de um assassinato, do qual se tornam os principais suspeitos. Para provar que não estão envolvidos na morte, o grupo contará com a ajuda de aliados para tentar investigar o crime, e assim se proteger e enfrentar o verdadeiro assassino. Mas, novamente por acaso, os três amigos descobrem uma das tramas mais surpreendentes da história norte-americana, que em parte, é baseada em uma história real.

Diria que o roteirista e diretor David O. Russell foi bem esperto na forma que escolheu trabalhar seu longa, pois ele criou a base do trio bem disposta a se entregar em cenas cheias de conflitos simples, e amarrando todas as demais pontas com bons desenvolvimentos acabou envolvendo o público que nem percebe possíveis pequenos erros de percurso, tanto que se olharmos a fundo é um filme bem alongado, mas que tem vários atos corridos no miolo, ou seja, mesmo com tantos diálogos a trama flui bem e faz com que entremos por completo na ideia toda, e a sacada final, que é a base real da trama é muito boa misturando a tentativa de um grupo americano querer mudar o mundo de uma forma não muito boa. Sendo assim é daqueles filmes que funcionam demais se você acreditar nele, seguir o ritmo dos protagonistas, filosofar com algumas essências passadas, mas que um olhar para o lado faz você perder completamente o nexo todo e não entender mais nada, e consequentemente odiar a trama toda, então veja num dia mais calmo e a diversão vai ser completa, afinal o elenco não tinha como decepcionar mesmo que fosse a pior história do mundo.

Sobre as atuações vou falar apenas dos principais, senão o texto vai ficar parecendo um livro, então é fato que Christian Bale chama a responsabilidade quase que inteira da trama para o seu Burt, trabalhando trejeitos cômicos e meio que malucos, e dinamizando bem seus ares de médico e meio que de pessoa com muitas conexões, de forma que se entregou tão bem com tudo que passou até demais a segurança do papel em alguns atos, e assim poderia ter não ficado tão bobo as vezes, além do exagero narrativo, que cansa um pouco e poderia ter sido minimizado. Margot Robbie é daquelas atrizes que caem muito bem em personalidades malucas, e sua Valerie tem estilo, tem atos marcantes, e também entrega dinâmicas singelas em alguns atos, o que convence e agrada demais. Agora o papel de John David Washington, Harold, ficou um pouco abaixo do que precisaria para chamar atenção, ao ponto que em alguns momentos até esquecemos que ele é um dos protagonistas, e assim sendo ficou meio que em segundo plano demais. Quanto aos demais, os destaques ficaram para Robert De Niro nos atos finais bem imponentes com seu Dillenbeck, Chris Rock com seu Milton (aliás a apresentação dele no palco do baile com algumas sacadas me veio na hora a ideia do tapão no Oscar), Rami Malek com seu Tom Voze bem persuasivo, Michael Shannon e Mike Myers como os ornitólogos policiais federais bem encaixados, e até mesmo Zoe Saldana com sua doce e intrigante Irma, Anya Taylor-Joy com sua forçada Libby e por incrível que pareça a cantora Taylor Swift com sua Liz Melkins conseguiram  chamar atenção nos seus atos espaçados bem colocados, ou seja, um tremendo elenco.

Visualmente a trama brincou com a época da guerra em 1918, com as sacadas de racismo entre soldados de patentes diferentes, o uso de uniformes franceses nos soldados americanos, toda a bagunça nas tendas médicas, mas principalmente abusou muito do charme dos anos 30 com figurinos imponentes, clínicas médicas milagrosas com remédios e curas de todos os tipos, todo o ar militar rebuscado e festivo entre alguns veteranos das primeiras guerras, e ficando bem próximo dos ares da burguesia da época, com nuances bem trabalhadas numa festa gigante, em alguns laboratórios ocultos e tudo mais, mostrando bons elementos cênicos e desenvolvimentos de época bem encaixados. Um detalhe que como o filme foi filmado em Imax tivemos cenas bem coloridas e fortes, mesmo sendo uma trama de época, então funcionou para termos um campo de visão mais amplo, mas não fez tanta diferença como um longa de ação faz na maior tela dos cinemas.

Enfim, é um filme bem interessante com um elenco incrível e uma direção meio que maluca demais, que oscila bastante o ritmo entre atos calmos, e até um pouco cansativos, com acelerações de dinâmicas tão cheias de diálogos que quase nos perdemos com o que é entregue, sendo algo bem trabalhado, que juntou alguns atos reais com muita maluquice, resultando em uma trama que alguns vão amar e outros vão odiar com toda a força, mas que recomendo bastante, afinal deve surgir bastante nas premiações e como bem sabemos isso é um sinal positivo, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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