Superpai

3/02/2015 11:14:00 PM |

Todos já assistiram algum filme que algo dá errado, e ao tentar arrumar, as coisas só vão piorando. Já teve filme americano, francês, argentino e até outros brasileiros que tentaram copiar o filão que deu certo de "Se Beber Não Case", mas saber copiar é uma dádiva que nem todos possuem, e o gênero cômico se errar a mão pode se virar completamente contra os realizadores e o resultado não agradar como poderia. E isso é o que ocorre com "Superpai", pois a ideologia foi bem feita, o roteiro tentou usar piadas sujas e algumas escatologias, tem o lado bonitinho também do lance familiar, mas acabaram se perdendo em algum momento, que pode ser desde o roteiro até a montagem, e o que era pra ser completamente besteirento e agradar um estilo particular de público, acabou ficando bem morno para agradar a todos, e aí acabou não agradando a quase ninguém. Não digo que o filme foi um fiasco completo por conseguir divertir em diversos momentos, mas faltou a pegada inicial que aparentava ter logo de cara, na criação dos personagens e nas suas ideologias, que com muita certeza teria uma classificação indicativa de no mínimo 16 anos para não falar em 18, e ficar com 14 anos moderada, e assim aliviar a pressão que acabou faltando.

O filme nos mostra que Diogo é um adolescente tardio, que reluta em sucumbir à vida adulta. Casado com Mariana, ele vê a chance de resgatar a popularidade dos tempos de escola quando a turma resolve se reencontrar em uma grande festa para marcar os 20 anos de formatura. Acontece que no dia D, a sogra sofre um acidente que tira a esposa dele de casa, e Diogo terá que cuidar do filho pequeno. Para não perder a comemoração – e a chance de “pegar” uma antiga paixão do colégio – ele resolve deixar o filho em uma creche noturna. Na hora de pegar o menino de volta, porém, ele acaba levando uma criança coreana por engano. E Diogo vai viver altas confusões ao longo de uma noite ao lado dos amigos César, Nando e Júlia para recuperar o filho. E o prestígio.

O roteiro do filme até mostra que Pedro Amorim pode num futuro acertar a mão no estilo comédia forçada que muitos gostam e que faz rir, mas primeiramente ele precisa fazer fama e criar colhões suficientes para enfrentar os produtores que adoram censurar e querem dinheiro colocando um filme com classificação abaixo do que deveria. Digo isso facilmente, pois a sensação de impotência é gigantesca ao final do filme, claro que a ideologia é bacana já que o nome é "Superpai" e dar um fechamento condizente com isso é correto, mas temos todo um miolo antes para que o público role de rir das situações, temos personagens com formatos totalmente incoerentes e cheios de sacanagem para desenvolver, daí deixar isso de lado para ficar politicamente correto, foi a falha mais brochante que o longa poderia ter. Repito que temos diversas cenas engraçadas que sobraram durante o filme, mas que a capacidade do diretor era algo bem maior do que foi entregue isso eu tenho certeza absoluta, e quem sabe ainda um dia consiga ler a primeira versão do roteiro que tenho mais absoluta certeza que seria um filme pra pessoa mais suja do planeta se arrepiar. Mas já que o que nos foi apresentado foi esse filme que com certeza pode passar na TV aberta em horários diversos, o que posso falar é que o trabalho de escolha dos planos é um ponto totalmente a favor do filme, já que o diretor já havia nos mostrado em seu filme anterior que não gosta de câmera parada, aqui temos ângulos sendo ainda mais ágeis para dar o ritmo na trama e envolver as piadas fracas, e assim, tentar agradar um pouco mais do que o leve sorriso nas cenas mais normais.

Sobre o elenco não tem jeito, Danton Mello é fraco, isso é um ponto que ele se esforça para ser cômico e raramente consegue, já errou em diversos filmes sempre da mesma forma, e já está na hora de algum diretor ver que ele não tem rosto engraçado, não tem tom risível nas piadas e sempre força seu estilo humorístico para que o público ao menos ria de piedade dele, quem sabe fazendo algo policial ou dramático tenha mais sucesso, mas aqui mesmo quase se matando pulando e rolando, ainda foi fraco, não estou dizendo que ele não se esforça, muito pelo contrário, tentou de diversas formas, mas não envolve. Agora a grande vítima do corte do pudor no roteiro tenho certeza absoluta que foi Dani Calabresa, pois sua Júlia devia ter algumas das piadas mais quentes e sujas que fariam a equipe nem conseguir gravar direito, é nato isso em diversos momentos do filme, e ela tentou até se segurar, além disso, também é responsável pelo maior erro de continuidade claro do cinema nacional, e pode até ser devido aos cortes, que numa cena está toda lambrecada de batom junto do personagem de Tabet e na seguinte está tão arrumada quanto saiu da festa, mas tirando esses defeitos, até que soube atuar razoavelmente bem, ainda prefiro ela como apresentadora da MTV, mas vai ficar boa em breve com tantos projetos. O personagem de Thogun Teixeira, Nando, provavelmente conteria as piadas homofóbicas que o produtor do longa estaria até agora tentando explicar para o conselho de ética, e tirando uma cena fraquíssima, é demonstrado sua sexualidade, do restante nem o ator se esforça para fazer o tipo, nem a trama mostra algo que o faça sair do armário, ou seja, ficou algo tão neutro que não agrada nem desagrada ninguém, quase nulo. Até hoje só conhecia Antonio Tabet de alguns vídeos do "Porta dos Fundos", e o que lá o fazia um cara engraçado, aqui ficou totalmente piegas e sem envolvimento, algumas cenas suas são divertidas, mas o ator pareceu perdido quanto ao texto maior do que apenas as esquetes para a internet, e assim seu Cezar ficou fraco também. Monica Iozzi já havia dito que sairia do CQC para ser atriz, e isso vem se consolidando bastante já que está fazendo diversas novelas, filmes, esquetes e tudo mais, e de todos aqui foi a que menos deu falhas, claro que se usasse seu tom humorística agradaria mais, mas nas poucas cenas que está do filme, fez com que sua Mariana fosse divertida e interessante de acompanhar. O destaque com certeza de caras e bocas do filme fica claro para o garotinho Erik Min Soo Chung que com seu Jaspion cheio de fofura, com certeza divertiu demais a equipe de filmagem, e agrada no que faz em cena, poderia ser mais explorado no filme que agradaria mais ainda.

Sobre o visual, embora a maior parte das cenas se desenvolvam dentro de um carro, nas paradas souberam colocar bem os elementos cênicos para dar conteúdo e representar os locais sem precisar ficar falando, aqui é tal lugar, aqui é outro lugar, e isso é algo que já venho falando de outros filmes nacionais que os diretores de arte tem trabalhado bem e gastando boa parte do orçamento para agradar. Talvez uma ou outra cena merecesse algo a mais, mas no geral agrada bem, o destaque falho fica para a festa de confraternização que num primeiro momento estava sem figurantes e na cena mais para o fim já está lotada de pessoas, claro que o ambiente foi reduzido, mas aparentou ser uma falha. A fotografia do longa também não se desenvolveu demais, sendo apenas correta, o que poderia ser abusado mais com tons diferenciados para cada estilo de cena, e embora correto por termos muitas cenas dentro do carro, faltou saber mostrar que numa rua, a iluminação oscila, e com todo momento todos bem iluminados, ficou claro que estavam dentro de estúdios em boa parte do tempo.

Enfim, é um longa divertido no geral, mas que poderia ser algo muito, mas muito melhor mesmo sem que tivessem censurado tudo. Quem gosta de algo leve para rir, talvez até goste mesmo com algumas escatologias, mas quem desejar uma comédia que vai fazer você chorar de tanto rir, essa não é a que irá fazer isso. No geral como cumpriu com o dever de divertir até vale o ingresso, mas está longe de ser algo fantástico, então só vá se você realmente gostar de comédias inusitadas e procure não caçar as falhas, pois está muito fácil. E não falei de Rafinha Bastos e Danilo Gentili por um único motivo, ambos apenas aparecem de enfeite no filme, antes que alguém pergunte, o papel de Bastos até poderia ter muita história pra contar, mas foi quase algo nulo. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando a semana cinematográfica com esse filme, então abraços e até breve.


1 comentários:

Andre Luiz disse...

Erik Min Soo Chung é muito fofo e salva o filme

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