Os Sapos

2/03/2025 01:58:00 AM |

Como bem sabemos hoje muitos relacionamentos vivem no limite entre o agradável e o desesperador, bastando apenas uma vírgula para tudo estourar, e claro muitos diálogos precisam vir a tona para que não seja engolido um sapo toda vez que algo fora dos padrões acontece. E é bem essa a dinâmica do longa "Os Sapos", que estreia na próxima quinta 06/02, aonde muitas vezes o diálogo de um lado não é o mesmo que ocorre do outro, e que pensamentos de casais precisam bater para que tudo role bem, principalmente quando vem alguém de fora movimentar tudo. Ou seja, o longa tem personalidade e dinâmicas bem rápidas e práticas, que até funcionam muito bem, mas que precisaria talvez um pouco mais de intensidade no desenvolvimento para que o filme fosse ainda mais além, porém sendo bem direto acaba agradando e passando bem a mensagem logo de cara, valendo para a reflexão dos relacionamentos se estão bem saudáveis ou apenas achamos que está.

A sinopse nos conta que Paula, 40 anos, chega numa casa isolada no mato para um reencontro de amigos de colégio a convite de Marcelo. A confraternização foi cancelada e ela só poderá ir embora no dia seguinte pois neste lugar só passa um ônibus por dia. Paula decide aproveitar o passeio e curtir a natureza. Mas sua presença incomoda Luciana, namorada que Marcelo não assume. Um casal de vizinhos, Claudio e Fabiana, vão se juntar a eles. A presença de Paula propicia uma tomada de consciência das mulheres e revela as neuroses dos dois casais provocando tempestades afetivas.

Uma diretora que vem crescendo muito no cinema nacional, e que já falei que tem um estilo técnico impecável é Clara Linhart, e aqui ela soube trabalhar as famosas DRs (discussões de relação) de uma maneira ampla, simples e direta, aonde o engolir sapo não estava liberado, e com isso vemos dinâmicas tão bem encaixadas no aparecer do elemento inesperado que acaba tudo fluindo muito bem na tela. Claro que volto a frisar que o filme é curto demais para um tema que daria para ficar mais amplo, a coisa poderia esquentar muito mais, ter alguns rumos diferentes e tudo mais, porém a escolha dela foi bem colocada na tela, e sem soar falso com nada, o roteiro de Renata Mizrahi acabou funcionando, então foi o simples muito bem feito que ninguém se incomoda e acaba concordando com o que vê na tela.

Quanto das atuações, ao mesmo tempo que não gosto nem um pouco de alguns trabalhos de Thalita Carauta, amo outros papeis de paixão, e aqui com sua Paula, ela soube segurar as pontas de tantos lados que se ela foi para a possível festa animada para espairecer, saiu de lá surtada com tudo, e esse é o estilo que gosto de ver a atriz fazendo, pois fazendo drama ela entrega muito mais verdades do que quando tenta puxar para o lado mais cômico, e assim posso dizer que ela passou emoção em poucos atos na tela. Karina Ramil e Verônica Reis foram pelos vértices mais abertos possíveis para que suas Luciana e Fabiana tivessem encaixes e problemas para resolver que só com um elo de fora poderia quebrar, e ambos oscilaram demais nos trejeitos sem ir a fundo com o que o papel pedia, parecendo que faltou um algo a mais para que os papeis se abrissem, não sendo interpretações falsas, mas a pegada explosiva quando estava pronta para ocorrer, a diretora optou por cortar, e aí faltou aquele algo a mais para chamar atenção realmente. Da mesma forma, Pierre Santos com seu Marcelo e Paulo Hamilton com seu Cláudio trabalharam como os famosos homens garanhões, daqueles que acham que podem tudo e querem todas, sendo exagerado até em cena o que fazem, mas que o papel pedia, porém dava para tomarem rumos mais diferentes com tudo, e assim faltou soar mais secos. 

Visualmente a trama não ousou muito também, tendo uma casa numa área rural bem simples, porém com figurinos não muito condizentes com o ambiente, parecendo que as moças estavam indo mais para uma balada do que para o campo, tendo tudo muito certinho e limpo, o que destoou um pouco, mas até que agrada, porém dava para colocar um ar mais rústico e pegado para que tudo tivesse uma fluidez diferente.

Enfim, é um longa interessante, rápido e bem direto na proposta, não floreando muito a dinâmica, mas também não explodindo como deveria, sendo o básico bem feito que quem gosta do estilo assiste e sai interessado em discutir a situação, e dessa forma vale a indicação para conferida a partir da próxima quinta. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Livres Filmes e da Atti Comunicação pela cabine, e volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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