Invencível

1/20/2015 03:20:00 AM |

Acho engraçado como são as pessoas desse mundo das críticas, alguns anos atrás quando foi anunciado que Angelina Jolie sairia das frentes das câmeras para ir para trás delas dirigindo seu primeiro longa, a galera meteu o pau sem dó, falando que era apenas jogada de marketing, que não tinha mais aonde enfiar dinheiro, e diversas outras coisas. Porém seu filme acabou indo bem, muitos elogiaram sua mão e claro que ela gostou do que fez, e resolveu aceitar e pedir diversos outros projetos, então agora 4 anos mais tarde, eis que é lançado "Invencível", um drama biográfico que muitos críticos elogiaram insistentemente muita coisa, e outros odiaram tudo, onde é inegável ver que a atriz tem uma boa mão para direção, porém ao apelar para um excessivo dramalhão, acabou cansando demais, ao invés de impactar o espectador que com toda certeza era a intenção, mas que vai acabar ficando para o próximo.

A cinebiografia nos conta a história de Louis Zamperini, filho de imigrantes italianos e corredor olímpico que é preso e torturado pelos japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1943, o avião em que estava caiu no Oceano Pacífico por falha mecânica e o soldado sobreviveu seis semanas no mar dentro de um bote. Ele é resgatado pelos japoneses e mantido preso até o desfecho da guerra.

A história em si é bem interessante, e a versão do livro de Laura Hillenbrand que os irmãos Ethan e Joel Coen acabaram redigindo ficou bem trabalhada, dando detalhes das torturas que o protagonista sofreu durante sua juventude. Porém, não seria necessário ficar em modo repetitivo e intrínseco cada uma, pois isso cansa o espectador, destoando da real intenção, se na edição ou até mesmo na filmagem fossem mais implícitos em cada uma das torturas, o filme teria um ritmo mais cadenciado, que a própria trilha sonora tentou virar o jogo, acabaria agradando bem mais, e provavelmente não teria apenas 3 indicações ao Oscar, decolando em diversas outras categorias. No primeiro filme Jolie fez algo mais forte e pontual do que o que é colocado aqui no seu segundo trabalho de direção de ficção, porém ainda manteve a característica de humanização familiar clara e cometeu novamente exageros nesse estilo, talvez a hora que abandonar suas origens no modo de dirigir, a chance de decolar na carreira já pode ser considerada uma certeza. Outro ponto que ainda considero como erro de direção é na montagem, pois na maior parte das vezes o diretor também opina nesse momento, ainda mais no caso dela ser a produtora do longa também, e aqui embora tenha uma função linguística da construção das lembranças do personagem, talvez uma montagem mais linear agradaria mais, mesmo que tudo esteja bem focado para o público entender, a desconstrução temporal acabou não criando o impacto exato que deveria.

Sobre a atuação de Jack O'Connell como Louis, o que podemos dizer sem pestanejar é que o jovem deu todo seu gás e mais um pouco para que a interpretação do protagonista fosse mais do que perfeita, o jovem que era acostumado a fazer papéis menores em diversos filmes e séries, após despontar em seu último filme que nem lançado no Brasil foi ainda, já deve decolar facilmente para grandes papéis e em breve seu nome virar tão grande quanto seu potencial dramático e expressivo. Domhnall Gleeson é outro que vem despontando, e o que faz aqui com seu Phill, é manter sua interpretação estável, de uma maneira que poderia até chamar mais atenção, porém prefere ficar mais focado e com ajuda de efeitos, maquiagem e tudo mais, chega a ter uma aparência assustadora em determinado momento, o que impacta ainda mais sua expressão. Outro que temos de destacar muito é Takamasa Ishihara que conseguiu dar tanta expressão para o seu Watanabe em sua estreia nas telonas que não duvido nada de em breve ser chamado para mais filmes com temática orientais, assim como acontece em diversas animações, chegamos a ter raiva de seu personagem, e isso mostra que a interpretação do papel de "vilão" lhe caiu bem. Dos demais, na maioria o que temos são pequenas pontas que serviram para conectar cada ato de tortura ou glória do personagem, tendo destaques quase que mínimos para alguns atores em momentos esparsos, por exemplo Finn Wittrock funcionou como um gancho corporal para as mulheres com seu Mac, Garrett Hedlund coloca seu Fitzgerald como o pensador da trama, fazendo isso de forma bem colocada.

Agora se tem uma coisa que sabemos sobre Jolie é que dinheiro cai nas suas mãos tão fácil quanto o calor assombra nossas cidades, de modo que em seus filmes a direção de arte tem tudo e mais um pouco para construir cenários bem trabalhados, cheio de detalhes, onde cada elemento passa a ser preciso e bem encaixado dentro do que a trama pede, ao exemplo das cenas dentro das aeronaves cheias de pequenos elementos cênicos para agradar e mostrar as armas de guerra da época, logo na sequência as cenas dentro do barco sendo mesmo que num pequeno ambiente, mas cheias de simbologias, depois ao ir nos dois campos de concentração com uma riqueza ímpar, e até mesmo nas cenas das Olimpíadas, tivemos boas representações em questão de figurino e fidelidade do momento. De modo que ficamos até um pouco inconformados da falta da indicação à prêmios nesse quesito, pois com muita certeza aqui o dinheiro serviu pra tudo. Porém para compensar, a fotografia acabou tendo destaque já que com tantos elementos, o diretor soube usar o tom exato para cada momento de modo a expressar melhor os sentimentos exatos em cada ato, destacando claro as cenas nos dois campos de concentração aonde a paleta marrom sobressaiu no primeiro e a cinza/preta veio com tudo no segundo, em contraponto aos momentos alegres onde o branco evidenciou tudo, e assim já garantiu a primeira indicação do filme ao Oscar.

As duas outras indicações do Oscar para o filme recaíram para o quesito edição e mixagem de som, afinal um longa de guerra sem bons ruídos de tiros e explosões não tem graça, e aliados aos demais sons de socos, batidas de paus foram bem trabalhados e colocados na medida certa dentro do longa. E se estamos falando da parte sonora, a musicalidade é outro que deveria ter recebido menção em premiações, pois Alexandre Desplat raramente brinca em serviço e aqui favoreceu demais a dramaticidade da trama com trilhas impactantes e dolorosas na mesma medida que o filme decorria, e assim sendo mandou bem demais para o propósito.

Enfim, é um filme bem trabalhado, um pouco longo demais que conta bem a história do protagonista de uma forma bem produzida e dirigida dentro de um padrão, claro que diversos outros diretores fariam completamente diferente essa mesma história e talvez saísse de forma melhor ou até pior, o que não dá para saber sem ver, apenas imaginar pelo que conhecemos de alguns nomes que já tentaram produzir essa história sem sucesso. Porém o impacto visual é satisfatório e acaba agradando quem gosta do estilo, longe claro de grandes clássicos de guerra, mas com um conteúdo biográfico bem feito, então acabo recomendando bastante o filme que mesmo com alguns defeitos que já disse acima, ainda é uma boa opção dentro do que temos nos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda vou conferir mais longas nessa semana cinematográfica que até foi curta, mas como deixei alguns de lado para minhas férias, agora vou tentar recuperar, então abraços e até breve.


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