Depois do ótimo "As Aventuras de Tadeo" que passou por aqui em 2013, eis que o diretor espanhol Enrique Gato e sua equipe nos entregam uma nova animação caprichada de efeitos visuais, com personagens bem modelados, e uma história interessante de acompanhar que irá agradar as crianças e até fará com que os adultos parem para pensar um pouco na ganância que alguns empreendedores andam fazendo para conseguir atingir seus objetivos multimilionários. O longa "No Mundo da Lua" possui muitas vertentes interessantes de serem seguidas e consegue envolver bem, claro que para isso acontecer, o diretor não ficou tão próximo das origens de seu país, aliás diferente do seu outro longa que tinham mais personagens, músicas e simbologias que remetiam de certo modo à Espanha, aqui o filme foca completamente nos EUA, inclusive colocando algo até de certa forma irreverente (uma presidenta na Casa Branca!!! Será que estão apostando as fichas na vitória de Hillary), mas longe disso ser um problema, o filme até ficou interessante e agradável de ver, porém certamente poderiam ter trabalhado menos imitando alguns outros filmes e mais criando algo original, que aí sim teríamos um filme impecável.
O longa nos mostra que Richard Carson III, um milionário ganancioso, quer colonizar a Lua. Ele pretende apagar todos os vestígios feitos pelos astronautas da Apollo XI para poder explorar o hélio-3, a energia limpa do futuro, em benefício próprio. Para impedi-lo, a presidenta dos Estados Unidos ordena que a NASA organize o quanto antes uma nova viagem à Lua, de forma a assegurar os feitos do passado e impedir a exploração comercial do satélite. Como não há tempo de construir uma nova nave espacial, um foguete de 40 anos atrás é reaproveitado e, como ninguém sabe operá-lo, vários astronautas do passado são convocados a ajudar nesta nova empreitada. É a chance ideal para que Mike Goldwing, um garoto de apenas 12 anos, possa reaproximar seu pai, o atual astronauta Scott Goldwing, de seu avô, Frank, que abandonou a família após uma missão fracassada.
Lendo a sinopse, certamente posso dizer que você já enxergou 80% da trama inteira, tirando somente alguns detalhes de ação colocados para dar mais ritmo ao filme, o que acabou sendo um ótimo ganho, afinal algumas animações dão tantas aberturas para o desenvolvimento de cada personagem que acabamos cansando em determinados momentos, o que acaba não acontecendo aqui, pois o diretor Enrique Gato priorizou a base do garotinho Mike basicamente lutando contra o vilão Carson, colocando uma pitada cômica aqui, outra acolá e usando os demais personagens apenas para ligação. Claro que por bem pouco o longa não acabou derrapando na tentativa de ficar um longa exagerado na dramaticidade familiar, mas pensaram duas vezes e deixaram como apenas uma subtrama esse mote, optando por colocar a aventura e a "salvação" da Lua como ponto mais evidente da trama.
Assim como no seu longa anterior, os personagens foram modelados com tanta destreza e formatos interessantes de serem vistos, além de diversos estilos de personagens na trama, que fica difícil não olhar um pouco para cada elemento da trama, e isso é algo satisfatório de ver, pois geralmente nas animações, acabamos focando somente nos protagonistas, e o restante vai quase que no CTRL+C, CTRL+V, o que não é legal de trabalhar, pois assim como acontece nos live-actions, sempre temos diversos atores/figurantes trabalhando, e aqui não seria diferente. Além disso, tivemos ótimas colocações de carismas para os protagonistas, trabalhando desde o aventureiro Mike, a informada Amy, o tecnológico Marty, o lagarto engraçado Godzila, o avô carrancudo (que ficou uma cópia perfeita do personagem de "Up - Altas Aventuras"), o pai orgulhoso e ao mesmo tempo desesperado, e claro o vilão arrogante Carson. E todas essas personalidades bem carismáticas foram trabalhadas com muitas cores, o que acaba segurando em demasia as crianças na sala (novamente não vi nenhuma fugindo para banheiro, nem reclamando com os pais, pelo contrário, vibrando a cada conquista da turminha) e fazendo com que todos pudessem ter seus favoritos para acompanhar e se divertir na medida certa com cada um.
O visual cênico também foi bem elaborado para que tivéssemos diversas perspectivas e camadas, trabalhando cada cenário com cores bem vivas e iluminações bem propícias de ver em animações hollywoodianas, destaque para as cenas no pântano com os jacarés, e claro os ótimos ângulos escolhidos para mostrar as crateras lunares. Agora se tem algo que tenho de reclamar é a falta de efeitos tridimensionais, pois usaram apenas o recurso da tecnologia para dar sombras e perspectivas para os personagens, ao invés de usar e abusar do recurso, já que no espaço fora da Terra, com a gravidade tudo poderia voar para fora da tela, claro que tivemos algumas cenas que aproveitaram disso, como a dos M&Ms e algumas outras, mas foram poucas se comparadas com outros longas, e na maioria do tempo levantando o óculos nem borrões quase se formam, o que mostra que não trabalharam tanto com isso.
Enfim, é um bom filme que agrada e diverte, talvez alguns detalhes mais resolvidos chamariam mais a atenção, e também se não tivessem copiado tanto alguns detalhes das animações hollywoodianas, o resultado seria mais original e interessante. Porém nada disso atrapalha a diversão e sendo assim com certeza acabo recomendando ele para quem tiver crianças em casa e quiser levar para conferir uma boa animação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana no interior, e na terça virei em peso com os longas de um Festival que irá rolar por aqui, então abraços e até breve.
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