Ela Disse, Ele Disse

10/07/2019 01:08:00 AM |

Alguns filmes são feitos tão exclusivamente para um determinado público que ou você vê a sala abarrotada deles, ou acaba assistindo ao filme sozinho, e por ter escolhido uma sessão noturna num Domingo acredito que tenha sido o maior motivo de ver o filme "Ela Disse, Ele Disse" sem ninguém mais na sala, não por ser um filme ruim, pois a trama tem seus méritos, consegue fazer passar um tempo agradável, e entrega situações costumeiras que já vimos em longas adolescentes americanos também, ou seja, a trama é casual, tem seu molde efetivo e traz jovens fazendo coisas de jovens em escolas, de modo que vai atingir a garotada que costuma fazer colagens com fotos de amigos, ver as brigas entre valentões e nerds, conferir a famosa aula de educação física paquerando um ou outro, e por aí vai, porém quem esperar qualquer coisa fora disso irá se desapontar, ou melhor, nem irá conferir. Ou seja, é um filme simples, com uma produção até que bem descolada, mas que até chega a parecer uma evolução das novelas infantis do SBT, feita para a galera que ainda está nas escolas e nada mais.

O longa nos conta que Rosa (Duda Matte) é uma menina estudiosa, Leo (Marcus Bessa) manda bem no futebol. Ela é pontual, ele está sempre atrasado. Ela detesta Júlia (Maisa), a menina mais popular do colégio, ele até que gosta dela. Os dois são alunos novos na escola e, além de aprender a lidar com os novos amigos e os problemas na família, descobrem que têm muito mais em comum do que imaginavam.

Não diria que a estreia de Claudia Castro na direção tenha sido perfeita, pois o filme ficou meio sem um eixo de base, tendo vários pedaços espaçados na trama como se fosse uma das colagens da protagonista (e talvez até tenha sido bem essa a ideia que ela desejava mostrar), porém só de conseguir fazer uma trama completa de adolescentes já mostrou que paciência e atitude ela tem, só precisa dar uma melhorada na concisão dos temas, que certamente vai se sair muito bem, pois aqui o texto de Talita Rebouças é fechado demais, não dando muita abertura para que a diretora conseguisse criar muito, e o resultado foi um filme levinho, cheio de boas desenvolturas dos protagonistas para tentar cativar algum carisma, mas nada além do que é mostrado, não dando para florear vértices, nem encontrar nada mais, de modo que talvez a história sendo maior como uma série teen funcionasse melhor.

Sobre as atuações, não sei se Duda Matte estava com receio de ser protagonista ou se sua personagem Rosa era sem atitudes realmente, pois ao mesmo tempo que entrega uma menina tímida demais, se coloca sempre em segundo plano no filme, o que acaba fazendo com que não cative o carisma para si, e isso é um erro imenso, de tal maneira que até chegamos a torcer para que o protagonista fique com sua oponente. E falando em oponente, cada vez mais Maísa se encontra mais segura frente as câmeras, não que isso tenha sido algum problema para ela alguma vez, já que desde bem pequenininha fazia Silvio Santos cair em suas próprias artimanhas, mas agora já crescida e com olhares propriamente bem colocados, fez com que sua Júlia tivesse um envolvimento bem agradável e com uma boa colocação em todas as cenas. Marcus Bessa também se soltou bastante na dinâmica do filme, mas nos momentos mais tênues ficou um pouco abaixo do que poderia atingir com seu Léo, ou seja, ele precisaria ter sido melhor trabalhado para um protagonismo, e talvez se desinibir mais para ter algumas atitudes a mais. Os demais jovens se soltaram bem, fizeram cenas bonitinhas, se jogaram com precisão e foram até bem interessantes ao ponto de funcionar numa série talvez. Agora quanto dos adultos diria que eles foram básicos demais, uns aparecendo mais do que outros como Maria Clara Gueiros fazendo uma diretora malvada, com trejeitos forçados para o personagem, Fernanda Gentil tentando ser uma mãe descolada e até Ângelo Paes Leme sendo um pai sem muito tino, mas que acaba indo bem, de modo que até talvez gostaríamos mais de saber o passado deles para talvez a trama ter uma fluidez melhor, mas como isso não foi usado, tentaram ser menos forçados.

O conceito visual da trama foi bem comum, trabalhando praticamente tudo dentro da escola, e tendo algumas rápidas cenas nas casas dos protagonistas, sem nada que envolvesse, ou quisesse mostrar algo além, pois não era a proposta da trama, ou seja, funciona como um filme escolar que até poderia ir por mais rumos se quisessem, pois a dinâmica até pedia mais cenas em outros locais, mas a colagem era por ali para mostrar amizade, brigas, aulas e tudo o que é comum de vermos no estilo. Como elemento de destaque temos a câmera fotográfica estilo polaroide, que até deu um charme meio vintage para a produção.

Enfim, é um longa adolescente feito por adolescentes para adolescentes, ou seja, se você não se enquadra nesse grupo talvez se sinta bem deslocado da proposta que o filme tenta entregar, mas certamente até poderá se divertir um pouco com as situações lembrando de sua época de escola, mas nada muito além como um filme deveria ser. Sendo assim, não digo que é um filme com problemas técnicos, pois funciona no que se propõe, mas também não é daquelas obras que vamos lembrar de ter visto daqui a alguns dias. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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