Netflix - A Prima Sofia (Une Fille Facile) (An Easy Girl)

8/20/2020 12:34:00 AM |

Diria que facilmente o filme "A Prima Sofia" está fazendo sucesso na Netflix pelos peitos da protagonista, pois dizer que um público comum iria conferir um longa francês de nível artístico gigantesco que apenas tenta passar as nuances do carpe diem pela protagonista, e a essência realista da prima em tentar entender seus gostos no mundo olhando para a outra mais vivida, certamente não bate com o público que a plataforma possui, mas como é um filme de visual bonito tanto pela locação em Cannes, com passeios de iate, festas requintadas, e quanto pelo visual da algeriana Zahia Dehar que chama a atenção, o resultado acaba sendo um filme que passa a ser agradável, embora bem subjetivo. Ou seja, é daqueles filmes que vemos, entendemos a proposta, curtimos a paisagem, e pronto, nada mais, pois não causa nenhuma emoção em ninguém, não traz nenhuma grandiosa mensagem, só mostra que quanto mais dinheiro você tem, mais subjetivo você acaba sendo, mostra que a liberdade é algo também subjetivo que depende de como você pensa em ser livre, e que não vai muito além, de forma que nem entendemos como foi premiado em alguns festivais (acho que os votantes queriam ver a protagonista recebendo o prêmio, só pode!).
 
O longa nos mostra que Naïma, de 16 anos, filha de uma faxineira, está prestes a fazer um teste com seu melhor amigo Dodo em Cannes. O ano escolar acabou. É então que sua prima Sofia, de 22 anos, chega de Paris para passar as férias com ela. Ela é uma jovem de sexualidade liberada e não hesita em aproveitar seus encantos. "Aproveite o momento" é o seu lema principal. Após praias, casas noturnas e espumantes, as duas primas rapidamente conhecem Andres e Philippe, um colecionador de arte e seu casamenteiro regular. Dois homens ricos que os convidam para seu iate. Sofia então transforma Naïma de sua realidade cotidiana para o mundo do luxo, opulência, alta costura, ótimos restaurantes e suntuosas vilas mediterrâneas. Este mundo onde tudo parece possível.

A diretora Rebecca Zlotowski foi bem direta no que desejava passar, e não se preocupou em momento algum com algo a mais, trazendo um longa até que dinâmico, porém sem uma história que chamasse atenção, pois não vemos em momento algum a desenvoltura da protagonista em querer descobrir se vai ser comediante, chef, ou alguém que aproveite a vida como sua prima, vemos isso acontecer dentro do fluxo da trama, e o resultado até passa a ser funcional. Ela também não se preocupou em abusar do sexismo, pois certamente sabia que isso chamaria atenção em seu filme, e dessa forma o ambiente foi bem ousado e usado, e assim acabamos vendo cenas intensas da protagonista, e sua interação foi bem feita ao ponto de não soar falsa, ou seja, a diretora soube comandar bem as cenas para que tudo passasse a realidade sem soar apelativo ou com um uso desnecessário, pois tudo é bem trabalhado. Ou seja, o resultado completo do que a diretora fez até é algo abrangente ao ponto de seu filme ter um tom ousado e bem feito, mas a história em si é fraca, e não chama a atenção como deveria, e assim, certamente amanhã já nem lembraremos de ter visto ele.

Sobre as atuações, Zahia Dehar é daquelas atrizes que não entregam grandes expressões em olhares e diálogos, mas que seu corpo fala sozinho, ao ponto de que muitos irão conferir só para ver os diversos atributos da atriz como Sofia, e como uma das personagens fala, muito até artificial (o que não deixa de ser bonito de ver!), e assim sendo a jovem poderia até ter sido mais ousada em algumas cenas para chamar mais atenção pelas atitudes, mas não foi. Mina Farid até chamou bem a responsabilidade para sua Naïma em diversos atos, teve atitudes e trejeitos coerentes para que sua personagem não desandasse, mas ficou muito atrás de Zahia, de forma que parece até que o filme não era sobre ela também, e assim o resultado não chama tanta atenção como poderia, mas a jovem até que foi interessante de ver em alguns atos. O português Nuno Lopes fez o papel de um brasileiro muito rico com seu Andres, de forma que vemos que os ricos daqui querem realmente quando vão para fora, e as atitudes do personagem até soaram bem verossímeis, ao ponto de que o ator acaba agradando bastante, e funciona no que foi proposto. Já Benoît Magimel entregou um Philippe meio estranho, sem muito fluxo, que até aparentava ser outra coisa, mas sempre mantendo mistério demais, tanto que seu ato de virada chega a ser até meio sem nexo, mas o ator deu um charme bacana para a produção e foi bem no que fez ao menos. Quanto aos demais, não tivemos nenhum grande chamariz, tendo apenas a participação de Clotilde Courau como a riquíssima Calypso, e algumas cenas jogadas de Lakdhar Dridi como Dodo, mas ambos sem nada que fosse impressionante de ver.

Agora sem dúvida alguma o grande ponto alto do filme ficou a cargo das belíssimas praias de Cannes, os maravilhosos iates, boates requintadas, e claro muitos detalhamentos em todas as cenas, sejam elas dentro do iate, na mansão italiana, ou até mesmo no pequeno apartamento da protagonista, mostrando elementos simbólicos e muita destreza com cada objeto para que fosse representativo, ou seja, a equipe de arte não quis ofuscar nada, mas ao mesmo tempo chamou a atenção para tudo.

Enfim, é um filme simples, que não atinge nenhum ápice, mas que passou sua mensagem e nada mais, de forma que vamos esquecer dele com certeza, e que não vale a recomendação, mas que muitos irão clicar no play pelos peitos da protagonista, e que também não é nenhuma bomba gigantesca, sendo que dá para assistir tranquilamente. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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