Filhas do Sol (Les Filles du soleil) (Girls Of The Sun)

6/11/2019 05:56:00 PM |

Quando um filme é forte na medida certa, encontrando dentro do estilo que se propõe impacto visual, emoções, tensões e tudo de uma maneira bem colocada, acabamos saindo da sessão com tanta empolgação que ficamos até alguns minutos pensando em como falar dele, e isso aconteceu com "Filhas do Sol" que com uma precisão minuciosa nos entrega alguns momentos vividos por uma jornalista no meio de um batalhão feminino na Guerra do Curdistão, que não apenas retrata a tensão ocorrendo ali, como flui também ao mostrar a história de fuga da comandante do pelotão de quando estava refém dos terroristas. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos até sem respirar com tudo o que se passa na tela, tendo todos os tipos possíveis de sensações durante a projeção, mostrando não só técnica por parte da diretora, mas um conhecimento que vai muito além do que vemos, e como bem sabemos, a diretora não foi jornalista de guerra, mas sim uma grandiosa atriz que acabou estudando muito para realizar com precisão cirúrgica um filme forte, empoderado, e que mostra a força de uma mulher mesmo no meio de algo completamente machista como é uma guerra, e ainda impondo muita força sentimental, o resultado acaba brilhando frente ao que vemos.

A trama nos conta que Bahar é a comandante das Filhas do Sol, um batalhão composto apenas por mulheres curdas que atua ofensivamente na guerra do país. Ela e as suas soldadas estão prestes a entrar na cidade de Gordyene, local onde Bahar foi capturada uma vez no passado. Mathilde é uma jornalista francesa que está acompanhando o batalhão durante o ataque. O encontro entre as duas mulheres, dentro do cenário caótico que as cercam, irá mudar a vida de ambas permanentemente.

A diretora e roteirista Eva Husson conseguiu não só captar a essência principal de grandes filmes de guerra que usou de base para criar o seu, como também deu um vértice polêmico em cima de algo incomum de vermos nesse estilo de filme, mulheres combatendo, e que ousando de uma maneira completamente coerente, ela foi sincera nos atos e criou com muita disposição uma trama que envolvesse sem soar falsa, que dramatizasse bem cada ato ao ponto de ficarmos desesperados pela conclusão, ou como a protagonista diz, esperando o barulho de um tiro, pois o silêncio não significa algo bom em uma guerra, e com isso o resultado final não poderia ser outro senão o de ficarmos tensos ao final, mas completamente felizes de ver mais uma bela obra na telona, de modo que ficaremos esperando outros bons filmes da diretora.

Sobre as atuações, temos que praticamente dar uma grandiosa salva de palmas para a iraniana Golshifteh Farahani pelo que fez com sua Bahar, entregando uma personalidade forte, porém cheia de desejos humanos em busca de reencontrar seu filho, mesmo que isso seja uma possibilidade mínima, e com uma desenvoltura própria bem encaixada, cheia de bons olhares expressivos e incríveis de ver, o resultado acaba fluindo e agradando demais do começo ao fim, com muito impacto e perfeição. Emmanuelle Bercot também entrega uma Mathilde perfeita de expressões, com um carisma próprio, e encontrando não apenas bons tons nos seus diálogos para representar a jornalista ali, como bem homenagear esses malucos que são designados para cobrir guerras, que acabam se ferindo, mas mais do que o físico, se ferem na alma por retratar tudo de ruim e forte que acontece nesses lugares, ou seja, a atriz foi fundo na pesquisa e saiu perfeita também. Quanto os demais, todos se doaram bem para os papéis, encontrando muita desenvoltura visual, trabalhando seus personagens com coesão para emocionar e vivenciar tudo da melhor forma possível, tendo como destaque apenas Zübeyde Bulut como Lamia, pois além de estar guerreando teve uma grande cena de parto, que emociona bastante.

No contexto visual temos mais uma vez que parabenizar a todos, pois a intensidade da guerra retratada é tão forte que acabamos nos sentindo junto das protagonistas nos lugares que param para "dormir", dentro do túnel na maior tensão possível, na casa tentando fugir dos terroristas, e até mesmo na hora do combate máximo sentimos a pressão não como meros expectadores, mas sim como combatentes, ou seja, a escolha da câmera proximal foi algo tão incrível, que juntamente de um figurino bem propício, locações extremamente coerentes com tudo explodindo e abarrotado de tiros, e claro muita sensibilidade para demonstrar cada ato como talvez o último acabaram dando um tom tão bem encaixado que o resultado soa perfeito, e que juntamente de uma fotografia densa com iluminações quase mínimas, resultaram em um filme de nível supremo, que faz valer cada minuto.

Além de tudo isso de bom, o longa ainda conta com as protagonistas entoando canções e gritos de guerra tão emocionantes, juntamente com danças emocionantes em meio aos guerreiros homens, que tudo vai muito além de um simples filme de guerra.

Enfim, um filme perfeito, que ac6aba nos transportando para o meio da guerra, que passa emoções e sentimentos a cada minuto de projeção que não tem como dar uma nota menor, sendo colocado como um dos melhores filmes do Festival Varilux, que recomendo com toda certeza por trabalhar tensão na medida certa, e emoção precisa como todo longa do estilo deve ser. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com os dois últimos textos do festival, então abraços e até logo mais.

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