Se no seu longa de estreia, o diretor e roteirista Michael Sarnoski conseguiu ser chamativo e transformar um Nicolas Cage que só vinha fazendo filmes ruins novamente em um ator imponente, aqui todos esperavam ver o que faria com um orçamento bem mais generoso e claro lotado de efeitos especiais, porém ele trabalhou com uma calma tão nítida e bem entregue que pareceu estar trabalhando em algo de poucos dólares aonde o que importava mesmo era ver as boas relações humanas na tela, a desenvoltura do desconhecido e do aprender a viver em silêncio, do caos tomado e poder respirar ou até mesmo gritar, e com isso acabou trabalhando com algo ainda denso, mas que abre uma ideia bem trabalhada de como alguns sentiram mais que outros a invasão, trabalhando o lado humano e também o sentimento da dor e da doença como um todo. Ou seja, poderiam ter feito só um filme de ação e tensão, mas trabalharam tão bem o drama que o conteúdo todo acaba impactando na tela.
Quanto das atuações, o que mais me impressiona em Lupita Nyong'o é a sua vontade cênica, pois ela pega papeis muitas vezes até bem simples, e acaba dando uma roupagem e uma interpretação que acaba sendo o papel dela, e aqui sua Sam não é alguém que conquista o público no primeiro ato, sendo uma jovem que já praticamente desistiu de tudo com a doença que é acometida, e apenas tem sua vontade de comer uma pizza no centro da cidade aonde viveu bastante, mas depois que tudo começa a pegar fogo mesmo, a atriz consegue se conectar tão bem com todos, consegue cativar seus atos e faz uma entrega tão perfeita que a vontade que temos em seu ato final é o de aplaudir realmente, pois foi além do que precisava. Embora a sinopse destaque Djimon Hounsou, seu Henri é apenas um personagem forte em duas cenas, mas que no segundo filme apareceu bem mais, então apenas traz essa conexão para sabermos quem é ele na tela. Já Joseph Quinn trouxe para seu Eric um ar fóbico cheio de precisão cênica, mas também algo doce de ver a jovem sofrendo de dor e sair para buscar um remédio, criando carisma e envolvimento com muita personalidade e integridade, chamando realmente o filme para si, ou seja, agradou demais com o que fez. Ainda entre os demais vale um rápido destaque para Alex Wolff como Reuben, mas sem dúvida alguma quem chamou toda a atenção na tela foram os dois gatinhos Nico e Schnitzel que deram vida ao personagem Frodo, sendo dóceis demais, caminhando e se movimentando com uma classe única, e o principal, nem ligando para os bichões, afinal não estava vendo nada ali, apenas se assustando por vezes com o barulhão na tela, ou seja, poderiam ter levado a Palm Dog em Cannes se o filme tivesse estrado por lá na época do Festival, mas aí seria uma Palm Cat.
Visualmente o longa foi muito crível de vermos uma Nova York destruída pelos bichões, vários prédios quebrando, carros pegando fogo e tudo muito abandonado no melhor estilo apocalíptico que já vimos em outros longas, mas sem dúvida as cenas internas foram as que mais chamaram atenção, com um túnel do metrô inundado com um bichão morando por lá, uma igreja inteira destruída, porém com a iluminação do sol fazendo brilhar o altar, todo um ambiente com vários bichos em um prédio em ruínas, e claro o teatro virando algo mais fechado e com cenas bem fortes, isso sem falar no prédio de vidro com tudo sendo quebrado, além do apartamento da protagonista bem representativo de sua ocupação e o bar aonde seu pai tocou no passado bem simbólico e com cenas bem bonitas de ver. Ou seja, a equipe soube gastar bem o dinheiro do orçamento para que tudo funcionasse e chamasse a atenção, e agora vendo os bichões mais de perto diria que ficaram estranhos, porém imponentes.
Se o primeiro foi indicado ao Oscar de Melhor Edição de Som, aqui diria que corre um grande risco de até ganhar a premiação, pois cada detalhe sonoro contou muito para os atos cênicos, e como disse no começo, o silêncio passa da tela para os espectadores, ao ponto de nem ouvirmos as respirações na sala, ou seja, uma mixagem perfeita que causou impacto no público das sessões.
Enfim, não é melhor que o segundo longa que ao meu ver foi muito superior ao primeiro, mesmo não sendo mais algo tão original, mas diria que esse fica bem pau a pau com o primeiro, tendo um ou outro momento que derrapa um pouco no desenvolvimento, mas tendo animais no set e toda uma presença ambientada em algo muito maior, o resultado acaba surpreendendo bastante e valendo a indicação para ver na maior sala que estiver passando em sua cidade (aqui por estar passando nas três gigantes Imax, XD e MacroXE não pense em ir ver em outra sala, pois o som vai fazer a diferença, ao ponto da cena do metrô cheguei a olhar para o teto da sala Imax de tão real a presença sonora, então fica a dica para conferir, e eu fico por aqui hoje, mas volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.
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