Gonzaga: De Pai Pra Filho

10/29/2012 12:19:00 AM |

Quando você acha que um diretor já deu tudo que podia nas homenagens que fez em seus filmes anteriores, vem Breno Silveira e emociona mais uma vez dentro do seu filão de homenagens ao colocar "Gonzaga: De Pai Pra Filho" como um filme marcante tanto pelas emoções que consegue passar quanto no visual deslumbrante e épico que consegue construir dentro da trama para que todos apreciem como foi a vida do Rei do Baião e seu filho Gonzaguinha que também fez músicas marcantes escutadas e cantadas até hoje.

O filme nos mostra como foi a relação entre o sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912-1989) e seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha (1945-1991), dois artistas, dois sucessos. Um do sertão nordestino, o outro carioca do Morro de São Carlos; um de direita, o outro de esquerda. Encontros, desencontros e uma trilha sonora que emocionou o Brasil. Esta é a história de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, e de um amor que venceu o medo e o preconceito e resistiu à distância e ao esquecimento.

A montagem de roteiro que conseguiram fazer usando pelo menos 3 biografias do cantor é algo para se tirar o chapéu, pois esmiuçaram bem as vidas dos dois cantores para que se chegassem a um projeto bem emocionante para ser passado nas telas do cinema. O que mais impressiona além de boa história é que Breno Silveira acerta a mão, mesmo que com um projeto em pós-produção("À Beira do Caminho") foi lá e  filmou mais um belíssimo longa para seu currículo e num ano tecnicamente apático para o cinema brasileiro botou seu nome duas vezes nas telas do cinema com filmes impecáveis. Como já tinha dito em seu filme anterior, é completamente notável sua mão em todas as cenas dando a emoção necessária para cada ponto chave do longa, e isso o torna como um diretor ao mesmo tempo autoral mas sem deixar de ser comercial.

Quando me falaram que quem iria interpretar Luiz Gonzaga no período adulto seria o cantor Chambinho do Acordeon fiquei assustado pensando que ia ser algo completamente prejudicial ao filme, por ser um cantor e não um ator, mas confesso que Breno fez um milagre, pois as facetas interpretativas que o cantor dá para o personagem foram muito boas, é visto interpretação em todo momento que está em cena. Júlio Andrade também impressiona com seu personagem ao mesmo tempo frio e com a doçura nas cenas finais, e o melhor que consegue convencer totalmente. Nanda Costa está cada vez melhor nas suas atuações no cinema nacional, e pra mim deveria ficar só aqui e parar com novelas, pois sempre se sai muito melhor nos filmes que na TV. Adélio Lima é outro que arrasa fazendo Gonzaga aos 70 anos, tendo momentos que arrepia sua forma de contar a história para o filho. Land Vieira também faz bem seu papel nos momentos que faz Gonzaga adolescente com toda sua rebeldia e paixão pela garota branca, fazendo um papel bem interessante. São tantos personagens bons que passaria horas aqui falando, mas o que posso dizer é que nenhum dá ponto falho, tendo até os figurantes boas encenações quando são necessárias, e olha que temos figurantes no longa hein.

No quesito visual temos outro espetáculo, com cenários muito bem colocados tanto nas cenas que se passam no Rio de Janeiro, onde fizeram uma reconstituição de época perfeita com locações, figurinos, carros e objetos de cena tudo remetendo dos anos em que se passam o longa, quanto nas cenas no Nordeste onde o sertão foi brilhantemente fotografado por Adrian Teijido que já ganhou vários prêmios pelo filme "O Palhaço" e deve arrancar mais alguns no ano que vem por este filme, o que o diretor faz com a câmera e a luz não está no papel, pois é tudo muito bem colocado, dando o ar necessário para a cena estar presente.

Falar da trilha sonora de um filme que tem dois monstros da música brasileira é quase que chover no molhado, pois todas as canções mesmo para quem não é fã do gênero musical que Gonzagão e Gonzaguinha fizeram, acaba dançando e conhece todas as músicas belíssimas que foram escolhidas para incorporar o longa.

Enfim, mais um filmaço nacional, daqueles em que os homenageados com certeza se sentiriam honrados em ver a beleza que foram tratados caso fossem vivos. Recomendo com toda certeza para todos que vá ao cinema e confiram este longa impecável que tem tudo de bom, e fico agora aguardando qual será a próxima pérola que o diretor Breno Silveira irá lapidar. Ainda não sei bem o que ficou faltando para que eu desse nota 10 para o longa, talvez um reencontro com o grande amor do passado para fechar. Fico por aqui hoje, mas essa semana ainda tem mais um por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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