Acredito que deva ter sido engraçado para o diretor e roteirista Ti West ver na tela a personagem de uma diretora de filmes de terror de baixo orçamento que está fazendo sua continuação para crescer cada vez mais usando uma atriz em ascensão, que é exatamente o que ele mesmo está fazendo nesse filme, sendo algo quase que duplo de se pensar, mas que funcionou de uma maneira bacana e sábia, pois se o primeiro longa fez muito sucesso por ser de baixíssimo orçamento, ter sido filmado inteiro dentro da pandemia com limitações aos montes, aqui ele pode brincar mais com a ideia de uma trama de terror por muitos ambientes, cheios de sacadas e mortes de diferentes modos possíveis, e mais do que isso, brincou dentro dos estúdios dos cinemas, pois a sacada da jovem correndo pelos bastidores foi algo brilhante e bem bonito de se ver, e a forma encontrada de matar os "vilões" foram perfeitas, mostrando que ele tem estudo e sabe o que faz, podendo rumar para projetos mais intensos em um futuro próximo.
Quanto das atuações, Mia Goth já decolou no primeiro filme fazendo dois papeis e sendo intensa em ambos, mas ainda não tinha demonstrado sua personalidade realmente, afinal o primeiro longa é quase algo explosivo de ações e que cheio de intensidades até se perde um pouco no papel, porém aqui ela pode se jogar por completo como uma mulher decidida do que quer, enfrentando todos os perrengues possíveis para que sua Maxine estourasse em Hollywood, quase que literalmente, e agora vai ser colher os louros, pois certamente será chamada para papeis mais imponentes e vai precisar mostrar que fez o nome mesmo. Demorou um certo tempo para que eu ligasse a imagem de Kevin Bacon em seu John Labat, pois estava muito diferente na tela, e perseguindo tanto a protagonista só é notável mesmo quando faz seus trejeitos tradicionais, ou seja, brincou bastante na tela e fez mais um papel icônico para o seu currículo. Embora o papel de Elizabeth Debicki seja bem secundário na trama, como disse no parágrafo anterior ela fez o próprio diretor dentro do filme, e a postura que sempre entrega é algo tão chamativo que ela acaba sendo marcante com o pouco que faz, ou seja, agrada e funciona também. Dentre os demais, vale claro o destaque para Simon Prast bem icônico nos atos finais com seu Ernest imponente e cheio de determinações, Michelle Monaghan colocando sua Detetive Williams na tela de uma forma limpa e intensa, mas sem dúvida seu parceiro vivido por Bobby Cannavale é quem se sobressai nos atos que estão na tela, isso sem falar claro no agente da protagonista que Giancarlo Esposito brinca de fazer na tela.
Visualmente a trama teve um estilo bem clássico dos anos 80, com carrões conversíveis, os cinemas de mulheres nuas com shows ao vivo, claro as locadoras alternativas, e ainda possibilitando um passeio pelos vários barracões de estúdios, tendo inclusive o clássico Bates Motel com a casa do assassino de "Psicose" ao fundo, ou seja, o diretor teve muitos recursos para que seu filme mostrasse muitos elos clássicos e chamasse atenção, aonde vemos como são feitas as cabeças de filmes de terror para serem cortadas, rituais macabros e toda a mística do gigantesco letreiro, e claro usando e abusando de muitos bons elementos como armas, facas e tudo mais ainda deixou para um salto robusto a cena gore de explosões de partes do corpo.
Enfim, é um filme bacana, muito melhor que o anterior, mas com um defeito gigantesco, é alongado de ritmo, de tal forma que o longa tem apenas 103 minutos de projeção, mas senti assistindo uma trama de facilmente umas 3 horas, ou seja, ele cansa o espectador com tudo o que entrega na tela. Claro que passa bem longe de ser algo ruim de conferir, mas dava para o diretor ter trabalhado mais atos dinâmicos para que o filme ficasse mais imponente e chamasse ainda mais atenção, então fica a dica para a conferida, afinal sei que muitos irão ver, a sala estava completamente cheia na sessão legendada, o que me deixa bem alegre, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.
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