A grande questão que fazemos após ver um filme como "Independence Day: O Ressurgimento" é: o que será que roteiristas tomam para ter tanta criatividade? Falo isso não pelo filme ser completamente original, muito pelo contrário, temos referências à estilos de diversos filmes durante toda a projeção, mas é algo tão maluco pensar em cada situação que ocorre, que certamente ninguém em sã consciência pensaria que após 20 anos, teríamos uma continuação bem trabalhada de um dos filmes que mais marcou os anos 90. Claro que ao dizer bem trabalhada, me refiro ao conteúdo completo da produção, como efeitos digitais melhores (afinal em 96 devia ser punk criar tudo quase que na mão) e até que uma história convincente, porém faltou o fator determinante em uma guerra, o motivo de empolgação para que você torça para determinado personagem, que queira ver ele chutar o inimigo e ao ganhar tenha muitos motivos para celebrar, mas aqui embora todos os figurantes aparecem vibrando em algumas cenas comemorando algo, o arrepio de empolgação não chega nem perto de acontecer, e com isso, embora seja um filme visualmente perfeito, acabamos saindo da sessão falando legal apenas. Claro que provavelmente a expectativa criada em cima dele foi alta demais, e não chega nem perto de ser cumprida, mas como teremos mais uma sequência, ou vão jogar tudo por água abaixo, ou talvez arrumem o que acabou faltando aqui para empolgar mesmo.
O longa nos mostra que após o devastador ataque alienígena ocorrido em 1996, todas as nações da Terra se uniram para combater os extra-terrestres, caso eles retornassem. Para tanto são construídas bases na Lua e também em Saturno, que servem como monitoramento. Vinte anos depois, o revide enfim acontece e uma imensa nave, bem maior que as anteriores, chega à Terra. Para enfrentá-los, uma nova geração de pilotos liderada por Jake Morrison é convocada pela presidente Landford. Eles ainda recebem a ajuda de veteranos da primeira batalha, como o ex-presidente Whitmore, o cientista David Levinson e seu pai Julius.
Como falei acima, a maior falha do longa foi criar uma expectativa de algo, e vir com um filme mais cheio de referências do que uma história maior para ser contada, claro que temos muitas novidades, mas nenhuma nos deixa empolgados para o que acabaremos vendo em sequência. E se Roland Emmerich é famoso por destruir tudo o que vê pela frente, aqui a oportunidade foi maximizada ao ponto de fazer com que a grande beleza do filme é ver tudo no chão, peças sendo destruídas e claro muita batalha, de tal modo que os tiroteios de naves nos lembra demais Star Wars, é impossível não ouvir os barulhinhos de tiros e não remeter ao outro filme. Além disso, o diretor soube trabalhar bem a proposta de sucessão familiar, pois manteve bem todos os papeis de seu primeiro filme, colocando velhos atores, junto de novos que fazem papeis que já havíamos conhecido por algo, mas que agora passam a ser mais importantes. Outro fator que deixou a trama menos concisa, foi o fato de não alongarem tanto a história, resolvendo tudo de maneira bem rápida, com um começo/meio/fim pré-determinados, não deixando nada exagerado para o terceiro filme, mas que deixa no ar o que irão fazer exatamente. Talvez ao invés de inventar uma terceira trama, se tivessem já ido direto ao ponto, a trama acabaria tendo mais coerência, acabaria empolgando com o clímax exatamente aonde esse termina, e fechando tudo de uma forma coesa e bem colocada, mas como bem sabemos, produtores são seres que só enxergam números, e se podemos ganhar mais fazendo outro longa, vamos fazer, agora é ver se dará bilheteria realmente esse, pois o gasto foi bem alto, em torno de 200 milhões de dólares.
Sobre as atuações, embora tenham colocado novos personagens e atores no filme, quem realmente acabou chamando atenção e tendo as melhores cenas foram os atores do primeiro filme, e assim sendo, por bem pouco não dispensamos os novos dos trejeitos/situações que se envolveram, claro que digo isso usando a proposta de considerar apenas esse filme, pois certamente todos os novos terão muito mais impacto no terceiro longa, porém friso que em um único filme acabariam todos se destacando e agradando mais. Liam Hemsworth não é um ator ruim, mas acabam jogando papeis de tentativa heroica para ele, e ele não consegue trabalhar expressividade e garra, ficando sempre no meio do caminho, de modo que seu Jake é alguém que precisaria ter sido bem mais desenvolvido anteriormente para que o público gostasse do que faz aqui, mas jogado da forma que foi, acabou soando falso e sem muita expressividade para que o personagem soasse importante. Jessie T. Usher veio tentar suprir a falta de Will Smith no filme, mas soou mais para alguém arrogante do que para um capitão com lado heroico com seu Dylan (claro que por sorte não necessitaram por Jaden Smith no papel, afinal Dylan não é filho legítimo de Steven Hiller, pois senão a tragédia certamente seria bem maior), porém o jovem ator fez mais caronas sérias do que mostrou personalidade, e isso foi algo que faltou, afinal poderia chamar a responsabilidade com muito mais eficiência. Outra que certamente tentou chamar a atenção foi Maika Monroe, como Patricia, filha do Presidente Whitmore, mas a jovem atriz teve poucas chances e quando ia para o lance certeiro, tiravam o foco dela para mostrar mais naves voando, ou seja, acabou sendo deixada de lado. Bill Pulmann faz bem novamente seu momento de aviador como Presidente Whitmore, e claro chama atenção em diversos momentos, porém ao sair da sala ficamos discutindo algo que mesmo revendo o primeiro longa essa semana não lembro dele ter tido algum contato maior com os aliens, e dessa forma podemos ter até um erro de roteiro com sua personalidade, mas de modo geral ele agrada. Jeff Goldblum caiu novamente bem para o papel de David, e trabalhou até mais trejeitos do que no primeiro filme, porém ficou a segunda metade do filme quase de enfeite. Agora sem dúvida alguma, os destaques mais positivos do filme ficaram por conta de Brent Spiner como Dr.Okun, não só pelas boas cenas cômicas, como por toda liberdade artística que deu ao seu trabalho, claro que não era necessário todas suas sugestões de ser homossexual, pois ficou apenas como algo jogado na tela, mas todo conteúdo que acabou passando no geral acaba agradando demais. Outros que acabaram saindo-se bem foram Deobia Oparei como Umbutu, pela personalidade bem forte e as cenas estilo matador mesmo, e sua química com Nicolas Wright como Floyd Rosenberg, que mesmo sendo o bobão da trama, acabou sendo bem encaixado nas cenas finais. Agora se no primeiro filme o presidente teve um ótimo destaque e agradou chamando todo mundo para a guerra, aqui Sela Ward como a Presidente Landford (estão com expectativa real de Hilary ganhar? Já é o segundo filme americano que colocam mulheres como presidente) e na sequência William Fitchner como General Adams assumindo a bronca, fizeram papeis rasos e sem muita perspectiva.
Agora, que todos sabemos que filmes de Emmerich não possuem muita história para se envolver, mas que é totalmente compensada pela ótima produção visual todos sabemos, e sem em 1996 ele não tinha nem metade dos recursos e acabou agradando muito, aqui ele pode usar de tudo que imaginasse para compor cenas, criar uma cidade inteira na Lua, cenografias incrivelmente fictícias, porém bem detalhadas para que o público imaginasse um futuro interessante, armas alienígenas de alto padrão, naves diferenciadas e claro aliens feios com texturas bem interessantes de se ver, ou seja, um aparado extremamente bem produzido que com toda certeza foi bem explodido também, afinal ele adora construir tudo para destruir depois. De certo modo o ingresso é mais bem válido para ver o tamanho cênico da nave e todo o contexto visual criado do que ficar esperando a história engrenar realmente com algum conteúdo, e sendo assim, para este que vos digita e ama filmes bem produzidos, o resultado acaba agradando muito, mas quem preferir mais história e coisas conexas é capaz de só reclamar do que verá. A fotografia usou bem os tons espaciais, e muito verde fosforescente para tiros, o que é algo estranho, mas que acabou ficando no estilo que desejavam, e claro como temos muitas cenas dinâmicas, a composição optou por muita luz sempre, assim não correram riscos com sombras e entremeios que pudessem acabar soando errado ao cometer gafes. Agora sobre o 3D, de certo modo por termos muitos elementos verdes e cenas com bastante movimento, dá uma certa vertigem no olhar, mas não é nada que vá muito além, afinal é um longa convertido e que não foi pensado em 3D real, ou seja, com o tanto de coisa voando em cena, poderiam ter abusado demais de bons efeitos, que o público vibraria como se estivesse no espaço realmente, mas foram mais cautelosos e usaram a tecnologia somente aonde dava para enganar bem, sem errar também, ou seja, até é válido o ingresso mais caro, mas poderia ser anos-luz melhor.
Enfim, é um bom filme, mas que se atrapalhou mais do que ganhou espaço para marcar novamente época como fez o primeiro filme em 96, claro que visualmente falando é impecável, mas criou-se muita expectativa para o pouco entregue, e volto a frisar que embora tenha começo/meio/fim, fizeram certamente com más intenções para um terceiro longa, alongando em demasia alguns momentos aqui, e deixando de atingir realmente o objetivo ao final. Ou seja, é mais um filme pipoca que muitos vão amar pelo conteúdo estético e outros vão odiar pela falta de uma história mais determinante, claro que como boa fantasia, digo que vale a apreciação e diversão, mas tente ir com pouca euforia, que a chance de curtir mais é maior. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia dessa semana bem curta, então abraços e até breve.
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