Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2)

6/11/2016 08:34:00 PM |

O gênero terror é o que mais propicia discussões acaloradas entre os fãs, pois alguns defendem filmes mais fechados, outros defendem monstrengos, alguns amam o estilo mais cheio de sustos, outros gostam daqueles de vídeos encontrados, mas um fato é claro sobre o gênero, o que todos procuram é ficar tenso com o que é mostrado e bater um certo medinho mesmo que você se julgue o maior machão da Terra. E se tem alguém que sabe fazer muito bem filmes de terror, é um australiano maluco chamado James Wan, que não só tem nos apresentado os melhores filmes do gênero nos últimos 12 anos, como também tem se saído muito bem em outros estilos, mas nossas orações para os deuses do cinema serão para que fique muito tempo ainda fazendo o que faz bem, pois "Invocação do Mal 2" é daqueles filmes para se arrepiar desde o pelo do cantinho do dedinho do pé, ser pego desprevenido em diversos momentos e ainda ter todo um ótimo conteúdo no contexto trabalhado, ou seja, um filmaço que assusta e intriga com toda a construção cênica feita, e que desde a primeira cena consegue envolver o público mais falante, que vai diminuindo a voz, adentrando à poltrona e dali não levanta nem por decreto até a última imagem (e olha que numa sala lotada como a que fui, tradicionalmente veria pessoas indo ao banheiro aos montes, e se duas saíram foi muito).

O longa se passa sete anos após os eventos de "Invocação do Mal". E agora Lorraine e Ed Warren desembarcam na Inglaterra para ajudar uma família atormentada por uma manifestação poltergeist na filha. A trama é baseada no caso Enfield Poltergeist, registrado no final da década de 1970.

Novamente baseado em fatos reais, o diretor volta a nos contar a história dos Warren, e pelo tamanho da sala de objetos guardados de casos dessa família, certamente ainda veremos mais umas 2 ou 3 sequências. E se você acha que fico triste com essas sequências? Jamais!!! Pois foram dois grandes nomes no mundo obscuro de espíritos e entes do mal, e pode até ser que você não acredite no que nos é mostrado nesses filmes, mas que dá para ficar com muito medo e receoso após uma sessão das histórias deles, isso com toda certeza dá. A grande sacada de James Wan (o qual considero o melhor diretor do gênero, pois dos seus 7 filmes do estilo, não errou a mão em nenhum) é trabalhar a perspectiva do estilo, ir dando pequenas pistas, e depois de nos envolver com os personagens, ir colocando sustos e coisas intrigantes sem parar, e se antigamente ele nos pegava de surpresa segurando o ângulo da câmera estático para depois apenas vir do nada o susto, agora ele trabalha com várias câmeras, ângulos superiores e inferiores, câmeras em movimento e tudo mais que aprendeu fazendo um filmaço de ação ("Velozes e Furiosos 7"), ou seja, se antes ficávamos tensos já sabendo de onde seríamos assustados, agora é ir preparado pra sair arrepiado com qualquer coisa. Como bem sabemos, essa história do caso Enfield Poltergeist foi um dos casos mais estudados por psicólogos, pessoas ligadas à exoterismo e outros estudiosos de espíritos, pois além de ganhar muita notoriedade nos anos 70 pela mídia, é um estilo que causou pavor não só na família, mas como todos que foram observar, e sem ficar dando spoiler, é divertidíssimo ver a cara de espanto de todos os personagens do filme, pois todos certamente se arrepiariam com o inexplicável, e sendo assim, mais um acerto para o pessoal de criação do roteiro, pois souberam criar uma perspectiva incrível para que o diretor pegasse e colocasse tudo na tela de maneira mágica.

Sobre as atuações, é fato que o horror dominou a família, mas temos de dizer que as interpretações feitas por Vera Farmiga e Patrick Wilson beiraram a perfeição dessa vez com seus Lorraine e Ed Warren, pois ambos foram orientados tanto no primeiro filme, como agora no segundo pelos verdadeiros Warren, e deram tanta ênfase no estilo de atuação, trabalhando olhares, vozes, desespero e até mesmo formas intrigantes de caminhar que se existisse um Oscar só para filmes de terror, eles ganhariam prêmios pela ótima desenvoltura que acabaram fazendo, e ambos em suas cenas principais chamaram a responsabilidade cênica para si, e deram seu máximo para agradar em demasia. Assim como ocorreu com os Warren, Janet Hodgson também ajudou a dar consultoria para o filme, mas sinceramente torço para que não tenham deixado ela conversar com a garotinha, pois já fico sempre me questionando como essas crianças que trabalham em filmes de terror não ficam traumatizados com o que fazem na telona, e se a perturbação que Janet teve quando criança foi passada em suma para Madison Wolfe, que arrasou fazendo trejeitos e tudo mais, ficarei com muita dó dela, pois a jovem atriz tem potencial para seguir em frente e não ser uma jovem problemática, como acabou parecendo que a original ficou. Frances O'Connor também deu muito de si para sua Peggy e ao trabalhar semblantes faciais fortes, mostrou-se uma mãe interessante e bem pontuada, claro que sua cena na água ficou meio duvidosa, mas no geral agradou demais em tudo que fez. Agora temos também que dar muito crédito para Bonnie Aarons e Bob Adrian, que fizeram respectivamente a enfermeira do mal e Bill Wilkins, nossos queridos demônio e fantasma do filme, pois ambos foram aterrorizadores da melhor forma possível para que ficássemos lembrando por um bom tempo depois tudo o que fizeram. Simon McBurney também fez bem suas cenas como Maurice Grosse, e trabalhou bem até em suas cenas solo, mostrando um motivo claro pelos quais alguns estudam bastante esses fenômenos. As demais crianças também fizeram boas interpretações, mas nada tão relevante para ser destacado.

Claro que filmes de terror possuem inúmeras traquitanas para fazer a mágica acontecer, e aqui já fomos expostos antes com a construção da pegadinha que a equipe de James Wan fez junto com Silvio Santos no último domingo (para quem não viu, aqui está o link), mas a perfeição que fizeram para uma Inglaterra dos anos 20, a casa assombrosa por si só (que como a moça que estava atrás de mim disse: "quem em sã consciência moraria num lugar desse) tão bem construída e cheia de elementos cênicos para voar e quebrar, os diversos objetos e brinquedos espalhados para serem usados para assustar também, e claro muita maquiagem para trabalhar os personagens na devida concepção para assustar e passar medo, ou seja, um trabalho magnífico da equipe de arte para ter tudo se movimentando corretamente e assustando com os ângulos escolhidos. E já disse isso uma vez, mas volto a repetir quantas vezes forem necessárias, que o bom diretor de fotografia é aquele sabe trabalhar bem a iluminação tanto numa cena com muita luz quanto numa cena completamente escura, pois aqui em momento algum ficamos sem ver os detalhes da cena, mesmo quando tudo está apagado, criando a perspectiva certa para o imaginário do público já ficar esperando algo sair dali e apavorar, mas é claro que Wan não deixaria isso barato, e quando mais esperamos que algo vai acontecer, acaba não acontecendo e somos surpreendidos quando não estamos esperando, ou seja, um trabalho coletivo muito bem feito para se tornar mais uma obra clássica do gênero.

Nem tenho mais o que falar de Joseph Bishara, pois 90% dos longas de terror, os diretores já sabem que podem contar com ele, e ele nunca decepciona, criando tensões nos tons musicais, colocando impacto aonde deve ter, e criando o mistério todo por trás de cada nota para que o filme fique bem sombrio e preparado para assustar, ou seja, se você um dia for fazer um longa de terror, esse é o cara para compor a trilha sonora do seu filme.

Enfim, sou um fã gigante do gênero e estava com muito medo de me decepcionar com a expectativa que acabei criando para este filme, mas volto a afirmar a frase que já falei em outros lugares "In Wan We Trust"(Em James Wan eu confio) e até ele me decepcionar com algo, todo filme seu será um marco no gênero. Portanto, esse é um filmaço que tem de ser conferido nos cinemas e claro que visto diversas vezes depois (se tiver coragem, é claro!), pois foi perfeito em todas as categorias que pudesse enumerar, e sem achar nenhum defeito, é claro que a nota vai ser máxima. Só gostaria de frisar que como foi feito um enorme marketing de divulgação, as sessões estão lotando, então se gosta de ver um terror com menos pessoas na sala, opte por horários alternativos, ou aguarde um pouco mais para ir conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até lá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fernando Coelho parabéns pelo seu maravilho trabalho! Geralmente costumo ir ao cinema após suas criticas pois são realmente fiéis, em relação ao filme James Wan é um jovem genial um mago filmaço. Mas esse gênero de filme infelizmente não combina com cinema, pois é difícil você viver e sentir aquilo que os personagem estão vivendo e sofrendo na trama levando mais susto do que sendo transindo medo e em casa esse gênero passa se torna um terro psicológico você sente na pele e fica psicologicamente abalado com tudo aquilo, mas enfim sua analise é formidável sou um seguido de sua página fã de carteirinha parabéns sucesso.

Ats,
Douglas Martins

Fernando Coelho disse...

Olá Douglas, que bom que curte meu trabalho, estou aqui pra isso... cara nesse caso tenho de concordar com você, pois com o alto marketing que o filme fez abarrotou as salas e a tensão foi diminuída um pouco, apesar que o pessoal foi ficando tenso e parou a barulheira... mas vi Voo 7500 sozinho na sessão da meia-noite no cinema, e cada barulhinho fora da sala eu olhava pruns mil cantos... por sorte vi que tinha uma obra em cima do cinema quando fui para a sala, senão não sei se veria o filme até o final não... rsss... Reverei ele em casa depois... Abraços!!

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