O Espelho

7/09/2014 02:43:00 PM |

O gênero terror é um estilo que ou sabem fazer ou destroem, pois ultimamente acabou virando uma moda de sucesso que fez com que tivéssemos uma quantidade maior do que a qualidade de filmes, e dessa forma quando aparecem bons filmes, aqueles que nos deixam de cabelo em pé sem ficar apenas levando sustos ou vendo sangue vazar pela tela, temos de aplaudir e recomendar para todos que gostam do estilo ver muito para quem sabe os produtores aprendam que é desses que gostamos. Com "O Espelho" temos um filme que mais do que conter uma boa história, nos ganha pela excelente montagem que arquiteta ao misturar passado e presente, trabalhando tanto como um jogo de ilusões que só um objeto tão malévolo como é um espelho conseguiria fazer tudo isso mesmo que não fosse assombrado como preza a história. Ou seja, um filme que pode até confundir um pouco devido a nunca sabermos onde está a verdade ou até que ponto quem está pregando uma peça nos protagonista é realmente o espelho ou suas próprias mentes, mas quer mais beleza do que um filme assim?

A sinopse do filme nos mostra que Tim e Kaylie são dois irmãos traumatizados pela morte inexplicada dos pais. Tim, acusado de matá-los, foi preso. Anos mais tarde, ele é libertado e tenta esquecer o passado, mas Kaylie tem certeza de que o verdadeiro culpado pelas mortes é um espelho, que ela acredita ser assombrado.

Um fator interessante no filme que acaba destacando tanto ele é a sua montagem precisa, e o que mais assusta ao subir os créditos é ver que ela foi feita pelo diretor Mike Flanagan que originalmente escreveu e dirigiu também o curta-metragem homônimo que deu base para esse filme, ou seja, não é apenas uma historinha escrita em 10 minutos que acabou dando certo apenas, é todo um processo que fez com que o filme ficasse sim perfeito de acompanhar e até de ficar com certo medo de dar uma olhada no espelho depois de assistir ao filme. O posicionamento de câmera que o diretor escolhe é outra perfeição, afinal o que acaba diferindo tanto de outros filmes do gênero é que ele abusa do envolvimento dos atores, não necessitando tanto do ambiente em si, então temos muitos closes, muitas câmeras proximais e sendo sábio para usar o cenário apenas quando é necessário envolver um pouco mais de iluminação apenas para aparecer algum detalhe. E dessa forma a história flui prendendo o espectador na cadeira, pois sentei no corredor e durante todos os 104 minutos de duração ninguém levantou para ir ao banheiro nem sair correndo com situações asquerosas que costumam mostrar em outros filmes.

Falar da atuação é repetir uma frase que fico insistentemente pensando nela: como fica a cabeça de uma criança ao trabalhar num filme de terror? Claro que aqui os jovens são pré-adolescentes, mas ainda assim como têm uma grande participação interpretativa tudo o que é colocado para fazerem em algum momento vai ser lembrado nas suas memórias. Mas tirando esse detalhe que é da minha cabeça, o que Annalise Basso faz é de humilhar muito ator grande por aí, a jovem tem um carisma envolvente para chamar atenção em todas as cenas que precisa e conseguiu assimilar perfeitamente os mesmos trejeitos de Karen Gillan que também foi precisa em diversos momentos ressaltando um misto de loucura mental com desespero por resoluções, e o encaixe entre as duas é tão notório que há certos momentos em que a câmera pega certos enquadramentos que ficamos em dúvida de qual está interpretando ali. O jovem Garrett Ryan seguindo minha ideologia já está perturbado pelo resto das próximas 50 vidas, pois a maioria do seu currículo de 15 anos de vida é apenas de filmes e séries de terror, mas com isso o garoto já aprendeu bem o estilo de expressão de medo que convence bem e isso fez toda diferença ao passar seu temor e desespero frente a tudo que precisa fazer em suas cenas. Brenton Thwaites trabalhou bem, mas não foi tão eloquente com sua interpretação, ou melhor, se queria passar intenção de ser uma pessoa confusa com tudo o que estava rolando ali, foi perfeito, mas isso soou muito artificial em diversos momentos e poderia ter se doado na mesma proporção que sua versão jovem. Rory Cochrane trabalhou bem para convencer a influência do espelho sobre ele, e oscilando entre momentos de cara fechada e alguns mais dolorosos, soube impostar bem a voz para ser rude quando precisou, seu personagem é mais um marionete do filme em si, mas trabalhou tão bem que agrada. Katee Sackhoff inicialmente chega a ser mais irritante do que fazendo uma boa interpretação, mas conforme vai sofrendo as ações do espelho e do marido, acaba ficando agradável e assustadora na medida correta. Os demais personagens acabam aparecendo pouco e não sendo algo que devesse ser reparado, tendo apenas James Lafferty fazendo algumas caras e bocas tão desnecessárias no início que ficamos felizes de nas demais cenas apenas dizer poucas palavras ao telefone e retornar apenas em determinado momento chave para conciliar mais ainda a loucura do filme.

Como disse antes é um filme de atores, então gastei mais tempo falando de cada um, mas no quesito visual, a casa onde o longa se passa foi muito bem colocada tanto na versão do passado quanto na que está rolando ali, então o que vemos são detalhes cênicos para relembrar cada ato e além de nos envolver observando algo acabar confundindo com a ilusão de ser outra coisa. O espelho protagonista é ao mesmo tempo uma beleza clássica, mas assusta também com seu estilo robusto e imponente, com toda certeza não gostaria de ter um treco daquele em minha casa sendo assombrado ou não. A fotografia usou muito da falta de iluminação para nos confundir, afinal esse é o fator marcante de um bom terror, saber trabalhar a iluminação escura para pregar sustos nos espectadores, porém aqui serviu mais para dar o jogo de ilusões, a sacada das várias lanternas de LED também foi importantíssima, pois a luz fria ajuda disfarçar rastros que a luz amarelada enalteceria, ou seja, perfeito trabalho de iluminação fotográfica.

Enfim, um filmaço de terror que marcará o nome do diretor e quem sabe volte a fazer mais coisas boas, pois fico na torcida de que apareça sempre representantes do gênero que saibam fazer o terror nos impressionar e não ficar pulando da cadeira a cada dois minutos ou sair do cinema com nojo de tanto sangue derramado. Como já disse uma vez, o terror psicológico é muito mais forte e quem souber fazer bom uso dele, conseguirá fazer filmes perfeitos. Como citei nos atores, o único mais fraco foi o jovem protagonista, que demorou muito para engrenar, então ele será o responsável apenas de não dar a nota máxima para o filme, mas ainda assim recomendo muito que quem gosta de um bom terror confira o filme. Fico por aqui agora, mas ainda irei aproveitar o feriado para conferir mais filmes e poder fechar a semana com tudo que veio para o interior, então abraços e até mais tarde pessoal.


2 comentários:

Tato Mansano disse...

Nem to acreditando na sua crítica dessa vez, caro Coelhão... Fazia muito tempo que não via um filme de terror tão podre... Interpretações todas caricatas, maquiagem ridícula e o final, nem final teve! Até Mama é melhor que esse... E olha que Mama é podre kkkkk

Fernando Coelho disse...

Rsss gostei de ambos Tato, tanto esse quanto Mama... são boas conexões e tudo mais, passado/presente... é o tradicional do filme de terror atual... mas são gostos e gostos né!! Abraços amigo sumido!

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