Como Não Perder Essa Mulher

12/07/2013 04:40:00 PM |

Gosto dos cartazes brasileiros por colocarem os dizeres chaves que me ajudam muito a escrever. Por exemplo no filme "Como Não Perder Essa Mulher", "Don Jon" originalmente, aquele escrito no canto revela exatamente o que estraga o filme, colocar um final feliz num longa que se propõe exatamente ao contrário, de mostrar que existem alternativas satisfatórias para que não seja necessário entrar de cabeça num relacionamento. Porém tirando esse detalhe, Joseph Gordon-Levitt inicia bem sua carreira como roteirista, diretor e protagonista de sua própria trama, pois consegue colocar numa linguagem bem masculina as formas que os homens tem e conseguem suprir a falta de relacionamentos amorosos. Poderia ter sido apenas menos repetitivo em alguns momentos e também não forçar tanto no início, pois assusta quem não estiver preparado para ver o funcionamento real da coisa, e com essa pegada jovem e descontraída com certeza deve agradar bem homens na faixa dos 17 aos 30 e poucos anos, já as meninas talvez saiam bem bravas da sessão, ou não.

O filme nos mostra que Jon mora sozinho e tem orgulho da vida que leva, sem se prender a alguém. Por mais que goste bastante de sexo, ele segue a filosofia de que nenhuma relação sexual é tão boa quanto pornografia, já que lá ele encontra exatamente o que quer. Entretanto, sua vida muda após conhecer numa boate aquela que seria a mulher nota 10: Barbara. Ele tenta levá-la para casa, mas ela faz jogo duro e nada acontece. É quando Jon percebe que terá mudar sua tática habitual, aceitando namorá-la e se submeter aos seus caprichos, caso queira ter algo com ela.

O roteiro em si é bem simples mesmo, mostrando tudo com minúcias para que o espectador não saia da sala com nenhuma dúvida, mas o forte apelo inicial que Joseph coloca já com imagens fortes de insinuação sexual, assustou algumas pessoas que não haviam visto o trailer e entraram na primeira sessão do "aparente" cartaz de filme romântico, o que até quase no final do longa está bem improvável de acontecer, então já deixo claro isso que não é um filme para garotas que possuem sonhos românticos de príncipes encantados muito menos as girl-powers feministas que acreditam dominar o mundo. Com essa ideologia, ele consegue atingir satisfatoriamente os homens, que acabam se divertindo bastante com o que veem em tela, mas ainda longe de ser perfeito, pois após o clímax do filme, o diretor resolve desligar a forma interessante que vinha mostrando para recair no lance de que necessita de uma mulher e que pode se completar com ela, deixando o filme sonso para terminar, mas aí já está no final e não dá para arrumar e terminar com chave de ouro, ficando bem no meio termo. Outro grande problema está numa ideia maluca que muitos diretores iniciantes pecam, de querer fazer câmera na mão exageradamente sem um sentido para a linguagem, e aqui chega a incomodar diversos momentos que usa a técnica sem nenhum motivo aparente que iria servir na idia do filme.

A atuação de Levitt também está adequada para o personagem, fazendo-se de garanhão do pedaço, viciado em videos pornográficos e sendo o tradicional garotão de família classe média-alta americana que sai de casa porque chegou a idade de sair, mas não precisa se matar de trabalhar, então usa seu tempo para se divertir com seu carrão e suas garotas, e mesmo se dividindo em muitas tarefas, o ator acerta no tino que queria para o personagem, agradando no que faz. Scarlett Johansson dá o título nacional pro filme, pois me desculpe caros leitores, como não perder essa mulher! Tirando o fato de ser extremamente irritante com suas manias de garotinha fantasiosa, seu corpo compensa qualquer deslize que tenha frente às câmeras. Julianne Moore faz bem também seu personagem, porém seus momentos dramáticos de choro e tudo mais faz com que a trama acabe se perdendo do propósito e isso acaba ficando meio chato. Tony Danza ficou literalmente como uma versão mais velha de Levitt e caiu perfeitamente como pai na trama, poderia ser feito do filme uma série colocando os dois que cairia muito bem. Glenne Headly acaba ficando tão pouco em cena, e nos seus momentos não consegue dar destaque a nada, de forma que o que é visto no trailer é visto no filme. Os demais personagens acabam surgindo apenas em alguns momentos não tendo quase o que destacar, valendo apenas foco no único diálogo de Brie Larson, e nas caras esquisitas que Rob Brown faz em alguns momentos.

A equipe de arte trabalhou bem, mas não teve tanto trabalho em fazer um apartamento bem arrumado, uma igreja tradicional que deve ter sido filmada tudo num único dia as mil cenas que ele passa lá dentro, uma academia que também deve ter sido filmada tranquilamente, uma casa de família americana tradicional, onde se passa apenas numa sala e cozinha fáceis de compor e uma faculdade onde quase nada é mostrado, então utilizaram tudo na medida sem exageros para não pesar no orçamento e com isso acaba ficando tradicional até demais nesse quesito. Claro que tiveram de trabalhar bem na pesquisa dos vídeos, afinal não poderiam pegar exageradamente pesado senão a classificação indicativa iria pra lua, mas no geral ficou bem montado. A fotografia trabalhou com cores claras e chamativas, usando bem a iluminação natural dos ambientes para compor a cena, e com isso acaba acertando bem a mão também.

Enfim, é um filme bacana que eu particularmente achei bacana, não conheço o perfil de todos que leem o site, mas dos meus amigos nem todos irão gostar do que irão ver, então poderia ser menos apelativo pra um público específico e conseguir lotar salas, mas aí talvez não passasse sua essência. Recomendo para quem não tem nada contra videos pornográficos principalmente, pois se relevar isso talvez goste bastante do que verá, tirando claro o final tradicional romantizado que pecou e muito. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda temos mais duas estreias para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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