O Grande Gatsby

6/08/2013 09:05:00 PM |

Quando soube há alguns anos que iriam refilmar "O Grande Gatsby" fiquei um pouco propenso pros dois lados, visto que o original de 1974 embora seja bem bacana tem uma dinâmica bem lenta que acaba cansando bastante, então quando soube que seria Baz Luhrmann que adaptaria a história original de F.Scott Fitzgerald já comecei a esperar algo bem mais chamativo, visto que o diretor sempre fez coisas mais dinâmicas e bonitas também. Porém hoje após conferir, o que podemos observar é que o diretor fez um mix de seus melhores filmes "Moulin Rouge" e "Austrália", colocando o brilho e dinamicidade do primeiro, e toda a questão dramática com direito a vários possíveis finais do segundo. Não posso dizer que não gostei, pois achei muito bonito e envolvente, mas nem toda a movimentação de câmera que o diretor empregou conseguiu deixar a história menos cansativa do que no original.

O longa nos mostra que Nick Carraway (Tobey Maguire) tinha um grande fascínio por seu vizinho, o misterioso Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). Após ser convidado pelo milionário para uma festa incrível, o relacionamento de ambos torna-se uma forte amizade. Quando Nick descobre que seu amigo tem uma antiga paixão por sua prima Daisy Buchanan (Carey Mulligan), ele resolve reaproximar os dois, esquecendo o fato dela ser casada com seu velho amigo dos tempos de faculdade, o também endinheirado Tom Buchanan (Joel Edgerton). Agora, o conflito está armado e as consequências serão trágicas.

A sinopse em si já diz praticamente tudo o que se pode esperar do filme, sem nenhuma reviravolta qualquer, temos tudo bem apresentado na mais antiga forma tradicional de cinema, com apresentação dos personagens, execução/conflito e finalização. Porém como já é tradicional de Baz, a finalização aparenta acontecer umas duas vezes, mas como já havia assistido o filme de 74 imaginei que não acabaria na primeira vez, esperando o fechamento correto. O exagero no início da câmera viajando entre os dois lados, confesso que me incomodou bastante, claro que mais pra frente entendemos a simbologia que o diretor quis passar, mas na terceira vez que ocorre você já começa a ficar entediado. Um ponto que agrada sem dúvida alguma está na montagem usando trechos do livro sendo escritos na tela e isso aliado ao 3D ficou muito bacana de ser visto. Poderiam ter dinamizado um pouco mais o filme tirando algumas cenas alongadas demais, porém não li o livro, mas me disseram que o diretor foi um pouco mais fiel a obra de Fitzgerald e com isso muita coisa nova foi apresentada além do que já apareceu no clássico de 74. A história em si é bacana, tem uma boa reflexão das classes sociais, e até é bem introspectivo nesse quesito, o que acaba agradando e ao mesmo tempo cansando em alguns momentos.

Um dos grandes shows que a obra nos proporciona é no trabalho de atuação dos atores, que fazem de tudo para a trama estar impecável e bem representada. Leonardo DiCaprio deve dormir no formol, pois aparenta que saiu de Titanic e já entrou em Gatsby, e se passaram 16 anos entre os dois filmes, porém ouve uma grandiosa mudança no seu jeito de interpretar, pois agora ele domina a tela de tal forma que suas palavras parecem poemas entonados soando sempre numa linha tênue e até no seu momento mais irritadiço ele faz com uma classe ímpar. Tobey Maguire nem parece mais o ator fraco que fez "Homem Aranha", tendo uma personalidade própria para seu personagem aqui que ao mesmo tempo que soa cômico em algumas cenas, em outras consegue mostrar todo seu potencial para os diálogos bem interpretados. Carey Mulligan também vem numa crescente ótima e consegue fazer um papel impecavelmente doce e interessante de forma a chegar num clímax no melhor momento da trama. Isla Fisher praticamente possui apenas três cenas, mas têm um domínio de personagem impecável e um fechamento que simplesmente mereceria ser citado com toda certeza. Joel Edgerton está tão diferente de seus outros papéis que quase não o reconheci, não pela ótima forma de atuar, mais pelo visual em si, pois ele mantém seu tom bem interessante do início ao fim, agradando  bem na medida. Jason Clarke faz um papel intrigante, pois nas suas primeiras cenas faz um homem tão irreal que está sendo chifrado na cara e não percebe que até irrita, mas ao entrar no clímax da história faz a cena com toda força dramática possível que impressiona bastante. Elizabeth Debicki é uma atriz nova, mas faz suas poucas cenas de forma bem bacana e com isso agrada também. Enfim, poderia falar mais de muitos outros, mas como o longa se prende praticamente nesses sete, o restante vamos preferir considerar apenas como figuração de luxo os que possuem fala.

Agora o ponto que mais vale a pena ser conferido numa boa sala de cinema é o visual da trama, ambientado numa época luxuosa, a direção de arte não economizou um dólar sequer para fazer os quatro cenários por onde o filme se passa encantar com tudo que tivesse e até mesmo o bar antigo e o apartamento aonde vão conseguem ter seu charme. A primeira festa que ocorre na casa de Gatsby é de um esplendor que muitas produções devem até assustar, contando inclusive com pirotecnia e chuva de papéis. Além disso, todo um figurino bem trabalhado na época, que talvez até tenha pecado um pouco pois acredito que tenham saído um pouco dos anos 20, mas nada que atrapalhasse o luxo. A fotografia é algo que não conseguimos tirar os olhos de toda a paleta de cores que utilizaram para a trama, variando desde o mais escuro para os momentos tensos até a cor mais vibrante nas grandiosas festas, passando nesse intervalo por tons mais pastéis nas atrizes para dar um ar mais terno nelas. A questão do 3D é até interessante, mas não necessária para a trama, pois não muda em nada na história dramática dando profundidade apenas em algumas cenas mais lotadas de figuração e só.

As canções escolhidas para o filme foram muito bem selecionadas, agradando bastante pelo gosto musical, tornando um CD de trilhas daqueles que muitos irão querer por contar com versões diferenciadas de músicas já conhecidas. Além disso, nos momentos mais tensos, a trilha original também segura bem o ritmo.

Enfim, é um filme bonito, com uma história interessante e cheia de pontos de classes sociais, porém demonstra uma preocupação maior em ser visualmente bem produzida do que ser bem executada, e claro que se os atores não dominassem bem os diálogos, com toda certeza o filme acabaria mais monótono ainda. No geral gostei do que vi, mas poderia ter economizado assistindo numa sala comum ao invés de uma 3D, pois não senti nenhuma diferença, contrariando o ótimo trailer que estava na tecnologia. Vale principalmente para quem não viu o antigo e praqueles que gostam de um bom drama. Poderia ser melhor, mas vale o ingresso pago pelo menos. Fico por aqui hoje, as estreias acabaram, mas ainda tenho de ver o Cinecult da semana passada que acabei não vendo. Abraços e até breve pessoal.


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