Quarteto Fantástico (Fantastic Four)

8/07/2015 01:26:00 AM |

Não sei se vocês já tiveram a sensação de dormir vendo um filme, e depois dar aqueles solavancos com a cabeça, olhar para a tela e vir a seguinte mensagem: "Acho que perdi algo!". Digo isso do novo "Quarteto Fantástico" não por ter dormido, muito pelo contrário, assisti completamente ao novo filme com os olhos bem abertos na esperanças de ver alguma coisa mais interessante do que os outros dois fracos longas que já fizeram sobre o time de super-heróis, mas digo isso mais pela falta iminente de diversos pontos do filme que aparentaram terem cortado fora na edição por ter ficado ruim, ou divergente em relação ao que os produtores queriam do primeiro diretor do longa. Então quem certamente assiste mais filmes, vai notar que quase em todas as cenas, na mudança de algo que está acontecendo para outra cena, principalmente nas que mudam de cenário, entra o famoso "fade-black"(tela preta) ou no mínimo algum pequeno flash negro para interligar as cenas, e isso acabou deixando o longa desconexo, simples e até incoerente com o que queriam passar, ou simplesmente quiseram tirar onda com a cara do público, ao introduzir uma nova origem para os personagens, sem ao menos um conflito mais forte para desenvolver num primeiro filme, ou digo mais, será que os produtores sonharam tanto que vão ter um lucro monstruoso com esse, a ponto de já estarem com uma segunda história na ponta do lápis para filmar? Acho que não, vou preferir a versão de que o editor fumou uma boa droga e picotou tanto o longa ao ponto de conseguir entregar uma colcha de retalhos faltando arremates nas pontas.

O filme nos mostra que quatro adolescentes são conhecidos pela inteligência e pelas dificuldades de inserção social. Juntos, são enviados a uma missão perigosa em uma dimensão alternativa. Quando os planos falham, eles retornam à Terra com sérias alterações corporais. Munidos desses poderes especiais, eles se tornam o Senhor Fantástico, a Mulher Invisível, o Tocha Humana e o Coisa. O grupo se une para proteger a humanidade do ataque do Doutor Destino.

A história criada em cima dos personagens idealizados por Stan Lee lá no passado é até que interessante, afinal o misto de ficção científica com pitadas até que críveis deixaram o longa descontraído no início e podíamos dizer que o filme viria a ser bacana, mas logo ficou notório a enrolação e a falta de ritmo para com as cenas, criando o famoso cansaço cênico, aonde cenas que provavelmente ficariam de fora num corte mais preciso da edição, acabaram sendo colocadas para encher linguiça, e dessa maneira, dos 100 minutos (o que já é algo curtíssimo para enredos complexos de apresentação de história) que o filme possui, quase 60 minutos temos de apresentação dos jovens e do que querem fazer, de 10 a 20 minutos para que eles testem e façam a cagada, mais 10 de ação e combate do "vilão", e ainda sobra mais 10 para vir o diálogo mais ridículo da face da Terra e de tudo que já vimos de como originou o nome do filme. Antes que me perguntem, não fiquei cronometrando as cenas, apenas estou dizendo o sentimento de tempo que dá para notar, e principalmente se estamos falando de um filme que teoricamente desenvolve quadrinhos de heróis, o vilão precisa empolgar, causar, ou ao menos segurar suas cenas, mas temos algo tão fraco e rápido com o Doutor Destino que nem que ele volte em outro filme terei vontade de sua ideologia. Agora vamos ao interrogatório: de quem é a culpa de tudo? Dos três roteiristas que resolveram escrever completamente separado seus trechos e algum contrarregra derrubou todos os milhões de papeis sem ordem para que o filme ficasse furado inteiro? Embora seja uma hipótese, não dá para afirmar isso, afinal o começo e o miolo do longa no conceito histórico de apresentação até que é interessante, mas falhou em todo o restante, então estão absolvidos em parte do encarceramento. Do diretor Josh Trank que já havia se perdido inteiro em outro filme com "poderes", e só tendo esses dois longas como portifólio já pode aposentar que ninguém mais irá contratar ele para nada? Talvez, pois ele cometeu tantas gafes, brigou com produtores, precisou ser contratado outro diretor para finalizar a trama, e ainda assim não conseguiram dar um jeito, então mandem amarrar ele para ficar sob observação. Mas ainda colocaria um cúmplice, para não dizer comparsa, no crime em questão, ou melhor, vários, toda a equipe de edição que se perdeu demais ao tentar montar um filme coerente com toda a bagunça que já veio das filmagens, e ao remover pedaços "importantes" da trama, deixou buracos de cena que nem com muito milagre alguém vai conseguir assistir o filme e sair da sessão dizendo que é um longa totalmente coerente, ou seja, um desastre completo que infelizmente teria tudo para agradar, e passou longe disso.

No geral, todos os atores foram muito prejudicados pelos cortes, afinal parecem que nem possuem textos para dialogar, fazendo tudo ser bem truncado, então vou falar um pouco sobre cada um, mas de forma alguma podemos dizer que eles tiveram potencial para tentar salvar o filme. Agora se tem alguém que tem de lamentar e muito é Miles Teller, pois o jovem vem numa crescente de interpretações, com um super-herói agora certamente decolaria de vez, e não digo que o seu Reeds seja ruim, mas vão acabar lembrando dele como um personagem nerd que criou uma máquina de teletransporte e se esticou em alguns momentos para nada, então é torcer para que o jovem que é bom supere logo isso e apresente algum novo bom personagem para apagar rápido a má impressão que vai ficar. Michael B. Jordan conseguiu imprimir boas nuances para o seu Johnny/Tocha e de certa maneira até chama atenção nas poucas cenas suas, mas o personagem em si é maior que ele, então faltou mais texto ou ação de sua parte para chamar a atenção e agradar. Podemos certamente falar que Kate Mara foi quem mais chamou atenção dentro de seus textos ideológicos, e com certeza consigo ver futuro para a irmã da famosa Rooney Mara, claro que sua Sue está longe da beleza que Jessica Alba deu ao interpretar o mesmo papel, mas a jovem foi determinada e convenceu bem. Jamie Bell já possui experiência em trabalhar com diversos sensores de captura corporal para não aparecer sua cara no filme, e o seu Coisa foi bem colocado, mas poderia ter mais expressões, afinal o jovem sabe fazer isso bem, claro que seus momentos como Ben antes da transformação foram bem intensos, mas podia ter mantido até o final o contexto todo. Toby Kebbell foi falho tanto como Victor quanto Doutor Destino, pois inicialmente se achava a última bolacha do pacote com expressões forçadas e tudo mais, e depois foi quase um enfeite sem expressão com diálogos mornos e sem agradar em nada, além de que ficou evidente ele ser o vilão já logo de cara, o que é chato demais, então podiam ter trabalhado melhor com o jovem para não dar tanto sinal disso, e agradar mais. Outro que ficou bem estranho foi Reg E. Cathey, que parecia assustado sempre que entrava em cena como Dr. Franklin Storm, impondo sua voz e determinando o rumo de algumas cenas, claro que seu personagem de certo modo é bem secundário, mas agradaria mais se tivessem dado mais perspectiva para ele com os acontecimentos, e ficou evidente também que muitas cenas suas foram cortadas, então não posso nem culpar ele de ter ficado tão estranho. Agora se teve alguém que saiu-se muito bem foi o jovem Owen Judge, que além de fazer um jovem Reeds bem expressivo, ainda ficou muito parecido com Miles, e isso agradou certamente na primeira fase do longa.

Sobre o visual da trama, até que tivemos um cenário bem trabalhado dentro da computação para criar o outro plano e com características que até poderiam ter sido mais desenvolvidas para agradar mais, afinal elementos cênicos não faltariam, mas foi usado apenas para dar a transformação nos jovens, e assim o outro lado ficou apenas como uma locação desértica bem feita. Já nos laboratórios gastaram bastante em elementos para criar algo bem bonito e cheio de visual, afinal a ideia original era que o longa fosse em 3D, e tendo muita coisa para ajudar na perspectiva talvez funcionaria, mas como acabaram abandonando a ideia no meio do caminho da conversão, ao menos não gastamos tanto com o que foi feito. Outro problema que certamente serviu de motivo para o cancelamento do 3D, é que o filme possui muita cor verde em cima dos tons cinzas e isso na conversão iria dar uma dor de cabeça monstruosa tanto na equipe de efeitos, quanto nos espectadores, então a fotografia trabalhou até que bem para o brilho agradar, mas não pensaram na pós-produção, ou seja, também uma área que ficou bagunçada. Agora se temos de falar algo que funcionou bem e agradou, isso certamente ficou a cargo da equipe de efeitos especiais, pois diferente do artificial de muitos filmes, aqui eles fluíram bem e chamaram atenção sempre que estavam presentes, e isso agrada e convence de maneira que o Coisa e o Tocha sempre que estão em cena acabam tendo um bom destaque.

Enfim, poderia falar muito mais sobre os diversos defeitos do longa, e reclamar de muita coisa, mas como sei que muitos ainda irão arriscar alguns reais pagando para ver, deixo que depois venham reclamar mais nos comentários para discutirmos o absurdo técnico desse filme. Claro que não tinha nenhuma expectativa para que o filme fosse bom, mas também não fui com pedras para tacar na sessão, mas a vontade que dá é pedir que tirem rapidamente de cartaz para não roubar tantas pessoas. Bem é isso pessoal, não recomendo o filme para ninguém, mas sei que muitos irão, então apenas deixo a mensagem que começou os créditos podem fugir, pois mesmo sendo da Marvel, o longa não possui nenhuma cena pós-crédito. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais algum longa dessa semana recheada de estreias, então abraços e até breve.


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