Com muita certeza não me divertia tanto com um filme como o que ocorreu hoje com "Perdidos em Paris", e olha que nem sou um dos grandes defensores da comédia excêntrica que os diretores quiseram trabalhar nessa trama, no melhor estilo pega-pega, aonde quando achamos que os procurados serão encontrados, logo eles somem da tela para novamente a busca seguir com encontros e desencontros, o que acaba sendo uma grata surpresa tanto pela forma leve que a trama se desenvolve quanto pela doçura da história que acaba envolvendo todos os protagonistas sem necessitar de apelos extremamente forçados, o que resulta num encerramento digno para a carreira de Emmanuelle Riva.
Fiona, bibliotecária de uma pequena cidade canadense, recebe uma aflita e angustiada
carta de sua tia Marta, uma senhora de 93 anos, que vive sozinha em Paris. Sem pestanejar,
Fiona embarca no primeiro avião rumo à capital francesa apenas para descobrir que Martha
desapareceu. Em uma verdadeira avalanche de desastres inexplicáveis, Fiona conhece Dom,
um sem-teto egoísta e sedutor, que não vai deixá-la seguir sozinha em sua busca.
Confesso que quando li sobre o longa antes de ir para a sessão e descobri que era dirigido, roteirizado e atuado por Dominique Abel e Fiona Gordon, que são casados realmente há muito tempo, já fiquei com muito medo, pois se quando um diretor atua a chance de problema é alta, com dois em quadro então o risco era dobrado, mas ambos se divertiram tanto e entregaram uma trama tão gostosa que fiquei sim é com vontade do longa ser até maior, e ver mais filmes deles, pois certamente se sempre fizerem comédias desse naipe, serão sempre bem afortunados no estilo e resultarão com ideias mirabolantes que podem até parecer infantis, mas que agradam e divertem tanto que nem temos do que reclamar, mesmo que pareça absurdo ver alguns elementos extravagantes na tela. Ou seja, como roteiristas e diretores, ambos acertaram demais.
Como atores Fiona é daquelas garotas que mesmo fazendo diversas trapalhadas, ficamos com vontade de ajudar, pois soa literalmente perdida no que está fazendo e agrada com essa postura meio pastelão, meio desajeitada, claro que fez isso para o papel, mas agradou bastante com o estilo imposto. Dom já colocou seu mendigo no melhor estilo bon vivant e se divertiu com isso, fazendo tudo o que desejava, comendo o melhor com o dinheiro que acha, se vestindo bem e tudo mais criando mil desventuras, e com um olhar sempre terno e disposto a fazer para ajudar, acaba saindo melhor do que o esperado para o personagem. Emmanuelle Riva nos entregou uma Martha perfeita em seu último filme que gravou e com muita personalidade conseguiu nos comover de uma forma divertida, aparecendo bem em todos os momentos e mais ainda, mostrando o quanto era perfeita para divertir, de modo que acho difícil um Oscar póstumo pelo trabalho desenvolvido aqui, mas que mereceria com toda certeza mereceria. Pierre Richard aparece bem pouco com seu Duncan, mas faz a cena musical mais linda que poderíamos esperar ver no filme, sendo incrível, doce e muito agradável de ver sua ação com Riva, ficando quase como uma cena memorável para ficar repetindo diversas vezes em nossa memória. E temos mais um longa francês com destaque para uma atuação canina, pois o husky está muito bem encaixado e merece ao menos um trechinho falando sobre ele.
Sobre o visual da trama, nos vemos passeando por uma Paris, uma Nova York, e claro restaurantes interessantes, bairros simples e até mesmo uma vila canadense no meio do nada, que funciona quase que alegoricamente para mostrar o estilo da protagonista, e como sendo um formato de sátira mesmo, essa briga Canadá vs França acaba soando bem colocada e agradável de ver nos conceitos cênicos da trama, ou seja, com bons figurinos clássicos, objetos cênicos colocados de maneira agradável para ajudar o andamento da trama, locações bem pautadas e divertidas, acabaram que resultando num sucesso imenso da direção de arte, que junto da equipe de fotografia que trabalhou bem com cores quentes e brilhantes para dar charme e comicidade na trama envolvendo o espectador do começo ao fim.
Enfim, um filme delicioso que só pecou em exagerar um pouco nas cenas do Canadá, pois do restante é tudo tão bem encaixado, com uma boa proposta, um ritmo delicioso de vivenciar e tudo mais que devemos falar de bom para recomendar um filme, portanto se estiver rolando o Festival Varilux em sua cidade vá conferir, se não, quando for estrear o filme em 6 de Julho, peça no seu cinema para que você possa se divertir muito. Para quem for de Ribeirão Preto, será reexibido no Festival no dia 16 as 19hs no Cinépolis Santa Úrsula, então não perca. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã volto com mais textos do Festival, então abraços e até logo mais.
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