Morte, Morte, Morte (Bodies, Bodies, Bodies)

10/08/2022 01:58:00 AM |

Costumo dizer que um bom terror só é efetivo se causar alguma coisa no público, seja um susto, um calafrio, um arrepio, uma tensão ou até mesmo algum tipo de choque por algo mostrado em cena, mas quando não ocorre nenhuma dessas opções saio da sessão tão desapontado que nem sei se o que vi era realmente um filme do gênero. Comecei o texto de "Morte, Morte, Morte" dessa forma, pois fui conferir a trama acho que esperando demais, afinal ficamos acostumados com a qualidade das tramas da A24 Filmes e com isso esperamos uma tensão sempre bem impactante nas obras deles, o que acabou não acontecendo aqui, mas claro que fui com dois pés atrás, já que terrores de festas adolescentes costumam ter uma pegada mais boba, e pelo trailer já dava para imaginar um filme com pouco impacto, só não imaginava que não teria nenhum. Claro que estou sendo exagerado na exigência, mas até mesmo as mortes que ocorreram foram de certa forma pouco intensas, a caça ao assassino foi meio que feita aos gritos em demasia, e o fechamento foi meio que bobo demais, então o resultado que poderia ser muito mais forte apenas finalizou com a mensagem: se beber demais ou usar drogas fique no seu canto e não tente resolver um crime.

A sinopse nos conta que Bee e sua amiga, ambas de família muito bem sucedidas e ricas da Europa, decidem viajar juntas para uma festança em uma mansão remota. Junto com elas, outros convidados da mesma faixa etária de vinte anos, e também muito ricos. Depois de beber, usar drogas e dançar, o grupo decide jogar "Morte Morte Morte", uma brincadeira aonde alguém é assassinado e todos precisam adivinhar quem foi o assassino. Mas antes de terminar o jogo, alguns integrantes decidem dormir e o jogo fica inacabado. No meio da noite, após a energia acabar na casa no meio de uma tempestade, Bee vai investigar o local e acaba achando um dos convidados com a garganta cortada. Agora, sem sinal, carro, eletricidade ou qualquer ajuda externa, o grupo precisa se unir para achar o real assassino dentre o grupo antes que seja tarde demais. Relacionamentos terminarão e ninguém conseguirá acreditar no outro. Que o jogo comece.

Diria que a diretora Halina Reijn não quis causar realmente com sua obra, pois o filme tinha aberturas para cenas bem mais intensas do que discussões, tiros, arremessos, socos e algumas pancadas fortes, afinal no momento da loucura com drogas tudo pode rolar, e usando desse artifício como base e um furacão rolando do lado de fora, acabaram criando um filme frouxo de intensidade, aonde a gritaria toma as vezes, e nem foram gritos de apavoramento, o que é uma decepção em um filme de terror. Ou seja, tivemos um filme de ideia boa, mas que faltou disposição para explodir realmente, resultando em algo comum demais, com cenas previsíveis e intenções faltando serem melhor sacadas, o que resulta em uma produção que não chega a ser ruim, mas que para o gênero acabou faltando demais, e se tenho de culpar alguém, colocaria tudo em cima da diretora, pois motes não faltaram para que o filme fluísse melhor.

Sobre as atuações, diria que todos fizeram estilos próprios de jovens riquinhos que soltam verdades quando bêbados ou sob efeito de entorpecentes, e as atrizes souberam dominar bem esses estilos e entregar personalidade ao menos, mesmo que gritando demais para isso, de forma que Amandla Stenberg trabalhou sua Sophie com ares bem expressivos, soou desesperada em alguns momentos e ficou estática com alguns atos fortes, o que mostra que ao menos entendeu a proposta, mas poderia ter sido mais explosiva nos atos finais. Não sei se acostumei tanto com a expressividade "real" de Maria Bakalova no "Borat 2", que aqui sua Bee ficou tão insossa e deslocada que acabamos não entrando na sua onda, sendo morna demais para o que o papel precisava, e no final quis tentar tirar o atraso e não conseguiu, o que é uma pena. Os homens da produção fizeram alguns trejeitos mais chamativos, tentaram explodir e ser expressivos, mas nem Pete Davidson com seu Dave, nem Lee Pace com seu Greg conseguiram ir além no meio dos conflitos, de modo que ficamos meio que sem entender suas atitudes, e ficaram faltando com o resultado completo. E quanto as demais garotas Rachel Sennott pareceu uma luminária ambulante com os colares de festa no escuro com sua Alice, apenas andando e fazendo escândalos, Chase Sui Wonders nem teve muitas chances de aparecer com sua Emma, e Myha'la Herrold até tentou se impor em algumas cenas com sua Jordan, mas sem grandes atos.

 Visualmente a trama usou de uma mansão bem ampla, mas não ousou tanto em espaços dela, concentrando a maioria dos atos nas escadas e numa sala, com alguns poucos momentos nos quartos e o começo na piscina, e nem mesmo o furacão foi usado tanto, apenas mostrando muita chuva do lado de fora e árvores quebrando, mas entregaram bons usos dos celulares com suas lanternas, algumas lanternas de cabeça e aqueles colares de festas que tem luzes fortes para ter iluminação no meio de tudo apagado dentro da casa, mas forçaram um pouco pois teve ato que parecia estar até com mais luz do que quando aceso as lâmpadas, ou seja, poderiam ter trabalhado um pouco melhor, e as cenas com sangue economizaram demais, não impactando como poderia (talvez pela escuridão não dar tantas nuances).

Enfim, é um filme que até tinha uma proposta ousada e interessante de ver, mas que foi executado sem grandes atos, e finalizado com algo ainda mais idiota, ao ponto que se olharmos bem a fundo, os idiotas em cena foram quem conferiu a trama esperando algo a mais, pois a trama é bem básica dos "terrores" adolescentes, e sendo assim não recomendo o filme para ninguém. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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