Posso dizer que agora estou bem mais tranquilo, e feliz, após conferir "Turma da Mônica - Laços", pois confesso com todas as letras que não conseguiriam transformar uma história da turminha em algo cinematográfico, sem que virasse um capítulo de novela infantil do SBT, pois tinha muitas dúvidas desde o anúncio das crianças, da história, e tudo mais, ou seja, fui realmente preparado para ver uma tremenda bomba na telona, mas para minha felicidade, foi tudo do contrário, e o resultado é muito bonito, cheio de personalidade, com um carisma afetivo no estilo, com uma pegada infantil, porém sem ficar bobinho demais, e que vai remeter muito à infância os mais velhos que liam as histórias em quadrinhos, pois mesmo seguindo uma linha levemente diferente das que foram escritas por Maurício de Souza, aqui a trama consegue ser muito interessante, bem colocada na telona, e principalmente, foi feito uma pesquisa de caracterização cênica incrível, que mesmo os protagonistas não sendo tão semelhantes ao que víamos nas revistinhas, o elenco de apoio foi daqueles preparados para sentirmos em casa ao olharmos para todos os lados, ou seja, um filme que nos abraça e agrada demais.
A história nos conta que Floquinho, o cachorro do Cebolinha, desapareceu. O menino desenvolve então um plano infalível para resgatar o cãozinho, mas para isso vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos Mônica, Magali e Cascão. Juntos, eles irão enfrentar grandes desafios e viver grandes aventuras para levar o cão de volta para casa.
Todos sabemos muito bem o potencial que Daniel Rezende tem, pois no início da carreira foi brilhante como editor de "Cidade de Deus", depois editou diversos excelentes filmes nacionais e estrangeiros, até ter no ano retrasado sua estreia na direção com "Bingo - O Rei das Manhãs", e lá vimos que ele aprendeu demais com grandes nomes, e mostrou seu estilo, e agora não precisando mais mostrar nada a ninguém, ele encarou essa produção como algo fora da curva, e entregou um longa que consegue encantar a todos, fazendo com que o público mais velho que lia as revistinhas no passado veja em formato visual essa representação de carne e osso dos seus amiguinhos, e para os mais novos que nem conhecem muito, ou até já leram alguma das HQs novas se encantarem, e quem sabe começar a ler mais, pois sem dúvida o acervo completo de Mauricio de Sousa é imenso e merece ser lido por todos. Claro que aqui o diretor usou uma graphic novel que é baseada nos personagens de Maurício, então não se assuste se ver algo que não lembra 100%, pois Vitor e Lu Cafaggi criaram sua trama bem embasada em tudo, mas com livre criatividade também, porém o diretor não quis ousar muito, e foi correto em envolver tudo e todos com detalhes primordiais que remetiam também a sua infância, ou seja, o trabalho desenhado de símbolos gostosos de ver, com primor técnico para ambientar tudo e entregar algo sutil com boas mensagens fez da trama algo que certamente será lembrado por todos.
Sobre as atuações, temos de pontuar que a seleção foi bem trabalhada para com as características sentimentais dos personagens principais, pois volto a frisar que o quarteto principal tem boas semelhanças físicas com os personagens, mas não se parecem muito com os originais, de modo que Giulia Benite foi bem colocada com sua Mônica, tendo olhares fortes e imponentes, mas também trabalhando um ar doce interior conseguindo envolver bem a personalidade, não sendo tão durona, mas também não saindo para algo exagerado. Certamente poderiam ter melhorado um pouco mais o cabelo de Kevin Vechiatto para parecer mais o Cebolinha que conhecemos, mas o garoto mandou muito bem nas trocas de R por L, e olha que tem diálogos a rodo para mudar, e com toda certeza foi muito difícil decorar seu texto dessa forma, o que acabou agradando muito pelo estilo intenso e bem colocado que escolheram para a personificação. Laura Rause ficou bem encaixada como Magali, mas confesso que poderiam ter trabalhado ainda mais seu desespero alimentício, embora a cena da rosquinha tenha sido bacana, e a jovem teve ainda outros bons momentos e fez bem o papel ao menos. Agora Gabriel Moreira foi gracioso com seu Cascão, e até limpinho demais visualmente, mas o estilo bem amistoso do personagem acabou caindo bem e acabamos gostando dele. Agora sem dúvida alguma a melhor interpretação do longa ficou a cargo de Rodrigo Santoro que está irreconhecível como o Louco, colocando diálogos bem pontuados de forma maluca, mas que trazem uma realidade funcional, e nos envolve demais, de forma que diria que foi seu melhor papel no cinema em anos, merecendo até prêmios, pois ficou muito semelhante ao que esperávamos ver. Outros destaques visuais, pois não possuem tantas falas para falarmos das interpretações, ficou a cargo de Fafá Rennó como Dona Cebola que ficou muito parecida com a original, e Monica Iozzi irreconhecível também como Dona Luísa (mãe de Mônica), além das demais crianças, como a Cascuda, Quinzinho, Titi, entre outros. Quanto do vilão, diria que Ravel Cabral poderia ter feito um homem do saco mais vilanesco e menos bobo, que talvez daria um tom melhor, mas como estamos falando de um longa infantil, saiu interessante ao menos.
A parte cenográfica também foi bem elaborada, com casas coloridas, diversos objetos cênicos importantes, e muita coisa desenhada, o que acabou agradando bastante, só tendo um leve detalhe, que talvez seja por parte da mudança na história, que originalmente as crianças vivem no Bairro do Limoeiro, que no filme se tornou uma cidade pela placa do carro do vilão, mas isso não atrapalha o andamento do longa, e toda a equipe de arte foi bem coerente nos diversos momentos, como no cemitério, no acampamento, nas terras do Louco, e até nos pequenos muros das casas que sempre vimos nas HQs, ou seja, a equipe brincou muito com todo o estilo, encontrou cores precisas, e a fotografia de Azul Serra encontrou tons tão brilhantes e cheios de sombras artísticas que acabamos nos envolvendo com cada ato, ou seja, incrível.
Enfim, confesso que sabia que veria um longa bem bacana, mas estava com muito medo de diversas coisas, e fui preparado para tentar gostar, mas a cada ato o filme foi me conquistando mais, e o resultado final foi tão gracioso, com grandes interpretações caninas também (mostrando um treinamento minucioso desde o Floquinho até os demais cachorros sequestrados), que acabamos saindo da sessão muito felizes com tudo o que nos é mostrado, e sendo assim recomendo demais a trama, mesmo tendo leves pequenos problemas, que não atrapalham em nada, e que dessa forma iremos torcer muito para quem sabe fazerem outros longas da turminha. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, encerrando a semana dos filmes nos cinemas, mas volto em breve com alguns textos de longas do streaming, então abraços e até logo mais.
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