A Ordem do Tempo (L'ordine Del Tempo) (The Order of Time)

6/11/2024 12:22:00 AM |

O mais interessante do cinema italiano é que ele possui tantas facetas, que mesmo um longa simples e dialogado quase como uma grande peça teatral, acaba sendo gostoso e inteligente de ver na tela, pois conseguem permear ideias de Física, romance e passado tudo numa vertente descontraída com bebidas, e um dia passa completamente fácil. Claro que muitos vão assistir e achar algo muito chato, mas quem se deixar levar pela ideia do longa "A Ordem do Tempo", que estreia na próxima quinta 13/06 nos cinemas, irá até concordar com o protagonista que o tempo é relativo e se você imaginar ele nem existe, ainda mais num dia repleto de amigos, antigas paixões, com a possibilidade de um asteroide gigante dizimar todo mundo naquela noite. Ou seja, é um filme bem simples, que consegue ser gracioso pelo envolvimento dos diálogos, aonde claro todos num primeiro momento ficam bem preocupados com a possibilidade da morte iminente, mas depois os assuntos revelados entre cada um acabam pesando mais do que uma simples pedrona.

O filme acompanha um grupo de amigos que se encontra todos os anos para celebrar um aniversário. Este ano, em uma vila à beira-mar, algo está diferente: eles descobrem que o mundo vai acabar em apenas algumas horas. Após a notícia bombástica, estranhamente, o tempo que lhes resta parece acelerar e, ao mesmo tempo, permanecer interminável.

Pasmem o filme é baseado em um livro de Física com o mesmo título do filme de Carlo Rovelli, que é conhecido por sua interpretação relacional da mecânica quântica e já escreveu diversos livros sobre o tema, aonde a cineasta Liliana Cavani leu e se apaixonou pela ideia de transformar em uma obra de ficção, ou seja, pegou algo cru e desenvolveu tão bem que facilmente vejo outros cineastas que irão pegar sua ideia e transformar em tramas nos seus países (só aguardem!), e também vejo ele muito bem desenvolvido para ser uma peça teatral simples, direta e que contando com bons atores ficará brilhante, afinal o poder da trama está toda no diálogo, que mesmo se passando numa casa de praia paradisíaca, poderia ser adaptado para qualquer ambiente, pois a parte mais difícil que foi transforma Física em Cinema já foi feita. Ou seja, com planos bem densos aonde vemos a interação de todos os personagens entre si ou por vezes em duplas, a diretora e roteirista conseguiu extrair bem expressividades e dinâmicas para que seu filme nem se alongasse ou fosse rápido demais, mas como o tempo é relativo segundo a temática, foi feito na medida.

Quanto das atuações não vemos nenhuma explosão chamativa por parte de nenhum ator, mas todos em conjunto conseguiram dominar bem as dinâmicas para que o filme funcionasse por completo, de forma que cada síntese e olhar representa bem uma vivência entre amigos, e claro o fim do mundo próximo. O mais interessante é que o protagonista e físico principal que tem uma paixão retraída por outra amiga, é o que menos se expressa de maneira mais imponente, e assim sendo Edoardo Leo parece ser meio tímido e fechado demais, que talvez até tenha sido a ideia da diretora, mas poderia se expressar mais com um ar preocupado e surtado um pouco mais com seu Enrico. Claudia Gerini como Elsa deu uma boa entrega de aniversariante, e também puxou as ações de falar tudo o que tinha para soltar após o anúncio do fim do mundo de um modo bem direto, o que acabou sendo divertido e bem encaixado para a ideia toda. Francesca Inaudi foi a que mais saiu do ambiente da casa, indo para um convento conversar com sua amiga freira, e trabalhando um pouco mais o debate de fé e rezas num momento como o que se passa, de modo que sua Giulia também acabou entrando no climão da dona da casa, e fez bem seus trejeitos. Ainda tivemos muitos outros bons atores, mas como disse a maioria trabalhou a dinâmica toda sem explodir, então nem tenho muito o que destacar de cada um individualmente.

Visualmente a trama fica praticamente toda na casa de praia da protagonista, tendo algumas conversas na sala de estar, outras na varanda, algumas em quartos e poltronas espalhados, e as mais finais mesmo na praia em cima de um barco, além de alguns atos no convento, tendo algumas pegadas com carros de luxo, alguns momentos com bebedeiras e drogas, mas tudo bem básico e objetivo apenas para dar o tom das conversas, ou seja, a equipe de arte foi bem econômica, tendo apenas o ato do asteroide mesmo no final para dar um ar mais técnico, porem tudo facilmente executável em um teatro como sugeri no começo.

Enfim, é uma trama que pegará um público diferente, pois é um tema que até tem um arco dramático interessante que é o fato do fim do mundo, de usar o tempo restante com quem você gosta realmente, de contar algo que nunca contou para ninguém nos minutos faltantes, e assim a ideia flui bem na tela, de modo que quem gosta desse estilo entrará bem no clima, porém não esperem um filme explosivo com situações tensas e tudo mais, que não é bem essa a pegada, de tal forma que como falei vai parecer uma grande peça teatral bem feita. Então fica a dica de recomendação para ir aos cinemas a partir do dia 13/06, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...