Asteroid City

8/13/2023 06:16:00 PM |

Costumo encarar os longas de Wes Anderson sem esperar nada ou bem pouco deles, pois são filmes geralmente bem estranhos que possuem liberdades artísticas demais, aonde os personagens e atores criam alegorias próprias interessantes aonde se pode refletir sobre tudo e nada ao mesmo tempo, ou seja, é um cinema experimental misto com o cinema artístico, aonde você pode até se envolver bastante e gostar do que vê na tela, mas se lhe pedirem para explicar exatamente sobre o que é a obra você não saberá dizer. Sendo assim, alguns de seus filmes vão mais além e entregam um pouco mais de histórias bem criadas, enquanto outros são extremamente artificiais, e diria que "Asteroid City" é sua obra mais maluca, e também a que mais chamará atenção para seu estilo, afinal une o sensacionalismo de uma cidade fictícia, uma peça teatral sendo criada e executada em atos, e mais do que tudo isso coloca o luto misturado com ciência e esoterismo na mesma pauta, aonde vemos alguns atos interessantes bem desenvolvidos pelos personagens, mas ainda assim cansa mais do que agrada ver ele por completo.

O longa se passa na década de 1950 em uma cidade fictícia do deserto norte-americano. Encenada como uma peça, a história segue uma convenção organizada para unir alunos e pais em uma competição acadêmica, até que o caos repentinamente se instala. Acontecimentos em escala global ameaçam perturbar espetacularmente o itinerário da convenção Junior Stargazer/Space Cadet na pacata cidade, à medida que se desenrolam os eventos capazes de mudar o mundo para sempre.

Diria que o formato de um filme montando uma peça que o diretor e roteirista Wes Anderson fez junto com Roman Coppola foi interessante por trabalhar cores, ambientes e situações meio que imaginárias demais, sendo quase uma grande brincadeira teatral na tela, e que funciona bem no estilão do diretor, e quem gosta dessa pegada dele vai se sentir bem encaixado com tantas abstrações que nem irá ligar do ritmo meio que cadenciado demais que acaba cansando um pouco. Ou seja, é o cinema tradicional de Wes, sendo criativo pela criação dentro de uma criação, aonde tudo flui bem, tudo tem sua pegada, e as várias histórias se encontram dentro do mesmo palco, mesmo sendo tão diferentes entre si. E assim mesmo sendo bem estranho de se olhar de fora acabamos ficando interessados aonde ele desejava nos levar nessa grande brincadeira.

Sobre as atuações, na maioria dos filmes de Wes vemos seus vários amigos fazendo os papeis mais diferentes possíveis, e aqui o foco maior fica em Jason Schwatzman com seu Augie meio que seco de expressões, mas com uma história meio que fechada como fotógrafo de guerras e de revistas, vemos ele bem direto nas suas cenas mais densas e assim acaba funcionando sem dar tanto ritmo para o filme, o que é estranho. Vemos também Scarlett Johansson  se jogando como a artista de teatro Midge Campbell se preparando para sua próxima peça, mas presa ali na cidade com sua filha, sendo ousada e sensual na medida, fazendo trejeitos e indagações clássicas e sendo marcante nos atos que tinha de aparecer. Tivemos claro Tilda Swinton como uma cientista meio diferentona, que não sabe bem o que quer, mas sabe como mostrar, e também Adrien Brody aparecendo em algumas cenas meio que soltas com seu Schubert, mas sem dúvida quem mais apareceu na tela foram Bryan Cranston como apresentador da história e Edward Norton como o roteirista da peça que vai desenvolvendo tudo conforme os personagens vão lhe questionando, isso sem falar nos jovens meio que estranhos que foram criativos nas invenções, mas sem intenções muito além para se desenvolverem. Ou seja, são personagens bem colocados nas visões dos atores, mas em papeis tão estranhos que acabamos não nos conectando a eles, e olha que até Tom Hanks conseguiu ficar apagado na trama, ou seja, dava para ir mais além.

Agora sem dúvida a melhor parte dos longas do diretor são no conceito visual, pois são tantos detalhes para olhar na cidadezinha, desde o café, o posto, a ponte inacabada, os vários quartos do hotel de estrada, as máquinas que vendem tudo e mais um pouco, todo o ambiente científico ao redor do meteoro e sua cratera, a bizarra nave com um alien mais estranho ainda, as comemorações e desenvolturas em cima de um general como mestre de cerimônias, toda a criatividade em cima das fotos e dos ambientes, isso sem falar no trem e nas perseguições policiais sempre passando ao fundo, ou seja, a equipe trabalhou muito bem, ousou com cores marcantes para dar os tons certos para os ambientes e tudo mais.

Enfim, é um filme que alguns vão amar e outros vão odiar demais, mas que é o que acontece com todos os longas do diretor, só acredito que dava para ser um pouco menos abstrato com alguns atos, e trabalhado melhor as desenvolturas dos personagens para que não soassem tão artificiais, que aí sim seria algo bem interessante, já do ritmo isso é algo que é uma preferência minha por longas mais ágeis, mas a cadência lenta aqui soa bem trabalhada ao menos, então digo que recomendo ele com muitas ressalvas para quem não for fã do diretor, mas do contrário vão amar cada detalhe. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas devo conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais.  


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