Questão de Tempo

12/17/2013 07:24:00 PM |

2013 já está quase acabando, mas ainda existia tempo para o filme fofo do ano aparecer, e na próxima sexta(20/12) estreia "Questão de Tempo" que embora seja bem gostoso de assistir pela proposta que faz, se o espectador piscar é capaz de se perder na alta quantidade de viagens no tempo que o protagonista faz. Não que isso seja um problema, afinal tudo é bem dinâmico e interessante de ver na tela, pois o romance emplacado possui uma química agradável e os atores se empenharam bem em desenvolver seus papéis para que o filme tivesse ritmo e não ficasse sério demais, mesmo com as várias possibilidades de a trama dar uma angustiada nos corações mais aflitos. E assim com todas essas idas e vindas, o filme dá uma vertente interessante para um romance que mesmo sendo fofo não acaba sendo tão bobinho como a maioria dos que aparecem nos cinemas.

O longa nos mostra que ao completar 21 anos, Tim é surpreendido com a notícia dada por seu pai de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio, Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas.

O roteiro ao mesmo tempo que aparenta ser bem simples pelo trailer, e que muitos irão assimilar com os filmes "Efeito Borboleta" e "Te Amarei Para Sempre", só usa da mesma ideologia para mudar as datas, pois ao contrário das formas pesadas dos outros dois conhecidos filmes, esse usa mais a ideia romântica da coisa para que o protagonista consiga utilizar do seu dom para se dar bem. O diretor Richard Curtis soube trabalhar muito bem o seu roteiro com a química do casal e fazer com que o longa fosse divertido na medida, sem ser exageradamente engraçado para forçar o riso, e também segura bem a onda pra não ficar tão adocicado, trabalhando no mais agradável possível dentro das opções da comédia romântica dramática. Os planos foram feitos quase todos não tão abertos, afinal refazer a mesma cena várias vezes mudando apenas algum detalhe com planos grandiosos, era certeza de ter erros, e em alguns momentos o deslize é quase próximo de acontecer, o que felizmente não ocorre, deixando o longa mesmo que um pouco confuso em alguns momentos, pelo menos sem furos de roteiro, nem de montagem.

Nunca havia parado para reparar firmemente na interpretação de Domhnall Gleeson, tirando algumas cenas do "Anna Karenina", mas aqui seu sotaque britânico aliado a sua interpretação perfeita para o personagem caiu de forma mais encaixada possível, transformando o ator em alguém que ficamos imaginando existir, que se transforma de um grande perdedor para o rei das mulheres com seu poder de mudança do que pode dar errado, e ele faz isso tão bem que são poucos atores que poderíamos colocar no seu lugar que sairiam tão bem. Rachel McAdams adora homens que viajam no tempo, afinal já é seu segundo homem com o dom, e a jovem, que nem é tão jovem mas a maquiagem aqui deixou quase uma mocinha, faz seu papel bem centrado, com doçura suficiente para agradar a todos, poderia ter sido mais enfática em alguns poucos momentos, mas o personagem pedia uma jovem mais dúbia. Bill Nighy não demonstra ser nem um pingo importante no trailer, mas o show que dá frente às câmeras durante todo o filme, joga seu personagem a um nível impressionante que o ator dominou com uma mão nas costas, fazendo ótimos diálogos com o protagonista, dando um charme britânico maravilhoso para o filme. Lindsay Duncan tem bons momentos na trama, mas confesso que em alguns que necessitaria estar mais triste, estava com um ar tão feliz que até parece ter errado na interpretação, mas no geral agrada bem. Os demais todos possuem bons momentos, e péssimos também, mas as cenas mais divertidas com certeza são as que envolvem Richard Cordery que vale destacar por suas insanidades.

O visual de Londres e do pequeno canto onde vive a família é de uma singeleza ímpar e encaixou exatamente com a proposta do filme, dando ares agradáveis pra trama e conseguindo conectar todos os elementos visuais sem atrapalhar o estilo. O filme não possui tantos objetos que façam a trama ser incrementada por isso, dando preferências em trabalhar mais com o roteiro e com as interpretações do que com cenografia. E mesmo assim, o longa também agrada com esses poucos elementos. O figurino e maquiagem poderiam ter trabalhado mais com as idades das pessoas, já que o ator fica mais velho com os 3 filhos, mas sua aparência continua a mesma dos seus 21 anos, só mudando na cena final, então esse é um pequeno detalhe a se pesar. Quanto da fotografia, por ter trabalhado com planos mais fechados um pouco, a iluminação acaba sendo pouco valorizada, tirando a genial cena do encontro às escuras, onde somente temos vozes e alguns minúsculos pontos de luz.

A trilha sonora agrada bem tanto nos momentos orquestrados apenas quanto nos momentos onde entra canções, algumas compostas especialmente para o filme e isso é algo que vale frisar, pois a canção tema que toca em uma parte até que grande é bem gostosa e se encaixa perfeitamente na trama.

Enfim, é um filme gostoso de assistir que vale bem a pena para casais e pessoas que gostem de romances bem docinhos e fofos, se não fizer seu estilo fuja, pois a chance de odiar é grande, mas quem fizer esse estilo é certeza de sair cheio de alegrias com o que verá na tela. Fico por aqui nessa semana de poucas estreias pelo interior, mas estaremos de volta na sexta com muitos filmes por aqui, então abraços e até lá pessoal.


4 comentários:

EderGustavo disse...

Fernando, Questão de tempo é um filme gostoso de assistir...muito bem escrito, diálogos rápidos e piadas ligeiramente engraçadas!!
Tem também uma moral de fundo bonitinha!!
Você sai do cinema com a sensação de que a vida é leve, simples e vale a pena viver cada momento da vida!! rs. Abraços

Fernando Coelho disse...

Olá Gustavo!! Falou e disse tudo hein... é uma pena que a vida não é assim né!! Queria tanto esse poder, mas não tenho, infelizmente! Abraços e um feliz 2014 pra você!

Anônimo disse...

Gostaria de tirar uma dúvida. Você disse que não houve furos de roteiro. Como poderia explicar então a cena em que Tim volta com seu pai a um momento em que era criança (muitos anos antes de seus filho nascerem) quando a regra dizia que se fizesse isso teria filhos diferentes?

Fernando Coelho disse...

Olá Amigo, toda vez que ele voltava já sabia o que deveria fazer, pois passou por aquilo, então a métrica utilizada pelo personagem era de apenas arrumar algo que não desestabilizasse o que sabia que poderia dar certo, pelo menos no meu entendimento foi dessa forma que utilizou. Claro que é muita viagem isso, pois ao voltar teoricamente deveria esquecer o que ocorreu, mas aí vem da loucura dos roteiristas isso. Abraços!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...