Netflix - Dezessete (Diecisiete) (Seventeen)

10/23/2019 01:40:00 AM |

Um filme delicado, gostoso de ver e que passa boas lições familiares, mesmo que usando a base do errado para exemplificar o contrário. Essa é a melhor definição para o longa espanhol "Dezessete" que estreou na última semana na Netflix, pois ele vai com muita simplicidade, com um toque envolvente, e com uma desenvoltura tão bem colocada dos protagonistas nos levando na viagem que os jovens acabam fazendo que mais do que ver a sensação deles com cada momento acontecer, o gostoso é ir quase que junto com eles, ou seja, o longa passa bem longe de ser perfeito por ter alguns elos meio que jogados, alguns exageros que acabam trabalhando para mostrar o certo e o errado, mas que com uma boa dosagem emotiva acaba passando tranquilamente durante toda exibição, sendo um grande acerto de história para ser conferida.

O longa nos conta que como parte do programa de reabilitação de um centro de detenção juvenil, Hector, de 17 anos, cria um vínculo inquebrável com um cão tão tímido e distante quanto ele. Quando o cão de terapia é adotado de repente e não volta ao centro, Hector escapa para procurá-lo. E assim, Hector parte para uma incrível jornada na companhia de seus familiares.

A grande sacada do diretor Daniel Sánchez Arévalo foi não fazer um simples filme de personalidades difíceis, como é o caso de cada um dos personagens, mas sim criar um envolvimento familiar bem colocado, descobertas de vida de cada um, e com isso criar um envolvimento maior do que tudo o que se podia esperar, e olha que certamente pelo trailer e pela sinopse muitos irão pensar que o lado canino da trama é algo que domine o filme, e muito pelo contrário acabam nos levando mais para o lado humano que envolve bastante e funciona, pois temos um personagem quase que sem emoções, com um que transborda emoções fortes, e esse choque acaba sendo acertado demais junto com os elos de meio perfeitos, no caso a avó doente e os cães, que acabaram dando a leveza para a trama e emocionando do começo com algo bem pouco, e ao final já indo direto no coração. Sendo assim, o acerto no roteiro e na formatação da direção foi precisa para agradar demais.

Quantos das atuações foi muito bacana termos um grande contraponto dos protagonistas, pois Biel Montoro quase inexpressivo, seco, e com uma timidez tão forte para seu Hector acaba funcionando demais para o que o personagem pedia, encaixando cada momento com um estilo próprio e agradando pela simplicidade de seus atos, ou seja, o jovem ator agradou em cheio em tudo o que fez. E já do outro lado Nacho Sánchez em sua estreia em longas conseguiu trabalhar tão corretamente com seu Ismael, deixando soltar nuances sarcásticas, ironias bem trabalhadas, e principalmente se deixando levar na onda que o filme propunha para que o resultado agradasse na medida em cada momento, ou seja, fez o básico muito bem feito e se colocou responsável pelos atos certeiros. A jovenzinha de muitos anos Lola Cordón foi quase um Groot do filme com sua personalidade falando apenas "tarapara", mas com olhares tão carinhosos para com os netos que praticamente entendíamos o significado de cada vez que falava pouco, e com uma graciosidade única bem colocada envolvendo a todos. Os cães da produção também foram incríveis, muito bem treinados e cheios de boas desenvolturas para soar fofos e ainda funcionais para cada momento.

No conceito visual, por termos praticamente um roadmovie, o longa teve uma essência simples de locações, passando por paisagens bem bonitas e singelas como a vila que a vó morou, alguns currais, bares, além claro do centro de detenção com os ares tradicionais bem montados, mas sem dúvida a essência visual do filme ficou a cargo das cenas dentro do trailer, aonde tudo acaba acontecendo, com bons detalhes de cada objeto cênico bem preciso e com os personagens fazendo bom uso de cada coisa em seu momento como a carteira, o cinto, o tênis, o celular com as mensagens, o aparelho de oxigenação, as cervejas, o violão, além claro dos personagens como elementos para cada ato funcional, ou seja, tudo se encaixando com bons movimentos, e principalmente com um tom de fotografia bem leve para envolver o público e cativar as emoções.

A sonoridade da trama ficou emblemática com o tocar de poucas notas do violão do protagonista, mas se repararmos o filme inteiro fica com um toque leve e meloso para acompanhar o ritmo da trama, e isso é algo tão gostoso e calmo que vamos nos envolvendo e o filme mesmo longo passa bem rápido.

Enfim, é uma viagem emocionante que agrada bastante, que trabalha os sentimentos, passa boas mensagens, e que principalmente não cansa como geralmente ocorre em dramas desse estilo, ou seja, vale a conferida e certamente tocará muitos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

9 comentários:

Unknown disse...

Comentário perfeito!

Unknown disse...

Mas...o que significa "tarapara"? Rsrsrs...

Fernando Coelho disse...

Olá amigo desconhecido... fui pesquisar também, já que me afligiu o filme inteiro a velhinha falando isso... e segundo o diretor pode significar qualquer coisa que o garoto quisesse pensar naquele momento, a vozinha transmitia se era algo bom ou ruim com o franzir da cara, e não com o falar que era interpretado pelo garoto... ou seja, é o "Eu Sou Groot" dela, que o Rocket interpretava da forma que queria também!!! Abraços!

Unknown disse...

Lindo filme...

Tiago O Pereira disse...

Tarapara significa "veremos" normalmente usando de maneira irônica, gíria antiga em espanhol. Não dá pra saber exatamente o que significa pq depende do contexto...

Anônimo disse...

Tb gostaria de saber. Me deixou curiosa. Rsrs

Sandra disse...

Obrigada. Ajudou bastante

Fernando Coelho disse...

Valeu amigo Tiago!!

Unknown disse...

Nossa essa palavra me deixou curiosa Afff tarapara

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...