Netflix - As Cores do Mal: Vermelho (Kolory zla. Czerwien) (Colors of Evil: Red)

6/04/2024 01:19:00 AM |

Já faz algum tempo que tenho gostado de alguns filmes poloneses, principalmente os que brincam com o  gênero de suspense policial, e uma coisa que tenho notado é que muitas vezes eles gostam de entregar o possível culpado logo no começo e ir desenvolvendo tudo de forma a ter alguma reviravolta imponente ou então apenas como tudo se desencadeou para chegar naquilo, e algo que é até engraçado de ver, é que não fazem nada para diferenciar um flashback do momento atual, ao ponto que por vezes até parece meio de relance a pessoa morta estando ali normal, o que acaba confundindo um pouco, mas nada que atrapalhe. E o longa da vez é a estreia da Netflix, "As Cores do Mal: Vermelho", que consegue prender o espectador com toda uma desenvoltura simples em um emaranhado de situações envolvendo pessoas bem próximas da pessoa morta, e claro um procurador bem disposto a enfrentar tudo e todos para conseguir fechar todas as pistas, mesmo que seus superiores queiram fechar o caso. Ou seja, é daqueles longas que você vai ficar bravo com tudo o que ocorre, vai torcer para alguns personagens e se indignar com outros, e que felizmente não se amarra num conceito novelesco, deixando os protagonistas bem em foco, e apenas indo quebrando os nós para o desenrolar completo da trama. Claro que não é perfeito, tendo algumas coisas meio que desleixadas demais, mas como as reviravoltas do final compensam, o resultado acaba valendo o play.

O longa nos mostra uma praia em Tri-City, na Polônia, que se torna o cenário de uma descoberta dramática quando o mar traz à tona o corpo de uma jovem. A mutilação incomum da vítima aponta para um assassinato. A investigação é liderada pelo ambicioso e incansável promotor Leopold Bilski. A mãe da vítima, a juíza Helena Bogucka, também está envolvida na investigação. Todas as pistas levam a um dos clubes à beira-mar, que se revela relacionado ao assassinato de uma mulher ocorrido 15 anos atrás. À medida que as informações coletadas durante a investigação e as evidências ocultas por anos vêm à tona, o lado sombrio da criminalidade em Tri-City surge lentamente. As descobertas de Leopold e Helena começam a se tornar muito incômodas para a polícia local.

Não conhecia o diretor Adrian Panek, mas já vi que seu longa anterior tem no outro streaming, então devo dar um play nele em breve, mas centralizando o que fez aqui com o livro de Malgorzata Olivia Sobczak foi algo digno de ser reconhecido, pois não precisou capitular, não precisou ficar brincando de flashbacks e quebras, mas sim entregando tudo num linear misto, que por vezes até confunde um pouco, mas que logo que você pega o ritmo, o resultado fica fácil de encontrar, e isso fez com que o longa tivesse um bom ritmo e um fluxo melhor ainda, que talvez até fosse mais interessante não focar tanto no mafioso logo de cara, deixando talvez ele como um secundário até uma revelação final, porém a brincadeira de ir colocando mais personagens e desenvolturas acabou não permitindo que o cara fosse o único culpado, e com isso o diretor soube ampliar sem tornar sua trama cansativa, e muito menos novelesca. Ou seja, é um trabalho com estrutura que facilmente chegou bem detalhada para o editor, pois um corte fora do eixo deixaria o longa como uma bomba sem que nada pudesse ser entendido, e esse risco é um preço altíssimo que muitos optam por correr. Detalhe, esse é o primeiro livro da quadrilogia da escritora, tendo ainda Preto, Branco e Amarelo, então vamos ver se a Netflix vai empolgar e encomendar os demais, pois vamos esperar!

Quanto das atuações, o protagonista Jakub Gierszal tem muito estilo, é insistente e com muito carisma para o público consegue chamar praticamente toda a câmera para si, o que é ótimo, ainda mais que o personagem é o protagonista dos quatro livros, ou seja, se quiserem jogar um bom contrato para o ator veremos ele como Leopold Bilski mais algumas vezes, pois sabe aonde olhar, tem classe e não chega a se impor, algo bem raro em filmes com detetives/procuradores como protagonista, então vamos torcer para o jovem ir ainda mais além na companhia. A jovem Zofia Jastrzebska deu boas nuances para as cenas de sua Monika, e confesso que achei que como morre logo no começo não apareceria mais no longa, mas está presente em quase todas as cenas, repassando seus atos antes de morrer, e agrada com muita personalidade e bons olhares, ou seja, não decepcionou. Já Maja Ostaszewska fez sua Helena, um pouco retraída demais, de modo que seus atos foram bem expressivos, mas pareceu meio desorientada demais em cena, o que acaba não agradando quanto poderia. Ainda tivemos muitos outros bons personagens soltos, com pouco destaque para Przemyslaw Bluszcz com seu Kazar e Andrzej Konopka com seu Tadeusz, mas sem grandes momentos que valesse falar muito deles

Visualmente a trama trouxe bons atos de tortura, mas ainda poderia ter ido bem mais além, afinal o quarto encontrado na mansão do chefão nos atos finais valeriam ter feito pelo menos umas duas ou três cenas lá para impactar ainda mais, tiveram atos marcantes também no necrotério e na praia com o encontro do cadáver, alguns atos movimentados na boate, e cenas mais densas na casa dos pais da garota e em alguns locais mais abandonados, conseguindo desenvolver bem o tema com poucos elementos cênicos marcantes, o que diferencia bem de uma trama tradicional investigativa, mas que de certa forma funcionou para o estilo que o diretor queria.

Enfim, confesso que fui ver sem esperar muito dele, tendo um nome quase que de longa de terror, mas que ao final já estava completamente preso dentro da formatação escolhida, o que acabou me agradando demais, então como costumo falar, veja sem esperar nada e seja surpreendido, pois a trama entrega tudo o que não promete, e nem faz ficarmos gastando palpites jogados, afinal tudo está na tela para ser usado. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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