Alguns filmes de arte são mau vistos no circuito comercial, principalmente pelo quesito velocidade, pois costumam ser bem mais lentos que os blockbusters, mas uma coisa é inegável, no quesito roteiro sempre nos surpreendemos com finais completamente não esperados. O que vi em "Incêndios", candidato canadense ao Oscar de Filme Estrangeiro 2011, que apareceu por aqui somente agora no CineCult foi exatamente isso, e olha se não estava me interessando por ele na primeira hora de duração, nos 70 minutos finais foi algo de ficar vidrado e a cada momento se interessar mais ainda por como iria acabar.
O filme mostra os gêmeos Simon e Jeanne ao descobrirem na leitura do testamento de sua mãe, que têm um irmão desconhecido e um pai, o qual os dois achavam que havia falecido, mas esta vivo. Dentre muitos pedidos, a maioria desconfortantes, o último e mais importante vinha com duas cartas seladas: encontrar os dois e entregar-lhes.
Como falei no início, o maior problema do filme é sua velocidade que é extremamente devagar e com acontecimentos bem estranhos do comum de serem visto em filmes tradicionais, e com isso a primeira metade do filme cansa de passar e é até um pouco confusa, principalmente por ser bem recortado com cenas do passado e atuais, e a filha e mãe serem bem parecidas. Mas ao entrar na segunda metade o filme desanda com muitas revelações fortes e agrada em cheio com o final.
Outro ponto favorável, mas estranho de associar, principalmente por não fazer parte do nosso cotidiano, é a questão das guerras pela diferença ideológica Islamismo versus Cristianismo, mas nada que você já não tenha visto nos telejornais passado para a linguagem cinematográfica. E o diretor conseguiu transmitir muito bem a essência para as telas com frases bem fortes até de serem ouvidas.
No quesito de atuação, ainda acho que mesmo a mãe mostrando todo seu sofrimento, as cenas iniciais, que vamos descobrir no final o motivo do choque, ela faz interpretações muito leves, o que não é condizente com a ideologia completa do longa. Porém a garota que faz a filha soube emocionar principalmente no ponto de virada. Da parte masculina não gostei da atuação de nenhum em particular, mas não decepcionam não.
A fotografia escolhida achei particularmente exagerada em tons escuros, o que dificulta um pouco visualizar onde a pessoa está e com isso confunde como falei mãe e filha, mas as locações escolhidas foram muito bem colocadas no longa e mostra a essência que é essa guerra ideológica/religiosa. Existem muitos travelings e panorâmicas que achei desnecessárias mas não estragam o longa não.
Bom, é um filme artístico, então com muita certeza mais da metade que assisti-lo não irá gostar do que vai ver. Porém tem seus valores e com um final surpreendente conseguiu me agradar no final, se continuasse os 138 minutos da mesma forma que iniciou era garantido uma nota baixíssima, Enfim, recomendo como filme de arte, mas garanto que não agradará a todos não. Fico por aqui hoje, mas amanhã tem mais. Abraços.
2 comentários:
Um filme implacável, não há como não se emocionar com esse drama, que nos faz mergulhar na vida da sofrida Nawal Marwan, através de seus filhos que vão em busca do passado e pouco a pouco vão descobrindo a cruel realidade que aconteceu na Palestina, o início da história deles, final chocante, adorei o filme. É diferenciado, muita gente pode ver com olhos totalmente diferentes dos meus mesmo.
Olá Wesley, a questão da visão por olhos diferentes será sempre um problema gigante, principalmente para filmes artísticos. Esse foi muito interessante de se ver, mas já ouve alguns que foi horripilante assistir. Enfim, um bom filme mesmo que agrada. Abraços.
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...