Diria que a diretora e roteirista Payal Kapadia soube segurar seu filme na ponta dos dedos para que ele não saísse uma vírgula fora do caminho, de modo que cada elo entregue funcionasse e envolvesse o público, que cada dinâmica passasse algum sentimento, e principalmente que seu filme fosse introspectivo, mas não ficasse monótono, ao ponto que como disse no começo se você se conectar com a ideia toda no final nem precisaria ter o escrito da dedicatória, mas sim todos saberiam que o longa foi feito para todas as enfermeiras que muitas vezes pensam mais nos seus pacientes do que em si mesmas, e a direção diz muito isso em cada um dos atos da trama, além de colocar em pauta todo o método cultural, mas bizarro de casamentos arranjados sem envolvimentos das pessoas principais. Ou seja, são duas discussões paralelas que funcionam tão bem dentro da proposta, que felizmente vi um longa indiano que facilmente poderia se passar em muitos outros locais, mas que o sentimento funciona na tela.
Quanto das atuações, mesmo sendo protagonista acredito que faltou uma imposição maior por parte de Kani Kusruti para sua Prabha, pois a atriz ficou com um ar inseguro demais durante toda a produção, que mesmo o papel pedindo algo do estilo, poderia ter ido mais além nos trejeitos, parecendo por vezes que sua personagem era apática demais, e certamente não era essa a ideia, ou seja, faltou abraçar melhor o papel. Divya Prabha trabalhou sua Anu já bem mais solta que a protagonista, tendo um ar claro bem mais jovial e praticamente vivendo uma outra época na Índia, mas que ainda tenta seguir as dinâmicas do passado, e dessa forma a atriz criou uma desenvoltura bem encaixada e soube chamar muita atenção na tela. Quanto aos demais, Chhaya Kadam trabalhou sua Parvaty de uma forma muito idosa, o que não era tão bem alocado para o papel, e Hridhu Haroon foi muito seguro com seu Shiaz para um personagem que recaia mais para o lado muçulmano da trama.
No conceito visual a trama trabalhou um pouco o ambiente dos hospitais no país, mas sem se aprofundar muito em tudo, mostrou também um apartamento bem simples das garotas, o prédio da amiga que precisa abandonar a cidade mais importante do país, aonde tudo acontece para voltar para seu vilarejo, e lá vemos a simplicidade ainda maior litorânea, mas bem diferente do costumeiro e badalado centro do país. Ou seja, a equipe não tentou ir muito longe nesse conceito, mas foi representativo no que precisava fazer.
Enfim, é um longa ousado dentro de um país aonde estamos acostumados a ver tramas mais enérgicas e cheias de dinâmicas, pois sutilezas não é bem algo comum por lá, e ousando trabalhar um ar mais introspectivo posso afirmar que muitos não irão entrar muito no clima, mas vale ao menos a conferida para ver algumas diferenças marcantes nessa profissão tão importante no mundo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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