Milagres do Paraíso (Miracles From Heaven)

4/21/2016 11:23:00 PM |

Pode até ser meio repetitivo isso que vou dizer, mas se tem um filão que sempre terá público cativo é o tal dos dramas religiosos. Pois há crentes de todo tipo no mundo, e quando um filme consegue trabalhar bem o sentimento de fé e envolver o público, o resultado acaba sendo melhor ainda de se acompanhar. O grande destaque de "Milagres do Paraíso" fica por conta de não ser apelativo quanto à pregações na tela do cinema, o que costuma incomodar bastante quem não for ao cinema disposto à ver isso, e a dramatização acaba funcionando muito bem dentro da história real contada por ter diversos elementos que nos comovem, e que foram bem interpretados por todos os atores. Não diria que é um longa perfeito, mas a simbologia de tudo é tão bonita que acabamos envolvidos com tudo o que é mostrado, e independente de acreditar no que ocorreu ou não, a mensagem geral do longa é algo interessante de ser utilizado e vivenciado.

O longa nos mostra que Christy e Kevin Beam são pais de três garotas: Abbie, Annabel e Adelynn. Eles vivem em uma confortável casa, junto com cinco cachorros, e acabam de abrir uma clínica veterinária, o que fez com que tivessem que apertar os cintos e hipotecar a casa. Cristãos convictos, os Beam vão à igreja com frequência. Um dia, Annabel começa a sentir fortes dores na região do abdômen. Após muitos exames, é constatado que a garota possui um grave problema digestivo. Tal situação faz com que Christy busque a todo custo algum meio de salvar a vida da filha, ao mesmo tempo em que se afasta cada vez mais de sua crença em Deus.

Baseando-se no livro de Christy Beam, Randy Brown escreveu seu segundo roteiro de longas com uma sintonia bem pautada dentro de um ótimo contexto familiar, e procurou mostrar bem o sofrimento de uma mãe em busca de uma cura para sua filha doente, e ao trabalhar o conteúdo do livro pautando a ideologia de fé, que acabou sendo incorporada para "mistificar" a cura de uma doença incurável junto de um acidente terrível, o roteirista optou por não forçar tanto nas pregações e em envolvimentos duvidosos que seriam capazes de atrapalhar o andamento da trama. Claro que tudo está ali, e a diretora Patricia Riggens fez questão de em alguns momentos elucidar de modo mais claro, porém tudo é feito com simplicidade e envolvimento que o drama acaba prevalecendo bem mais do que o cunho religioso, e isso é ótimo de ver na tela, e mostra um formato que poderia ser utilizado mais vezes para trabalhar filmes do gênero. Agora se tem uma coisa que a diretora fez questão de trabalhar bastante, foi a carga dramática da trama, pois mesmo que você seja insensível nível coração extremamente congelado, o longa irá trazer situações duríssimas durante toda a exibição para que o público chore ou no mínimo de aquelas engolidas a seco para segurar as lágrimas, e embora isso seja um padrão que muitos reclamam de ser usado, o resultado funciona e envolve mais ainda.

Sobre as atuações, o básico que temos de falar é que Jennifer Garner impressiona e muito com o desespero de sua Christy, e certamente a Christy verdadeira ficou bem feliz com as expressões passadas pela atriz ao interpretar ela, pois mesmo quem não tem filhos saberá a dor que a mãe sentiu com os trejeitos colocados ao máximo pela atriz, ou seja, usou o corpo e a face para mostrar dor, desespero e até mesmo todo o questionamento que se via fronte à sua fé. Agora se tem alguém que mostrou uma personalidade ímpar, foi a jovem Kylie Rogers, que com apenas 12 anos já possui um vasto currículo de longas e séries, e trabalhou tão forte sua Annabel, demonstrando muita dor, muito desespero e a clara vontade de desistir a qualquer momento devido a tudo o que está passando, e para uma garotinha dessa idade já fazer trejeitos e diálogos tão eloquentes, com toda certeza vamos ainda ouvir muito seu nome no futuro. Como em todas as profissões, sempre existem os que fazem a diferença, e no ramo da pediatria certamente temos os médicos mais diferenciados possíveis, principalmente em hospitais que trabalham casos mais duros como é o caso do filme aqui, e arrumaram um ator tão envolvente para fazer o Dr. Nurko que com certeza esse médico marcou e muito a vida da família, e assim sendo o mexicano Eugenio Derbez mostrou irreverência e personalidade para agradar e ser carismático ao ponto de mesmo que desse más notícias, ele levantaria a moral de um enfermo, ou seja, o ator agradou em cheio. Tenho de dar também destaque para o papel de Queen Latifah, que colocou um carisma fora do comum para sua Angela, que envolvendo com um sorriso maravilhoso e incorporando uma bondade fora dos padrões, também deve ter sido uma pessoa que marcou demais a vida da família, e não poderia ser interpretado de forma ruim.

O conceito visual da trama ficou muito bem trabalhado também, pois a equipe de arte arrumou desde uma fazenda bem clássica e bonita para funcionar como residência da família, entrou a fundo no hospital de Boston para mostrar algo duro, mas bem feito, e uma singela igreja para os poucos momentos de pregação, um aquário maravilhoso para dar uma perspectiva diferenciada, e claro, uma árvore magnânima e centenária para dar o contexto final da trama. Além disso, usaram poucos elementos cênicos, mas todos com a clareza perfeita para cada momento, o que agrada demais em longas mais simples. A fotografia usou e abusou de efeitos coloridos nas cenas do paraíso e comover junto de elementos sublimes para passar um certo ar de tudo vai ficar bem, e esse acerto é algo que as vezes costumam ficar forçado, mas em momento algum a trama forçou qualquer tom para isso, deixando nas mãos do texto e na sonoridade para isso, usando no filme apenas filtros para agradar o visual mesmo.

Já que falei da sonoridade, é fato que esse estilo de filme sempre vai procurar colocar trilhas comoventes para envolver o público, e nos momentos certos, é claro que vão aumentar o volume e deixar que a canção embale e flua para mente. E aqui, já desde o trailer que contava com uma ótima canção motivacional, durante todo o filme optaram por boas canções que além de manter o ritmo foram responsáveis por segurar bem a trama, e sendo assim, o resultado ficou muito bom de ouvir. E como venho fazendo ultimamente, segue aqui também um link com todas as músicas.

Enfim, é um bom filme que vale a pena pela ótima mensagem e pelas boas atuações que são mostradas, talvez muitos não acreditem em nada do que seja passado, mas a dramaticidade acabará comovendo quem for assistir. E sendo assim, com certeza recomendo o longa para todos, mas principalmente para quem gosta do estilo de dramas mais comoventes pela essência do que pelo fato em si. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais estreias.

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