Cada dia que passa fico mais feliz que nossos diretores nacionais estão buscando alternativas possíveis para que o nosso cinema saia do contexto "filme nacional" para os diversos outros gêneros existentes no mundo todo, aparecendo suspenses, dramas, comédias, ações, ficções científicas e por aí vai, porém alguns ainda acham que precisam colocar comicidade em tudo para segurar o espectador nacional, o que não é uma verdade absoluta, e que por vezes acaba até atrapalhando o curso da história. Resolvi abrir meu texto dizendo isso com tanta ênfase, pois o longa "Em Nome Da Lei" pelo trailer tinha tudo para ser um daqueles filmes tensos, sérios, em que o público acreditasse mais na polícia federal e nos juízes do pais (afinal o longa é baseado na vida do juiz Odilon Oliveira), mas acabaram fazendo uma bagunça tão grande, cheia de gags cômicas, incluindo diversos personagens desnecessários, que ao final o longa acabou me fazendo rir mais do que muitas comédias exibidas por aqui, e certamente esse não era o objetivo.
O longa nos mostra que Vitor é um juiz federal disposto a lutar contra o esquema de contrabando e tráfico de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai. Ao chegar com suas ideias preconcebidas, Vitor é atropelado pela realidade e nota que precisa de estratégia e paciência. Para prender o criminoso Gomez, o juiz precisará da ajuda da procuradora Alice e da equipe do policial federal Elton.
Volto a frisar que o longa não é ruim, pois possui uma ideia excelente, uma produção bem feita e organizada, e até ótimas escolhas de ângulos de filmagens, mas se perdeu completamente no estilo ao jogar um exagero de personagens secundários (que poderiam funcionar perfeitamente como figurantes sem atrapalhar em nada) e ao desenvolver a história com estilo cômico e novelesco demais, pois a história é ótima, o que o juiz real fez foi algo monstruoso e todos sabemos o quanto ainda hoje ele é ameaçado e necessita de máxima segurança, então pra que colocar situações cômicas no meio do filme? Pra que finalizar de maneira tão abobada (antes mesmo da música final entrar, assim que é dado o tiro, o público da sala já começou a sair da sessão, provavelmente irritado com a piada que foi o fechamento)? Ainda se fosse algum diretor novo e inexperiente em reproduções de obras baseadas em fatos reais, até daria para ignorar, mas Sergio Rezende é um daqueles diretores que costuma errar muito pouco, e certamente não era seu desejo que o filme ficasse dessa forma, mas ficou, então de duas possibilidades, vamos tirar uma, ou a vida de Odilon Oliveira foi uma piada sem limites no começo de sua carreira como juiz em Fronteira, ou o diretor/roteirista resolveu fazer piada com o caso mesmo, e agora está rindo muito após o lançamento do filme. Vou preferir ficar com a primeira opção, pois ainda acredito em bons diretores no país!
Embora seja um ótimo ator de novelas, Mateus Solano ainda não decolou no cinema nenhum personagem com a mesma garra que faz na TV, talvez seja um estilo que demore mais para que o público crie um carisma próprio com sua personalidade, e o mais engraçado, é que pelo trailer, o público já estava torcendo para ele, achando se tratar de um filme do juiz Moro e tudo mais, porém seus trejeitos pesaram um pouco e o ator não nos entregou um Vitor mais forte, e sim um juiz novato curioso e que com garra talvez faria sucesso mais pra frente, mas a afobação inicial foi fraca. Paolla Oliveira também esbanjou personalidade para sua Alice, cheia de sensualidade e expressividade, mas faltou seriedade frente à uma promotora, e em momento algum vimos sua imposição frente às acusações que o filme poderia atingir. Eduardo Galvão foi um dos poucos que trabalhou bem nuances de um policial e seu Elton ficou interessante de ver, principalmente ao trabalhar as cenas mais investigativas, dando total forma para a melhor cena na negociação final. Acredito que não existe no país ator melhor que Chico Diaz para o papel de Gomez "el hombre", pois colocou a sua forte personalidade com trejeitos completos de mafioso que resultaram num antagonista perfeito e envolvente, claro que algumas cenas suas foram exageradas demais, mas não por culpa sua. Emilio Dantas até colocou trejeitos interessantes para o seu Hermano, e também chamou a responsabilidade para si nas cenas que precisava, mas confesso que não precisaria da cena flashback para mostrar o motivo de mancar. Dos demais,.... prefiro me abster para não reclamar mais.
Agora algo que vale realmente ressaltar sobre o filme é a questão técnica, pois além de escolherem ótimas locações para condizer completamente com a situação mostrada, usaram equipamento de ponta para ter ângulos incríveis, aonde cada elemento cênico fosse bem explorado pela equipe, mostrando um trabalho exímio da equipe de arte que conseguiu muitos carros "maquiados" como se fossem da Federal e muitas armas para as cenas mais fortes, ou seja, uma produção de primeira linha. E claro que a fotografia não ficou para trás, usando e abusando de cenas noturnas para trabalhar com sombras e dando um tom mais envolvente para o árido clima que a cidade demonstrava.
Enfim, não posso falar que é um filme ruim, mas falhou demais em diversas coisas e acabou atrapalhado demais pelo teor cômico que acabaram dando para a trama. Como disse no começo, talvez uma série, aonde pudessem trabalhar mais cada personagem agradaria mais e conseguiriam sumir com as situações desnecessárias e errôneas, mas se isso vai ocorrer mais para frente não temos como saber. Então pelo resultado mostrado, só recomendo o filme se você realmente não se importar com situações cômicas em meio à um assunto seríssimo que é o tráfico e o contrabando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na próxima terça com os trabalhos em cima do Festival Indie do Sesc que contará com 8 longas que certamente nunca passariam aqui pelo interior, então abraços e até breve.
1 comentários:
Não vi essa comicidade toda. O filme é bom. Acima da média do cinema nacional.
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