Ted 2

8/29/2015 01:54:00 AM |

Sabendo o sucesso que o primeiro filme fez, não perderam tempo e praticamente 3 anos depois temos o urso fofinho mais boca suja nas telonas novamente. "Ted 2" usa exatamente a mesma fórmula do primeiro filme, e de forma alguma não posso dizer que o filme não é engraçado, muito pelo contrário, possui boas cenas divertidas e diversas cenas referenciando a cultura nerd (aliás bem mais do que o ocorrido no primeiro longa), porém a maioria das piadas mais bem colocadas, já passaram tantas vezes nos trailers, que ao surgir na tela, acabamos rindo, mas não espontaneamente, e sim como se fosse aquelas piadas que os familiares repetem todo Natal e ainda assim rimos delas. Além de que diferentemente do que ocorreu no longa original, que ríamos de quase tudo o que era mostrado, aqui precisaram forçar um pouco o riso, apelando ainda mais para sexismos e coisas toscas, então o que era light antes, aqui virou regra, e a diversão explícita que tivemos há 3 anos atrás acaba sendo engolida num filme até que razoável, mas infinitamente mais fraco e que não deve explodir.

O longa nos mostra que completamente apaixonado, Ted decide se casar com Tami-Lynn. Entretanto, não demora muito para que o casal entre em crise. Querendo evitar um possível divórcio, Ted resolve ter um filho. Tami-Lynn logo fica empolgada com a ideia, o que faz com que o casal inicie uma busca sobre quem poderia ser o doador de esperma ideal para o bebê. Seu grande amigo John o ajuda na tarefa, mas logo Ted descobre que não pode ter um filho porque, legalmente, ele não é uma pessoa, e sim uma propriedade. Começa então uma batalha judicial em que o urso de pelúcia tenta provar que merece ser considerado um cidadão como qualquer outro ser humano.

Claro que repetir sucesso é algo que nem todas as continuações conseguem, mas muito se esperava da genialidade irreverente de Seth MacFarlane, afinal conseguiu manter por anos, temporada atrás de temporada o seu seriado "Uma Família da Pesada", e ao dar tempero de piadas mais impactantes e incorretas ao seu longa, manteve um estilo conhecido e bem adequado para a pegada que queria utilizar, porém deixou o tom romantizado e simbólico que no primeiro filme era apenas pontas, aqui ter mais espaço, e toda a tentativa de humanizar o ursinho acabou ficando falsa e pacata demais ao deixar de lado toda a sujeira, drogas e sexo do primeiro filme. Claro que isso não sumiu da noite para o dia na forma do filme, então ainda temos essas ideologias, mas aqui funcionando de forma mais humilhante e forçada, o que não é tão agradável de ver, então caso os produtores resolvam que é necessário mesmo uma trilogia, que voltem ao estilo do primeiro filme para agradar e esqueçam das besteiras que deixaram acontecer aqui. Quanto da mão de direção de MacFarlane sempre digo isso nos seus filmes, séries e afins, que ele sabe aonde a câmera deve estar para que as cenas aconteçam e ao fundo as coisas continuem rolando em segundo plano, de modo que o espectador consiga ver as duas coisas e se divertir com ambas, e aqui isso ocorreu diversas vezes, sempre funcionando bem.

No quesito atuação, Mark Wahlberg pareceu desanimado demais com o seu personagem John, e embora tenham arrumado um modo de substituir Mila Kunis que estava grávida na época das gravações, e com isso colocaram ele meio que deprimido, esse excesso de depressão não era apena do personagem certamente, ficando estranho e faltando para com ele a mesma cadência que conseguiu colocar anteriormente, claro que teve boas cenas, mas poderia ser muito melhor. A dublagem que Seth MacFarlane dá para seu Ted sempre é bem precisa, trabalhando a voz de maneira caricata, cantando de forma eloquente e dando certamente muito trabalho para que a equipe de animadores digitais fizessem o urso interagindo ainda mais com os atores reais, ou seja, um trabalho dificílimo que encaixou muito bem nos olhares e tudo mais, mas desejava muito mais irreverência para agradar ainda mais. Amanda Seyfried na época que estava fazendo quase que um filme por mês, tinha mais ritmo do que o que entregou para sua Samantha aqui, pois até caiu bem como uma advogada iniciante completamente fumada e irresponsável como os outros personagens, mas ficou oscilando demais entre irreverência e atitude correta, e nesse filme isso não é algo que agrade, além de estar com expressões muito desorientadas, o que acabou de certa forma atrapalhando um pouco. Jessica Barth teve até um pouco mais de participação dessa vez com sua Tami-Lynn, mas não agregou muito para com o filme, mostrando apenas que sabe pontuar bem para onde olhar nas cenas junto do urso digital, e isso é legal de ver nesse estilo de filme. Novamente, o "vilão" Donny interpretado por Giovanni Ribisi decepcionou gritantemente, pois além de caricato, soou bobo demais, mas a ligação musical com o primeiro filme ao menos ficou boa de ver com ele. E para finalizar nesse quesito, é claro que temos de falar do mestre Morgan Freeman, que pode aparecer apenas em meia cena que agradará no estilo expressivo que sempre incorpora em seus personagens, e aqui como um advogado de renome trabalhou pouco, meio como uma participação especial de três cenas, e agradou no que fez.

A equipe artística trabalhou bem novamente, mas sem viajar muito nos conceitos, tendo como locações apenas as casas dos protagonistas, a casa de Tom Brady, uma biblioteca, um tribunal, todos bem singelos quanto à elementos cênicos, apenas sendo colocados para representar corretamente, mas nas cenas do celeiro e da Comic Con não faltou espaço para inúmeras referências visuais interessantíssimas de ver, e isso ficou ao mesmo tempo bem bonito e agradável para representar o estilo que o diretor gosta de passar, ou seja, referências aonde puder ser colocada vai acabar funcionando. No estilo fotográfico, a cena que mais demandou um design interessante na composição das luzes também foi a do celeiro/plantação de maconha, que literalmente foi um luxo só de luzes, tons e envolvimento bem feito de cena. Claro que a animação de Ted foi melhorada, e o urso parece mais vivo do que no primeiro filme, mas ainda vão conseguir melhorar mais e veremos isso certamente com mais filmes.

No conceito sonoro, tivemos boas canções encaixadas na trilha para dar conexão ao que estava acontecendo na trama, mas novamente o destaque fica por conta da cena noturna no meio da plantação de maconha, aonde nos é colocado o tema de Jurassic Park e na sequência temos Amanda Seyfried cantando (o que já está bem acostumada), uma música composta pelo diretor para o filme, que é bem melódica e gostosa de ouvir. Mas se temos de reclamar de algo, faltou um pouco de dinâmica musical no restante, o que traria um ritmo mais envolvente para o longa.

Enfim, é um filme razoável que poderia ser muito melhor e divertir bem mais sem apelar. Claro que muitos irão rir bastante com o que é mostrado, afinal existe público que gosta do estilo cômico mais apelativo, mas infelizmente não faz o gênero desse Coelho que riu bem mais em cenas diferentes que o público da sala ficou em silêncio do que nas comuns já vistas no trailer. Portanto só recomendo o filme para quem realmente gosta muito do estilo de comédia apelativa. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitas estreias para conferir, então abraços e até breve.


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